domingo, 8 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3996: Nino: Vídeos (1): Ouvindo a versão do Coutinho e Lima sobre a retirada de Guileje (Luís Graça)


Guiné-Bissau > Bissau > Presidência da República > 6 de Março de 2008 > A audiência que o Presidente João Bernardo 'Vieira, 'Nino', de seu nome de guerra (1939-2009), deu a cerca de duas dezenas de participantes estrangeiros do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008), incluindo 2 cubanos, Oscar Oramas e Ulisses Estrada (acompanhados do respectivo embaixador)... 

 A maior parte dos membros da delegação (que foi constuída espontaneamente) eram portugueses (e antigos combatentes da guerra colonial)... A audiência foi decidida à última hora, ao que parece por interesse expresso do 'Nino' Vieira. Não estava sequer prevista no programa do Simpósio. 

Uma hora antes, fomos também recebidos pelo então 1º Ministro. Escusado será dizer que cada de um de nós se representava a si próprio. Estiveram também presentes o Dr. Alfredo Caldeira, da Fundação Mário Soares, a Diana Andringa, co-realizadora do filme "As Duas Faces da Guerra" (Portugal, RTP, 2007), e o José Carlos Marques, jornalista do Correio da Manhã

 À entrada do edifício da Presidência fomos todos cumprimentados -. o que pareceu estranho e nada protocolar - pelo Gen Tagmé Na Waie que, se bem me lembro, não assistiu à audiência. Não foram tomadas especiais medidas de segurança. Não fiz fotos com flash mas gravei grande parte da audiência, em condições deficientes de luz. A audiência decorreu ao fim da manhã. 

 Ficámos sentados numa mesa, comprida, em U. Ao lado de 'Nino', à sua esquerda estava um coronel, seu assessor (João Monteiro ?). À audiência assistiu também a então Ministra dos Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, Isabel Buscardini, bem como um elemento da comissão organizadora do Simpósio, presidente da Assembleia Geral da AD - Acção para o Desenvolvimento, o meu amigo Roberto Quessangue. 

 Neste vídeo, o Cor Art Ref Coutinho e Lima faz uma saudação ao presidente da República, e recorda a 'batalha de Guileje' bem como a sua decisão (polémica) de, como comandante do COP 5, mandar retirar as NT em 22 de Maio de 1973. Homenageou também todos os mortos desta guerra, guineenses, cabo-verdianos e portugueses, mas também cubanos. 

 Desta audiência há cinco pequenos vídeos que iremos aqui apresentar, sendo este o primeiro. Os restantes quatro são excertos da intervenção do 'Nino' Veira que, embora em pose de Estado, deixou transparecer o seu agrado e até prazer em estar no meio de antigos combatentes... 

 Embora de fraca qualidade, os vídeos terão algum interesse documental, agora que morreu e vai a enterrar o último dos grandes combatentes da luta de libertação levada a cabo pelo PAIGC, o partido do Amílcar Cabral. O malogrado Tagmé Na Waie, embora também um histórico, não tinha a mesma dimensão e estatura que o comandante Nino. 

 Vídeo (5' 10'): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. 

 Alojado em You Tube > Nhabijoes

7 comentários:

Anónimo disse...

Caro Coutinho e Lima,

Como simples Fur. Miliciano de Operações Especiais (Rangers).
É necessário saber o que na altura significaca e era atribuido ao Ranger:
(Reserva da Nação) actuando em parelha ou individualmente.
O significado de NAÇÃO não tem cariz Político/Partidário.

Apesar de simpatizante de D. Helder Câmara, D. Oscar Romero, Camilo Torres e outros. Não!... Não gostei! Também não por causa do internacionalismo!
Já os havia no Cantanhez quando (Che Guevara) achou África um caso perdido e a C.CAÇ. 763 por lá andava.
Que eu julgue Portugal não esteve em Guerra com Cuba.
Peço perdão, mas não gosto de louvar mercenários.
Sou assim! Não gostei de ouvir.

Como sempre o abraço do tamanho do Cumbijã.

Mário Fitas

Anónimo disse...

Patético e confrangedor! Até onde irá tanta mediocridade e falta de auto-estima?
João Mendes

Anónimo disse...

Caros camarigos

Conhecendo bem os meus sentimentos e a minha forma de pensar, recusei sempre a mim próprio o visionamento dos vídeos sobre o simpósio do Guilege, nomeadamente as intervenções sobre a “retirada do Guilege”.

Hoje decidi ver este, e em má hora o fiz. Preferia não o ter visto e ouvido.

Este meu comentário, digo-o já, não tem a ver com a decisão da “retirada de Guilege”, ou melhor, se essa decisão foi correcta ou não. Já se falou muito sobre isso e eu penso, que se pode continuar a falar, mas haverá sempre duas visões para o que aconteceu.

Este meu comentário tem a ver com o que vi e ouvi neste vídeo.

E o que eu vi, foi uma mesa em U, onde estão sentadas diversas pessoas, e num plano mais alto e central o Presidente da Guiné Bissau, Nino Vieira.
Já vi muitas cenas de tribunal assim, e esta é em tudo semelhante, embora se possa dizer que havia cordialidade entre as partes.

Vi e ouvi também um Coronel das Forças Armadas Portuguesas, fazer o panegírico do PAIGC, colocando-se numa posição de subalternidade, não só a ele, mas também as Forças Armadas Portuguesas.

Não estava lá, mas aqui, afastado não sei quantos meses do acontecido, fiquei incomodado e com a certeza de que se lá estivesse me teria levantado e saído porta fora.

Desculpem mas dá-me a impressão que o próprio Nino Vieira está incomodado.

Já o disse e repito:
A verdadeira reconciliação só se poderá fazer quando as duas partes aceitarem reconhecer os seus defeitos e as suas qualidades, quando decidirem aceitar as suas derrotas e as suas vitórias, quando decidirem aceitar que verdadeiramente nenhumas das Forças Armadas em confronto ganhou a guerra, que terminou, em boa hora, com a mudança politica em Portugal.

Este tipo de encontros, sendo em tudo louváveis e necessários, devem ter um enquadramento tal que nunca permitam que coisas como esta aconteçam, ou seja, que uma das partes faça um improviso, que não quero classificar.

E percebe-se bem que é um improviso, pela maneira como se desenrola, pelo que é afirmado, pelos desmedidos elogios a uma das partes, e sobretudo pela menção aos cubanos.
Colocar no mesmo prato da balança, as Forças Guineneses do PAIGC, as Forças Armadas Portuguesas e os cubanos, é de uma infelicidade, para não dizer pior, confrangedora.

Não quero dizer mais nada, porque francamente os sentimentos que passam dentro de mim são de tal forma fortes que o melhor conselho que tenho para mim próprio é calar-me e deixar que a camaradagem e a amizade falem mais alto no meu coração.

Claro que esta é a minha maneira de pensar, que pode estar errada, mas é a minha, embora não colida com a forma como me dou e quero sempre dar com todos os meus camarigos, ex-combatentes da Guiné.

O meu enorme respeito pelos homens do Guilege.

Abraço camarigo a todos os “atabancados”
Joaquim Mexia Alves

Anónimo disse...

Ainda não acredito no que ouvi tal é a tristeza/raiva que sinto.
Este senhor envergonhou todos os que combateram em África.
Terminaram as minhas dúvidas sobre o perfil de Coutinho e Lima.
Socorro-me de Camões:
"...Que um fraco Rei faz fraca a forte gente."

António

Anónimo disse...

As palavras de Coutinho e Lima neste vídeo são uma maldade que o coronel faz a si próprio, infelizmente não só a si próprio.
António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Vi o vídeo.
Ainda bem que vi, porque assim desfiz completamente algumas dúvidas que ainda tinha sobre o "Processo Guileje".
É confrangedor.
E mais não digo.

Manuel Amaro

Anónimo disse...

Quanto daria qualquer um de nós para saber interpretar a ELOQUÊNCIA DO SILÊNCIO de Nino Vieira?

Isso sim, seria importante. O silêncio que vem do outro lado é que é dificil de interpretar.

Antº Rosinha