quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14272: Inquérito online: 88% está de acordo com a proposição segundo a qual "em matéria de afetos, e em relação aos guineenses, levamos hoje a dianteira a russos, chineses, cubanos, suecos e outros que apoiaram o PAIGC no tempo da guerra colonial"







Lisboa > 5 de janeiro de 2015 > Um dos mais célebres murais de "street art" de Lisboa > "O  androide dos artistas VHILS e  PIXEL PANCHO

"Depois de esculpir rostos pelas ruas de Lisboa, o artista Alexandre Farto (mais conhecido por “Vhils”) juntou-se ao artista italiano Pixel Pancho e passou quatro dias a trabalhar numa obra junto ao rio no Jardim do Tabaco. O mural mistura o estilo dos dois, com figuras robóticas que são a imagem de marca de Pixel Pancho, e um típico rosto esculpido por Vhils. Foi assim criada uma imagem de um androide destruindo um barco com a mão, e quem for vê-la de perto poderá também deparar-se com barcos verdadeiros, pois a obra encontra-se junto de um dos terminais de cruzeiros da cidade." (Fonte: LisbonaLux.com)

Fotos: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.

A. Resultados finais da nossa última sondagem (*)


1. Concordo totalmente  > 87 (80,6%)

2. Concordo em parte  > 8 (7, 4%)

3. Não concordo nem discordo / Não sei  > 7 (6,5%)

4. Discordo em parte  > 2 (1,8%)

5. Discordo totalmente  > 4 (3,7%)

Votos apurados: 108

Sondagem fechada em 15/2/2015, 15h

B. Alguns comentários (a desenvolver em postes posteriores) (*):


(i) Carlos Vinhal:

(..:) Pressupõe-se que temos de responder como portugueses e não na qualidade de ex-combatentes.
Surge-me uma pergunta, por que se põe esta questão em relação à Guiné e não a Angola ou a Moçambique onde residiam mais portugueses (da metrópole) e o número de combatentes foi muito maior?  Que diz a Guiné em relação aos normais portugueses? Lembram-se de quando éramos mobilizados para a Guiné, aqui tão perto, as pessoas ficavam mais aterrorizadas do que se fôssemos para o distante território de Timor, lá do outro lado mundo?

Estou-me a lembrar de que nos primórdios dos anos 80, Matosinhos se geminou com Mansoa. Pergunto, quem da minha cidade saberá onde fica Mansoa? E o que fez Matosinhos por Mansoa?
Quebrando o sagrado segredo de voto, digo que respondi que não sabia, porque como português não sei da qualidade dos afectos dos meus compatriotas para com os guineenses. Se fosse sobre o meu afecto, enquanto ex-combatente, a isto sim saberia responder. (...)

(ii) Cherno Baldé (Guiné-Bissau):

(...) A semelhanca de alguns intervenientes, acho que esta sondagem só pode ter interesse na medida em que seja considerada simplesmente pedagógica e, ainda assim, ficam muitas questoes sem resposta, dependendo da posição o em que nos situamos e da perspectiva que temos do assunto, desde o mais pessimista aos mais positivos ou sentimentais.

(...) Eu não votei, na mesma linha que o Carlos porque, também, não sei qual a afeição que o povo português nutre em relação ao povo guineense, para além da evidente necessidade de encontrar um refúgio temporário que se transformaraá em definitivo mesmo se a Europa não levar a cabo a presente integração forçaada com capa de laicidade e de republicanismo que nunca existiram. (...)

(...) Quanto aos paises citados, podemos falar, sim, de afectos em relação aos Cubanos, mas duvido que o mesmo se possa dizer dos Russos e Suecos que são povos simpaticos, mas não conhecem o nosso povo, a nossa realidade e só ouviram falar de longe. Com os portugueses é diferente, foi uma relação difícil mas que deixou marcas que ninguém pode ignorar. (...)

(iii) António Rosinha: 

(...) Na Guiné ou em outra ex-colónia, quando algum cidadão desses países tem algum bom relacionamento com portugueses, corre o risco de os vizinhos ou colegas o alcunharem de "lacaio" ou mesmo no caso do crioulo "catchurro" do tuga.

Com o tempo esse risco pode diminuir, mas devido ao discurso político urdido por conveniências políticas, ainda vai demorar uns tempinhos ao estigma colonial desvanecer. (...)

(iv) José Belo (Suécia):

(...) Afectos entre povos em busca de graduações valorativas?

Nos exemplos apresentados,(portugueses, russos, chineses, cubanos,suecos, alentejanos, etc) aspectos menos platónicos não deveräo ser escamoteados. "Com carinho e com afecto" do luso-tropicalismo,ou "com economia e com afecto" à sueca? (...)

(v) António José Pereira da Costa:

(...) Olá,  Luís. Estou como disse o Beja Santos: continuas a provocar o "nativo". É bom. Para ver se isto aquece e o debate se instala, mas acho que as "declarações de voto" que acabo de aqui ver resumem muito bem a situação.
É certo que só os velhos e ainda por cima que passaram pela Guiné é que votam. Há um indício técnico para que quero chamar a tua atenção. Neste momento há convívios de ex-combatentes em que as mulheres vão para uma mesa e os maridos para outra.  Isto significa que elas, que nunca lá foram (...), começam a ter dificuldade em se rever no fenómeno e que os "ex-" estão cada vez mais sozinhos na sua nostalgia. (...)

(vi) C. Martins:

(...) Nem é preciso sondagens...digo eu. Quem já lá foi após a independência e desde que os tratemos com respeito manifestam-nos a sua profunda amizade e até os próprios guerrilheiros do PAIGC  pedem desculpa: "era a guerra" dizem ... mas agora podemos ser amigos. Falo obviamente da população, porque os "políticos"... sobre esses estamos conversados. (...)


(vii) Vasco Piers (Brasil):

(...) Dizes bem, Luís, mais exploradores que conquitadores.  Ousaria dizer, que somos o povo de um pequeno País de costas voltadas à Europa que precisou de buscar a sua subsistência (a partir do século XV) no mar e pelo mar.  Desde Ceuta,andamos por aí,em busca "do pão " que rareava em casa.  As feitorias, o ouro da Mina, os escravos, a "pimenta " da Índia, o ouro do Brasil, a volta a África, sempre em busca da subsistência como povo, e consequentemente da nossa existência como Nação.

Após a morte do nosso "último Imperador",e com o fim do sonho Imperial, voltamos á Europa,e parece que não deu muito certo.  Nessa nossa saga através dos mares,até longínquos povos,tivemos um relacionamento "sui generis" com esses povos, bem diferente dos nossos nossos vizinhos do Norte.  Miscigenamo-nos,como já tínhamos feito com Bérberes e Semitas,na África, na Ásia, na América, logo a nossa relação afetiva com outras gentes,foi necessariamente diferente da de outros colonizadores.

Melhor? Pior? Será que compete a nós dizê-lo? (...) (*)

2 comentários:

Antº Rosinha disse...

Os guineenses destas gerações estão tão divididos ou mais, do que aqueles do tempo da guerra colonial e antes da mesma em relação ao relacionamento com Portugal. ( Não é por causa de russos e cubanos...)

Se antes havia os bombardeamentos de artilharia estacionada nos países vizinhos, hoje essa artilharia, continua ainda mais intensa.

E com tal intensidade, que algumas "elites" além de se quererem desligar de Portugal, já nem se querem rever na CPLP.

Mas a traz de tempo, tempo vem.

É bom que se um dia aparecer petróleo e outros venenos que rondam aquelas redondezas, os guineenses se unam um pouco mais, e tenham memória.

Anónimo disse...

Os Russos, os Chineses e os Suecos da Tabanca de Missirá,ficaram chateados com estes resultados...

Abraço.
J.Cabral