1. O nosso Camarada António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA12, Bissalanca, 1972/74, hoje Ten Gen PilAv Res), enviou-nos, em 11 de Novembro último, a seguinte mensagem:
Camaradas,
Conhecem aquele ditado “Quem te manda a ti sapateiro, tocar rabecão...”?
Se conhecem, deixem-me dar-vos uma última (prometo que é a última) sessão de música.
Honra seja feita à nossa Ana Duarte, foi ela que me pôs diante dos olhos a incongruência do comportamento dos nossos antigos combatentes, sempre sem se conseguirem fazer respeitar, com pseudo comemorações em diversos dias, em diversos locais, com diversos impactos, não a homenagear os antigos combatentes mas sim a servir alguns outros interesses ocultos, tratados pelos nossos governantes como um fardo incómodo que o tempo se encarregará de resolver.
Não me vou repetir, que de tudo isto já vos dei conta nos postes P6618, P6705 e P6725.
Apenas recordar que alguns de vós me deram inteira razão, “que sim, anda, estamos contigo, blá blá”.
Diz o LG que somos à volta de 450, no total manifestaram-se para aí uns 40, os outros ficaram-se nas suas pantufas, eventualmente devem ter agitado ligeiramente a cabeça num hipotético sinal de concordância, talvez com um ligeiro tremelicar de olhos, a poupar energias, e pronto... o dever cumprido!!
Cambada de amorfos, andamos todos pelos sessenta, ainda armados em vivos por fora mas já mortos por dentro, queremos é sopas e descanso.
Dito isto, a minha última tentativa para vos acordar da letargia em que andais embrenhados.
No próximo domingo, dia 14 de Novembro, por volta das 10:30 é transmitido pela BBC mais um “Remembrance Day”.
Deixem-se de desculpas, levantem esses rabos gordos da cama e vejam como o Reino Unido homenageia os seus veteranos.
Não têm o canal BBC? Não é desculpa, vão ver a casa dos amigos!!!
Este ano são menos, só vão desfilar 7.444 (sete mil quatrocentos e quarenta e quatro) veteranos mais um milhar de familiares em substituição de alguns que, ou não podem ou já partiram.
Todos os anos o desfile é iniciado por um Regimento ou Entidade diferente, este ano cabe a honra aos veteranos da Guerra da Koreia, o “ British Korean Veterans Association”.
Depois já podem voltar para a cama e dormir sossegados, à espera que os chamem para o almoço.
Um Abraço,
António Martins de Matos
Ten PilAv da BA12
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
12 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7266: (In)citações (24): Africanização da guerra, tema para um colóquio a organizar pela Tabanca Grande, e pretexto para a efectiva reconciliação nacional (Nelson Herbert)
14 comentários:
Camarada
Não digas que é algumas vez que falas nisto porque;
Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura
Há no entanto talvez outras razões para o nosso conformismo quanto ao lento apagar de memórias passadas.
Será porque sempre fomos um povo cordato e conformado?
Será porque deixamos há muito tempo de acreditar em nós?
Ou porque não temos orgulho como os outros povos no seu passado e nas suas instituições ?
A nossa contribuição como soldados cruzou-se infelizmente com a luta contra o regime, que nos tirou credibilidade como nação, que tanto deu ao Mundo em feitos e não só.
Conheço muitos excamaradas nossos que se negam a falar do seu passado como soldados.
Quando se deu o 25 de Abril pensei que nós readequirimos nesse dia a nossa dimensão Universal de Nação solidária, ao darmos liberdade aos outros também nós seriamos livres e donos do nosso destino.
Não precisar de explorar para ser grande é era o meu sonho.
Coisas da juventude! Mas o que será de nós todos quando os jovens deixarem de sonhar?
Se não fosse este cantinho onde trocamos ideias descomplexadas, muitos estariam calados como eu estive 36 anos.
Gostei do que escreveste
Um abraço
Juvenal Amado
Uma leitura atenta à História da Liga dos Combatentes da Grande Guerra,mostra como a ditadura tudo utilizou;primeiro para tentar controlar a Associacäo,e,näo o tendo conseguido,para lhe retirar todo o significado e importância inicial.Näo estamos em ditadura mas......a existëncia de uma Associacäo de Ex-Combatentes Supra-Partidária hoje? Quais dos nossos geniais políticos partidários o permitiriam?(É claro,näo sendo a "sua/deles" Associacäo).A falar-se em Associacöes Militares "de prateleira",que creio näo ser a ideia do poste,e a outros níveis bem distintos e limitados, elas lá existem.Talvez como exemplos de um "museu do näo haver sido" para geracöes mais novas julgarem. Um abraco amigo.
Amigo
não pode ser a ultima vez q falas nisto, já q me dás a honra a mim, eu dou-te a missão de batalhares este tema.
Sei q é dificil ir contra a corrente e o q está institualizado,mas continuo a dizer q se vocês quiserem conseguem.
Estamos no Natal há tempo para todos os q concordam responderem á chamada,estudarem o assunto, planearem e no dia 10 de Junho em frente ao monumento "pegarem fogo ao capim". Têm de fazer qualquer coisa q dê nas vistas, têm de chamar a atenção da imprensa.
Um abraço
Ana Duarte
Eu como sempre lá estarei, com a boina verde azeitona de Elvas. Não ouvindo mas cantanto o Hino Nacional.
No dia 11 de Novembro, canteio em Oeiras.
Luís podes por à vontade, porque a minha voz ainda salta bem alto.
Para o António Matos, Ana e todos os que ainda têm memória.
Um grande abraço,
Mário Fitas
Associação, Liga, de Ex-Combatentes, creio que em primeiro lugar ( e sendo muito pertinente o que J.Belo escreve) devia ser definido exactamente o que é e para o que serve.
Sendo o segundo aspecto o mais importante, quer-me parecer que em Portugal serve para satisfazer clientelas políticas ou não e/ou ainda serem instrumentos da linha do poder constituído, do qual fazem parte directa e indirectamente, protagonistas das causas e desenvolvimento das mesmas, que levaram à existência de Ex-Combatentes.
A relação daquelas organizações com os ex-militares parece-me o mesmo que os chamados lares da velhice; dá cá a tua pensão e nós abrigamos-te. Por outro lado como pretendem ser organizações patrióticas com um conteúdo bolorento da história só conseguem um cantares esganiçados, em datas históricas, mas não conseguem fomentar o conhecimento da nossa História colonial. O sentido patriótico assimila-se desde criança na escola, é aí que deve ser ensinado o sentido de Pátria, constituída por homens organizados em sociedade(s) com todas as suas belezas e agruras.
E é aqui o busilis da questão, da aceitação pelos ex-combatentes e pela sociedade em geral (a juventude), porque não transmitem nem fazem nada de nada.
E não me venham falar em trasladação de corpos de ex-combatentes, a imagem que me transmitiram foi a de empregados de cemitério do poder da governação, a quem competia tratar do assunto com a maior dignidade e empenho em especialistas, diplomacia etç.
Quantas organizações do tipo há em Inglaterra? Nos USA ? em França?
E em Portugal ???...ena!!! tantas.
Qual ou quais a razão para haver mais que uma ???
Há uma coisa que me incomoda mais que que os dois cancros que transporto. É haver quem tenha a mesma postura que tinha aquele “moribundo” acabado de cair da cadeira e ainda pensava que governava, que possuía o império colonial e o povo ainda lhe prestava vassalagem.
Ps. Não corrigi ideias.
Um forte abraço para cada um e para todos.
Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ3872 Galomaro
Caros Camaradas e Amigos. Gostaria de esclarecer que, ao escrever "Associacöes Militares de Prateleira e Museu" refiro-me unicamente Associacäo 25 de Abril,e näo a quaisquer outras Associacöes de Ex-Combatentes. Um abraco.
Obrigado, António Matos, por me recordares a cerimónia do REMEMBRANCE DAY.
Londres - 14 de Novembro (hoje)
Segui o teu conselho, melhor, o teu avisado conselho e liguei a TV para assitir à cerimónia.
Com a pontualidade inglesa foi dado inicio à cerimónia, que decorreu de forma exemplar.
Não houve discursos, não houve "auto-elogios" não houve veneração a "EU" ou "VOSSA ALTEZA".
Foi uma cerimónia simples e respeitosa onde o respeito pela memória dos MORTOS foi geral.
Classificação? Um sonho!
Lisboa - 13 de Novembro (ontem)
Cerimónia com mais convidados que elementos das Forças Armadas, em parada, e mais elementos militares que civis.
Discursos longos e, supunho, de exlatação de grupo, já que não foi ouvido pela maioria, devida à pessima instalação sonora.
Condecorações e muitas flores, com a chamada individualizada das entidades /organizações que as "ofertavam".
As forças policiais, na sua missão de manter a ordem, afastavam para fora do perimetro de segurança por eles delineado, os civis, disendo "para traz, para cima da relva".
As cabeças de muitos dos civis mantiveram-se cobertas durante toda a cerimónia e, durante as chamadas "posições sagradas" não houve um único militar que não tivesse olhado, repetidamente em volta, para ver se a cerimónia ainda demorava muito.
Classificação? Um pesadelo!
Decisão? Cada vez mais os combatentes se afastam das organizações que os deviam representar, preferindo HONRAR os seu camaradas, das várias guerras em que PORTUGAL esteve presente, em privado ou em foruns como este.
Um aviso:
Se forem a Belem evitem a utilização dos sanitários, ou então previnam-se com a identificação de que foram combatentes pois, caso contrário, terão que pagar € 0,50 para utilizar o WC. O pagamento que a minha mulher, que sempre me acompanha pagou, tem o número 47358, emitido pela Liga dos Combatentes.
Em tempo:
Entenda-se por "civis" os "combatentes e familias".
Exatamente. Mandavam RECUAR aqueles que, entre 1961 e 1974 para referir os tempos mais próximos, mandavam AVANÇAR, sem meios e preparação para que, no conforto do lar, as figuras gratas de cada regime ficasse em segurança, mesmo que, na casa ao lado, se "fizesse luto silencioso para não incomodar a consciêmcias, quer de ontem , quer de hoje.
O aviso final no comentário do Camarada José Marcelino Martins é importante.Diz mais,(na sua simplicidade descritiva),sobre a nossa maneira de "estar" de que um tratado de Sociologia. Será que o dinheiro resultante da "merda" subsidia a Liga dos Combatentes? Que me seja desculpada a linguagem de caserna,mas,neste caso,näo consigo exprimir-me de outro modo!
Meu Caro António M. Matos
Já há algum tempo que nos surpreendeste com a proposta de reflexão sobre o tema, conforme os postes da tua autoria vieram agitar as consciências.
Bem concebidos, bem descritos, tiveram neste âmbito da Tabanca bom acolhimento.
Porém, esse despertar não foi acompanhado por propostas de acção, com um movimento aglutinador de ex-combatentes capaz de agitar a opinião pública e obrigar o estado a tomar algumas medidas.
"Cambada de amorfos", replicas em tom cansado. No entanto, lembro, já aqui lancei um repto de organização, que através do blogue poderia despoletar e desenvolver-se.
Não sou conformista, pelo contrário. Mas também não sou aventureiro, nem alinho em acções inanes, de mera espectacularidade, e cunho de homenagem, pelo que me coloco ao dispor de quantos queiram analisar a situação e propor alguma mudança, sobretudo em termos sociais, com propostas de auxílio a quem precisa, com a inventariação dos que realmente carecem e não sabem como proceder, com vista à prossecução da justiça.
Como já disse antes, dispenso galhardetes e festas, mas alinho em acções, mesmo persistentes, com vista à obtenção de resultados palpáveis na área social.
E reafirmo aqui, que a tua disponibilidade poderá constituir uma ocasião única para se chegar a tais objectivos.
Como diz a Senhora Ana, é preciso batalhar.
Abraços fraternos
JD
Só um pequeno aparte para os mais curiosos:
Repararam que Moçambique faz parte da nações que homenageiam os mortos do Reino Unido?
J. Belo, pertinente (continua sendo) este teu esclarecimento:
"..."Associacöes Militares de Prateleira e Museu" refiro-me unicamente Associacäo 25 de Abril,e näo a quaisquer outras Associacöes de Ex-Combatentes."
De facto tambem para mim são de 'parteleira', mas tambem de 'patamar' diferente. Não teem ao que me parece os objectivos reais e abranjentes de que se pretendeu propor neste Post.
Desmontados, diga-se, claramente pelo Ant. Matos.
Finalmente, mesmo finalmente, é minha opinião que qualquer iniciativa de raíz, terá de ser Absolutamente Isenta de qualquer concepção politico-militar, fora ou dentro do tempo, e Absolutamente Independente de qualquer nível e tipo de poder, bem como possuir Capacidade de integrar todos os níveis de ex-combatentes exceptuando os que por força das circunstâcias pessoais, ainda exerçam funções activas e circundantes, enquanto militares.
Não cair no erro (ou armadilha ??)de arranjar 'figuras de destaque' para dar visibilidade.
Sua implementação na sociedade dependerá principalmente de sua capacidade de se divorciar de falsos patriotismos e falsas heroicidades, divulgando o que foi exactamente a acção dos ex-combatentes nas guerras de que Portugal foi protagonista.
E consequentemente as obrigações que os poderes instituidos e a sociedade tem para com eles.
Eu sei, é dificil agora, a sociedade (a juventude) está prostituida nos seu valores e que a nossa sociedade está enredada de tal forma que já se torna dificil saber por onde e com quem começar.
Um abraço para todos
Carlos Filipe
Caro camarigo António e caros camarigos
Eu não assiti porque não pude, (mas já estava fora da caminha)!!!
Não sou grande apreciador de ingleses, devo dizê-lo, mas tenho de reconhecer que são um povo que sabve homenagear os seus.
Aliás, curiosamente ou talvez não, parece-me que todos os povos o fazem melhor ou pior, mas não tão mal e tãi indigamente como Portugal hoje o faz.
Claro que a maior parte das Associações, (ou mesmo todas), começam bem, deixando depois abastardar-se pelas prebendas do Estado, que acenando com uns subsídios, (do dinheiro que é nosso!), acabam por controlar essas associações e os seus dirigentes passam também a ser "figuras de estado"!
Não é só nas associações de combatentes, é em todas aquelas que possam causar incómodo e não estar de acordo com as politicas vigentes!
E não são só aqueles que têm a «mesma postura que tinha aquele “moribundo” acabado de cair da cadeira e ainda pensava que governava, que possuía o império colonial e o povo ainda lhe prestava vassalagem», mas também aqueles que têm a mesma postura daquele "cadáver" que ainda governava por interpostas pessoas e a quem o povo ainda obedecia, "arrebanhado" em praças longínquas.
Temos 450 atabancados?
São um bom embrião para começar uma associação de combatentes!
Mas nos Estautos deve estar bem expresso: "Não recebemos subsídios do Estado!" Nem edificios para sedes, nem qualquer estatuto que nos faça depender de todo e qualquer governo da Nação, ou dos partidos existentes.
Pode ser que assim sejamos apenas nós, combatentes, a mostrarmos ao País, aquilo que os governantes querem esconder, mostrando-se apenas a si próprios em paradas organizadas para o efeito.
Um abraço forte e camarigo para todos
Ao ler o comentário do José Martins, na parte, Lisboa - 13 de Novembro, até me deu NOJO, "para trás satanás" que não és desta GUERRA, a tua já era.
NÃO SEI DE QUE ESTAMOS Á ESPERA.
Mas hás vezes até parece que é assim, é como chover no molhado, parece que ninguém liga, parece que é tudo contra, até o "estupor" do blogue, apesar do AMM ter mencionado a apatia dos interessados e mencionar os seus Post's publicados anteriormente 6618-6705-6725, para que quem não leu lá fosse ver o que diziam, o que é que aparece no fim da postagem, o P7266 que nada tem a ver com este assunto, não é MR? Já sei, eu não fazia melhor, mas...
A intenção deveria ser dar o maior relevo possível ao assunto que é do nosso interesse e não o deixar novamente no esquecimento, ou não será?
Entretanto o Post já lá vai e o relevo foi-se. Na altura da primeira publicação do AMM, ainda tive uma ligeira esperança de que agora é que era, mas infelizmente não passou disso. Todos protestam, mas ninguém quer saber.
O "VAMOS A ELES" até parece que eles é que vêem contra nós.
É uma tristeza aquilo que somos. Como já alguém dizia:
UM PAÍS DE BANANAS
GOVERNADO POR SACANAS
Tenho dito.
Um abraço magoado
cumprim/jteix
Ps: Caro António Martins de Matos, mesmo a chover no molhado a água acaba por "transbordar", em frente.
VAMOS A ELES
jt
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