terça-feira, 29 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12219: Convívios (545): Uma festa em cheio, na sessão de lançamento do livro do José Saúde: Lisboa, Casa do Alentejo, 26/10/2013 (Parte I): Atuação do grupo musical "Os Alentejanos", de Serpa, que nos emocionaram, com a moda "Lá vai uma embarcação / Por esses mares fora, / Por aqueles que lá vão / Há muita gente que chora"



Vídeo (2' 46''). Alojado em You Tube / Nhabijoes

Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Sessão de lançamento do livro do José Saúde, "Guiné-Bissau, as minhas memórias de Gabu, 1973/74" (Beja: CCA - Cooperativa Editorial Alentejana, 170 pp. + c. 50 fotos) (Preço de capa: 10 €).

Atuação do grupo musical "Os Alentejanos", de Serpa. Um homenagem sentida a um combatente da terra, o José Romeiro Saúde, nascido em Vila Nova de São Bento (em 23/11/1950), mas que foi cedo para Beja, a sua segunda terra, onde ainda hoje vive e onde nasceram as suas duas filhas.  Os dois concelhos viram sacrificados no "altar da Pátria", 69 dos seus filhos, durante a guerra do ultramar/guerra colonial: 35, de Beja; 34, de Serpa...

A "moda" que acima se reproduz evoca esses duros tempos em que os mancebos partiam para o Ultramar, ìndia, Angola, Guiné, Moçambique ... Ver, mais abaixo, a respetiva letra que começa assim: "É tão triste ver partir / Um barco do Continente, / Para Angola ou Moçambique / Lá lai outro contingente"...(LG)


Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Um salão de cheio de gente, entre os quais diversos antigos combatentes, incluindo uma meia dúzia de membros da nossa Tabanca Grande: além do Luís Graça e do José Saúde, o Augusto Ismael, o Fernando Calado, o Manuel Joaquim, o José Vermelho, o Pedro Neves... Enfim, cito de cor, e corro risco de omitir mais alguém...  Sem esquecer, uma presença muito especial, que me emocionou, a de  Adelaide Gramunha Marques (ou Adelaide Crestejo), irmã do nosso malogrado Martinho Gramunha Marques, alf mil morto numa emboscada em 30/1/1965 em Madina do Boé. Era camarada e amigo do nosso António Pinto (a quem mando um abraço afetuoso  em meu nome e em nome da Adelaide, e em nome de mais dois manos que a acompanhavam, um irmão e uma irmã; tirámos uma foto, juntos, que hei-de publicar num próximo poste).



Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > A segunda parte da sessão, com a apresentação do autor e do livro. A mesa foi presidida pela dra. Rosa Calado (, esposa do nosso camarada Fernando Calado, e professora de história, e ambos naturais de Ferreira do Alentejo), que tem, na direção da Casa do Alentejo, o pelouro da cultura e do patrimómio. Em segundo plano, o Zé Saúde e o Luís Graça. (Um agradecimento é devido ao José Vermelho, que foi um precioso auxiliar do fotógrafo... Foi ele nos tirou as fotos, durante a segunda parte da sessão: é outro alentejano da diáspora: nascido em Marvão, foi depois para Castelo de Vide e, aos 18 anos,  abalou sozinho para Lisboa...).


Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Felicíssimo, o Zé Saúde, com tantos amigos e camaradas à sua volta. Aqui apreciando, na primeira parte da sessão, os seus amigos "Os Alentejanos", que vieram de propósito de Serpa, para atuar na Casa do Alentejo... No foto, o Zé está à mesa com uma amiga de Beja, que o veio ajudar na sessão de venda de livros; e mais à esquerda a sua esposa.


Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Grupo musical "Os Alentejanos", de Serpa, amigos do José Saúde, e que animaram a primeira parte da festa, antes da apresentação do autor e do livro pelo nosso editor Luís Graça e por Rosa Calada (diretora da Casa do Alentejo, com o pelouro da Cultura e Património).

Este grupo de música tradicional alentejana é um naipe de cinco vozes magníficas cuja atuação  nos alegrou, encantou e emocionou a todos... Fica aqui um registo para os nossos queridos leitores.

Vídeo, fotos e legendas : © Luís Graça  (2013). Todos os direitos reservados


Lá vai uma embarcação

É tão triste ver partir
Um barco do Continente,
Para Angola ou Moçambique
Lá lai outro contingente.

Tanta lágrima perdida,
Quando o barco larga o cais,
Adeus, minha mãe querida,
Não sei se voltarei mais.

Lá vai uma embarcação
Por esses mares fora,
Por aqueles que lá vão
Há muita gente que chora.

Há muita gente que chora,
Com mágoas no coração,
Por esse mares fora
Lá vai uma embarcação.

É tão triste ver partir
Um barco do Continente,
Para Angola ou Moçambique
Lá lai outro contingente.

Tanta lágrima perdida,
Quando o barco larga o cais,
Adeus, minha mãe querida,
Não sei se voltarei mais.

Lá vai uma embarcação
Por esses mares fora,
Por aqueles que lá vão
Há muita gente que chora.

Há muita gente que chora
Com mágoas no coração,
Por esse mares a fora
Lá vai uma embarcação.

Letra: 

Reproduzida, com a devida vénia,  do sítio Joraga Net > O Cante do Cante: Grupos Corais Alentejanos, página criada e mantida por José Rabaça Gaspar.

[Obrigatório visitar esta página, que contem um repositório riquíssimo de dezenas de "modas" da músicas tradicional Alentejana. Letras e  músicas recolhidas e gravadas por Francisco Baião e Manuel Aleixo, São Matias, Beja, 2011]

Contacto de "Os Alentejanos", 
música tradicional Alentejana, 
Serpa

Telem: 962 766 339 / 938 527 595

Email: joaocataluna@gmail.com

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12202: Agenda cultural (290): O nosso amigo e camarada de Beja, José Saúde, convida os camaradas da região de Lisboa para a sessão de apresentação do seu livro de memórias do Gabu (1973/74): Casa do Alentejo, sábado, 26, às 15h30... Há depois animação e convívio!

(**) Último poste da série > 28 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12212: Convívios (544): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte IV): Silêncio, meus senhores, que se vai cantar o fado!... Não se cantou, mas ficou a promessa (ou a ameaça ?) de, no 10º aniversário da Tabanca Grande, se fazer uma grande tarde (ou noite) do fado... Um dos nossos fadistas estava lá, e deu um arzinho da sua graça, o Armando Pires

4 comentários:

Luís Graça disse...

Mail enviado para o José Saúde, com conhecimento ao Grupo Musical "Os Alenmtejanos", de Serpa, ao Ismael Augusto, ao Fernando Calado, ao Manuel Joaquim, so José Vermelho e ao Pedro Nvess...


Zé:

Podes-te considerar um felizardo com tantos amigos e camaradas à tua volta... Tenho mais fotos e vídeos que irei publicando...

Gostei de conhecer a tua família, Beijinhos para eles, a tua esposa, a tua filha Rita, o teu genro.

Um abraço para os cinco magníficos do grupo "Os Alentejanos" que me/nos encantaram e emocionaram,,,

Foi também um grato trazer encontrar os nossos grã-tabanqueiros Fernando Calado (e esposa, Rosa Calado, que foi uma magnífica aniftriã), Ismael Augusto (e esposa), Manuel Joaquim, Pedro Neves (e esposa... A Alice Carneiro também apareceu lá mais para o fim da tarde...

Um Alfa Bravo. Luis

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/10/guine-6374-p12214-convivios-545-uma.html

PS - Para o Ismael Augusto e para o Fernando Calado, meus camradas de Bambadinca... Aqui vai a história do Adilan, "nha mininu"...

10 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7261: História de vida (32): Adilan, nha minino. Ou como se fica com um menino nos braços - 1ª Parte (Manuel Joaquim)

12 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7267: História de vida (33): Adilan, nha minino. Ou como se fica com um menino nos braços - 2ª parte (Manuel Joaquim)

Bispo1419 disse...

O Luís Graça transmitiu bem o essencial do acontecimento. Passei uma tarde inesquecível naquele belo recanto alentejano de Lisboa, a Casa do Alentejo.
Mais um grande abraço para o Zé Saúde.
Muito obrigado, Zé, por este emotivo e estimulante convívio.

Manuel Joaquim

Anónimo disse...

O lançamento do livro do José Saúde foi, de facto, um bonito evento.

Uma sala cheia de amigos, entre os quais alguns ex-combatentes da Guiné e não só.

Não sei se só agora conheci o Zé pessoalmente.
É que, desde a 1ª vez que aqui no blogue apareceram fotografias dele, fiquei convencido que nos tínhamos cruzado na Guiné em quaisquer circunstâncias.

Falámos um pouco sobre isso e, a ter acontecido esse encontro, só pode ter sido nalguma passagem de ambos por Bissau, estando eu já em fim de comissão.

Foi bom ver o seu sorriso, certamente agradado tanto pelo lançamento de mais um livro como pelas demonstrações de amizade e apreço que lhe foram dirigidas pelos presentes.

Dois grupos de "cantares alentejanos". Um actuou antes e outro depois da apresentação. Bonito de ver e, especialmente...de ouvir!

Quanto ao local da apresentação: "Casa do Alentejo", foi uma ótima escolha.
Há mais de 20 anos que não ia lá.
Aqueles interiores continuam uma maravilha. Do chão em mosaicos geométricos, às paredes com pinturas, às pinturas nos tectos, aos lustres, às estatuetas, salas para os mais variados eventos, restaurante, bar,etc.

Recomendo a quem não conhece e também aos que conhecem. Vão lá. Vale a pena.

Com um grande abraço ao José Saúde,
e também ao Luís Graça e Manuel Joaquim
extensivo a todos os restantes camaradas.

José Vermelho




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José Saúde disse...

Camaradas,

A vida é feita de pequenos nadas. De certezas e incertezas. Curtos momentos, talvez inimagináveis, que transcendem, ou não, o que vai na alma nos nossos misteriosos egos. Sonhei que esta apresentação do meu 5º livro - GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74 - na Casa do Alentejo em Lisboa, impunha cautelas adequadas. O sonho transportava-me na verdade a um mundo de interrogações. Que cenário irei encontrar? Será que o momento se pautará com um excessivo calor humano? Ou será um fracasso? Mas, acreditava. Nunca desanimei.

Reconhecia, também, que os oradores eram excelentes. O Luís Graça, autor do prefácio e homem forte do nosso blogue, transmitia-me confiança. A Rosa Calado, a ilustre anfitriã, dava-me segurança. E se não bastasse convidei dois grupos musicais - "O Cruzeiro", da minha terra, e "Os Alentejanos", de Serpa, que garantiam, e confirmaram, que a aposta estava ganha. O que sucedeu.

Assim, perante a verdade constatada, ou seja, com a casa completamente cheia, senti-me orgulhoso pela magnifica tarde proporcionada.

Emocionei-me, confesso. Falar do tema da guerra não é fácil. A nossa comissão na Guiné marcou-nos.

Hoje, reconheço que ousei desafiar tabus, mexer com temáticas íntimas e com a sensibilidade humana em analisar o outro lado do conflito, trazendo a público pequenos textos onde relato factos por mim observados que me levaram a editar esta obra que prima em exceder a minha perspetiva inicial.

Depois, acresce-se que as imagens recolhidas pela minha máquina fotográfica Olympus, dão força a um livro pensado, e repensado, após um almoço/convívio do nosso blogue em Monte Real no ano de 2011.

A todos os presentes que fizeram o favor de partilhar comigo este momento inolvidável - 26 de outubro de 2013 -, bem como à direção da Casa do Alentejo em Lisboa e, logicamente, aos grupos que proporcionaram o excelente espetáculo O MEU MUITO OBRIGADO.

Um abraço, camaradas

Zé Saúde