José Galissa, Guiné-Bissau, tocador de kora, contador de histórias, 43 anos: declarações recolhidas por Ana Sofia Fonseca, Única, Expresso, nº 1857, de 31 de Maio de 2008:
"Sou tocador, não poderia ser outra coisa. Meu pai, meus onze tios - todos tecem música (...).
"No meu crioulo - sou mandinga - dizem 'kora djalô'. Tocador de kora (...).
"A história da Guiné conta-se com o indicador e o polegar (...). Sempre que entrego os meus dedos às cordas, a Guiné desfila perante mim. Vèm de longe, as raízes deste país (...)
"Antigamente, era o 'kora djalô' quem levava as mensagens país adiante (...).
"[Canto] a guerra tribal entre mandinas e fulas. A origem e a vida de cada nome (...).
"[A memória que conservo mais viva foi] a do dia da independêncioa. Estava na escola quando a professora apareceu a sorrir: 'Meninos, a guerra acabou'. Foi festa, paz a moldar sorrisos. Sem guerra, há alegria. Quando as balas andam à solta, as noites são mais escuras (...)
"[Venho] de Gabu, a muitos quilómetros de Bissau. É uma terra plana, bonita. Falta-lhe mar, sobeja-lhe ribeiro (...). Gosto de Gabu, é cidade de muitos encontros (...)"
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