quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11896: In Memoriam (155): A CCAÇ 3327 prestou sentida homenagem ao Soldado Manuel Veríssimo de Oliveira (José da Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, BráBachile e Teixeira Pinto, 1971/73), enviada ao nosso Blogue:

Caríssimo Carlos Vinhal, amigos e camaradas,
O dia 27 de Julho levou-me à linda ilha de São Miguel para mais um convívio da CCaç 3327 e não só. Na verdade, muito mais importante que o convívio foi a nossa visita ao cemitério da Lomba de São Pedro, Concelho do Nordeste, onde prestámos uma simples e muito sentida homenagem ao nosso Manuel Veríssimo de Oliveira.

A generosidade dos homens que serviram na CCaç 3327 permitiu angariar os fundos necessários para a compra da campa tumular. Para além disso contámos com a boa vontade da Junta de Freguesia da Lomba de São Pedro, Concelho do Nordeste, Ilha de São Miguel, que cedeu a sepultura à família do Oliveira, e a prestimosa colaboração dos Núcleos da Associação dos Deficientes das Forças Armadas e da Liga de Combatentes, da Ilha de São Miguel, com colaboração diversa.

A Câmara Municipal de Ponta Delgada também colaborou ao ceder um autocarro que em muito facilitou o nosso transporte.

Todos estes gestos de boa vontade jamais serão esquecidos por mim e por todos aqueles que tomaram parte no evento. E falta falar de um homem e de uma família séria e generosa, o José Massa e os seus simpáticos familiares, que não regatearam esforços para que a cerimónia no cemitério e o convívio tivessem o respeito e o brilho alcançados.

Para além das muitas horas roubadas ao seu dia a dia, a família Massa emprestou uma simplicidade saudável, bom gosto e muito carinho em todos os passos que deram para que tudo estivesse a contento. Os seus esforços foram compensados com um resultado de alto gabarito, que me apraz enaltecer. Pessoalmente posso dizer que me senti em casa e em família.

Para os meus amigos da CCaç 3327 e todos aqueles que se viram envolvidos nesta homenagem, incluindo a família do Oliveira, com um especial para o José Massa e a sua família o nosso muito obrigado.

Quaisquer outras palavras que pudesse acrescentar ficariam sempre muito aquém daquilo que me vai na alma.

Um abraço transatlântico do
José Câmara


A CCAÇ 3327 PRESTOU SENTIDA HOMENAGEM A MANUEL VERÍSSIMO DE OLIVEIRA

Perante uma moldura humana muito apreciável, no bem arranjado cemitério da Lomba de São Pedro, Concelho do Nordeste, Ilha de São Miguel, teve lugar uma simples, mas muito sentida homenagem ao Soldado Manuel Veríssimo de Oliveira, da CCaç 3327.

Toda a cerimónia de homenagem foi pautada pela simplicidade e respeito para com o nosso camarada e amigo Manuel.

Foto do Furriel Pinto, CCaç 3327

Como coordenador da homenagem coube-me a abertura da mesma com as seguintes palavras:

Exma. Família Oliveira, 
Exmo. Sr. Capitão Rogério Alves, Senhores oficiais, Furriéis e Praças da CCaç 3327, 
Exmo. Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Lomba de São Pedro e Esposa, 
Exmos. Srs. Presidentes das sucursais da Associação de Deficientes das FA e da Liga de Combatentes e esposas, 
Nossos convidados 

Se me permitem e espero não abusar do tratamento, meus caros amigos:

Para os que não me conhecem, eu sou o José Câmara, Furriel Miliciano na Companhia de Caçadores 3327. 
Como militar que fui, sinto que cumpri com honra e dignidade o meu Dever para com a minha Pátria amada, vestindo orgulhosamente o uniforme do Exército Português. 
Também por isso, mas não só, sinto que estou em boa companhia, a de todos vós aqui presentes. 
Estamos aqui para celebrar uma vida, homenageando a memória do nosso familiar, camarada, companheiro e amigo Manuel Veríssimo de Oliveira, militar que foi na Companhia de Caçadores 3327. 

O Manuel foi o primeiro de nós a regressar a casa, ao seio da família. Chegou de maneira diferente, mas nem por isso deixou de ser o filho amado e, certamente, continuou a ser o irmão querido. 
Para nós, militares da Companhia de Caçadores 3327, o nosso Manuel, como ainda hoje lhe chamamos, foi e será sempre o nosso camarada, companheiro e amigo, nos grandes sacrifícios que passámos juntos na Mata dos Madeiros, zona que lhe foi tão madrasta, naquele mês de Abril de 1971. 
O Manuel não ficou a dever nada à vida, mas esta ficou a dever-lhe tudo, quando não lhe deu a oportunidade de constituir família própria, de ser pai e muito menos avô. Mas a verdade, a grande verdade é que ele também nunca esteve só e jamais o estará. Hoje, agora, neste local, podemos afirmar com propriedade que o Manuel nunca nos deixou e sempre viveu em nós. Por isso estamos aqui, ao seu lado.

Manuel, companheiro de luta, 
No dia em que caminhaste de junto de nós, pudemos observar a tua passada rápida e firme ao encontro de um novo comandante, de uma nova companhia, de novos companheiros, de um novo acampamento num lugar diferente, na Mata Celestial. Chegado ali, já no teu novo posto de sentinela, continuaste a velar por todos nós. Até nisso cumpristes a tua nobre missão. 
Na Guiné, na Mata dos Madeiros, ainda lá está a estrada regada com o teu e o nosso suor e o de muitos outros, calcada com o peso de trabalho insano, alcatroada com o sacrifício heroico da tua vida, espelho da coragem do militar português e, em particular, do soldado açoriano. 
Até nisso soubeste ser tão bom como os melhores quando deste o teu dom mais precioso, a tua vida, a uma Pátria amada que juraste defender.

Versos foram escritos em tua memória e eu fui seu fiel depositário. Quadras simples, falantes, espelho da tua vida e dos sentimentos que assolaram os teus familiares e os teus companheiros de luta. Não interessa conhecer o autor dos versos, porque fomos todos nós que os escrevemos. 
Eu fiquei com um único direito sobre aquelas folhas escritas, fazê-las chegar ao seu destino. 
Foram 42 anos em patrulha, sem dúvida uma longa e dolorosa caminhada, mas hoje atingi o meu objetivo. 

Tal não teria sido possível sem a ajuda de todos os camaradas da CCaç 3327, com um especial agradecimento para o José Cristiano Massa. 
Também prestimosa foi a colaboração do Sr. Presidente da Junta de freguesia da Lomba de São Pedro, dos Srs. Presidentes das sucursais da Associação de Deficientes das Forças Armadas Portuguesas, da Liga de Combatentes da Ilha de São Miguel e ainda da Câmara Municipal de Ponta Delgada. 
Por último, mas sem dúvida a mais importante, a disponibilidade da Família do Manuel que nos permitiu esta simples quanto sentida homenagem. 
Por tudo isso o meu obrigado, o obrigado dos militares da Companhia de Caçadores 3327. 

O Roteiro da Saudade, da Companhia de Caçadores 3327, abre com um artigo, onde no penúltimo parágrafo pode ler-se o seguinte: 
- Recordas ainda o infeliz Oliveira? Quando o seu pai te encontrar, abraça-o, não lhe digas nada pois não há palavras que o possa consolar, mas deixa-o chorar.

Manuel, 
Não chegamos a tempo para um abraço ao teu pai e à tua mãe. Mas as tuas irmãs e os teus irmãos serão depositários do nosso abraço, da nossa camaradagem, do nosso respeito, do nosso carinho, da nossa gratidão. 
No cumprimento do Dever que todos, nós e as gerações futuras, saibam honrar o teu sacrifício. 
Se nos permites, num até sempre, deixo contigo o título do artigo que abre o Roteiro da Saudade da tua e nossa Companhia: 
Até Logo Amigo.

Homenagem da CCaç a Manuel Veríssimo de Oliveira 
Foto de Fur. Mil. Pinto

Seguiram-se várias as intervenções, todas elas no mesmo sentido: lembrar o homenageado e o seu sacrifício para com a Mãe Pátria. E se é certo que já se passaram 42 anos desde que o Manuel faleceu, a emoção foi evidente nas lágrimas que vimos rolar em muitos rostos.

Na sua intervenção o Sr. Presidente da Junta de Freguesia da Lomba de São Pedro ao agradecer a nossa presença afirmou que naquela cerimónia tinha aprendido mais sobre a Guerra no Ultramar que em toda a sua vida.

O Sr. Presidente do Núcleo de Deficientes das Forças Armadas de Ponta Delgada agradeceu o convite que lhe foi endereçado, aproveitando o ensejo para afirmar o seu sentimento de combatente nesta generosa homenagem.

O Sr. Capitão Rogério Rebocho Alves, Comandante da CCaç 3327, aproveitou para nos lembrar o que era ser comandante de uma companhia e o sentimento atroz de perder um militar, independentemente das circunstâncias.
Terminou a sua intervenção abraçando os familiares do Manuel.

Coube a um jovem sobrinho do Manuel agradecer em nome da família tudo o que fora feito pelo tio e a presença de todos ali.
O momento era de emoção.
Bem compreendemos.

A cerimónia de homenagem ao Manuel chegara ao fim. Não sem antes, pelos presentes que foram militares, ter sido guardado um minuto de silêncio, em sentido e em continência pelo Manuel e por todos aqueles que um dia envergaram o uniforme do Exército de Portugal.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11797: In Memoriam (154): Roberto Quessangue, cofundador e presidente da assembleia geral da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, especialista em questões agrícolas e ambientais, morre hoje no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau

1 comentário:

Anónimo disse...

Caros Combatentes

Gesto muito bonito. Também me sinto naquela cerimónia de respeito por um camarada que morreu menino.
Carvalho de Mampatá