Angola > Base de Negage > Agosto de 1961 > As enfermeiras pára-quedistas (*) Arminda e Ivone, em missão de apoio no âmbito de uma operação na Serra da Canda
Foto: Cortesia de um nosso leitor, devidamente identificado, mas que prefere o anonimato.
1. Um nosso leitor, antigo oficial pára-quedista, perfeitamente identificado perante mim, mas que prefere manter o anonimato, mandou-nos em 30 de Julho p.p., a seguinte mensagem:
Assunto: As nossas queridas enfermeiras
Amigo Luís, reparo agora nesta segunda parte de uma mensagem que te enviei há tempos e que se teria perdido no amontoado de outras com que te assoberbam (presumo...).
Parece-me simpático e adequado ao ambiente homenagear as duas decanas, ilustrando um acontecimento único e que pouca gente conhecerá, pelo que junto agora um testemunho alusivo, da minha amiga Ivone (não sonhada mas de jure):
"(...) entrámos a 6 de Junho de 1961 e fomos brevetadas a 8 de Agosto. No fim do curso, ficámos umas semanas em Lisboa, para se fazerem as nossas fardas e tratar de toda a papelada porque era a primeira vez que se fazia um curso daqueles.
"Enquanto se faziam as fardas, houve uma operação na serra da Canda e pensaram: Vão duas enfermeiras, para se fazer o teste da sensibilidade dos soldados, para ver como é que eles reagem às mulheres. Eu e a Maria Arminda fomos para Angola, não sabíamos bem para quê, para um teste de integração do meio operacional.
"Fomos no dia 22 de Agosto [de 1961] e no dia seguinte participámos no lançamento de pára-quedistas, numa zona de combate. Ficámos na base aérea, no Negage. Na zona mais próxima da guerra havia sempre um posto de comando, a partir do qual os aviões lançavam os pára-quedistas. Nós aterrávamos na base do comando operacional, onde se comandavam os lançamentos. Não pudemos saltar, estivemos dentro dos aviões enquanto eles saltavam e fazíamos o apoio sanitário porque levámos todo o nosso equipamento. Depois, aterrámos numa determinada zona no Norte de Angola, onde estava o posto operacional de comando, para ver como é que a operação se desenrolava". (...)
Um abraço e desejo de boas férias ...
PS 1 - Repito então...
Par contre (français, han....? que já ninguém fala e é a nossa língua de cultura)... se quiseres publicar, sem referência à origem por favor, esta fotografia histórica de uma Op na Serra da Canda, em Agosto de 1961, onde se vêm, no Negage, as Sras. Alf Arminda e Ivone - hoje tenente e capitão reformados, respectivamente.
Mas que conversa é essa das nossas queridas enfermeiras?! [Há malta que ] parece que esqueceu a distância que havia e que seria pertinente não aviltar. Há um limite para a o devaneio e para a lavagem; nem para mim, minhas queridas, e conhecia-as bem... o respeitinho é uma linda coisa!
Em geral e no mínimo, para não militarizar o ambiente, seria Sra. Dona..., não é?
2. Comentário de L.G.:
Meu caro leitor (anónimo, por vontade expressa):
Os autores de postes ou de fotografias publicadas no nosso blogue são sempre identificados pelo seu nome (excepcionalmente, por pseudónimo, ou iniciais, em caso de razões ponderosas) e são responsáveis pelo que escrevem ou editam. O mesmo acontece com militares ou combatentes, de um lado e de outro, ainda vivos, cujo comportamento possa ser objecto de crítica, por razões criminais, éticas, disciplinares ou outras. Essa é uma regra que quero manter, respeitar e fazer respeitar. No teu caso, levo porém em conta o teu pedido. Fico, porém, na dúvida sobre o autor da foto que, seguramente, não foste tu, já que tanto quanto sei não poderias estar no Negage em Agosto de 1961 (ou poderias ?...).
Quanto à expressão as nossas queridas enfermeiras pára-quedistas, é o título de uma série, cujo primeiro poste remonta a 20 de Fevereiro de 2009 (**)... Não sei, nem me interessa saber se o título da série é da minha autoria: é possível que sim, como muitos outros aqui criados e usados ao longo destes anos... De qualquer modo, o adjectivo "queridas" é frequentemente usado pela antiga malta do Exército que esteve no TO da Guiné e que, passados estes decénios todos, acha que tem uma dívida de gratidão em relação às primeiras mulheres a fazerem história nas Forças Armadas Portuguesas...
Elas (e temos pelo menos duas registadas como membros da nossa Tabanca Grande, a Giselda Pessoa e a Rosa Serra) poderão dizer, melhor do que eu, se o termo, hoje (!), é ou não aceitável, pertinente, adequado, respeitador, confortável, assertivo...
De qualquer modo, obrigado pela tua lembrança, que é minha obrigação partilhar com todos/as os/as camaradas e amigos/as da Guiné, incluindo os/as inúmeros/as leitores/as do nosso blogue que habitualmente não dão (nem têm que dar) a cara (o nome), excepto quando fazem comentários aos nossos postes... Daqui de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, já em contagem decrescente para o fim das férias, um Alfa Bravo do Luís Graça.
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Notas de L.G.:
(*) Último poste desta série > 22 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6628: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-quedistas (19): Em Cacine, em finais de 1968, eu, Alf Art, com a Ten Enf Pára Maria Ivone Reis (António Costa)
(**) 20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3914: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (1): Uma brincadeira (machista...) em terra dos Lassas (Mário Fitas)
2 comentários:
Agora me lembro que no nosso último encontro (Monte Real, Palace Hotel, V Encontro Nacional da Tabanca Grande Grande, 26 de Junho de 2010) falei, ainda um bom bocado com a ex-enfermeira pára-quedista Rosa Serra, novo membro da nosso blogue...
Tive uma conversa interessante sobre o tema que me intriga: como é que os militares (nomeadamente os do mato) viam (ou idealizavam) as enfermeiras pára-quedistas ? como enfermeiras ? como militares ? como anjos que vinham do céu ? como simples camaradas ? como mulheres de carne e osso ?...
Conversa interessante mas inconclusiva: não era pergunta que se fizesse a um ex-enfermeira pára-quedista, jovem, bonita, corajosa, e muito menos num 'ajuntamento' como este, com mais de centena e meia de convivas (de resto, com uma presença forte de mulheres: mais de um terço...).
Caro Luís,
A fotografia é, de facto, antologia. Foi também publicada na reportagem do "Canal História" sobre as enfermeiras pára-quedistas portuguesas. Nao conhecia a reportagem (6 partes). Miguel e Gilselda Pessoa participam, como outras enfermeiras (Ivone, etc).
http://www.youtube.com/results?search_query=canal+hist%C3%B3ria+enfermeiras+p%C3%A1ra-quedistas&aq=f
Abraço,
Carlos Cordeiro
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