quarta-feira, 11 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4014: Museu Militar, Lisboa: Lançamento de livro sobre os Comandos (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Cmd, Brá, 1965/67)






Capa de Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), 14º Volume: Comandos, Tomo 1: Grupos Iniciais, 1ª ed., Lisboa, 2009.



Lisboa > Museu Militar > Sessão de lançamento de Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), 14º Volume – Comandos, Tomo 1 – Grupos Iniciais, 1ª ed., Lisboa, 2009 > 10 de Março de 2009 > velhos Comandos de Brá (ex-Furr Mil João Parreira, ex-Alf Mil Virgínio Briote e Cors. Amadeu Neves da Silva e Vitor Caldeira) (*) .  Fotógrafo Raimundo, ex-1º Cabo do Destacamento Foto-cine, do QG, e ex-combatente na Op Tridente.



Lisboa > Museu Militar > 10 de Março de 2009 > O Cor Cmd Glória Alves, à direita, falando, em traços gerais, da evolução dos volumes da Resenha Histórica-Militar da Campanhas de África.



Lisboa > Museu Militar > 10 de Março de 2009 > Pátio interior: aspecto parcial



Lisboa > Museu Militar > 10 de Março de 2009 > Chegada das individualidades


Fotos: © Virgínio Briote (2009). Direitos reservados




1. Mensagem do Virgínio Briote, nosso co-editor, ex-Alf Mil Cmd, Brá, 1965/67:

Ontem já cheguei tarde a casa. A MI foi comigo ao Muser Militar assistir à apresentação do 14º volume da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961/74).

Estavam lá muita gente, mais de 200 pessoas. Encontrei o Cor Matos Gomes e o Cor Raul Folques, do BCmds Africanos e o Cor Glória Alves que fechou Brá e o BCmds, em 1974. O Matos Gomes pareceu-me em boa forma e está muito interessado na cronologia da Guerra (da sua autoria e do Coronel Aniceto Afonso), que está a sair às 4ªs no Correio da Manhã.

Pela 1ª vez, em 41 anos, encontrei-me, para a fotografia, com alguns dos antigos cmds:

(i) Neves da Silva, Cmdt Gr Apaches, hoje Coronel, responsável militar pela segurança dos PR Mário Soares e Jorge Sampaio;

(ii) Vítor Caldeira, Cmdt Gr Vampiros, também Coronel, que continuou nos cmds de Moçambique e, já depois do 25/4 foi ajudante de campo do então Governador de Macau, Coronel Garcia Leandro.

Dos 4 alfs, cmdts de grupo, faltaram o Luís Raínha e o Vilaça, que já morreu.

Estive também com o Amadu Djaló (*), com quem estabeleci um plano de trabalho para levar ao público a guerra na Guiné, com os olhos de um africano a combater por Potugal.

Esteve também o Parreira. O Mário Dias faltou por doença, isto para falar de gente nossa conhecida. E tive a oportunidade e o gosto de conhecer o Abreu dos Santos, que apenas conhecia da escrita e que, infelizmente, não tivemos tempo de conversar.

Foi uma cerimónia digna. Tratou de história. Da Indochina, Argélia, Angola, Guiné e, finalmente Moçambique. Tiveram a cargo as apresentações:

- O Cor Cmd Glória Alves, que falou, em traços gerais, da evolução dos vols da "Resenha Histórico-Militar da Campanhas de África";

- O Brigadeiro Marquilhas que, em breves palavras, contou os primórdios dos cmds, de Angola a Moçambique, passando pela Guiné, evidentemente;

- O Cor Graça, actualmente Cmdt do Centro de Tropas Cmds, que fez uma pequena resenha deste 14º volume, dedicado às tropas comandos;

- E, finalmente, o CEME, General Ramalho, que encerrou.

Uma cerimónia digna, repito. Não se louvou ninguém, não se falou de acções heróicas, mas revelaram-se pormenores, um ou outro delicioso, sobre os meandros da formação dos Cmds.

Deste tomo, 14º volume, que tenho em meu poder, há momentos folheei-o e tive o gosto de ver que, muito do material publicado sobre o início dos grupos da Guiné, nomeadamente 1965/66, foram por mim facultados, bem como algumas imagens.

VB

2. Mais informação, detalhada, do VB, sobre esta publicação:


Autores:

Cor Cmd José Castelo Glória Alves
Cor Cmd Horácio Silva Ferreira
Cor Cmd Carlos Carronda Rodrigues

Edição do Estado-Maior do Exército / Comissão para o Estudo das Campanhas de África

Associação de Comandos, Lisboa, 2008.

Coordenação e revisão: Major-General Henrique Nascimento Garcia


“Em 1962, em Zemba (Angola), e em 1964, na Namaacha (Moçambique) e em Brá (Guiné), nasceram os 'comandos portugueses' que, desde logo, demonstraram capacidades específicas para actuar no TO que se lhes deparava, enfrentando a guerrilha e a subversão.(….)

A obra focaliza-se na 'tropa comando', sistematizando a génese e a formação da especialidade, a constituição dos primeiros grupos de combate e a actividade desenvolvida. O trabalho de pesquisa apresentou diversas dificuldades, pela dispersão e escassez dos documentos, tendo-se revelado muito importantes os contributos prestados por militares e ex-militares ‘comandos’.”


Do Prefácio, assinado pelo Major-General Adelino Matos Coelho, Director da Direcção de História e cultura Militar.

E do depoimento do General, “Comando” Honorário, Bettencourt Rodrigues:

“Como tive a honra de estar presente nesta fase de arranque, ainda hoje vejo com admiração as figuras do Major Jasmim de Freitas, Tenente-Coronel Antunes de Sá, Major Gilberto Santos e Castro, Major Soares Carneiro e de todos os militares que estiveram sob o meu comando.

E guardo a mais grata recordação do jornalista Dante Vacci, figura fascinante de aventureiro do mundo e que teve influência e intervenção importantes naquela 'fase de arranque' (...).


O volume (607 páginas) está dividido em três grandes capítulos:

Angola, Guiné, Moçambique

Em cada um dos capítulos, descreve-se em pormenor os factos que estiveram na origem da especialidade, o historial dos Centros de Instrução, os nomes dos grupos e dos seus elementos e o histórico das acções em que intervieram.

No capítulo da Guiné (**), são abordados:

(i) Breves considerações sobre as condições geográficas, sócio-políticas e a situação militar

(ii) O porquê dos “comandos”

(iii) Os comandos da Guiné (recolha de informação, difusão da ideia, estágio em Angola, os primeiros seleccionados, o periodo inicial e o período final).

(iv) A operação Tridente (relatórios, mensagens e comentários à actividade, operações, referências)

(v) Levantamento do Centro de Instrução (quartel em Brá, planeamento, material de instrução)

(vi)Instrução

(vii) Iº Curso (grupos, instrutores, referências)

(viii) 1965 - IIº Curso

(ix) Reorganização do CIC (a CCmds do CTIG)

(x) IIIº Curso e a extinção dos grupos de Comandos

(xi) Historial dos grupos (actividade operacional entre 1964/66, louvores, condecorações, baixas)

____________________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3903: A Compª de Cmds do CTIG, 1965/66. Artigo do General Garcia Leandro na Revista Mama Sume. V. Briote


(**) Mensagens do VB, relacionadas com o Amadu Djaló:

13 de Fevereiro de 2009

(...) Fui contactado há tempos pelo Lobo do Amaral, Pres da Ass Cmds, para colaborar na revisão das memórias de um cmd, natural de Bafatá. Na altura, embora no íntimo muito interessado, respondi que não me sentia em condições para tal projecto. Ontem, voltou à carga. Que a Ass Cmds quer publicar em livro as memórias de um guineense que viveu os anos todos da guerra e que na Guiné conheceu os governos de Silva Tavares até Spínola. Eu quero fechar a minha vida na Guiné e não posso.

Estive hoje na Ass Cmds com o Presid. Passou-me para as mãos as memórias do Amadú Djaló. Desde 1958 até 1974. Desde soldado até alferes. Toda uma vida de um guineense que se afirma tão português como muitos de nós. Que escreve em crioulo, ou melhor num misto que ainda não consegui perceber bem. E de que vos mando uma amostra, uma primeira abordagem que comecei esta tarde a fazer. Os olhos doem-me de perceber a escrita manual do Amadú e de escrever para um português perceptível, respeitando o estilo da escrita do autor.

Foi meu camarada nos cmds, embora nunca no gr a que pertenci. Pertenceu ao gr do Saraiva, depois ao do Luís Rainha. Mais tarde esteve em Fá Mandinga, na formação dos cmds africanos. Cumbamory, entre muitos outros, foi um local por onde passou o Amadú. Penso que vamos ter aqui uma obra que vai abrir o blogue aos combatentes africanos que estiveram do nosso lado.

Um abraço do vb

[Mensagem minha de 14 de Fevereiro, em resposta à anterior:

VB: Muito provavelmente nunca irás encerrar esse 'capítulo' da tua vida... Nem tu nem nós... A vida é um continuum, nunca poderá ser feita de compartimentos estanques ou fechados... Em vez de ser um cruz que levas até ao calvário, tranforma isso em prazer intelectual e em solidariedade e camaradagem: tens agora uma bonita oportunidade de dar voz a um homem que tu conheceste, que era tão guineense quanto português, que foi teu camarada, e a quem agora podes emprestar o teu talento, a tua literacia informática, a tua capacidade para entender o outro, para comunciar, para partilhar, o teu/nosso blogue... Diz-me se precisas do nosso concurso... És um homem generoso e solidário ao aceitar esse desafio da Associação de Comandos. Dispõe do blogue como quiseres... Um bom fim de semana. Luís ].


9 de Março de 2009:

(...) Tenho estado entretido com o diário da guerra do Amadu Djaló (1962/74). Estou em 1965. Relata muitas ops militares, vistas pelo olhar e as reflexões de um africano. Muito crioulo e algum fula, misturado com algumas palavras em português...Esta semana vou encontrar-me com ele na AssCmds para esclarecer muitos pontos e amanhã também conto estar presente no Museu Militar, ás 18h00, na apresentação de mais um tomo da Resenha das Campanhas de África. (...)

2 comentários:

Anónimo disse...

Camarada Briote não sei se tens conhecimento mas em 68 o teu quartel em Brá foi pelos ares,tinha acabado de almoçar na Engenharia e começa uma série de explosões,quando se vê a malta a refugiar-se e a sair do quartel,seriam 2 e tal da tarde,veio a constatar-se que era nos Comandos,acho que foi derivado ao calor,e os rebemtamentos de granadas e demais material que o pessoal,tinha destribuido tenho Fotos que procurarei fazer chegar.
Saudações Cordiais,Camaradas.
José Silvério Nunes
1ºCabo Mec Electr.de Centrais
Beng 447-Brá 68/70

Anónimo disse...

A ideia de relatar os episódios de guerra na perspectiva de um militar nativo em conjunto com as NT, será particularmente interessante. Não invejo o trabalho que vais ter na tradução mas congratulo-me com a tua iniciativa e só me resta dar-te os parabens antecipados e desejar-te muita energia para o empreendimento.
Raul Albino