Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Guiné 63/74 - P3733: Fauna & flora (7): Babuínos, chimpanzés, caçadores, militares, pitéus e... turismo científico (Pepito)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Primatas do Cantanhez: o dari, o fatango... Desenhados nas paredes das instalações da AD - Acção para o Desenvolvimento em Iemberém
Fotos: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
1. Mensagem do Pepito (AD- Acção para o Desenvolvimento, Bissau, que tem apoiado e incentivado o ecoturismo, incluindo o turismo científico, no Parque Nacional de Cantanhez):
Luís
O macaco (em geral) foi a base da alimentação proteica dos guerrilheiros, pelo que logo após a independência foi completamente interdita a sua caça. Isto foi mesmo cumprido (o Estado naquela altura tinha mesmo força).
Mais tarde, em finais de 80 o macaco cão passou a ser considerado em Bissau como um grande pitéu e passou a ser moda ir-se comer esta carne nos vários mini-restaurantes que foram surgindo nos bairros populares. Conheço o caso de um proprietário que vinha do sul com 50 macacos-cão mortos de cada vez que lá ia. Foi sobretudo este factor que acelerou a sua caça.
Acresce que outros grandes consumidores são os militares guineenses que, à falta de alimentação nas casernas, fazem autênticas razias.
A sua diminuição é um dado adquirido. Um dos indicadores é a queixa recorrente que ouvimos aos agricultores com quem trabalhamos pelo cada vez maior número de cobras e das suas picadas, muitas vezes mortais. É que para o macaco-cão, a cobra é o seu pitéu favorito... O desaparecimento de um corresponde ao aumento do outro.
O aumento de chimpanzés em Cantanhez (mesmo se contestado pela equipa da senhora investigadora em causa, que nós contestamos) também é um pouco o fruto da diminuição dos macacos-cão, eternos rivais e que conduzem frequentemente a autênticas batalhas campais pela posse de espaço na Mata de Cantanhez.
abraço
pepito
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2 comentários:
Caro Sr. Pepito
Creio que talvez não se lembre de mim, mas conhecemo-nos pessoalmente em 2006 em Iemberem num jantar no coreto.
Queria agradecer-lhe o esclarecimento que fez em relação à diminuição do babuíno a partir dos anos 1980. De facto, assim parece que infelizmente a carne de babuíno se tornou no mais recente "pitéu" culinário da Guiné-Bissau.
No entanto, devo fazer alguns comentários em relação aos chimpanzés. Como sabe, o trabalho cientifico é moroso e demorado e até se refutarem todas as hipóteses, todas são possíveis de serem as correctas.
O meu colega Rui Sá está neste momento a abordar a problemática da história demográfica do chimpanzé em Cantanhez e no final deste ano já deve poder avançar com uma estimativa do tamanho da população e se está está em diminuição ou em crescimento. Por outro lado, qualquer barreira à dispersão será assinalada nos dados, pelo que a ajuda da AD será preciosa na implementação de medidas de conservação.
Gostaria ainda de acrescentar que se de facto os chimpanzés estiverem em crescimento (e não em crescimento virtual na medida em que possam ser individuos de outras regiões que tenham migrado na ultima década para Cantanhez), será um enorme alivio e constituirá enorme riqueza para o povo de Cantanhez, que soube preservar o seu património natural.
Os meus melhores cumprimentos
Maria Joana Silva
Pepito,
Já mandei para o Luís, umas coisas mal alinhavadas, mas que refletem a riqueza cinegética aí do Sul.
Um dia falarei talvez de um sonho ou ilusão de óptica, ali na zona do cruzamento de Salancaur Mejo.
Um abraço,
Mário Fitas
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