sábado, 2 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8035: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (1): A crise de Guidage

1. Episódios da Guerra na Guiné, trabalho do nosso novo camarada e Manuel Sousa (ex-Soldado At da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74), enviado em mensagem do dia 15 de Março de 2011:


EPISÓDIOS DA GUERRA NA GUINÉ 1973/1974 (1)

O Batalhão 4512 em campanha na Guiné, 1973/1974, estava sediado na região de Óio, em Farim, Sector 02, com as suas Companhias distribuídas por Nema, Jumbembém, Binta e Cuntima.

O ex-soldado Manuel Luís Rodrigues Sousa, que integrava o 3.º Pelotão da 2.ª Companhia, instalada no subsector de Jumbembém, de cujo quartel apresenta a fotografia, propõe-se a fazer o relato de dois dos vários recortes de guerra em que esteve envolvido, intervalados com a partilha de uma lição de vida, dentro do contexto da guerra: “AFINAL OS ANJOS ACOMPANHAM-NOS

- A CRISE DE GUIDAGE
- AFINAL OS ANJOS ACOMPANHAM-NOS
- MINAS NA PICADA ENTRE JUMBEMBÉM E LAMEL.

Quartel de Jumbembém, 1973/1974.

A CRISE DE GUIDAGE

Nos primeiros dias de Maio de 1973, encontrava-se o meu Pelotão no limite da picagem, do subsector de Jumbembém, entre Jumbembém e Canjambari, em Sare Tenem, a fazer segurança à picada até ao regresso da coluna.
Cerca das 10/11 horas começou a ouvir-se intenso bombardeamento para os lados de Farim, dando para perceber, contudo, que o mesmo bombardeamento era muito mais longe, indiciando que, àquela hora, se trataria de alguma emboscada, já que os ataques a quartéis por parte do PAIGC estava quase convencionado que só ocorriam ao cair da noite até ao princípio da madrugada.
Durante todo o dia em que ali permanecemos o intenso fogo continuou, com uma ou outra pequena interrupção, chegando-nos então a informação, através do homem das Transmissões, que o quartel de Guidage estava a ser atacado.


Fotografia do nosso camarada Albano Costa, retirada da internete.

Logo no dia seguinte, já no quartel, tivemos conhecimento que uma coluna de reabastecimentos que se deslocava de Farim, ou de Binta, para Guidage, que continuava em constante flagelação, tinha sido atacada antes da bolanha do Cofeu, resultando alguns mortos e a destruição de 3 ou 4 viaturas, uma delas visível nesta fotografia.


Fotografia do nosso camarada Albano Costa,  retirada da Internete.

Entretanto, no dia 10 de Maio, o 2.º Pelotão recebeu ordens para se deslocar para Farim, a fim de reforçar uma outra coluna em preparação com destino a Guidage.
A arrepiante história desta coluna é contada na primeira pessoa pelo ex-furriel Fernando Araújo, que creio que comandava aquele pelotão na altura, que podem consultar no link seguinte (copiar e colar no “motor de busca”)

http://coisasdomr.blogspot.com/2010/04/m207-historia-de-uma-coluna-guidage-na.html


Regressou então o 2.º pelotão a Jumbembém com uma baixa, o soldado Manuel Geraldes, que foi enterrado em Guidage, juntamente com outros militares. (exumado em 2008, juntamente com outros militares, alguns deles pára-quedistas, cujos restos mortais foram transladados para a aldeia da sua naturalidade, próximo de Bragança. O livro “A última Missão” de José Moura Calheiros tem como base o resgate dos restos mortais destes militares.

Soldado Manuel Geraldes à esquerda da foto, em primeiro plano.


Aí pelo dia 20 de Maio, foi a vez do 3.º Pelotão, a que eu pertencia, comandado pelo Fur Mil Aires, coadjuvado pelo Fur Mil Pereira, já que o pelotão passou por alguns períodos “órfão” de comando de oficial subalterno, visto que o Alf Mil Pedroso tinha sido destacado para uma Companhia de Nativos, para o K 3, receber ordens para se deslocar para Binta, já com a missão definida de manter a segurança da picada entre Binta e Guidage, atrás de uma coluna de reabastecimentos que entretanto já tinha partido dali para Guidage.
Avançámos então, cerca das 11 horas, creio que acompanhados também por alguns militares de Binta ou de Farim, conhecedores do percurso.
Passámos as viaturas destruídas na emboscada a que atrás me referi, em local de mata muito densa e, um pouco mais à frente, encontrámos a referida coluna parada, com um fuzileiro com uma perna cortada por ter accionado uma mina anti-pessoal.
Regressou então a coluna e toda a força a Binta, com excepção de um Grupo de Pára-quedistas que mais tarde chegou a Guidage, depois de ter caído em uma ou duas emboscadas por parte do PAIGC.

Ali permanecemos quase uma semana, a ração de combate e sem tomar banho, a aguardar a organização de uma coluna reforçada com Comandos, Fuzileiros, Pára-quedistas, Sapadores e Engenharia em número aproximado de 300 a 400 homens, talvez para mais.

No dia 29 de Maio, cerca das 09H00, esta coluna, incluindo o meu pelotão, inicia a progressão em direcção a Guidage.
Os Sapadores à frente a picar, com os flancos, pelo interior da mata, protegidos por Fuzileiros e Pára-quedistas, seguindo o resto da força atrás a pé e nas viaturas, incluindo um Grupo de Comandos e Engenharia com máquinas caterpillares.

A cerca de 4 ou 5 quilómetros, antes das viaturas destruídas a que acima me referi, zona já mais perigosa, os Sapadores recusaram-se a picar, alegando cansaço físico.
É então recebida ordem para o pelotão de Jumbembém, em que eu estava integrado, avançasse para a frente para picar.
Nesse dia, na escala que tínhamos no pelotão, calhava-me a mim a picar.

Cheguei à cabeça da coluna e foi-me entregue uma pica (um pau com um ferro num extremo) pelo capitão que comandava a coluna, ordenando-me que começasse a picar na rodeira do lado esquerdo, para logo, após umas picadelas, me ordenar para passar para a rodeira do lado direito, já que atrás de mim se encontrava outro picador, o soldado Lopes, seguindo mais dois atrás, um de cada lado, seguidos de um grupo de Comandos.

Entretanto, após ter começado a picar, há um oficial que sugere ao referido capitão, para, a partir dali, as máquinas da engenharia começarem a abrir nova picada paralela àquela, dada a forte probabilidade de estar minada.
Referiu que não, argumentando que ali o terreno era firme, pois só mais lá para a frente é que as máquinas abririam nova picada.

Continuei então a picar, pelo lado direito, sobe grande tensão, em silêncio, ouvindo-se apenas os motores das viaturas um pouco distantes à rectaguarda, debaixo de calor intenso e reparei que à frente, a cerca de 20 metros, do lado esquerdo da picada, se encontrava uma árvore de grande porte, cujas raízes salientes no terreno atravessavam a picada.

Eu era o primeiro homem lá à frente, sendo certo que pelos flancos, pela mata, como atrás referi, seguiam forças de fuzileiros e pára-quedistas.

Ouvi o soldado Lopes que me precedia, como disse na rodeira do lado esquerdo, a dizer-me em sussurro:

- Sousa, vamos com cuidado.

No mês de Maio já as primeiras chuvas tinham caído e o terreno da picada estava tão uniforme que não dava para se vislumbrar quaisquer vestígios que me permitissem detectar visualmente a existência de minas.
Depois de picar cerca de 50 metros, isto é, já picava para lá da referida árvore a cerca de 20/30 metros, ocorre atrás de mim uma enorme explosão, o que me levou instintivamente a baixar-me para me proteger, ficando envolvido por fumo negro e terra que me caiu em cima em consequência da mesma explosão.
Momentaneamente o silêncio foi absoluto, interrompido entretanto pelo queixume de alguém a trás:

- Ai minha mãezinha!

Continuei então ali amarrado, até que, volvidos alguns instantes, me foi passada a palavra que o pessoal de Jumbembém regressaria a Binta.
Recuei pelas pegadas que tinha feito em sentido contrário e apercebo-me, ao chegar novamente à referia árvore, que o meu colega, soldado Lopes, que me substituiu na rodeira do lado esquerdo, estava morto e o que clamava “ai minha mãezinha” era um furriel dos Comandos que evidenciava esfacelamento do rosto, que teria sugerido ao soldado Lopes para picar precisamente sob as raízes da árvore que referi. (Sabe-se que este furriel ficou cego em consequência dos ferimentos).
Vi ainda mais um ferido ou outro, mas sem gravidade.

Regressou o meu pelotão em duas viaturas a Binta, transportando o corpo do soldado Lopes, que depositámos numa das muitas urnas que se encontravam armazenadas, umas já ocupadas outras vazias, num armazém em Binta, cujos restos da estrutura ainda podem ver na fotografia recente que se segue.

Fotografia do nosso camarada Albano Costa retirada da internete.


Já não voltámos a integrar a coluna, o nosso estado de ânimo, pelo que descrevi, já não era o melhor, e soubemos que a partir daquele local a coluna continuou por uma nova picada até próximo da bolanha do Cofeu e, quando entrou novamente na picada velha, um condutor que já se encontrava em Bissau para regressar à Metrópole, depois da sua comissão cumprida, entretanto incorporado na coluna, ao desviar-se um pouco do trilho das outras viaturas, accionou uma mina que lhe causou a morte.
Regressámos então a Jumbembém com menos este colega:



O nosso estado físico e psíquico é bem ilustrado por esta minha fotografia, aquando da chegada de Guidage a Jumbembém. Com 22 anos, mais parecia ter 60.


Para melhor avaliarem, comparem com esta minha fotografia

Vou aqui reproduzir um excerto do relato do nosso camarada José Afonso, ex-furriel da CCVA 3420, que se refere precisamente à situação que eu acabei de descrever mais em pormenor, cujo texto mais abrangente pode ser visto neste link:

http://blogueforanada.blogspot.com/2006/02/guin-6374-cdxcvi-salgueiro-maia-e-os.html
(copiar e colar no “motor de busca”.

“…A 29 de Maio inicia-se a abertura do itinerário Binta / Guidage. Cerca das 10 horas, ao ser feita a picagem, foi accionada uma mina anti-carro de que resultou um morto, um furriel cego e 2 feridos ligeiros que foram evacuados para Binta, escoltados por 2 Unimog e cerca de 30 homens que, chegados a Binta, nunca mais regressaram como estava decidido (não foram por isso punidos)”.

Sobre este excerto, principalmente sobre o parêntese com que termina, quero fazer um comentário:

- À data dos factos que acabei de narrar, mesmo como simples soldado que era, tive a percepção de que o meu pelotão, sem comando de oficial, depois dos Sapadores se recusarem a picar ao chegarem à zona mais perigosa da picada, foi “empurrado” lá para a frente como rebenta-minas.

- Se tivéssemos connosco o Alferes Pedroso, que tinha sido o Comandante do Pelotão, homem de estatura baixa, mas um gigante na sua convicção e determinação, depois do pessoal especializado se recusar a picar, nós jamais seríamos incumbidos dessa tarefa e a alternativa para o capitão seria mesmo decidir abrir nova picada como estava previsto.

- A esta distância de 37 anos, acabo de saber pela narrativa do José Afonso, que o capitão que comandava a coluna, o que me entregou a “pica” para picar, era o Capitão Salgueiro Maia, cuja Companhia que comandava, CCVA 3420, integrava a mesma coluna. Sabendo isso hoje, é caso para perguntar: porque é que não envolveu os militares da Companhia dele na picagem?

- Queria só dizer, e voltando ao teor do texto do José Afonso, o meu pelotão recebeu ordens para regressar a Binta com o corpo do falecido soldado Lopes. Não sei se havia ordens transmitidas ao Furriel Aires que nos comandava para depois voltarmos a regressar à coluna, o que é certo é que não voltámos.
Lamento que o José Afonso tenha referido “ (não foram por isso punidos)”.
Não podíamos ser mais punidos do que termos estado naquele inferno, com as consequências trágicas que relatei, cujo castigo nos marcará de forma indelével ao longo das nossas vidas.
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8020: Tabanca Grande (273): Manuel Luís Rodrigues Sousa, ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512 (Jumbembem, 1973/74)

Sobre Guidaje, entre outros relatos, vd. postes do nosso camarada Daniel Matos de:

16 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6000: Os Maradados de Gadamael (Daniel Matos) (1): Por onde andaram e com quem estiveram?

18 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6014: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (2): Levar a lenha e sair queimado

20 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6027: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (3): Os dias da batalha de Guidaje - Antecedentes à nossa chegada

24 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6041: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (4): Os dias da batalha de Guidaje, 15 a 18 de Maio de 1973

30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6069: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (5): Os dias da batalha de Guidaje, 19 de Maio de 1973

2 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6090: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (6): Os dias da batalha de Guidaje, 20 e 21 de Maio de 1973

5 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6108: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (7): Os dias da batalha de Guidaje, 22 e 23 de Maio de 1973

14 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6154: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (8): Os dias da batalha de Guidaje, 24, 25 e 26 de Maio de 1973

18 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6178: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (9): Os dias da batalha de Guidaje, 27 e 28 de Maio de 1973

21 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6201: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (10): Os dias da batalha de Guidaje, 29 e 30 de Maio de 1973

24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6235: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (11): Os dias da batalha de Guidaje, 31 de Maio e 1 a 12 de Junho de 1973

27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6255: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (12): Os três G e a proclamação da Independência

30 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6283: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (13): Baixas da CCAÇ 3518 em Guidaje

3 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6307: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (14): Cemitérios de Guidaje e Unidades mobilizadas na Madeira

7 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6334: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (15): Hino de Os Marados, Dedicatória e Balada dos Amigos Separados
e
9 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6351: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (16): Composição da CCAÇ 3518


Do nosso camarada José Manuel Pechorro de:

19 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5300: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - I Parte (José Manuel Pechorrro)

21 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5310: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - II Parte (José Manuel Pechorrro)
e
16 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5479: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - Agradecimento e algumas informações (José Manuel Pechorro)


Do nosso camarada Manuel Marinho de:

15 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4957: Tabanca Grande (173): Manuel Marinho, ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Farim e Binta (1972/74)

7 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5067: Guidaje, Maio de 1973 (1): Momentos difíceis para as NT (Manuel Marinho)
e
7 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5230: Guidaje, Maio de 1973 (2): O fim do pesadelo (Manuel Marinho)


O nosso camarada Amílcar Mendes da 38.ª CComandos também escreveu sobre Guidaje. Entre outros, vd. postes:

27 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1123: Um espectáculo macabro na bolanha de Cufeu, em 1973 (A. Mendes, 38ª Companhia de Comandos)
e
4 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2719: Guidaje, Maio de 1973: Só na bolanha de Cufeu, contámos 15 cadáveres de camaradas nossos (Amílcar Mendes)


Vd. ainda postes do nosso camarada Pára-quedista Victor Tavares de:

25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto
e
9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

2 comentários:

Unknown disse...

Li com muita atenção, mas existe umas pequenas imprecisões.Em Binta com a 3420,4512 e Comandos Juntou-se a CCAÇ3414, que só ficou em Guidage uma noite e Regressou no dia Seguinte.Na ida fomos de facto emboscados e eu cheguei a estar proximo do Salgueiro Maia(Hoje Faz anos que faleceu)Estava sempre junto dele o Furriel Vaguemestre da 3420.O Condutor que faleceu na Ida , não saiu do trilho , eu ia proximo a pé, Foi Uma Mina de comando à distância que fez voar a sua Viatura (Chamava-se Parreira) e era da Ilha Terceira (Açôres)Freguesia da Ribeirinha..No Regresssso após passarmos a Bolanha do Cufeu , Sofremos um ataque de Abelhas Bravas.Tinhamos antes de atravessar s0olicitado o apoio dos Migs que bonbardearam a Bolanha, pois desconfiamos de emboscada.Apos atravesssarmos o Rio fomos emboscados a seguir a K3 e posteriormente entre Mansabé e Mansoa.A CCAÇ 3420 esteve foi no COMBIS queé ao lado dos Adidos.Nos Tambem já tinhamos terminado a Comissão e Regresssamos directos à Ilha Terceira no dia 23/9/1973.Só um Homem como o Salgueiro Maia faria o que fez no 25/4.Abraço José Mario Caldeira da CCAÇ 3414 nr 07909570(Cuja companhia era do 17 e cujo LEMA era (ANTES MORRER LIVRES QUE EM PAZ SUJEITOS)

Anónimo disse...

Caro Manuel Sousa.

Este teu texto tem incorrecções que se permites passo a referir.

Nos primeiros dias de Maio os bombardeamentos e explosões a que fazes referência referem-se (presumo eu) à coluna que seguia para Guidaje, onde o meu 1ºGrComb de Nema mais um da 14ª tentaram chegar a Guidaje, não o tendo conseguido, por razões já descritas neste blog.

As viaturas destruídas eram da 1ª coluna do dia 8/9 Maio foram 4, tivemos 4 mortos e muitos feridos.

A viatura que aparece na foto não é uma das citadas, porque como deves saber ficamos até ao final da comissão a palmilhar aquela picada, e o local e os destroços das mesmas não são ali, ademais houve pelo menos mais 2 viaturas que lá ficaram

Referes a data de 20 Maio, mas essa coluna foi efectuada a 23, organizada pelo COP-3 e trágica para os Pára-quedistas, os únicos que foram para Guidaje nesse dia.

Houveram mais 2 mortos da Ccaç 3 de Bigene por accionamento de minas.

Em 29 em Binta não estavam a CCP-121 nem o DEF, que nessa data estavam em Guidaje, onde ficaram até dia 30, mas que vieram de Guidaje fazer protecção a esta coluna (a CCP-121 no Cufeu e o DEF no Ujeque).

O Cmdt desta coluna foi o Cap Rodrigues da 14ª de Farim, e foi sob o seu comando que o teu 3º GrComb e o meu 1ºGrComb reforçado com elementos de Binta, mais 1 GrEMilª 342 de Olossato marcharam para Guidaje a 29, estas forças foram designadas por Agrupamento “B”.

Seguíamos atrás da 38ª Ccmds Agrupamento “A”, mais Sap do Bcaç 4512.

A picagem foi sendo alternada até Genicó, altura do accionamento da mina que vitimou o Domingos Lopes e feriu os restantes que referes.

Devo dizer que já sabia quem tinha sido o GrComb que não regressou à coluna depois de fazer as evacuações do morto e dos feridos para Binta, apenas porque não me parecia moralmente ético falar sem saber as razões para tal, não o fiz.

O sucedido deu azo a que pelo menos 1 dos camaradas do meu GrComb, aproveitasse a vossa “boleia” para Binta.

O resultado foi a substituição do teu GrComb por um da Ccav 3420 do Cap Salgueiro Maia que vinha atrás de nós (agrupamento C), que nos veio reforçar.

Daí que julgue que foi o Cap Rodrigues a mandar-vos picar e não o Cap Maia, mas não acho relevante, serve apenas para que fiques com mais informação sobre essa coluna.

Ficamos em Guidaje até 11 de Junho.

Espero ter contribuído para um melhor esclarecimento deste teu texto.

Um abraço

Manuel Marinho