quarta-feira, 30 de março de 2011

Guiné 63/74 - P8018: Blogpoesia (135): Ai Guiné, Guiné (7) (Albino Silva)

1. Sétimo poste da série Ai Guiné, Guiné, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:


AI GUINÉ GUINÉ (7)

Dois anos, dias ou noites,
meses, horas, eu passei,
resumindo nesse tempo 
eu a vós tudo vos dei...

Eu encontrei gente boa,
gente humilde e de bem,
também tive gente má,
mas bons amigos também...

Eu cheguei a repartir
bem daquilo que havia,
mesmo que fosse o comer 
o Guineense comia...

Não era muita fartura
que havia naquela terra,
até porque era difícil 
tudo por causa da guerra...

Eu recordo para sempre 
tantas noites que passei
entre bolanhas e capim
e quilómetros que andei...

Depois de nosso regresso,
depois de a Guiné deixar,
se tivesse crescido teu mal,
eu tinha prometido voltar...

Por outros países andei 
mas nunca foi tão igual
como foste tu, Guiné,  
que eras também Portugal...

Sempre é bom ouvir de ti
notícias que adoramos,
uns pelo mau que passaram,  
outros por bom recordamos...

Não nos deixes ficar mal,
pois metes sustos às vezes,
a nós que não te esquecemos
e somos bons portugueses...

Nós somos muitos ainda 
a manter a mesma Fé,
esperando ver-te crescer
e a seres sempre Guiné...

Foi uma guerra evitada 
mas verdade também é,
se não fosse essa guerrilha,
eu não conhecia a Guiné...

Não te tinha conhecido.
por isso fico contente
na Guiné eu ter estado,  
convivendo com essa gente...

Eu vi em ti na certeza
que eras Guiné pequenina,
engraçada com beleza 
e também eras ladina...

Vi também o ambiente,
Guineenses com amor,
Homens Grandes e Badjudas,
Mulheres Grandes e calor...

Vi ainda tua terra,
arvoredo sem igual,
Cacimbadas e as chuvas 
num clima tropical...

O teu imenso calor 
bem me lembro e não esqueço,
nem dos banhos nas bolanhas,  
minhas idas e regressos...

Bolanhas que atravessei,.
molhado bem molhadinho,
já depois de sair delas 
depressa ficava sequinho...

Eu muito gostava ver
esses homens a trepar
as palmeiras e mangueiros
e seus frutos apanhar...

Gostava de ver nativos
no batuque e na farra,
uns a vender periquitos,
outros vendiam mancarra...

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8006: Blogpoesia (134): Ai Guiné, Guiné (6) (Albino Silva)

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