Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Militares guineenses da CCAÇ 12, presumivelmente da 2ª secção do 3º Gr Comb, numa tabanca fula em autodefesa... O elemento da ponta esquerda é um milícia, empunhando uma espingarda automática FN... Não consigo identificar a tabanca: poderá ser Candamã, no regulado do Corubal...
A 2º secção do 3º Gr Comb era constituída por, além dos metropolitanos Fur Mil 07098068 Arlindo Teixeira Roda e 1º Cabo 17625368 António Braga Rodrigues Mateus, os seguintes soldados do recrutamento local, de etnia fula ou futa-fula: Soldado Arvorado 82108369 Mamadú Jau (Ap Dilagrama) (F); Soldado 82109369 Malan Jau (Ap Mort 60) (F); Sold 82100769 Amadú Candé (Mun Mort 60) (F); Sold 82108869 Quembura Candé (F); Sold 82109769 Sherifo Baldé (F); Sold 82115369 Ussumane Jaló (FF); Sold 82110169 Madina Jamanca (F)... Recorde-se que os apontadores de dilagrama, morteiro e LGFog tinham direito à famosa pistola Walther, de 9 mm...
Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. Legendas de L.G.
1. Diversos comentários ao postes P9532 ou P9526
(i) Comentário de L.G.:
Seria interessante que os camaradas nos dessem uma estimativa da proporção de guineenses (milícias incluídos) que faziam partem do dispositivo militar do respetivo setor...
No setor L1 (Zona leste, Bambadinca), no 1º trimestre de 1972, a proporção poderia ser de 1 (guineense) para 1 (metropolitano)... Mas noutros setores (do leste mas também do oeste, do norte e do sul), as coisas poderiam ser diferentes... Vejam o dispositivo militar do vosso setor e contem as G3 ou as cabeças...
(ii) José da Câmara:
Para vosso conhecimento, os Pel Mil 294 e 295 estiveram adidos à CCaç 3327, quando esta esteve em Bissassema, zona de Tite.
(ii) José da Câmara:
Para vosso conhecimento, os Pel Mil 294 e 295 estiveram adidos à CCaç 3327, quando esta esteve em Bissassema, zona de Tite.
Cada um destes pelotões era constituído por 39 elementos.
Com a excepção de 3 elementos do Pel Mil 295, recenseados em 1971, os outros tinham-no sido em 1970.
Não posso acrescentar muito sobre a articulação das nossas Milícias. Como sabes, eu estive ligado ao Pel Nat 56.
Todavia, posso dizer que a G3 era a única arma que estava distribuída aos Pel Mil 294 e 295.
Também não é fácil fazer uma estimativa correcta da proporção do dispositivo militar que englobava a CCaç 3327 no seu sector. Primeiro, porque a CCaç mantinha um pelotão de reforço à guarnição de Tite. Em depois porque a companhia tinha muitos militares envolvidos na construção do reordenamento.
Mesmo assim, sem aqueles constrangimentos, a proporção era de 2 por 1 em favor da CCaç 3327.
Não posso acrescentar muito sobre a articulação das nossas Milícias. Como sabes, eu estive ligado ao Pel Nat 56.
Todavia, posso dizer que a G3 era a única arma que estava distribuída aos Pel Mil 294 e 295.
Também não é fácil fazer uma estimativa correcta da proporção do dispositivo militar que englobava a CCaç 3327 no seu sector. Primeiro, porque a CCaç mantinha um pelotão de reforço à guarnição de Tite. Em depois porque a companhia tinha muitos militares envolvidos na construção do reordenamento.
Mesmo assim, sem aqueles constrangimentos, a proporção era de 2 por 1 em favor da CCaç 3327.
Facto interessante naqueles pelotões era a nomeação dos graduados ser da responsabilidade directa do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné.
(iii) António José Pereira da Costa:
(...) Sobre este assunto creio fundamental fazer uma separação entre militares (metropolitanos e guineenses) e milícias.
Estes tinham um estatuto diferente e eram civis armados. Recordo, por exemplo, que, se concorressem aos "comandos" eram incorporados como praças e não lhes era concedida qualquer vantagem por terem sido milícias. Ganhavam menos do que os soldados, só tinham alimentação durante a "formação" (como se diz em eduquês moderno) e, mesmo neste caso, a verba era claramente inferior à dos soldados (creio que era pouco mais de 50%).
(...) Sobre este assunto creio fundamental fazer uma separação entre militares (metropolitanos e guineenses) e milícias.
Estes tinham um estatuto diferente e eram civis armados. Recordo, por exemplo, que, se concorressem aos "comandos" eram incorporados como praças e não lhes era concedida qualquer vantagem por terem sido milícias. Ganhavam menos do que os soldados, só tinham alimentação durante a "formação" (como se diz em eduquês moderno) e, mesmo neste caso, a verba era claramente inferior à dos soldados (creio que era pouco mais de 50%).
Além disso, procurava-se, e conseguia-se normalmente, que tivessem as famílias junto ou próximo do quartel a que pertenciam. Cito de memória porque em Mansabá foi formada uma companhia de milícia, durante a minha permanência.
É capaz de ser pouco exacto metê-los nas contas juntamente com os soldados (CCaç, Artilharia, Comandos, Serviço de Material, Intendência, etc.). Ficam bem ou mal (conforme as leituras) nas estatísticas, mas não é exacto.
(iv) Paulo Santiago:
(...) Quanto a vencimentos de milícias não posso ajudar. Como "instrutor" [, no CIMIL de Bambadinca], era um assunto que me ultrapassava. Não sei se os 700 escudos estão certos. Um dos meus soldados, Amadú Baldé, tinha sido milícia na zona de Aldeia Formosa, passou para o Exército e posteriormente voltou à Milícia, ficando a comandar um dos pelotões da segunda companhia que formei em Bambadinca.É natural que ficasse a ganhar mais.
É capaz de ser pouco exacto metê-los nas contas juntamente com os soldados (CCaç, Artilharia, Comandos, Serviço de Material, Intendência, etc.). Ficam bem ou mal (conforme as leituras) nas estatísticas, mas não é exacto.
(iv) Paulo Santiago:
(...) Quanto a vencimentos de milícias não posso ajudar. Como "instrutor" [, no CIMIL de Bambadinca], era um assunto que me ultrapassava. Não sei se os 700 escudos estão certos. Um dos meus soldados, Amadú Baldé, tinha sido milícia na zona de Aldeia Formosa, passou para o Exército e posteriormente voltou à Milícia, ficando a comandar um dos pelotões da segunda companhia que formei em Bambadinca.É natural que ficasse a ganhar mais.
Também o 1º Cabo Suleimane Baldé, actual Régulo de Contabane, foi milícia, em Aldeia Formosa, antes de passar ao Exército. (...)
2. Informação prestada pelo gen Bethencourt Rodrigues (1918-2010), antigo comandante-chefe e governador da Guiné (1973/74), nome às vezes também grafado como "Bettencourt" Rodrigues:
As NT eram constituídas por:
(i) “órgãos de comando e de apoio logístico, unidades e meios navais da Armada; algumas unidades de Fuzileiros Navais eram integradas por pessoal voluntário da Guiné, com enquadramento europeu”;
(ii) “órgãos de comando e de apoio logístico, unidades do Exército; cerca de 20% das unidades combatentes eram de pessoal recrutado na Guiné e em algumas todo o pessoal era guinéum, incluindo o enquadramento;
(iii) “ órgãos de comando e de apoio logístico e unidades da Força Aérea; (iv) “unidades de milícias, integralmente com pessoal da Guiné” (pp. 129/130).
2. Informação prestada pelo gen Bethencourt Rodrigues (1918-2010), antigo comandante-chefe e governador da Guiné (1973/74), nome às vezes também grafado como "Bettencourt" Rodrigues:
As NT eram constituídas por:
(i) “órgãos de comando e de apoio logístico, unidades e meios navais da Armada; algumas unidades de Fuzileiros Navais eram integradas por pessoal voluntário da Guiné, com enquadramento europeu”;
(ii) “órgãos de comando e de apoio logístico, unidades do Exército; cerca de 20% das unidades combatentes eram de pessoal recrutado na Guiné e em algumas todo o pessoal era guinéum, incluindo o enquadramento;
(iii) “ órgãos de comando e de apoio logístico e unidades da Força Aérea; (iv) “unidades de milícias, integralmente com pessoal da Guiné” (pp. 129/130).
O “efetivo em pessoal armado era constituído, em percentagem superior a 50%, por elementos naturais da Guiné” (p. 130).
No 1º trimestre de 1974, as NT ”ocupavam, com guarnições militares ou de milícias, 225 localidades” (p. 141)…. Era a seguinte a distribuição dessas guarnições:
(i) “72 ocupadas exc lusivamente por tropas do Exército e Armada”; (ii) “82 por tropas do Exército e Armada e unidades de milícias”; e (iii) “71 só por unidades de milícias” (p. 130).
Fonte: Gen Bethencourt Rodrigues – Guiné. In: Cunha, Joaquim Luz; Arriaga, Kaúlza de; Rodrigues, Bethencourt; Marques, Silvino Silvério- África: a vitória traída. Braga: Editorial Intervenção, 1977, pp. 103-142.
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 28 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9543 : As novas milícias de Spínola & Fabião (3): Comandante de Companhia de Instrução de Milícias, no CIMIL de Bambadinca, em set/out de 1973 (Luís Dias)
5 comentários:
Caro Luís,
Talvez algum dos nossos camaradas nos pudesse esclarecer um pouco sobre os fuzileiros especiais africanos.
Se a memória não me falha, havia dois Destacamentos Especiais de Africanos. Mas estariam integrados nos fuzileiros europeus?
O Destacamento (#2???)sediado em Bolama tinha oficiais guineenses. Mas é possível que também tivesse europeus. Simplesmente não me recordo de os ver.
Um abraço,
José Câmara
Em Cacine estava um DEF n.º 21 ? cujos os soldados (grumetes) eram todos guineenses.
C.Martins
Desculpem...
Acima disse o #2 quando devia dizer o #22. Ao tempo estava sediado em Bolama. Do que não tenho dúvidas é que tinha oficiais guineenses.
Se todos, não tenho a certeza.
O nosso amigo José Macedo poderia lançar um pouco de luz sobre isso.
O C Martins também talvez tenha um pouco mais a dizer sobre isso.
José Câmara
Do Blog Barco a Vista, extrai, com a devida venia, a seguinte informacao:
Atendendo ao esforço em termos de recursos humanos que Guerra de Ultramar necessitava e dentro da política de africanização do conflito, são constituídos somente na Guiné-Bissau a partir de Abril de 1970, no Centro de Instrução e Preparação de Fuzileiros Especiais Africanos em Bolama, os únicos DFE africanos: DFE 21 [21 de Abril de 1970], DFE 22 [16 de Novembro de 1971] e DFE 23 [1 de Julho de 1974]. No entanto o DFE 23 nunca chegou a ser formalmente activado, sendo os 3 DFE's africanos desactivados em 25 de Agosto de 1974. Tratou-se de unidades guarnecidos por Oficiais, Sargentos e algumas Praças metropolitanos (Comandante, Imediato, quartel-mestre, radiotelegrafista [telefuzo], enfermeiro, etc), sendo as restantes Praças recrutados entre voluntários da população nativa da província, regra geral dando-se preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, de Serviços da Marinha, guias de unidades de Fuzileiros, estivadores e pessoal oriundo de companhias de milícias ou caçadores nativos.
A 22 de Novembro de 1970, o DFE n.º 21 (Africano) participou na «Operação Mar Verde», na Guiné-Conakry, competindo-lhe a missão de atacar a prisão “La Montaigne”.
Em 1974 aparecem os primeiros sargentos guineenses nos DFE's 21 e 22. Os unicos oficiais africanos nos fuzileiros (africanos),tinham sido o Comandante Rebordao de Brito e eu, Jose J.Macedo, Caboverdeanos.
Jose Macedo, DFE 21 73-74
Já operacionais O Comando do DFE 21 e 22 foi sempre exercido por Fuzileiros Especiais Idos da Metropole . Oficiais e Sargentos. Os Cabos e Marinheiros . Eram emprestados das outras unidades metropolitanas por periodos de 3 meses .A mim coube-me passar pelo DFE 21 Em BUBA nos meses de Fev Març Abril 71
Fui o homem da frente na desgraçada operação festa brava . Nessa operação ficou demonstrada a incompetencia dos Oficiais do Exercito para comandar Fuzileiros . Spinola incluido . Não o ponham na lua . Pois não valia grande coisa . Mas houve mais irresponsaveis que denunciei na epoca . Gostava de ter acesso ao relatorio dessa operação e confrontar o que se passou com o que lá está escrito . em minha opinião foi uma vergonha . A incompetencia e desprezo de quem planeou a operação Custou a vida a 3 Fuzileiros Africanos e vinte e tal feridos E ainda tiveram a lata de me vir perguntar o que correu mal na operação .Santo deus estavamos bem entregues .
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