quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6900: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (20): Uma foto histórica: as Alferes Arminda e Ivone, em Angola, Negage, Agosto de 1961



Angola > Base de Negage > Agosto de 1961 > As enfermeiras pára-quedistas (*) Arminda e Ivone, em missão de apoio no âmbito de uma operação na Serra da Canda

Foto:  Cortesia de um nosso leitor, devidamente identificado, mas que prefere o anonimato.


1. Um nosso leitor, antigo oficial pára-quedista, perfeitamente identificado perante mim, mas que prefere manter o anonimato, mandou-nos em 30 de Julho p.p., a seguinte mensagem:

Assunto: As nossas queridas enfermeiras

Amigo Luís, reparo agora nesta segunda parte de uma mensagem que te enviei há tempos e que se teria perdido no amontoado de outras com que te assoberbam (presumo...).

Parece-me simpático e adequado ao ambiente homenagear as duas decanas, ilustrando um acontecimento único e que pouca gente conhecerá, pelo que junto agora um testemunho alusivo, da minha amiga Ivone (não sonhada mas de jure):

 "(...) entrámos a 6 de Junho de 1961 e fomos brevetadas a 8 de Agosto. No fim do curso, ficámos umas semanas em Lisboa, para se fazerem as nossas fardas e tratar de toda a papelada porque era a primeira vez que se fazia um curso daqueles.

"Enquanto se faziam as fardas, houve uma operação na serra da Canda e pensaram: Vão duas enfermeiras, para se fazer o teste da sensibilidade dos soldados, para ver como é que eles reagem às mulheres. Eu e a Maria Arminda fomos para Angola, não sabíamos bem para quê, para um teste de integração do meio operacional.

"Fomos no dia 22 de Agosto [de 1961] e no dia seguinte participámos no lançamento de pára-quedistas, numa zona de combate. Ficámos na base aérea, no Negage. Na zona mais próxima da guerra havia sempre um posto de comando, a partir do qual os aviões lançavam os pára-quedistas. Nós aterrávamos na base do comando operacional, onde se comandavam os lançamentos. Não pudemos saltar, estivemos dentro dos aviões enquanto eles saltavam e fazíamos o apoio sanitário porque levámos todo o nosso equipamento. Depois, aterrámos numa determinada zona no Norte de Angola, onde estava o posto operacional de comando, para ver como é que a operação se desenrolava". (...)

Um abraço e desejo de boas férias ...

PS 1 - Repito então...

Par contre (français, han....? que já ninguém fala e é a nossa língua de cultura)... se quiseres publicar, sem referência à origem por favor, esta fotografia histórica de uma Op na Serra da Canda, em Agosto de 1961, onde se vêm, no Negage, as Sras. Alf Arminda e Ivone  - hoje tenente e capitão reformados,  respectivamente.

Mas que conversa é essa das nossas queridas enfermeiras?!   [Há malta que ] parece que  esqueceu a distância que havia e que seria pertinente não aviltar.  Há um limite para a o devaneio e para a lavagem; nem para mim, minhas queridas,  e conhecia-as bem... o respeitinho é uma linda coisa!

Em geral e no mínimo, para não militarizar o ambiente, seria Sra. Dona..., não é?

2. Comentário de L.G.:

Meu caro leitor (anónimo, por vontade expressa):

Os autores de postes ou de fotografias publicadas no nosso blogue são sempre identificados pelo seu nome (excepcionalmente, por pseudónimo, ou iniciais, em caso de razões ponderosas) e são responsáveis pelo que escrevem ou editam. O mesmo acontece com militares ou combatentes, de um lado e de outro, ainda vivos, cujo comportamento possa ser objecto de crítica, por razões criminais, éticas, disciplinares ou outras. Essa é uma regra que quero manter, respeitar e fazer respeitar. No teu caso, levo porém em conta o teu pedido. Fico, porém, na dúvida sobre o autor da foto que, seguramente, não foste tu, já que tanto quanto sei não poderias estar no Negage em Agosto de 1961 (ou poderias ?...).

Quanto à expressão as nossas queridas enfermeiras pára-quedistas, é o título de uma série, cujo primeiro poste remonta a 20 de Fevereiro de 2009 (**)... Não sei, nem me interessa saber se o título da série é da minha autoria: é possível que sim, como muitos outros aqui criados e usados ao longo destes anos... De qualquer modo, o adjectivo "queridas" é frequentemente usado pela antiga malta do Exército que esteve no TO da Guiné e  que, passados estes decénios todos, acha que tem uma dívida de gratidão em relação às primeiras mulheres a fazerem história nas Forças Armadas Portuguesas... 

Elas (e temos pelo menos duas registadas como membros da nossa Tabanca Grande,  a Giselda Pessoa e a Rosa Serra) poderão dizer, melhor do que eu, se o termo, hoje (!),  é ou não aceitável, pertinente, adequado, respeitador, confortável, assertivo... 

De qualquer modo, obrigado pela tua lembrança, que é minha obrigação partilhar com todos/as os/as camaradas e amigos/as da Guiné, incluindo os/as inúmeros/as leitores/as  do nosso blogue que habitualmente não dão (nem têm que dar) a cara (o nome), excepto quando fazem comentários aos nossos postes...  Daqui de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, já em contagem decrescente para o fim das férias, um Alfa Bravo do Luís Graça.

2 comentários:

Luís Graça disse...

Agora me lembro que no nosso último encontro (Monte Real, Palace Hotel, V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande, 26 de Junho de 2010) falei, ainda um bom bocado com a ex-enfermeira pára-quedista Rosa Serra, novo membro da nosso blogue...

Tive uma conversa interessante sobre o tema que me intriga: como é que os militares (nomeadamente os do mato) viam (ou idealizavam) as enfermeiras pára-quedistas ? como enfermeiras ? como militares ? como anjos que vinham do céu ? como simples camaradas ? como mulheres de carne e osso ?...

Conversa interessante mas inconclusiva: não era pergunta que se fizesse a um ex-enfermeira pára-quedista, jovem, bonita, corajosa, e muito menos num 'ajuntamento' como este, com mais de centena e meia de convivas (de resto, com uma presença forte de mulheres: mais de um terço...).

Anónimo disse...

Caro Luís,
A fotografia é, de facto, antologia. Foi também publicada na reportagem do "Canal História" sobre as enfermeiras pára-quedistas portuguesas. Nao conhecia a reportagem (6 partes). Miguel e Gilselda Pessoa participam, como outras enfermeiras (Ivone, etc).
http://www.youtube.com/results?search_query=canal+hist%C3%B3ria+enfermeiras+p%C3%A1ra-quedistas&aq=f

Abraço,
Carlos Cordeiro