quinta-feira, 5 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2918: História da Cavalaria em Bambadinca (1): Pel Rec Daimler 1133 (1966/68) adido ao BCAÇ 1888 e ao BART 1904 (Jaime Machado)

Navio Uige > Foto retirada do Site Navios no Sapo, com a devida vénia


Foto 1> Auto metralhadora Daimler que terá (?) pertencido ao Pel Rec Daimler 1133 (Fá Mandinga e Bambadinca, 1966/68)


Foto 2> Instalações em Fá Mandinga (Bairro da Paz) onde esteve instalado o Pel Rec Daimler 133


Foto 3> Outra perspectiva do Bairro da Paz


Foto 4> Instalações em Bambadinca

Fotos: © Jaime Machado (2008). Direitos reservados.


1. Trabalho enviado pelo nosso camarada Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70)


CTIG > PEL REC DAIMLER 1133

RESUMO DOS FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES DA UNIDADE


O Pelotão de Reconhecimento DAIMLER N.º 1133 foi formado no Regimento de Cavalaria N.º 6, em 1 de Julho de 1966, com destino à Província da Guiné, tendo a seguinte constituição:



Efectuou os exercícios de IAO, sob o Comando do Exmo. Senhor Major Carvalho Simões e em coordenação com outras subunidades da mesma natureza simultaneamente mobilizadas, na Região limitada pelo Rio Ave a Norte, Rio Sousa a Leste, Rio Douro a Sul e Oceano Atlântico a Oeste.

Após o gozo de 10 dias de Licença regulamentares a Subunidade embarcou no N/T “UIGE”, no Cais da Rocha, em Lisboa, com destino a BISSAU, no dia 30 de Julho de 1966.

Correndo a viagem sem incidentes, e tendo sido atingido o Porto de Bissau no dia 4 de Agosto de 1966 a subunidade seguiu directamente na embarcação fluvial “BOR” a fim de ser transportada para BAMBADINCA, via Rio Geba.

Nesta localidade, foi recolhida por uma viatura do BCAÇ 1888, chegando ao Aquartelamento da Fazenda Experimental de Fá no dia 5 de Agosto de 1966 ao pôr-do- sol.

Permanecendo Adido ao BCAÇ 1888 iniciou a sua vida na Província nas instalações que em FÁ são tradicionalmente designadas pelo nome de Bairro da Paz.

Durante o período que desta data decorreu até Maio de 1967 a sua actividade foi muito reduzida em exercício da especialidade, dado o fraco estado operacional das A. M. Daimler em carga.

Todavia quer em acções e impedimentos dentro do aquartelamento, quer trabalhando em grupo em acções apeadas, quer por acções isoladas dos seus elementos integrados noutra Subunidades, alguns factos há a mencionar.

Dentro do período podem considerar-se dois sub-períodos, atendendo ao habitat: até 13 de Novembro de 1966, com instalações em FÁ e desde essa data até Maio de 1967, instalado em BAMBADINCA, para onde foi transferido juntamente com o Comando e CCS do BCAÇ 1888.

No Aquartelamento, verificaram-se as seguintes acções de elementos impedidos ou em colaboração com o Comando e CCS do Batalhão:

O Cmdt. do Pelotão ocupou a partir de Dezembro os cargos de adjunto dos Snrs. Oficiais de OP e Informações e da Acção Psicológica do BCaç 1888.

O 2.º Sargento Bandola ocupou na mesma data um lugar na sala de Operações.

Em Janeiro de 1967 o 1.º Cabo Ap Daimler Victor Manuel Araújo Castro Moura e o 1.º Cabo Ap Daimler José Pinto Vieira foram impedidos respectivamente no Conselho Administrativo e na Cantina do Batalhão, mantendo estes impedimentos até ao fim do mesmo ano.

Actuando em grupo em acções apeadas e reforçada com elementos da CCS/BCAÇ 1888 a Subunidade efectuou ou tomou parte nas seguintes Operações:

- OP. “GUARIDA I” e OP. “GIGANTE” em Dezembro de 1966. Consistiu a primeira num cerco e limpeza à tabanca de NHABIJON CAU, consequente à manifestação de um grupo IN na Bolanha de SAMBA SILATE; Consistiu a segunda numa acção ofensiva à bolanha de PONTA VARELA, com vista a eliminar e recolher arroz aí cultivado por elementos terroristas.

- OP. “GUILHOTINA” em Janeiro de 1967, teve a mesma missão da OP. “GIGANTE”

- Em Fevereiro de 1967 desenvolveu, reforçado com elementos da CCS/BCAÇ 1888 uma acção de socorro e protecção à tabanca atacada de DEMBA TACO.

- Em Abril de 1967 efectuou, igualmente reforçado com elementos da CCS/BCAÇ 1888 e ESQ REC 1578, uma operação de reconhecimento e de acção psicológica nos regulados de BADORA, CORUBAL e COSSÉ (OP. PSICO II).

- Em Maio de 1967 actuou como força de coordenação, na OP. “GOVERNAR”, nos regulados de COSSÉ, BINAFA E PAIAI.
Com elementos isolados integrados em forças da CCS/BCAÇ 1888 o pelotão tomou parte na OP. “FAREJAR II”, em Fevereiro de 1967, cujo objectivo era a base central de SARA-SARAUOL.

Ao serviço da CCS/BCAÇ 1888 vários elementos do pelotão estiveram colocados provisoriamente nos regulados de AMEDALAI, TAIBATÁ e CANDAMÃ.

Ao serviço da especialidade efectuou o pelotão algumas escoltas a colunas nos itinerários: BAMBADINCA-XIME, BAMBADINCA-XITOLE e SAMBA JULI-CANDAMÃ.

A partir de Junho de 1967, dotado de quatro A.M. Daimler reparadas e em bom estado, a Subunidade passou então a actuar sobretudo em grupo, podendo dizer-se que encetou um período completamente novo da sua existência.

Seria descabido mencionar neste curto resumo as inúmeras acções de escolta, patrulhamento e reforço a destacamentos que o pelotão efectuou na vasta rede de itinerário do Sector.

Teve também a seu cargo e integralmente, o desenvolvimento da Acção Psicológica na zona ocupado pelo BCAÇ 1888, pelo que se tornou conhecido e estimado pela população.

A sua actividade operacional desenvolveu-se sobretudo em acções de reconhecimento e de recolha.

Durante os meses de Junho e Julho de 1967 levou a cabo o reconhecimento das zonas limítrofes dos regulados de PAIAI, BINAFA e BASSI, tendo explorado, no decorrer das operações “GAMBETA” e “HIDROMEL”, troços da margem do Rio Corubal até então ainda não conhecidas pelas NT. Durante a segunda destas operações internou-se na zona de COLINAS DO BOÉ que se estende para NW do mesmo Rio.

A OP. “GAROTA”, em 5 de Setembro de 1967 consistiu também num reconhecimento levado a cabo, sob o Comando do 2.º Sargento Bandola, no regulado do COSSÉ (limites do Regulado do CORUBAL).

Como acções de recolha participou sistematicamente nas operações que se desenrolaram nos sub-sectores L1B e L1C (XIME e XITOLE) tendo como missões fundamentais manter abertos os seguintes itinerários, respectivamente: XIME/PONTA VARELA/PICADA GUNDAGUE BIAFADA (Cruzamento) e MANSAMBO/XITOLE.

Em Dezembro de 1967, reforçado pelo PEL CAÇ NAT 53, no decorrer da OP. “GRÃO DUQUE”, actuou frente ao IN, a fim de reconduzir ao Aquartelamento, simultaneamente atacado, uma Companhia (CCAÇ 1790) fortemente emboscada no itinerário MADINA COLHIDO/XIME.

Graças à presença de espírito que todos os elementos souberam revelar foi a tarefa levada a bom termo sem baixas. Da actuação conjunta das Forças Terrestres e da Força Aérea (chamada em seu auxílio) sofreu o IN vinte e cinco baixas.

Durante a época das chuvas de 1967 efectuou o reabastecimento do destacamento de MANSAMBO.

Nos primeiros dias de Janeiro de 1968, perante uma súbita infiltração terrorista no regulado de BADORA, o pelotão desenvolveu intensa actividade em protecção das tabancas ameaçadas, prestando simultaneamente apoio às Forças de Civis que, comandadas pelo Regulo MAMADU SANHÁ defrontaram e afrontaram elementos Terroristas nas margens do Rio Sindangola.

Junto do Comando, passou o Comandante do Pelotão, a partir de Julho de 1967, a acumular às anteriores funções as de Secretário de CADMIL de BAMBADINCA.

Em 15 de Janeiro de 1968, com a rendição do BCAÇ 1888, ficou o pelotão adido ao BART 1904, tendo-se mantido até à presente data a sua intensa actividade de rotina, sem que haja baixas a lastimar.

Quartel em BAMBADINCA, 19 de Março de 1968
O CMDT do Pelotão
Carlos Manuel de Sá Ramalho
Alf Mil Cav

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