1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro
da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe
do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou a segunda parte da mensagem postada
em P11871.
Comando
Territorial Independente da Guiné
QUARTEL
GENERAL
Visita à Guiné e Briefing ao Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército, general
Paiva Brandão (Bissau, 26 de Janeiro de 1974)
(CONTINUAÇÃO
– Parte II)
General João Paiva Leite Brandão (CEME 1972 - 1974) e Chefe
do Estado Maior do QG / CTIG, coronel Henrique Gonçalves Vaz (CEM/CTIG 1973 –
1974).
GUINÉ – QG/CTIG/ 11 de Julho de 1973 -
Oficiais a prestarem seviço no Q.G./CTIG no ano de 1973, assistem à cerimónia
de transmissão de funções do CEM/CTIG. O coronel do CEM, Henrique Vaz substitui
o coronel do CEM Duque.
GUINÉ – Sala de operações do QG/CTIG/ 11 de Julho de 1973 -
Da esquerda para a direita; Brigadeiro Banazol, comandante do CTIG; Coronel
Galvão de Figueiredo, 2º comandante do CTIG e o Chefe do Estado-Maior/CTIG, Coronel do CEM
Henrique Gonçalves Vaz. Este último responde, na sala de operações do Q.G., ás palavras do CMDT do CTIG, numa cerimónia de
transmissão de funções do CEM/CTIG.
Comando
Territorial Independente da guiné
QUARTEL
GENERAL
Briefing
a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército
(exposição
do Chefe de Estado Maior do CTIG, coronel do CEM Henrique Vaz)
Continuação….
1 - MISSÃO
DO CTIG
“
… A missão fundamental do CTIG é apoiar administrativa e logisticamente as
forças do Exército que combatem no T.O. da Guiné.
Esta
porém, é uma missão muito simplista pois, na realidade, a sua missão está muito
aumentada.
Desde
o apoio prestado, em muitas circunstâncias, aos restantes Ramos das Forças
Armadas, que combatem neste T.O., até ao apoio à chamada “manobra
sócio-económica”, em que tanto está empenhado o Comando Chefe das Forças
Armadas da Guiné, ao apoio das infra-estruturas, muito rudimentares, da
administração provincial, são alguns dos aspectos que ampliam substancialmente
a missão do CTIG, com dispêndio substancial de pessoal, de material e de
aumento tremendo de esforço pedido quer aos comandos quer às tropas e, sem
dúvida, com desvio da sua missão primordial, embora, è certo, por imposição do
condicionalismo próprio deste T. O.
Mapa da Guiné “esboço
de uma divisão segundo formas de relevo.”
2 - CARACTERÍSTICAS
GERAIS DO T.O.
a) DIMENSÃO
Como
V. Exª. Bem sabe, a Guiné è uma baixa planura em que se destaca uma parte
litoral, favorável ao tráfego fluvial, bastante recortada e sulcada por
diversos rios e outros cursos de água, em que as marés têm bastante amplitude
e, uma zona interior, ligeiramente mais elevada, para Leste da linha definida
por FARIM – MANSOA e ALDEIA FORMOSA, em que predomina a extensão territorial
favorável ao trânsito rodoviário.
A
penetrante principal e única, para Leste, é o rio Geba até ao XIME –
BAMBADINCA, por onde se realizam todos os transportes de pessoal e material
para a zona do interior da província.
Esta
compartimentação geral define três áreas com características diferenciadas:
-
O Oeste – Sulcado por alguns rios, permitindo o movimento fluvial de
transportes, mas também, permeável ao escoamento rodoviário, pela existência de
boas estradas asfaltadas, na área compreendida entre os rios CACHEU E MANSOA;
-
A ZONA SUL – Profusa e profundamente sulcada por vários cursos de água em que
os movimentos de tropas e materiais se fazem, quase exclusivamente, por via
fluvial;
-
A LESTE – Zona nitidamente apropriada ao tráfego rodoviário, dispondo de uma
estrada penetrante, asfaltada, que vai de BAMBADINCA a BURUNTUMA, já na
fronteira, passando por BAFATÁ e N. LAMEGO.
Todas
estas áreas são acessíveis aos meios aéreos, quer da FAP, quer dos TAGP, dada a
profusão de boas pistas e aeroportos, que a província dispõe. É de resto, muito
intenso o tráfego, de transporte em sobreposição aos meios fluviais e
rodoviários.
Guiné – CUMERÉ /
1973 INSTRUÇÃO DE MILÍCIAS
No
grupo dos cinco militares do lado direito da fotografia, Major Aragão, Capitão
Teixeira, Major Pinheiro – comandante geral das Milícias, coronel Henrique Vaz
– CEM/CTIG e o Tenente-coronel de artilharia O´ Neto – comandante do CIMC
(Centro de Instrução militar do Cumeré)
b) CLIMA
É
um factor importante, a ter em conta na Guiné, condicionante dos transportes a
realizar na província e até fortemente limitativo da “actividade operacional”.
Com
duas estações: a sêca, que atravessamos, é a mais agradável, em amenidade
climática, a mais favorável à realização dos diversos tipos de transporte mas,
também a mais propícia à “actividade operacional”, em que o IN mais forte e
insistentemente ataca.
Neste
período não há chuvas e a temperatura não atinge valores elevados, sendo o grau
de humidade muito aceitável. Ao contrário, a “estação das chuvas”, que tem
início em cerca de meados de Maio, prolongando-se até meados de Novembro, é a
época das grandes precipitações, das temperaturas e grau higrométrico bastante
elevados.
No
conjunto de todos os seus factores, o Clima é um elemento “altamente
desgastante” do pessoal e do material.
c) POPULAÇÃO
( já aqui publicado, consultar e ler na
“Parte inicial) clicar
em:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/07/guine-6374-p11871-visita-guine-e.html#links
d) RECURSOS
LOCAIS
Praticamente
não existem! Tudo tem de vir da Metrópole ou do estrangeiro.
A
maior contribuição da Guiné neste aspecto, é a carne que no entanto não chega
de forma alguma para as necessidades do Exército, pelo que o CTIG tem de
receber carne congelada vinda de Lisboa.
O
arroz é outro produto muito cultivado na Província mas que não chega para as
necessidades da própria População. Esta mesma, tem de ser abastecida com
recurso à importação.
A
madeira, que existe em abundância na Guiné é um dos materiais utilizados pelo
Exército para a satisfação das necessidades de construção e outras afins.
Coronel do CEM
Henrique Gonçalves Vaz in: Exposição do Chefe de Estado Maior do CTIG, no
Briefing a sua Excelência o Senhor General Chefe do Estado Maior do Exército
Nota do autor:
No próximo artigo serão transcritos os pontos em falta; “Condicionamentos Gerais do T.O. e Meios ao
dispor do Q.G./C.T.I.G.”.
Braga, 28 de Julho de 2013
Luís Gonçalves
Vaz
(filho do Coronel
Henrique Gonçalves Vaz, então Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Fotos (e legendas): © Luís Vaz Gonçalves (2013). Todos os direitos reservados.
Fotos (e legendas): © Luís Vaz Gonçalves (2013). Todos os direitos reservados.
__________
Nota de MR:
Ver
a primeira parte deste poste em:
26
DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 –
P11871: Visita à Guiné e Briefing ao General Chefe do Estado Maior do Exército,
general Paiva Brandão (Bissau, 26 de Janeiro de 1974) (Luís Gonçalves Vaz)
3 comentários:
(...) "No conjunto de todos os seus factores, o Clima é um elemento 'altamente desgastante' do pessoal e do material." (...)
Nos nossos países, europeus, ao longo da história, o general "Inverno" sempre foi temido pelos nossos generais...
Na Guiné, o tempo das chuvas era um verdadeiro carrasco, dificulando ou impossibilitanto a atividade tanto operacional como logística...
No tempo seco, e sobretudo entre janeiro e abril, os nossos comandantes usavam e abusavam dos seus operacionais, planeando e mandando executar as grandes operações... Perceberam, ao fim de alguns anos (!), que as grandes operações, de mais de 2 dias, eram um fiasco...
De facto, tudo se importava, da cerveja ao arroz, do trigo *à carne... A Guiné que, antes da guerra, exportava arroz, nomeadamente para Cabo Verde, passou a importar... Cerca de 9 mil toneladas em 1962, três vez mais em 1964 (c. 30 mil)... O bife, por sua vez, era um luxo: custava meia garrafa de uísque, cerca de 25#00, um bifinho com ovo a cavalo e batatas fritas no restaurante A Transmontana, em Bafatá... Ou seja o equivalente ao "subsídio de alimentação diária" (não sei se o termo correto era este, em linguagem de administração militar...) a que tinha direito um militar na Guiné: 24$5o... (Os soldados africanos da CCAÇ 12, desarranchados, recebiam 24$50 por dia para a alimentação).
Apenas me lembro de ver usar, como matéria-prima, as rachas de cibe, na construção de casas nos nossos ordenamentos... E o peixe da Guiné ninguém o conseguia comer... Restavam as ostras e o camarão do rio...
Pois ...Pois...e foi assim que grandes famílias ligadas ao "famigerado"Estado Novo encheram a "Pança"com as exportações da Metrópole para as Africas. E assim foram engordando...engordando que ainda hoje se volta a reclamar pela "União Nacional".
Deixem lá , foi só um desabafo deste sexagenário "desmiolado"
Um abraço
Henrique Cerqueira
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