Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > Abril de 1972 > Vista aérea parcial de Bambadinca. Foto de autor não identificado. Foto nº 3888.jpg. Tipologia: Diapositivo de película cor acetato 35 mm encaixilhado. Proveniência: Agência Geral do Ultramar. Copyright: Instituto de Investigação Científica Tropical, Arquivo Histórico Ultramarino, Calçada da Boa-Hora, nº 30. 1300-095 Lisboa Portugal .
Fonte: ACTD - Arquivo Científico Tropical - Digital Repository (Com a devida vénia...)
Legendas: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
1. A fotografia não é de grande qualidade, tem pouco resolução, mas é mais uma vista aérea da nossa amada Bambadinca, ao tempo do BART 3873 (1971/74). Temos mais fotos aéreas desta localidade (que era a sede do Setor L1), no nosso blogue, mas esta é interessante (*), pelo ângulo: é tirada quando a aeronave, vinda de leste (possivelmente Bafatá) se fazia à pista (a oeste) ou passava por cima de Bambadinca a caminho de Bissau.
Já não me lembrava deste pequenos afluente do Rio Geba Estreito (vd. margem esquerda, em frente à bolanha de Finete). É, por outro lado, perfeitamente visível a "circular", alcatroada, de Bambadinca, início da estrada para Bafatá (a leste) e Xime (a oeste). Estava em construção, esta circular no final da nossa comissão (em Março de 1971), bem como a estrada (alcatroada) para o Xime... Tudo a cargo da Tecnil, a cujos trabalhos, máquinas e pessoal fizemos constante segurança (a CCAÇ 12, a minha companhia, Bambadinca, 1969/71). A mesma Tecnil onde, regressado de Angola, virá a trabalhar o nosso camarigo António Rosinha, anos depois, no tempo do Luís Cabral.
Ao tempo do BART 2917 (1970/72), Bambadinca tinha cerca de 1500 habitantes recenseados, um pouco menos que o reordenamento de Nhabijões (um dos maiores da Guiné, com cerca de 3 três centenas e meia de moranças). Posto administrativo e sede de comando de batalhão, Bambadinca ("a cova do lagarto", em língua mandinga) dispunha de um porto fluvial que constituía na época a principal fonte de escoamento dos produtos das circunscrições de Bafatá e Gabu (mancara, madeira e coconote e artigos de artesanato) e de entrada de quase todos os reabastecimentos para as tropas da Zona Leste. Dispunha de sete lojas comerciais e tinha então tendências para aumentar a sua população bem como o seu comércio e a sua importância.
No Setor L1 viviam 15 mil pessoas, sob controlo das NT. Outras 5 mil viveriam sob controlo do PAIGC, segundo a mesma fonte (comando do BART 2917).A malta que conheceu Bambadinca, que acrescente mais elementos informativos... (LG)
O PINT (Pelotão de Intendência) de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba, junto ao porto fluvial... Assinalado com um círculo a amarelo... Em primeiro plano, a tabanca de Bambadinca, na encosta do planalto onde estava situado o posto administrativo, a capela, o edifício dos correios, a escola, o aquartelamento...
A famosa rampa de acesso ao aquartelamento de Bambadinca...
O reordenamento de Bambadincazinha... A estrada (em construção) de Xime-Bambadinca...
Em primeiro plano, as máquinas da TECNIL em operação, na construção da estrada do Xime-Bambadinca, fazendo a ligação ao troço, já alcatroado, Bambadinca-Bafatá... À esquerda, o morro onde se situava o aquartelamento e o posto administrativo... Fotos de 1969/70, do ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)
Fotos: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da
Guiné. Todos os
direitos reservados.
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 5 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9445: Fotos à procura de... uma legenda (16): Tabanca de Gadamael, 1973 ? (José Sales, CCAÇ 4743, Gadamael e Tite, 1972/74)
6 comentários:
Reconheço Bambadica,Luís Graça. A estrada vem desfigurar um pouco. Está bem lançada devido ao desnível. Bambadincazinha desconheço aquela Tabanca assim. A outra era onde ,de quando em vez, eu pernoitava...a subida Luís era íngreme...soube hoje, através do Juvenal que foi entregue a 9 Set. e Mansambo a 2 Set.de 1974. Malhas que o Império tece.
Abraço, principalmente ás gentes de e que passaram por lá.
Ab t
A entrega de Mansambo ao PAIGC, a 2 de setembro, e de Bambadinca a 9, vem no relatório da 2ª rep que estamos a publicar (Vê poste anterior a este)... O Saltinho foi a 27 de agosto, Galomaro a 5 de setembro, Bafatá a 7... Xitole a 1, Xime a 9... A malta ia recuando até Bissau... Cenas a que, felizmente, tu e eu fomos poupados...
Já não é do teu tempo o reordenamento de Bambadincazinha ? Acho que é... A tabanca que ficava na encosta do planalto de Bambadinca (sede do posto administrativo, capela, escola, correios, quartel...), essa, tem muito que contar... Fizeram-se lá grandes noitadas no "Bataclã" de Bambadinca... E havia gente que tinha lá "suites" e tudo...
Porra, tinhas vinte e poucos anos!... E uma enorme vontade de viver para não morrer!
Do reordenamento e da estrada não me lembro bem. Eu era "gente" de passagem. Lembro a Tabanca porque ia lá tratar de assuntos diversos. A estrada antiga era íngreme e tivemos lá um acidente (está escrito no Blogue).
Não tenho lido o Relatório do Luís Vaz. Espero pelo fim. Não gosto de ler assim.
Tinha 23/25 anos e devia ter tido menos empenhamento. Talvez não.Parece que sou pretensioso ou parvo. Sempre gostei de viver e não tinha tempo para pensar na morte. Tinha medo, se tinha, quando lia os papéis depois ia-se...e gostava de muito mais que havia em Bambadinca/Bafatá...Vidas. Pertence ao que se não conta e todos sabem. Ab Luís T.
Durante uns minutos regressei a Bambadinca de 1963 e vejo a grande diferença que havia com a das fotos actuais.
De facto as instalações militares cresceram e a variante foi uma bela ideia. Na altura a estrada a atravessar o aquartelamento trazia-nos alguns problemas.
Como estará tudo aquilo actualmente?
Libério, Torcato, saudosos camaradas e amigos que passaram por Bambadinca (e foram dezenas e dezenas de milhares ao longo dos anos da guerra, já que a picada e depois estrada do Xime-Bambadinca era única entrada para o Leste):
Pode parecer (e é) um exercício de masoquismo este, o de tentar relembrar ou reconstituir, de memória ou por fotos, os lugares onde passámos os nossos verdes anos... No que se refere a Bambadinca, e respondendo ao Libério, já nada disto existe (ou quase nada)... Quando lá regressei, em 3 de março de 2008, não consegui - por razões emocionais e de pudor - entrar no meu antigo quarto... As belíssimas instalações do meu tempo (quartos de sargentos e oficiais, messes e instalações do comando do BCAÇ 2852 - Bambadinca, 1968/70) mais pareciam um cavalariça... O quartel de Bambadinca foi entregue ao PAIGC em 9 de setembro de 1974, e ao fim destes anos todos a sua degradação era notória... Nele viviam agora os militares da guarnição de Bambadinca, com as suas famílias... Não me achei no direito de meter o bedelho numa casa que já não era minha...
Tudo aquilo que me pareceu um pesadelo... E nesse dia nem faltou um anafado coronel de artilharia que vinha fazer inspeção à artilharia de Bambadinca que, pura e simplesmente, não existia... (Eu não vi nem um cano!). Isto faz-me lembrar a visita-fantasma do tal brigadeiro a Bajocunda, contada aqui com deliciosa ironia pelo nosso camariogo Zé Dinis!
Libério e Torcato: quanto ao resto... já aqui em tempos descrevi... A pista de aviação desapareceu... Bambadincazinha (o reordenamento que não havia no tempo do Libério e de que o Torcato não se lembra) expandiu-se... A rampa que fazia a ligação com a Tabanca de Bambadinca (situada na encosta, entre o quartel e o rio), o rio e a estrada para Bafatá, praticamente desapareceu... O rio (Geba Estreito) está assoreado, os barcos já não chegam mais a Bambadinca, muito menos a Bafatá... Em lugar de arroz, vi vacas a pastar na grande bolanha de Bambadinca (, propriedade do 'Nino', segundo me disseram)...
Por sua vez, as lojas de comércio desapareceram, em vão procurei um sítio para comer... Há (havia) agora uma ponte sobre o rio, perto de Santa Helena, por onde passa(va) a estrada Bissau - Nhacra - Jugudul- Bambadinca - Xitole - Saltinho - Quebo... E aqui acaba(va) o alcatrão...
Amigos e camaradas, a Bambadinca que vocês conheceram já não existe... Um Alfa Bravo. LG
Libério, sem dúvida que a variante de Bambadinca foi uma boa decisão... Ainda me lembro, quando passei por Bambadinca a caminho de Contuboel, em 2 de junho de 1969, do pandemónio que constituía a travessia do quartel...
Vindos do Xime, entrávamos em Bambadinca pelo lado da pista de aviação e de Bambadincazinha...Saía-se para o rio e para Bafatá através da rampa...
Com a variante, que só foi construída em meados ou finais de 1970, melhorou muito o escoamento do intenso tráfego de Bambadinca...
Enviar um comentário