Há uns anos a esta parte, despertou em mim o desejo de voltar à Guiné, volvidos 40 anos, para matar saudades dos locais por onde andei e conversar com os guineenses de quem guardo boas recordações.
Era uma questão de tempo e de oportunidade para concretizar a minha vontade. Esse dia chegou e lá fui eu até Bissau de 4 a 12 de Janeiro do corrente ano.
Fiquei surpreendido pela positiva com o que vi: Bissau cresceu cerca de dez vezes mais. Muitas construções coloniais foram substituídas por construções feitas pelos chineses, nomeadamente, em Santa Luzia, para alojamento de militares.
A antiga messe de sargentos foi destruída, dando origem a outro edifício.
A antiga messe de oficiais é hoje o Hotel Azalai, uma das unidades hoteleiras mais importantes de Bissau, segundo fontes não oficiais. Bissau está uma cidade muito movimentada com os seus táxis de cores azul e branca e os autocarros de amarelo e azul conhecidos pelos “Toca-Toca”, os quais cruzam constantemente a cidade e os seus arredores, transportando as pessoas para os mais diversos sítios como Antula, Bairro Militar, Quelele, Enterramento, Empantcha e outros num grande frenesim.
Culturalmente, Bissau também me pareceu uma cidade bem servida de ensino básico, secundário e universitário a avaliar pela quantidade de alunos que vi junto dos estabelecimentos de ensino.
O uso do telemóvel também me pareceu mais ou menos generalizado.
O Mercado do Bandim, continua igual a si próprio, ou seja, sempre apinhado de gente e ali vende-se de tudo!
Do aeroporto de Bissalanca, hoje Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, sai uma via rápida, de três faixas de ambos os sentidos, até Bissau o que torna os transportes mais rápidos. Mas quem optar por outros destinos, também encontra estradas com bom piso.
Como não podia de deixar de ser, visitei, com alguma demora, a minha antiga unidade, em Santa Luzia, o Grupo de Artilharia N.º 7, herdeiro a partir de Julho de 1970, da Bateria de Artilharia de Campanha n.º 1. O aquartelamento foi adaptado ao ensino e hoje é a Escola Secundária Unificadora 23 de Janeiro desde o 1.º ao 12.º ano.
No meu planeamento, mencionei uma visita ao cemitério da Liga dos Combatentes em Bissau, o que fiz, prestando uma homenagem aos nossos camaradas ali sepultados até 1964.
Em resumo, gostei de voltar à Guiné e ver pessoalmente algumas melhorias, mas a Guiné precisa de muita estabilidade para atingir o tão benéfico desenvolvimento.
A má reputação da Guiné fora de portas, nada tem a ver com a realidade guineense. A Guiné é um País pacífico e os guineenses continuam afáveis e acolhedores, a quem desejo do fundo de mim mesmo a melhor sorte deste mundo!
Anexo: Junto 1 foto do antigo palácio do governador em reconstrução; 2 fotos do ex-GA7; 1 foto do cemitério da LC; 1 foto da antiga messe de sargtºs e uma foto da ex-messe de oficiais.
Um abraço amigo do
JOSÉ BORREGO
Antigo Palácio do Governador em reconstrução
Antiga Casa da Guarda do ex-Grupo de Artilharia N.º 7
Panorâmica do ex-Grupo de Artilharia N.º 7
Cemitério em Bissau da Liga dos Combatentes
Local da antiga Messe dos Sargentos de Bissau
Antiga Messe dos Oficiais de Bissau, hoje o Hotel Azalai
Fotos: © José Francisco Robalo Borrego (2012). Direitos reservados.
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8144: Notas de leitura (231): A Última Missão, por José de Moura Calheiros - Gostei francamente do que li (José Francisco Borrego)
12 comentários:
Meu Caro Camarada Artilheiro José Borrego.
Folgo em saber e verificar que o nosso (antigo) GA7,tem os antigos edifícios pintados.
Estive lá em 2006, e verifiquei,com orgulho, que era uma escola, mas estava tudo degradado.
És muito benévolo na a apreciação sobre Bissau, mas compreendo.
Gostava de saber se já há electricidade, pelo menos durante parte do dia, e se o hotel já tem água canalizada disponível.
Um grande alfa bravo
O artilheiro(sempre)
C.Martins
Caro José F. Borrego,
A apreciacao que faz de Bissau é muito favoravel, muito amiga mas que, também, nao deixa de ser verdadeira.
No meio de muita confusao politica, de inumeraveis dificuldades economicas e alguns atropelos... a Guiné-Bissau vai-se construindo pouco a pouco.
A Guiné, como bem dizes, é terra amiga, pois "Amigo!...Amigo!" é o nome que mais se ouve nas ruas de Bissau.
Da proxima vez, sugiro que visite os novos Bairros: Empantcha, Enterramento, jerico, Bissaque, Quelelé...e nao tenha receio de entrar dentro dos sitios que fotografaste. Nota-se, nas fotos, um certo receio de penetrar la dentro, talvez para nao ter que dar explicacoes a alguém, de se revelar, mas a distancia de tantos anos os machados ha muito que foram enterrados. Hoje a nossa guerra é outra, e de mais a mais, o PAIGC nunca escondeu a sua simpatia, atracao e admiracao por Portugal e pelos portugueses, que faz parte dos legados de Cabral, um legado de paz e amizade para com o Povo portugues.
Obrigado por esta visao positiva.
Um grande abraco,
Cherno Baldé
Gostei deveras do comentário de Cherno Baldé.
De facto sobre a Guiné, pela nossa parte, houve sempre uma amizade entre os povos, que nas outras ex-provincias de Angola e Moçambique, tenho a impressão que não existe em tão grande dimensão, talvez pela dimensão dos territórios, não sei, o que constato é que sobre a Guiné, todos nós ainda hoje sentimos uma verdadeira amizade.
Está á vista o querer de muitos em voltar, para recordar.
AMIGO Baldé, um grande abraço
Rogério Cardoso
Ex-Fur-Mil-Cart 643-Aguias Negras
Bissorã-1964-1966
Olá camarada Artilheiro
Francamente já tinha saudades.
Um abração do Torcato
Caro Cherno baldé,sempre fui muito sensível aos sentimentos das pessoas e respeitador das suas culturas. Notei que as pessoas não gostavam muito de ser fotografadas e nessa medida, optei pela contenção, convicto de que as estava a respeitar. Considero muito a Guiné e os guineenses e a prova disso está na minha deslocação ao país que é para mim uma espécie de segunda pátria! Receba um Abraço fraterno do JOSÉ BORREGO
Caro José Borrego
Folgo com as informações que nos trás de Bissau.
Duas notas:
"Cemitério (...) nossos camaradas ali sepultados até 1964". Havia outro cemitério?
Os sepultados posteriormente a esta data vieram para Portugal?
Eu entre Fevereiro e Março de 1967 - em representação da BAC, assisti a fenerais de militares.
"Panorama do ex-Grupo de Artilharia nº 7". E também da CICA, não? Entre 1967 e 1969 a CICA estava adstrita à BAC. O comandante era o mesmo.
Um abraço
António Ribeiro
ex-fur.mil.
Meu caro Cherno
Tu sim e o povo da Guiné também,agora os "políticos" ou uma grande parte deles, desculpa, mas tenho muitas dúvidas.
Tive algumas situações bastante desagradáveis, com alguns, quando lá estive em 98 como voluntário da AMI.
Um grande abraço
C.Martins
Olá meu caro C. Martins,
De facto o nosso ex-GA7 está bem estimadinho, graças Adeus.
também fiquei contente em saber que agora era uma escola. Afinal cá como lá, o futuro passa pela educação!
Quanto à electricidade e água, penso que já está tudo normalizado. Falei com pessoas que lá estavam hospedadas e não ouvi queixas.
Um grande abraço e saudações artilheiras do JOSÉ BORREGO
Olá meu caro Torcato,
Muito obrigado pelas suas palavras
amigas.
Receba um forte abraço e saudações artilheiras do JOSÉ BORREGO
Caro camarada António Ribeiro,
Perguntou pelo CICA que fazia parte do GA7. Procurei, mas não vi qualquer vistígio.
Perguntou tb se havia outro cemitério, creio que não, caso contrário, estava localizado pela LIGA DOS COMBATENTES.
Quanto aos sepultados, posteriormente a 1964 é quase certo que vieraqm para Portugal. Mais não sei responder.
Um abraço do José Borrego
Faz dó ver o estado de degradação do antigo Palácio do Governador e zonas circundantes. Que diferença de 64, 65 e 66. Em 1980, também eu fui em romagem de saudosismo à Guiné. Nessa altura já se verificava alguma degradação em todos os lugares que antes conheci, mas não tanto com pelos vistos, agora se nota.
J.Sacôto
ex-ALF.MIL. CCAÇ. 617
Caro amigo José Borrego
Ainda bem que veio satisfeito da Guiné e que viu coisas melhores do que pensava antes de ir.Depois me contará pessoalmente e com mais detalhe o que presenciou.
Sobre os combatentes mortos e sepultados em Bissau vão para lá de 1964 ,pois eu fiz lá uma guarda de honra em Abril de 1965.
Um abraço
Libério Lopes
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