1. Sétimo poste da série Ai Guiné, Guiné, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:
AI GUINÉ GUINÉ (7)
Dois anos, dias ou noites,
meses, horas, eu passei,
resumindo nesse tempo
eu a vós tudo vos dei...
Eu encontrei gente boa,
gente humilde e de bem,
também tive gente má,
mas bons amigos também...
Eu cheguei a repartir
bem daquilo que havia,
mesmo que fosse o comer
o Guineense comia...
Não era muita fartura
que havia naquela terra,
até porque era difícil
tudo por causa da guerra...
Eu recordo para sempre
tantas noites que passei
entre bolanhas e capim
e quilómetros que andei...
Depois de nosso regresso,
depois de a Guiné deixar,
se tivesse crescido teu mal,
eu tinha prometido voltar...
Por outros países andei
mas nunca foi tão igual
como foste tu, Guiné,
que eras também Portugal...
Sempre é bom ouvir de ti
notícias que adoramos,
uns pelo mau que passaram,
outros por bom recordamos...
Não nos deixes ficar mal,
pois metes sustos às vezes,
a nós que não te esquecemos
e somos bons portugueses...
Nós somos muitos ainda
a manter a mesma Fé,
esperando ver-te crescer
e a seres sempre Guiné...
Foi uma guerra evitada
mas verdade também é,
se não fosse essa guerrilha,
eu não conhecia a Guiné...
Não te tinha conhecido.
por isso fico contente
na Guiné eu ter estado,
convivendo com essa gente...
Eu vi em ti na certeza
que eras Guiné pequenina,
engraçada com beleza
e também eras ladina...
Vi também o ambiente,
Guineenses com amor,
Homens Grandes e Badjudas,
Mulheres Grandes e calor...
Vi ainda tua terra,
arvoredo sem igual,
Cacimbadas e as chuvas
num clima tropical...
O teu imenso calor
bem me lembro e não esqueço,
nem dos banhos nas bolanhas,
minhas idas e regressos...
Bolanhas que atravessei,.
molhado bem molhadinho,
já depois de sair delas
depressa ficava sequinho...
Eu muito gostava ver
esses homens a trepar
as palmeiras e mangueiros
e seus frutos apanhar...
Gostava de ver nativos
no batuque e na farra,
uns a vender periquitos,
outros vendiam mancarra...
(Continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 28 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8006: Blogpoesia (134): Ai Guiné, Guiné (6) (Albino Silva)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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