Caros Camaradas,
O nosso malogrado camarada Manuel Leitão Silvério era o Comandante do 1º Grupo de Combate da CArt 2412 [Bigene, Binta, Guidaje e Barro, 1968/70] e, para que fique bem claro, eu vou contar o acontecimento que motivou a sua despromoção.
Terá sido em Maio ou Junho de 1969, estávamos nós em Barro e o Alferes Silvério recebeu a ordem de se deslocar com o seu Grupo de Combate até ao marco 133 ou 134 na fronteira do Senegal.
Como o Comandante da Companhia não foi da mesma opinião, deu-lhe um prazo de uma hora para ele resolver se ia ou não.
Eu acho que todos os Camaradas falaram com ele para o demoverem daquela ideia. Eu falei com ele duas vezes, chegando a dizer-lhe para ele sair fazendo só metade ou um terço do percurso, mas ele não se deixou influenciar persistindo na sua ideia inicial, pelo que o Comandante participou a ocorrência originando um processo que levou à sua despromoção.
Se se tivesse recusado a tomar parte numa operação, possivelmente despromoviam-no a 1º Cabo.
Lamento profundamente a sua morte, e à Família, Camaradas e Amigos apresento os meus sentidos pêsames.
Um grande abraço para todos.
Adriano Moreira
O nosso malogrado camarada Manuel Leitão Silvério era o Comandante do 1º Grupo de Combate da CArt 2412 [Bigene, Binta, Guidaje e Barro, 1968/70] e, para que fique bem claro, eu vou contar o acontecimento que motivou a sua despromoção.
Terá sido em Maio ou Junho de 1969, estávamos nós em Barro e o Alferes Silvério recebeu a ordem de se deslocar com o seu Grupo de Combate até ao marco 133 ou 134 na fronteira do Senegal.
Depois de reunido o seu Grupo, chegou à conclusão que com ele os furrieis e praças somavam 14 ou 15 efectivos, pelo que foi falar com o Comandante da Companhia, dizendo-lhe que achava um efectivo demasiado exíguo para a missão que lhe estava a ser atribuída.
Como o Comandante da Companhia não foi da mesma opinião, deu-lhe um prazo de uma hora para ele resolver se ia ou não.
Eu acho que todos os Camaradas falaram com ele para o demoverem daquela ideia. Eu falei com ele duas vezes, chegando a dizer-lhe para ele sair fazendo só metade ou um terço do percurso, mas ele não se deixou influenciar persistindo na sua ideia inicial, pelo que o Comandante participou a ocorrência originando um processo que levou à sua despromoção.
Se se tivesse recusado a tomar parte numa operação, possivelmente despromoviam-no a 1º Cabo.
Tenho muita pena que tudo isto tenha acontecido, principalmente a sua morte, pois ainda em Setembro passado fiz todos os esforços para ele vir à nossa reunião de graduados da Cart 2412, mas ele tinha sido precisamente internado nessa semana.
Lamento profundamente a sua morte, e à Família, Camaradas e Amigos apresento os meus sentidos pêsames.
Um grande abraço para todos.
Adriano Moreira
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 2 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12241: In Memoriam (166): Manuel Silvério, ex-2.º Sargento Miliciano da CCAÇ 2382 (Idálio Reis)
Passados alguns dias, porventura menos de uma semana, estando sentado no quartel à sombra de um poilão, ouço um cumprimento militar. Tentando indagar da sua proveniência, qual o meu espanto ao reconhecer o Silvério, mas na qualidade de 2.º sargento. Procurando tomar conhecimento da trama que lhe acontecera, foi lacónico, só me referindo que fora sujeito a um processo por indisciplina, e que o Comandante-Chefe o punira daquela forma.
Poucas vezes mais nos havíamos de reencontrar, e por escusa sua, nunca me deu a conhecer o que então lhe aconteceu na Guiné. Referiu-me já se ter esquecido desses tempos. (...)
7 comentários:
É, na realidade, tudo para lamentar.
A guerra, as suas vicissitudes, os meios de que dispúnhamos, a forma como as tropas foram obrigadas a faze-la.
Lamentar, sobretudo, as injustiças que foram sendo praticadas.
Caros camaradas
Neste caso proponho-me subscrever as palavras do José Martins.
Nada mais se pode fazer agora, mas aproveitar a ocasião para enviar os pêsames à família e tomar nota que é mais um dos que connosco compartilharam as 'aventuras' em terras africanas que parte para a sua última viagem.
Hélder S.
Certamente que me encontrei com ele em Mampatá ou Buba, mas para o facto pouco importa.Os meus sentidos pêsames á família e tu camarada descansa em paz até que nos juntemos novamente estejas tu onde estiveres.........3
Mário Pinto
Convivi algum tempo com Silvério em Buba,na C.C.2382.Nunca soubemos da sua história.Ainda á pouco tempo,tentamos contacta-lo,para o nosso almoço convívio,mas em vao,nunca mais deu sinal de si.Paz á sua alma,mais um dos nossos que se vai.......
Caro Adriano Moreira, esta cara nada me diz e assim cada vez tenho menos certezas.
Lastimo tudo o que se passou e o modo como se resolveu.
Muito mais lastimo e seu desaparecimento. É mais um camarada que parte e, com isso, ficamos cada vez mais pobres.
Os meus pêsames á Familiar e um até sempre Camarada.
Tentarei ainda saber de onde era ou se estava relacionado com o Alentejo.
Abraço e obrigado pelo esclarecimento.
Ab,T.
Ainda me cruzei com ele diversas vezes com a 2382 pois estava em Mampata em 69 e 70 , desconhecia a sua historia que lamento, pela sua atitude revelou ser um homem de cracter, mas o que realmente lamento é o seu desaparecimento , descansa em paz camarada !condolencias à familia !
Caro Camarigo Torcato Mendonça,
A cara não te diz nada porque é a minha e nós só nos conhecemos virtualmente com fotografias dos anos 60, mas nossos, não da década de 60 do século passado. A foto em questão é que é dessa altura e é minha.
Em relação ao Silvério e traçando um paralelismo com os furrieis da minha companhia e do tempo dele eu acho que ele se deve ter apresentado em Mafra pelos dias 10 ou 11 de Abril de 1967 e depois deve ter seguido a 24 de Junho para a EPA fazendo de seguida um percurso idêntico aos restantes furrieis e alferes da Cart. 2412. Realmente o Silvério era Alentejano dizia ele de Nisa, não sei se era mesmo da cidade ou das imediações. Não sei o que te possa dizer mais sobre ele, só sei que era um camaradão e que eu tive muita pena de o ver partir nas circunstâncias em que nos deixou. A única consolação que me resta é de ter feito todos os esforços para que assim não fosse a sua partida.
Quanto à segunda e última partida é que já não fui ouvido nem achado e não pude fazer nada.
Vou fazer de agora em diante pedindo a Deus que o tenha em bom lugar e lhe dê o descanso do guerreiro que cá em baixo não lhe deram.
Um grande abraço meu camarigo e muita saúde para ti.
Adriano Moreira
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