1. Mensagem do Jorge Picado:
Caros Camaradas:
Não sei se já tiveram conhecimento da notícia que o JN de hoje relata.
É mais um exemplo de como as Nossas Entidades "nobremente" tratam aqueles que morreram na Guerra Colonial.
O presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel do Outeiro teve de pagar 100 € de taxas no Consulado Português de Moçambique pela trasladação das ossadas de dois combatentes que morreram em combate naquela ex-Província Ultramarina, em comparação com a isenção de custos cobrados pelas autoridades de Mueda e Nova Freixo que amavelmente facilitaram a obtenção dos documentos necessários à trasladação e não aplicaram um metical de taxa.
Igualmente se queixa, quem teve de percorrer 2 mil km de picada por aquelas terras, do "alheamento" dos responsáveis consulares ao "significado" da sua presença.
Diz mais o referido autarca: "A trasladação foi contratualizada com uma agência funerária de Maputo e foi com surpresa que, ao chegar lá, me vi obrigado a contratar pessoas e a resolver toda a burocracia sozinho".
Admite que a pior experiência foi vivida no consulado. "Era a última etapa. Tentei uma audiência, para conseguir a isenção das taxas, e foi-me negada. Mandaram-me fazer um requerimento. No dia seguinte, com o tempo contado, e como a aprovação da isenção não chegava, fui obrigado a pagar. Curiosamente, até liquidei o reconhecimento (?) das assinaturas dos falecidos. Seja lá o que isso for" (...).
Jorge Picado
2. Reprodução da notícia, com a devida vénia:
JN, 06 Janeiro 2009
Trasladação pagou taxas no consulado
TERESA CARDOSO
O presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel do Outeiro critica o consulado português em Maputo, Moçambique, por taxar a trasladação de dois militares mortos em combate. Vai pedir à tutela os 100 euros que pagou.
Moreira Marques não se conforma com a atitude "lamentável" da representação nacional em solo moçambicano. Não só por ter sido "obrigado" a pagar 50 euros pela trasladação das ossadas de cada um dos ex-combatentes, como pelo alegado "alheamento" dos responsáveis consulares ao "significado" da sua presença.
"Estava ali a fazer o que o Estado não fez em 1966 quando aqueles homens tombaram em combate ao serviço da Pátria. Merecia outra atenção", condena.
A crítica é mais acutilante, quando o presidente da Junta de S. Miguel do Outeiro compara a atitude dos responsáveis do consulado com a das autoridades de Mueda e Nova Freixo, cidades onde os corpos estavam sepultados. "Desfizeram-se em amabilidades, compreenderam o alcance da minha missão, facilitaram a obtenção dos documentos necessários à trasladação e não aplicaram um metical [moeda moçambicana] de taxa", testemunhou.
A missão do autarca de S. Miguel do Outeiro de resgatar, a pedido das famílias, os restos mortais do 1º cabo Aníbal Rodrigues dos Santos e do soldado Ernesto Correia Dias, mortos em combate no norte de Moçambique, em 1966, desenvolveu-se entre 1 e 13 de Dezembro.
Trazer de volta as ossadas dos dois filhos da terra obrigou Moreira Marques a percorrer mais de dois mil quilómetros de picadas e a ultrapassar obstáculos com que não contava.
"A trasladação foi contratualizada com uma agência de funerária de Maputo, antiga cidade de Lourenço Marques, e foi com surpresa que, ao chegar lá, me vi obrigado a contratar pessoas e a resolver toda a burocracia sozinho.
Disposto a partilhar a experiência vivida com associações de ex-combatentes ou famílias interessadas em ter de volta os militares ainda enterrados nas ex-colónias, Moreira Marques admite que a pior experiência foi vivida no consulado.
"Era a última etapa. Tentei uma audiência, para conseguir a isenção das taxas, e foi-me negada. Mandaram-me fazer um requerimento. No dia seguinte, com o tempo contado, e como a aprovação da isenção não chegava, fui obrigado a pagar. Curiosamente, até liquidei o reconhecimento (?) das assinaturas dos falecidos. Seja lá o que isso for", protesta Moreira Marques. O JN não conseguiu falar com a tutela.
Os corpos dos militares trasladados dos cemitérios de Mueda e Nova Freixo foram enterrados a http://www.vidaslusofonas.ptde Dezembro na sua aldeia: S. Miguel do Outeiro.
__________
Notas de vb:
Artigo relacionado em
29 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3679: Trasladações dos nossos Camaradas. (Carlos Silva)
Trasladação pagou taxas no consulado
TERESA CARDOSO
O presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel do Outeiro critica o consulado português em Maputo, Moçambique, por taxar a trasladação de dois militares mortos em combate. Vai pedir à tutela os 100 euros que pagou.
Moreira Marques não se conforma com a atitude "lamentável" da representação nacional em solo moçambicano. Não só por ter sido "obrigado" a pagar 50 euros pela trasladação das ossadas de cada um dos ex-combatentes, como pelo alegado "alheamento" dos responsáveis consulares ao "significado" da sua presença.
"Estava ali a fazer o que o Estado não fez em 1966 quando aqueles homens tombaram em combate ao serviço da Pátria. Merecia outra atenção", condena.
A crítica é mais acutilante, quando o presidente da Junta de S. Miguel do Outeiro compara a atitude dos responsáveis do consulado com a das autoridades de Mueda e Nova Freixo, cidades onde os corpos estavam sepultados. "Desfizeram-se em amabilidades, compreenderam o alcance da minha missão, facilitaram a obtenção dos documentos necessários à trasladação e não aplicaram um metical [moeda moçambicana] de taxa", testemunhou.
A missão do autarca de S. Miguel do Outeiro de resgatar, a pedido das famílias, os restos mortais do 1º cabo Aníbal Rodrigues dos Santos e do soldado Ernesto Correia Dias, mortos em combate no norte de Moçambique, em 1966, desenvolveu-se entre 1 e 13 de Dezembro.
Trazer de volta as ossadas dos dois filhos da terra obrigou Moreira Marques a percorrer mais de dois mil quilómetros de picadas e a ultrapassar obstáculos com que não contava.
"A trasladação foi contratualizada com uma agência de funerária de Maputo, antiga cidade de Lourenço Marques, e foi com surpresa que, ao chegar lá, me vi obrigado a contratar pessoas e a resolver toda a burocracia sozinho.
Disposto a partilhar a experiência vivida com associações de ex-combatentes ou famílias interessadas em ter de volta os militares ainda enterrados nas ex-colónias, Moreira Marques admite que a pior experiência foi vivida no consulado.
"Era a última etapa. Tentei uma audiência, para conseguir a isenção das taxas, e foi-me negada. Mandaram-me fazer um requerimento. No dia seguinte, com o tempo contado, e como a aprovação da isenção não chegava, fui obrigado a pagar. Curiosamente, até liquidei o reconhecimento (?) das assinaturas dos falecidos. Seja lá o que isso for", protesta Moreira Marques. O JN não conseguiu falar com a tutela.
Os corpos dos militares trasladados dos cemitérios de Mueda e Nova Freixo foram enterrados a http://www.vidaslusofonas.ptde Dezembro na sua aldeia: S. Miguel do Outeiro.
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Notas de vb:
Artigo relacionado em
29 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3679: Trasladações dos nossos Camaradas. (Carlos Silva)
6 comentários:
Fantástico!
Os antigos governantes, sabe-se lá porquê, não promoveram as trasladações. Vivia-se com medo, e as populações calavam-se. Agora, com os representantes eleitos, passa-se algo de mais dificil compreensão. Os ministérios da Defesa e Neg. Estrangeiros vão, com certeza, ignorar os acontecimentos. E os camaradas ficarão a saber, mais uma vez, que estes governantes, e esta sociedade, está-se nas tintas para a história, mesmo recente. É o safe-se quem puder. Ao contrário de Inglaterra, ou França, aqui não se cultiva a solidariedade.
Abraços
José Dinis
Depois do que se passou, no 10 de Junho de 2008, em Bissau, com o nosso digno embaixador - sem esquecer a sua atitude para com os tugas que participaram no Simpósio Internacional de Guileje, Bissau, 1 a 7 de Março de 2008 -, temos agora outra cena pouco edificante e nada abonatória para os funcionários consulares portugueses em Maputo...
É simplesmente kafkiana esta burocracia sem rosto, sem alma, sem portugalidade, sem honra, sem brio...
Tudo isto é triste, muito triste... Mas não creio que seja fado.
LG
Cambada de parasitas estes nossos políticos e governantes, não têm respeito nenhum por nada nem ninguém e muito menos pelos ex-combatentes veteranos de guerra. Expressemos a nossa revolta e esperemos que nao seja preciso voltar a pegar em armas para que nos respeitem. Já que não merecem o nosso respeito. cumprim/jteix veterano de guerra
Realmente e muito triste verificar que infelizmente o governo Portugues nao se interessa absolutamente nada pelos filhos da Patria que defenderam o nome de Portugal (copm rasao ou nao), nao poderao dizer que foi no tempo do governo fascista, pois se de hoje para amanham o governo mudar em Portugal novamente para o tempo da outra senhora, devera ser tambem cumprida as obrigacoes que este governo tomou. A minha pergunta e a seguinte. Se um dos nossos soldados morrer por exemplo no Afganistan, sera o corpo devolvido ao seu pais ou ainda o governo Portugues pedira a VN para pa\gar a transladacao desse corpo?
Julio Abreu
Ex. Comando Grupo Centurioes - Guine
Mais um coice da Pátria.
A besta política, a falta de valores (mas não monetários), a falta de respeito pelos outros, a falta de princípios éticos, morais e cívicos, a falta de dignidade, a falta de...
Resta manifestarmos aqui a nossa INDIGNAÇÃO.
Um abraço para todos.
BSardinha
É o que eu tenho andado a dizer. Está toda a cambada politiqueira e nao só, à espera que desapareçamos todos.
Mas até lá, seja onde for e como for, alguem há-de sempre lembrar que existiu uma geração que apenas pede respeito pelos vivos e pelos mortos.
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