quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15220: Fotos à procura de... uma legenda (64): visita do gen Arnaldo Schulz e do brig Reimão Nogueira a Porto Gole, em fevereiro de 1967... O insólito: (i) duas caixas de cerveja (Cristal e Sagres) no banco traseiro do helicóptero; (ii) um comandante-chefe, de máquina fotográfica a tiracolo, com ar de turista...



Foto nº1 > Porto Gole, fevereiro de 1967:  a despedida, depois da viista:  o gen Arnaldo Schul ao lado do piloto, e eu à direita, com  as minhas botas alentejanas e o camuflado paraquedista trocado com um camarada numa operação no Morés em outubro de 1966.



Foto nº 2 > Porto Gole, fevereiro de 1967:  o gen Arnaldo Schulz [, de máquina fotográfcia a tiracolo,] , junto da população local; à direita, em primeiro plano, de perfil, um tenente médico, da CART 1661. 

Fotos (e legendas) : © José António Viegas (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e letgednagem complementar: LG]


1. Foto do álbum do nosso grã-tabanqueiro,  algarvio,  José António Viegas, ex-fur mil do Pel Caç Nat 54 (Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68):


 Estava em Porto Gole, com o seu Pel Caç Nat 54 (, comandado pel alf mil Carlos Marchã) , e com os homens da CART 1661, quando em fevereiro de 1967, recebeu a vista do governador geral e con.chefe gen Arnaldo Schultz, acompanhado do brig Reimão Nogueira, co9mandante militar...

Onde está o insólito da(s) imagem(ens) ? No banco de trás do helicóptero, há pelo menos duas caixas de cerveja, uma da marca Cristal e outra da marca Sagres (foto nº 1) ...

Pergunta inocente: o precioso carregamento era para autoconsumo da comitiva, ou para distribuir pelo caminho ?  Fazia parte da "psico" na época ? Enfim, teria, por cerrto algum destinatário, civil ou militar, talvez lá no cu de Judas (*)...  O Viegas diz-nos, por mail, que o carregamento já vinha de Bissau e que se destinava à "psico"... Ficamos a saber então que nesse tempo a cerveja era uma das armas (secretas) da "psico"...

Como se vê, na foto nº 1, em cima o José António Viegas,  estava lá, no sítio certo, "com as suas botas alentejanas e o seu camuflado  paraquedista" (**)..... Por outro lado, e analisando a foto nº2, digam lá se o antecessor do gen Spínola não tunha mais um ar de turista do que de comandante-chefe ? Na opinião do Viegas, o Schulz era "um tipo bonacheirão"...


Zé Viegas, estas fotos valem ouro!... De qualquer modo, um pouco de humor de caserna também nos faz bem. Na Guiné sempre fomos irreverentes: querm não se recordas das "anedotas" e das "partes gagas" que se contavam de Spínola, "o "caco Baldé"  ? (LG).

 _______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série >   7 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15215: Fotos à procura de... uma legenda (63): Bajudas de Bambadinca, fevereiro de 1970: um "grupo de idade" da etnia fula num dia de festa tradicional (Cherno Baldé, Bissau)

(**) Vd. poste de 8 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15218: Memórias dos lugares (321):  Porto Gole, fevereiro de 1967: visita do Gen Arnaldo Schulz (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, 1966/68)

10 comentários:

Luís Graça disse...

Mensagem enviada pelo correio interno da Tabanca Grande:

Assunto - Gen Arnaldo Schulz, com-chefe e governador-geral da Guiné (1964/68)


Amigos e camaradas

Foi comandante de alguns de nós, ou de muitos de nós que nos reunimos sob o poilão da Tabanca Grande para recordar os bons e os maus momentos que passamos naquela terra com feitiço a que chamávamos Guiné...

Quem foi este homem e militar ? Sabemos pouco dele, ou pelo menos temos falado pouco dele, comparativamente com o seu sucessor. Haverá, por certo, alguma injustiça neste esquecimento...

O José Manuel Viegas mandou-nos fotos de Porto Gole, por ocasião de uma visita do com-chefe e do comandante militar, em fevereiro de 1967...

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2015/10/guine-6374-p15220-fotos-procura-de-uma.html

Mas deve haver mais fotos e histórias do gen Arnaldo Schulz (e não Schultz, com tê)... Precisamos de depoimentos, e documentos... Rapem lá bem o baú... Que seja tudo por uma boa causa...

Mantenhas. Luís Graça e demais editores

Carlos Pinheiro disse...

Com a chegada de Spinola à Guiné é natural que a imagem de Schulz tivesse sido um pouco desbatida dado o mediatismo que Spinola soube, desde o primeiro dia, impor na Guiné, na tropa, na vida civil e até na Metrópole. Mas, em abono da verdade, enquanto estivémos na Guiné, pelo menos o nome de Arnaldo Schulz ficou bem marcado na Avenida com o seu nome e onde estava o Comando Chefe, os Bombeiros, a Cruz Vermelha e até a Pide. Valha-nos isso.

Luís Graça disse...

Obrigado, Carlos, a questão é saber qual a "verdadeira imagem" que tinham dele as nossas tropas, a população civil, o PAIGC, o Governo, a malta na metrópole, a imprensa...

Quis-se dar a ideia de que a herança militar deixada ao Spínola não seria a melhor, para não dizer outra coisa... Spínola, por exemplo, começou logo por refazer o dispositivo militar no terreno, mandar retirar alguns pontos "estratégicos" como, por exemplo, Sangonhá, Cacoca, Gandembel, Beli, Madina do Boé, Ponta do Inglês,só para citar alguns que me ocorrem de momento...

Ab. Luis

Unknown disse...

Bem apanhado. Beber uns copos e tirar umas fotos às pretas. Giro pá jubi.

Luís Graça disse...

Não há muitas referências a Net a este português, de origem alemã, pelo lado paterno:

Aqui fica uma resenna biográfica da Wikipédia... Acho que ele tem direito a muito mais:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arnaldo_Schulz:

Arnaldo Schulz ComTE • GCC • CvA • OA • ComA • ComIP (6 de Abril de 1910 — 1993)

(i) oficial do Exército Português;

(ii) entre outras funções, foi Ministro do Interior durante o governo de Salazar (de 1958 a 1961) e Governador da Guiné Portuguesa (de 1964 a 1968);

(iii) tirou o curso de Infantaria na Escola do Exército (1930-1933) e foi promovido a Alferes em 1934;

(iv) m 1937 fez parte da Missão Militar de Observação à Guerra Civil de Espanha;

(v) fez o curso de Estado Maior no Instituto de Altos Estudos Militares, onde viria a ser professor e finalmente Director;

(vi) foi ainda Director do Centro de Instrução da Milícia da Mocidade Portuguesa;

(vii) a 8 de Fevereiro de 1943 foi feito Cavaleiro da Ordem Militar de Avis, a 6 de Novembro de 1944 foi elevado a Oficial da mesma Ordem, a 15 de Abril de 1950 foi elevado a Comendador da mesma Ordem e a 22 de Julho de 1958 foi feito Comendador da Ordem da Instrução Pública;

(viii) era Tenente-Coronel quando foi nomeado Ministro do Interior em 27 de Novembro de 1958, exercendo aquele cargo até 3 de Maio de 1961;

(ix) a 15 de Maio de 1961 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo;

(x) quando deixou as funções ministeriais foi nomeado coronel, comandante do Regimento de Infantaria n.º 7 (1962);

(xi) em 1963 foi promovido a brigadeiro e transferido para o norte de Angola por uns meses, já no contexto da Guerra Colonial Portuguesa, onde exerceu as funções de comandante do sector de Ambrizete até ser convidado para Governador da Guiné;

(xii) no ano seguinte foi nomeado Governador da Guiné Portuguesa e Comandante-Chefe das Forças Armadas Portuguesas naquele território, em substituição do comandante Vasco Rodrigues e do brigadeiro Fernando Louro de Sousa; foi nomeado para os cargos a 4 de Maio, confirmado pelo Conselho de Ministros a 8 de Maio e chegado a Bissau a 20 de Maio de 1964; esta solução de acumulação do cargo de governador e comandante-chefe foi única nos três teatros de operações da Guerra Colonial Portuguesa (excepto no período em que o general Costa Almeida desempenhou as mesmas funções em Moçambique), manter-se-ia até ao final da guerra;

(xiii) durante o seu mandato, em 1965, deu-se o alastramento da guerra ao Leste da Guiné (Pirada, Canquelifá, Beli) e o desenvolvimento das acções no «chão» manjaco (Jolmete e Pelundo);

(xiv) também naquele ano o PAIGC realizou as suas primeiras acções militares na fronteira norte, na região de São Domingos, onde até aí apenas actuava a FLING, que então já lutava com grandes dificuldades por a OUA ter decidido canalizar o seu apoio para o PAIGC;

(xv) foi promovido a general em 1965;

(xvi) em Setembro de 1965 esteve em Lisboa, afirmando então que a Guiné jamais deixará de ser portuguesa;

(xvii) permaneceu naqueles cargos até 1968, vindo a ser substituído pelo então brigadeiro António de Spínola;

(xviii) a 18 de Março de 1968 foi feito Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito;

(xix) de regresso a Lisboa, foi nomeado director do Instituto de Altos Estudos Militares (1969), vogal do Conselho Ultramarino (1969), vogal da Chancelaria da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e presidente da Comissão Central Administrativa da Liga dos Combatentes;

(xx) passou à situação de reserva em 1975.

Luís Graça disse...

Vd. tamkbém no nosso blogue o poste de 28 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13205: Memória dos lugares (267): Tomar, terra dos Templários e do Rio Nabão, onde nasceu o General Arnaldo Schulz em 6 de Abril de 1910 (Mário Beja Santos)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2014/05/guine-6374-p13205-memoria-dos-lugares.html

Anónimo disse...

Jorge Rosales
8 out 2015 14:05

Luís

Foi o comandante, no meu tempo, mas nunca o vi. Diziam as más línguas,
que ´nao gostava muito de sair de Bissau.

Jorge Rosales

Anónimo disse...

Alcides Silva
8 out 2015 14:06

Caro Luís Graça, sobre o gen Arnaldo Schulz, era o governador da Guiné quando lá chegou o meu Batalhão 1913 e o 1911, depois foi substituído pelo General Spínola, fomos no mesmo Navio o UIGE, o Batalhão 1911 desembarcou em Bissau e, as companhias operacionais do 1913, a CCS do Batalhão 1913 seguiu diretamente para Catió, desembarcando do UIGE para umas barcaças dos pretos e assim seguimos viagem, paramos em Bolama porque a maré basou e não era possível seguir viagem, pelas quatro horas da madrugada seguimos para Catió, a meio da viagem a maré basou novamente, ficamos parados, com as barcaças pousadas no fundo do rio a aguardar nova cheia, isto sem qualquer proteção, se o inimigo adivinhava, não necessitavam de muito trabalho para nos limpar a todos, esta é a grande imagem que tenho desse general que nos mandou para Catió sem qualquer proteção, quando havia a Marinha com as EDs ou ELDMs que com a maré cheia faziam a viagem de Bissau a Catió, ele já morreu, não tenho nenhuma saudade de não o ter conhecido. Com o tempo decorrido já alguma coisa me falha.

Um grande abraço para todos.
Alcides

Anónimo disse...

Mário Beja Santos
8 out 2015 14:20

Meu caro Luís,

Gabo-te a oportunidade do desafio. Quando estava a ultimar “História(s) da Guiné Portuguesa” de que em breve darei notícias, logo que saiba a data do lançamento, deparei-me com esta lacuna fundamental da guerra da Guiné: o período de 1968-1974 está fartamente documentado, creio que em nenhuma frente de guerra haverá tanta documentação como desse período, respeitante ao carismático Spínola que tudo fez para que a sua encenação política pudesse ser vista lá como cá; ora a governação Schulz, tanto quanto sei, não tem livros, teses de doutoramento ou documentos aparentados, fala-se por alto que Schulz investiu de 1964 até 1968 a fundo na quadrícula e no uso das operações com tropas especiais. O resto é neblina.

Esta situação é prejudicial ao entendimento dos factos sequenciais entre 1962 e 1974. Nomeia-se Schulz e aconteceu o quê? A dar credibilidade ao que escreveram homens como Carlos Fabião, Schulz é um homem cansado e doente, em Fevereiro de 1968 André Gomes e um pequeno grupo flagelaram Bissalanca, o que teve repercussões em toda a cidade e no moral das tropas ali acantonadas, e fora delas. Ainda não sabemos se este homem foi um puro joguete da História, atirou-se à missão com os seus conhecimentos de Estado-Maior e terá feito aquilo que era possível fazer com os recursos, efetivos e armamentos que Lisboa lhe fornecia, ou se entrou numa rotina perigosa, isto enquanto o PAIGC acumulava meios, prestígio e posições?

Talvez a chave da questão esteja no Arquivo Histórico-Militar, mas era muitíssimo importante que quem sabe da poda, aqui no blogue, desse o litro, contasse a verdade, tal como a viveu ou experienciou.

Estarei atento, também eu preciso de juntar peças, as que temos não são satisfatórias.

Um abraço do Mário que aguarda as suas notícias relativamente ao pedido de um livro, já vou em duas insistências…

Anónimo disse...

José António Viegas

9 out 2015 09:41


Caro Luis, por lapso puseste que o régulo era o Abna na Onça, capitão de 2ª linha, esse já tinha falecido em Bissá, o que se encontra na foto é o irmão que o substituiu Sá na Onça.

O outro não é o chefe de posto, é o Cabo especialista da Força Aérea.

As caixas de cerveja já vinham no héli, deviam ser para a psico.

Uma das coisas que me lebro do Schulz, é que era um bonacheirão.

Um ABRAÇO