Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Imagens da progressão de um força da CCAÇ 12 (três mais grupos de combate, 1º, 2º e 3º), no subsetor do Xitole, na época das chuvas (as quatro ou cinco primeiras imagens de cima); uma helievacução no tempo seco, no subsetor do Xime (última imagem).
Imagens de diapositivos digitalizados, do valioso e magnífico álbum fotográfico do ex-fur mil at inf Arlindo Roda, da CCAÇ 12 (1969/71), posto generosa e solidariamente à nossa disposição. Natural de Leiria, é professor do ensino secundário, reformado, é uma apaixonado jogador de damas e de xadrez, e vive em Setúbal. [Foto à direita, tirada nas margens do Rio Geba]
Fotos: © Arlindo Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
Imagens de diapositivos digitalizados, do valioso e magnífico álbum fotográfico do ex-fur mil at inf Arlindo Roda, da CCAÇ 12 (1969/71), posto generosa e solidariamente à nossa disposição. Natural de Leiria, é professor do ensino secundário, reformado, é uma apaixonado jogador de damas e de xadrez, e vive em Setúbal. [Foto à direita, tirada nas margens do Rio Geba]
Fotos: © Arlindo Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
A. Continuação da séria A Minha CCAÇ 12, por Luís Graça (*)
Fonte: Excertos de CCAÇ 12: história da unidade. Bambadinca, 1971, mimeog., pp. 40-41
B. Comentário de L.G.:
No poema "Esquecer a Guiné..." que publiquei em 16 de junho de 2005, na I Série do nosso Blogue, mas que remonta ainda ao meu tempo de Bambadinca (13 de fevereiro de 1971), há uma referência aos páras da CCP 123 e a esta situação de guerra (Op Boinas Destemidas, de 1 de outubro de 1970)...
(...) Os páras
Que matam à queima roupa,
E ainda se dão ao luxo
De contar os impactes,
Fotografar
E armadilhar os cadáveres. (...)
Recordo-me muito bem de os ter visto, no regresso a Bafatá, com paragem em Bambadinca, nesse já longínquo dia 1 de outubro de 1970, aos nossos valorosos camaradas da CCP 123/BCP 12... Estavam em cima dos Unimog, perfeitamente alinhados, disciplinados, frescos, profissionais, exibindo algumas das armas apreendidas aos "turras"... Davam-me a impressão de terem vindo de um piquenique. Contrariamente ao que nos parecia habitual - eles costumvam ser helitransportados até às imediações do objetivo -, a Op Boinas Destemidas (*) era uma operação terrestre, a "penantes". Igual a tantas outras executadas pela nossa "tropa-macaca". Repare-se que eles partiram ainda noite, às 5h00, de Bafatá, vêm em coluna auto pela estrada alcatroada (e segura) até Bambadinca e continuam, para o Xime, na nova estrada em construção, mas ainda não alcatroada... Às 7h00 já vão a caminho do objetivo: têm a vantagem da surpresa: nem toda a população do Xime é de confiança; alguém ficar de noite noite no quartel do Xime é sinónimo de operação no dia seguinte... E os "camaradas" que estão no outro lado, ali mais próximos ao alcance do obus 10.5 do Xime - Gundagé Beafada, Ponta Varela, Poindon, Ponta do Inglês -, ficam logo de sobreaviso...
Tenho ideia que esta cena do regresso dos páras, com passagem por Bambadinca, se passa depois do almoço, a meio da tarde. Lembro-me que as forças da CCP 123 estavam estacionadas frente ao comando de Bambadinca, aguardando provavelmente a chegada do seu comandante que dever ter ido transmitir pormenores do sucesso da operação ao comando do BART 2917... Rapidamente começou a circular no quartel de Bambandinca a notícia de que os páras tinham surpreendido 7 combatentes do PAIGC, em círculo, sentados, encobertos pelo capim... a meio caminho da mítica picada, antiga estrada, Xime/Ponta do Inglês... Caíram em cima deles, fuzilaram-nos à queima roupa e trouxeram 7 Kalashnikov novinhas em folha... Os atacantes teriam tido tempo de contar os impactes (só num dos cadáveres teriam sido contado 27 tiros!), fotografar e armadilhar os cadáveres...
Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto... Vejo, agora, ao fim destes anos todos, ao ler a versão (oficiosa) que é contada na História do BART 2917, que as coisas não se passaram exatamente assim, ou seja como dizia por aqueles dias o jornal da caserna...
As baixas mortais entre o IN foram de facto sete, em princípio, combatentes, e o armamento apreendido foram 2 metralhadoras ligeiras Degtyarev e 1 LGFog RPG-2... Não havia Kalashnikov... As Kalashnikov que eu vi, faziam parte do próprio equipamento dos páras, ou pelos menos de alguns dos seus graduados. Esta CCP 123, do BCP 12, estava na época estacionada em Bafatá ou Galomaro, já não posso precisar, ao serviço do COP 7 (criado em agosto de 1969, no subsetor de Galomaro). A Op Boinas Destemidas resultou num duro golpe para o PAIGC na zona. No entanto, quase dois meses depois, a 26 de novembro de 1970, as NT sofreriam, na mesma região, a mais violenta emboscada de que havia até então memória, e de que resultaram 6 mortos e 9 feridos graves, no decurso da Op Abencerragem Candente. Falaremos dessa operação no próximo poste desta série. No setor L1, como no resto da Guiné, jogava-se o perigoso jogo do gato e do rato...
Outros factos de relevo, referentes à atividade IN, no mês de outubro de 1970, no setor L1, segundo a história do BART 2917:
Tenho ideia que esta cena do regresso dos páras, com passagem por Bambadinca, se passa depois do almoço, a meio da tarde. Lembro-me que as forças da CCP 123 estavam estacionadas frente ao comando de Bambadinca, aguardando provavelmente a chegada do seu comandante que dever ter ido transmitir pormenores do sucesso da operação ao comando do BART 2917... Rapidamente começou a circular no quartel de Bambandinca a notícia de que os páras tinham surpreendido 7 combatentes do PAIGC, em círculo, sentados, encobertos pelo capim... a meio caminho da mítica picada, antiga estrada, Xime/Ponta do Inglês... Caíram em cima deles, fuzilaram-nos à queima roupa e trouxeram 7 Kalashnikov novinhas em folha... Os atacantes teriam tido tempo de contar os impactes (só num dos cadáveres teriam sido contado 27 tiros!), fotografar e armadilhar os cadáveres...
Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto... Vejo, agora, ao fim destes anos todos, ao ler a versão (oficiosa) que é contada na História do BART 2917, que as coisas não se passaram exatamente assim, ou seja como dizia por aqueles dias o jornal da caserna...
As baixas mortais entre o IN foram de facto sete, em princípio, combatentes, e o armamento apreendido foram 2 metralhadoras ligeiras Degtyarev e 1 LGFog RPG-2... Não havia Kalashnikov... As Kalashnikov que eu vi, faziam parte do próprio equipamento dos páras, ou pelos menos de alguns dos seus graduados. Esta CCP 123, do BCP 12, estava na época estacionada em Bafatá ou Galomaro, já não posso precisar, ao serviço do COP 7 (criado em agosto de 1969, no subsetor de Galomaro). A Op Boinas Destemidas resultou num duro golpe para o PAIGC na zona. No entanto, quase dois meses depois, a 26 de novembro de 1970, as NT sofreriam, na mesma região, a mais violenta emboscada de que havia até então memória, e de que resultaram 6 mortos e 9 feridos graves, no decurso da Op Abencerragem Candente. Falaremos dessa operação no próximo poste desta série. No setor L1, como no resto da Guiné, jogava-se o perigoso jogo do gato e do rato...
Outros factos de relevo, referentes à atividade IN, no mês de outubro de 1970, no setor L1, segundo a história do BART 2917:
(i) 6 out 1970: Grupo IN estimado em cerca de 10 elementos emboscou com LGFog e armas ligeiras durante 2 minutos em [XITOLE 9C9-92] um Grupo de Combate da CART 2716 sem consequências para as NT; perseguido por estas, o IN retirou sem reagir;
(ii) 13 out 1970: Forças da CCP 123 realizaram a Operação Golfinho, patrulha de reconhecimento com emboscada, na região de Seco Braima [, subsetor do Xitole], sem vestígios nem contactos com elementos do IN;
(iii) 15 out 1970: Grupo IN, não estimado, emboscou em Ponta Colia [,. subsetor do Xime,] um Grupo de Combate da CART 2715 quando este montava segurança a uma coluna vinda do Xime, à sua aproximação; o IN utilizou LGFog e armas ligeiras; as NT reagiram imediatamente apoiadas pelo fogo de Mort 81 e Obus 10.5 do Xime, pondo-se o IN em fuga; as NT não sofreram quaisquer consequências;
(iv) 30 out 1970: Grupo IN estimado em 5 elementos abriu fogo de armas ligeiras e uma LGFog da direcção de Madina Colhido, sobre o aquartelamento do Xime; as NT reagiram imediatamente ao fogo IN, após o que saiu um Grupo de Combate tentando capturar os elementos IN; julga-se que o IN quis espalhar a confusão dado que nesse momento se encontrava no porto do Xime uma LDG descarregando material e no aquartelamento se encontravam forças de escolta a uma coluna de Bambadinca.
_______________________
Notas do editor:
(**) Op Boinas Destemidas, 1 de outubro de 1970 > Companhia de Caçadores Paraquedistas 123 > Desenrolar da acção
Pelas 5,00 horas, iniciou-se o deslocamento das forças que intervinham na operação, em coluna auto, de Bafatá para o Xime.
Às 7,00 horas iniciou-se a progressão, rumo Sudoeste, pelo Norte de estada Xime / Ponta do Inglês.
Durante a progressão, quando as NT se deslocavam a corta mato, foi detectada e levantada uma mina A/P, a sul da bolanha de Madina [XIME 3F1-45]. O engenho foi levantado, assim como a carga de reforço, constituída por 7 kg de trótil, uma granada de bazuca e duas granadas de canhão s/r.
A progressão continuou pela estrada Xime / Ponta do Inglês cerca de 3 km, após o que continuou paralelamente à estrada, pelo lado Norte e a corta mato. Depois de percorridos 1,5 km foi encontrada uma picada bastante batida no ponto da cota 27. Fez-se a exploração do trilho encontrando-se peugadas muito recentes.
Entretanto, às 11,00 horas, ouviram-se vozes a cerca de 200 metros do local onde as NT se encontravam, e na direcção noroeste. Iniciou-se imediatamente uma progressão cuidada para o local de onde provinham as vozes, tendo as NT conseguido detectar um acampamento IN onde se encontravam alguns elementos. Devido à sua despreocupação, permitiram uma aproximação das NT até cerca de 20 metros.
O pessoal instalou-se em linha frontalmente ao acampamento, o qual não pode ser cercado devido à densidade da mata. As NT abriram imediatamente fogo tendo abatido diversos elementos IN dos que se encontravam mais próximos, enquanto os mais afastados se punham em fuga desordenada.
A reacção do IN foi muito ligeira fazendo apenas uma “roquetada” e alguns tiros de armas ligeiras sem consequências para as NT. O objectivo foi imediatamente assaltado, tendo-se encontrado 4 elementos mortos e diverso material.
Montada a segurança, feita uma busca ao local, encontraram-se, já na picada, mais 3 elementos IN mortos, apesar de gravemente atingidos se tinham posto em fuga.
Depois de recolhido o material e de ter sido passada revista aos mortos, as NT retiraram em direcção ao Xime, onde chegaram cerca das 12,05 horas regressando posteriormente, em coluna auto a Bafatá.
A reacção do IN foi muito ligeira fazendo apenas uma “roquetada” e alguns tiros de armas ligeiras sem consequências para as NT. O objectivo foi imediatamente assaltado, tendo-se encontrado 4 elementos mortos e diverso material.
Montada a segurança, feita uma busca ao local, encontraram-se, já na picada, mais 3 elementos IN mortos, apesar de gravemente atingidos se tinham posto em fuga.
Depois de recolhido o material e de ter sido passada revista aos mortos, as NT retiraram em direcção ao Xime, onde chegaram cerca das 12,05 horas regressando posteriormente, em coluna auto a Bafatá.
Resultados obtidos:
(i) Baixas infligidas ao inimigo 7 elementos IN abatidos. [Estes elementos usavam fardamento esverdeado];
(ii) Inimigos capturados: Nada;
(iii) Material e documentos capturados ao IN:
- 2 M/L DEGTYAREV, municiadas;
- 1 LROCK RPG-2;
- 5 fitas M/L DEGTYAREV;
- 5 tambores de M/L DEGTYAREV
- 5 granadas de LROCK RPG-2
- 12 carregadores de KALASHNIKOV;
- 900 munições de KALASHNIKOV;
- 4 bolsas para carregadores de KALASHNIKOV;
- Cantis, marmitas, fardamentos, etc.
- Documentos diversos.
Fonte: História do Batalhão de Artilharia nº 2917, de 15 de novembro de 1969 a 27 de março de 1972 (Bambadinca, 1970/72), pp. 62/63 [Versão digitalizada, melhorada e aumentada, da autoria de Benjamim Durães, s/l, s/d].
7 comentários:
Olá
Belas fotos,
A tropa vai a progredir de forma deficiente,
o COP7 deve ter sido de Jul/69. Eu estava lá, reforço e etc. Em 1 de Agosto, devido ao aumento da actividade In, fui enviado para Cansamba em substituição de um Grupo (Periquitos?)que lá estava. Fomos logo atacados nessa noite. Vieram "ver-nos". Não voltaram mais e, quinze dias depois, saímos para ver o caminho para a casa do Mamadu Indjai.Chato o tipo que atacou e bem Candamã e Áfia...etc.
As conversações, com este Mamadu Indjai, foram mantidas com os Páras (COP7)e o Indjai sofreu grave acidente em choque com pessoal da 2339 (Mansambo).
Parece que os Páras apontavam todo o material apreendido (= $ ?).
Alonguei Ab T
A CCP123 esteve empenhada, na região de Bafatá-NLamego, entre 26SET e 31DEZ70. Os resultado geral foi: 7 elementos IN abatidos e capturadas 2 Degtyarev RPD, 1 RPG2, 9 granadas de RPG2, 2 granadas de canhão S/R, 1 granada de Bazooka 8,9, 4 granadas de mão ofensivas, 2 minas A/P e cerca de 1000 munições para armas ligeiras. Esta Op foi designada Elefante Roxo(3ºperíodo).
O 4º e último período desta desta Op desenrolou-se na região de NLamego, de 1 a 27JAN71, sem resultados apreciáveis.
Não consta da História do BCP12 qualquer operação 'boinas destemidas'
Ao contrário do que é vulgo pensar-se, as Tropas Páraquedistas actuavam frequentemente 'a penantes' mas nem por isso deixavam de cumprir nos mesmos moldes.
SNogueira
Ao ver estas fotos fico comovido. Esta CCaç 12 é igual ou muito parecida com a minha de 1973... até se sente o cheiro daquela terra molhada. Mais uma vez obrigado pelo post.António Duarte - Cart 3493 e CCaç 12 - Mansambo; Bambadinca e Xime
Viva, António Duarte, camarada da "3ª geração" da CCAÇ 12, fundada pela rapaziada da CCAÇ 2590 (50 "piras", tugas, que se conheceram em Santa Margarida, e depois viajaram juntos no Niassa e por fim "abivacaram" em Contuboel, em junho/julho de 1869) e a que se juntaram mais 100 "recrutas" do chão fula...
Está na hora, Duarte, de passares também o teu testemunho... Obrigado pelo teu comentário. Luis
Duarte!
Duarte!
No “nosso” tempo cantava-se, penso que eram uma herança, mais ou menos, assim:
Lá em cima anda o Heli-canhão
Cá em baixo anda a 12, anda o Xime
Juntaram-se os três numa operação
Lá para os lados … do pontão (?)
Terminou tudo que nem um mimo.
Major meu rico Major
Diga lá agora o que é que quer
Ora, ora, não é preciso que vos peça
Avancem mais 15 minutos hora essa.
João silva ex-furriel na C Caç 12 de Janeiro a Julho(?) de 1973
João Candeias Silva,
Contacta-me ou adere ao blogue do Luís Graça.
O meu contacto é ajfduarte@gmail.com
António Duarte!
Estive a ver ontem umas fotos, tu estás sentado naquelas cadeiras feitas das pipas de vinho, em Bambadinca. Tens essa foto? Se tens eu estou à tua direita, somos 4, só me lembro do teu nome, para além do meu claro. Estávamos no intervalo da guerra, por isso estamos todos à civil. Tenho mais algumas, poucas. Vou avivar-te a memória, o fotografo era o Osório, o furriel enfermeiro, lembras-te? Se fores aos teus comentários aqui no blogue vais ver que te deixei mensagens em todos os que encontrei. Como deves calcular estou mudado, para melhor, rsrsr, e podes confirmar no youtube, para tal escreve biosfera entrevista joao candeias se não me reconheceres... então és outro Duarte! Aderir ao blogue…. Se te recordas de mim sabes que nunca fui muito de aderir, vou, quase sempre, para o outro lado da corrente. Pelo que deixas-te escrito parece-me que mal ou nada te recordas de mim, mas fomos bons amigos!
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