Camarada Carlos Silva:
Mando-te em anexo um texto sobre a lenda e o contexto em que conheci a Senhora Aparecida, que tem a ver com o contacto que tenho com um nosso camarada ex-combatente, António Pereira Magalhães, natural da vila com o mesmo nome, que também integrava o meu pelotão em Jumbembém.
Um abraço
Manuel Sousa
Senhora Aparecida
Senhora Aparecida é um santuário que dá o nome à vila de Aparecida, formada pelas freguesias de Torno e Alentém, no concelho de Lousada, situada nas fraldas da serra da Cumieira.
Tem origem numa lenda em que um eremita, um mendigo cuja nacionalidade se desconhecia, vagueava periodicamente naquela localidade, muito estimado por todos, pela sua bondade, fazendo-se acompanhar de uma imagem de Nossa Senhora.
Depois de alguns anos de deixar de aparecer por lá aquele ermitão, populares aperceberam-se de raios de luz que incidiam sobre uma mina, no meio de um silvado, onde era costume ele pernoitar, próximo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Levados pela curiosidade sobre o fenómeno, descobriram então no local os restos mortais do ermitão e a imagem de Nossa Senhora de que ele se fazia acompanhar.
Daí o nome de Nossa Senhora Aparecida e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição ter tomado a designação de igreja da Senhora Aparecida.
Decorrem ali as festividades em sua honra nos dias 13, 14 e 15 de Agosto, cujo ponto alto é a majestosa procissão no dia 14 e a imponência do andor, com mais de 20 metros de altura, transportado por cerca de 80 rapagões.
Em 2009 estive presente, pela primeira vez, naquelas festividades, a convite de um colega e amigo ex-combatente, que integrava o meu pelotão em Jumbembém, António Pereira Magalhães.
Fiquei encantado pela beleza do local e não resisti fazer-lhe este poema:
Igreja de Nossa Senhora Aparecida
Foto pesquisada na Internet
POEMA A NOSSA SENHORA APARECIDA
No fundo do vale verdejante,
Entre ramagem exuberante,
Corre o rio Sousa a serpentear!
Vai ligeiro e cioso dizer ao Douro,
Que para trás deixou um tesouro,
Lá na cumieira a branquejar!
É Nossa Senhora Aparecida
Na sobranceira e bonita ermida,
Erigida, imponente, de pedra e cal!
Sentinela em alerta permanente,
Protectora de toda a sua gente,
Dispersa ao longo de todo o vale!
Em Agosto, no majestoso andor,
Sobre ombros fortes com fervor,
Percorre as ruas de todo o burgo.
A multidão, em solene romagem,
Segue devota a altaneira imagem,
Rogando-lhe graças em sussurro!
Ao cair da noite em arraial profano,
Para esquecerem as agruras do ano,
Novos e Velhos animam a romaria!
Entre acordes em coro de concertinas,
Foguetes, repastos e boas cardinas,
Cantam ao desafio até ser dia!
Oh Nossa Senhora Aparecida,
Mãe por muitos nomes conhecida:
Fátima, Monserrate, Conceição…!
Por qualquer deles que eu te invoque,
Dá-me a ventura, dá-me a sorte,
De ser outro teu mendigo ermitão.
Manuel Sousa
Julho/2010
Em 2010, voltei a estar presente naquelas festividades, novamente a convite do meu amigo Magalhães, fazendo-lhe a surpresa de lhe oferecer o poema escrito sobre a fotografia seguinte, que, para o efeito, mandei emoldurar.
Andor da Senhora Aparecida
Foto pesquisada na Internet
____________Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8134: Memórias de um ex-combatente (2): O desembarque, a viagem e a estadia no Cumeré (Manuel Sousa)
Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8157: Blogpoesia (146): Elegia para um paisano (Luís Graça)
3 comentários:
Amigo Manuel Sousa, boa-noite!
É um prazer ler a sua poesia!
Ou ela nasce com o poeta, ou o lugar onde o poeta vive, o inspira.
O Norte é lindo, fantástico,é maioritariamente encantador e eu costumo dizer que (se não fosse Alentejana, queria ser Duriense).
Obrigada por nos dar a conhecer mais este seu trabalho, harmonioso e sentido.
Aceite um abraço fraterno
Felismina Costa
Estimada companheira de blog, Felizmina Costa.
Agradeço-lhe, mais uma vez, as palavras elogiosas que me dirigiu sobre o meu trabalho alusivo à Senhora Aparecida, venerada lá na terra do meu colega ex-combatente, António Pereira Magalhães.
Sei que foi madrinha de guerra, inclusivé que procura um seu afilhado.
Fica a saber , em primeira mão, que estou a ultimar um trabalho, na sequência das minhas memórias de ex-combatente,que conhece,destinado a homenagear todas as dedicadas madrinhas de guerra de Portugal.
Os meus cumprimentos.
Manuel Sousa
Caro Manuel Sousa
Gostei de ler a introdução elucidativa e a poesia acessivel,que retrata bem o enquadramento de uma região, com a religiosidade,união e força do seu Povo.
Conheço esses andores espectaculares.Há zonas onde fazem competição de tamanho e beleza.
Um abraço
Luis Faria
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