7000 milhas através dos USA - 6
Dissemos que dormimos em Deadwood, sim, fomos para a cama já passava da meia noite, e dormimos qualquer coisa, quando o barulho das festas e das motas acabou, já era alta madrugada.
O nosso destino a partir daqui era o Mount Rushmore, no mesmo estado de Dakota do Sul, assim tomámos o rumo do sul, atravessando a cidade de Rapid City, no mesmo estado de Dakota do Sul, que lhe chamam a “Gateway to the Black Hills”, ou “City of Presidentes”, onde habitavam os índios da tribo “Lakota Sioux”, antes da cultura do oeste ter chegado aquela área, que inicialmente era o nosso destino, pois estrategicamente situava-se quase no centro de todos os nossos locais de visita, e dizem que devido à sua localização, recebe milhares de turistas ao ano que se dirigem para Deadwood, Crazy Horse Memorial, Mount Rushmore, Devils Tower ou mesmo as Badlands.
Umas milhas mais, e chegámos ao Mount Rushmore National Memorial, que está localizado em Keystone, no estado da Dakota do Sul, e é uma montanha onde estão esculpidos os rostos de quatro presidentes dos Estados Unidos, sendo eles, George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Rosevelt e Abraham Lincoln, a ideia do pintor e escultor Gutzon Borglum, inicialmente, era para ser feito apenas um busto, mas houve muita indecisão em relação a qual deveria ser construído. Após a decisão do primeiro busto a ser construído, foram montados os primeiros andaimes em 1927, tendo demorado 15 anos para a obra ser terminada. O monumento é uma das atracções turísticas mais conhecidas do mundo, rendendo ao estado de Dakota do Sul, o cognome de “The Mount Rushmore State”, os gigantes rostos, medem de 15 a 21 metros de altura, e foram construídos com modernos instrumentos de engenharia, dinamite e martelos mecânicos, tudo isto a 150 metros de altura, na região de “Black Hills”.
Tem na frente da base da montanha uma pequena praça, com pilares e as bandeiras de todos os estados dos Estados Unidos, assim como salas onde é exibido filmes explicando a obra, museu das peças de ferramenta usadas na escultura e outras atracções.
Antes de entrar no Mount Rushmore National Memorial, atravessamos uma pequena ponte, considerada uma obra de arte, pois a sua construção é em madeira, mas com um arco gigante, que desperta a atenção do visitante.
O Crazy Horse Memorial, não fica muito distante, é na mesma área, com o GPS ligado, em pouco tempo estávamos no local. O Memorial consiste numa escultura na pedra da montanha, em homenagem ao famoso índio “Crazy Horse”, quando terminarem vai ser um monumento gigante, com planos para uma grande vila ou cidade na sua base, o autor da escultura Korczak Ziolkowski, que trabalhou na escultura de Mount Rushmore, depois de chegar ao entendimento com a pessoa que lhe sugeriu a escultura que era o chefe em vida dos índios Sioux, que sempre quis que a escultura fosse feita nas “Black Hills”, terra sagrada de Lakota, começou a escultura por volta de 1948, morreu em 1982, a sua esposa e os seus filhos continuaram a obra, vai com algum avanço. Dizem que todo o dinheiro realizado nas visitas e venda no local de artigos de artesanato são em favor da construção da escultura, neste local existem mesmo algumas oficinas de artesanato, onde algumas pessoas, oriundas de diferentes tribos de índios, vindas de outras regiões com por exemplo, do estado do Texas, do Arizona, do Novo México, do Nevada, do Wyoming, até de Montana, que ali trabalham, construindo objectos, fazendo esculturas, pintando quadros, com motivos que essas tribos usavam no dia a dia, centenas de anos atrás.
Ninguém sabe quando esta grandiosa escultura e toda a base, que será uma vila ou cidade acabará, mas prevêem mais de trinta, quarenta ou cinquenta anos, até ficar completa.
É uma visita que o Tony recomenda.
Ainda era de tarde, o sol ia alto, rumámos em direcção ao leste, a caminho do Atlântico, pela estrada número 90, parando no “Badlands National Park”, onde encontrámos pessoas que connosco se cruzavam em Mount Rushmore, no Crazy Horse ou até em Deadwood, e que tinham vindo de diferentes estados, já nos conhecíamos, e claro, falávamos palavras de circunstância, pedindo para tirar fotos juntos, e qual o melhor trajecto para chegar ao lugar tal, o que por ali havia mais para ver e outras coisas, que quem viaja gosta de saber. Aqui percorremos o parque, onde a terra tem uma dupla origem, por um lado o povo Lakota, chamava de “más terras”, e os caçadores franceses que habitavam a região diziam que “eram terras difíceis de atravessar”, estas terras são formadas por áreas raras mas intensas chuvas e escassa vegetação, que é uma perfeita receita para a erosão devastadora.
A paisagem é caracterizada por encostas inclinadas, terra solta e argila, facto que impede viajar confortavelmente por elas.
Continuámos rumo ao leste, viajando umas centenas de milhas, parando e dormindo na cidade de Mitchell, ainda em Dakota do Sul, onde havia dificuldade em arranjar hotel, onde a amizade criada em viajem com as tais pessoas conhecidas, e encontradas por diversas vezes nos mesmos locais, nos facilitou a informação para alojamento e comida, pois estando os hotéis, naquela cidade totalmente cheios, um desses casais, que viajavam naquelas potentes motos, e que já tinham reserva num hotel, para eles e para uns tantos casais companheiros, acomodaram-se como puderam em alguns quartos, cedendo-nos um desses quartos, que para eles estava reservado.
Boas pessoas, o pessoal das motos, regressavam a Chicago, partilhámos muita informação, comemos carne de búfalo grelhada e bebemos cerveja juntos, chamavam-nos de “Floridians”, porque éramos oriundos da Flórida, e nós depois de saber que eram oriundos da região de Chicago, chamávamos a essas simpáticas pessoas, “Al Capones”, e eles riam-se de contentes.
Tony Borie, Agosto de 2013.
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Nota do editor
Último poste da série de 19 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12169: Os nossos seres, saberes e lazeres (58): Passagens da sua vida - 7000 milhas através dos Estados Unidos da América (5) (Tony Borié)
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