sábado, 4 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7380: Blogpoesia (92): Sinfonia (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Felismina Costa* com data de 3 de Dezembro de 2010:

Boa-noite Editor e Amigo Carlos Vinhal!
Mais uma vez tomo a liberdade de enviar um pequeno poema alusivo ao espaço em que vivi na minha juventude, e faço-o acompanhar de uma foto minha, desse tempo.
Espero que me perdoem a minha paixão por esse pedaço, que na sua tranquilidade me transmitiu a Paz e o sossego que tanto aprecio.
Adolescente, aceitei como um prémio esse canto onde os pássaros cantavam comigo a alegria de ser jovem.
Homenageio a vida, a Paz, a terra, o Sol, a água, as aves, as flores, e todos os que me ajudaram a encontrar na Natureza, tudo o que preciso para ser feliz.

Muito Obrigada.


SINFONIA

Por cada pedra
Por cada rua
Por cada árvore nua
Por cada flor ressuscitada
Nas acácias da estrada
Por onde passei tanta vez!
Por cada ruga observada
Nos rostos que eu encontrava
Queimados pelas intempéries,
Por cada eucalipto que crescia
Mais à frente, nessa estrada
Aonde o vento uivava
Nos Invernos que fazia.
Por cada dia de Sol
Que nascia sorridente.
Pela água que corria
No ribeiro onde cantavam
As rãs que me conheciam
E onde com elas cantava.
Pelo ar que respirava.
Pelo aroma da erva
e das árvores floridas.
Pelas asas que voavam
ao redor da nossa quinta.
E pelas noites de encantar,
mais belas que o próprio dia,
eu compunha… se soubesse…
uma eterna Sinfonia!..


Felismina Costa
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 25 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7336: Blogoterapia (167): Manhãs de Outono (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 3 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7374: Blogpoesia (91): Peregrinação (Manuel Maia) (3): Cabo Miliciano, o eterno explorado

4 comentários:

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes disse...

Parabéns ,poeta alentejana! Uma obra prima de poema.
JG

Torcato Mendonca disse...

Aí esta a poesia da Felismina Costa, nesta fria e desconfortável manhã para, ao menos nos fazer pensar um pouco, dar algum alento...Alem+tejo sempre o Alentejo, a terra mãe o sentir de suas gentes. Mesmo gentes da Diáspora, sim, gentes que partiram, fixaram-se aqui e acolá mas, vendo bem vendo bem estão lá...ou voltam voando pensamentos, se fisicamente não podem ir...não é assim Comadre? É um termo afectuoso, palavra amiga, palavra que diz, eu tu ele nós também somos...de lá por nascimento, "criação" ou outra qualquer razão. Somos!!! e assim nos entendemos como povo.
Obrigado por mais esta poesia, entre Santa Luzia e Garvão ou Ourique, com Odemira ali perto e o mar, se para lá nos virarmos a bordejar aquela costa negra de xisto...
Abraço T.

manuelmaia disse...

DORIDA E COMOVENTE SINGELEZA,
NUM QUADRO FEITO HINO À BELEZA,
DO ALENTEJO,VIDA PACATEZ...
ASSENTE NA SENTIDA NOSTALGIA,
À FELISMINA,GABO A SINFONIA,
RETRATO TÃO FIEL DE NITIDEZ...

Muito obrigado por me fazer lembrar
o Alentejo de que apendi a gostar já lá vão umas décadas.
Trabalhei uns anos como vendedor tendo a praça alentejana como local de trabalho.

Anónimo disse...

Cara amiga Felismina

A sua poesia transporta-me às minhas raízes, às minhas memórias e aos meus afectos, no Alentejo! Sinto cada palavra sua como se fosse minha..., os mesmos sons, as mesmas cores, o mesmo ar, os mesmos cheiros, até o sol e a lua, que são únicos.
Pelo que leio e vejo, através da sua poesia, faz um retrato fiel do nosso Alentejo, que posso comparar à escrita de Miguel Torga, Eugénio de Andrade e Florbela Espanca.

Parabéns minha amiga e muito obrigada!

Um grande abraço

Maria Teresa Parreira