sexta-feira, 3 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16164: Dossiê Guileje / Gadamael (27): Tenho cada vez mais a certeza de que andaram a gozar comigo - ou connosco - durante 13 anos (António J. Pereira da Costa, cor art ref (ex-alf art, CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74)


Guiné > Região de Tombali > Sangonhá, a sul de Gadamael-Porto > c. 1967/68 > Vista aérea do destacamento, "uma espécie de fortim do faroeste", com um heliporto, uma pista de aviação, barracões e três poilões... Na altura  estava a chegar uma coluna militar [lado esquerdo]. Foto, provavelmente tirada de uma aeronave DO 27, de autor desconhecido. Proveniência: Álbum fotográfico Guiledje Virtual. Cortesia do nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014), cofundador e líder da AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) até à data da sua morte (, em Lisboa)

Foto: ©  / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados (Edição e legendagem: L.G.).




Guiné > Mapa da província > Escala 1/500 mil (1961) > Detalhe: Posição relativa de Sangonha e Cacoca, as nossas posições mais próximas da fronteira com a Guiné-Conacri, a sudeste. Estes dois destacamentos e tabancas foram abandonados pela CCAÇ 1621 em 29/7/1968, por ordem de Spínola.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015)


1. Comentário de António José Pereira da Costa ao poste P16152 (*)

Cor art ref (ex-alf art , CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74)

Olá,  Camaradas:

Considero que o abandono controlado de Sangonhá, Cacoca e, posteriormente, Ganturé, preparou o que viria a suceder em 1973. 

Sei, porque assisti à reunião, que o brigadeiro Spínola queria recuperar tropa da quadrícula para a intervenção e, por isso, contra a opinião do "meu capitão", determinou o abandono imediato de Sangonhá e Cacoca. Por fim, já em janeiro de 1969, Gandembel foi-o também e Mejo, onde chegou a haver uma companhia sediada, já o tinha sido. 

Podemos dizer que, em janeiro de 1969, a extremidade sul  da Guiné estava guarnecida por Cacine, Cameconde, Gadamael e Guileje o que é manifestamente pouco, até em termos de apoio mínimo. 

Tenho para mim que o controlo da estrada Cacine-Guileje era essencial para a manobra das NT, mas muito difícil de obter e manter. A superioridade do In em termos de apoio de fogo (artilharia) foi sendo cada vez maior (parece que com apoio topográfico e observação) e a possibilidade de cada uma das companhias actuar, com êxito, no seu sector, restringindo a passagem ao In era muito pequena. Além disso, o In não necessitava de residir na área, a não ser a sul de Cacine onde se estabelecera desde o início e ficou. 

A situação táctica tornou-se numa bomba-relógio que teria de explodir, mais tarde ou mais cedo.
Saliento que a capacidade de actuação do Comando do COP 5 era mínima, com três companhias dispersas, sem cavalaria (necessária para a movimentação das unidades) e sem qualquer unidade de intervenção que pudesse lançar no terreno numa acção mais elaborada. Podemos dizer que para além de boas(?) comunicações nada tinha que justificasse a sua existência. 

Já tenho pensado que alguém estava à espera de um "desenlace"...  Mas isto já é teoria da conspiração. 

Cacine era um bom local para desembarque de reabastecimento, especialmente material pesado, e juntamente com Gadamael concedia domínio sobre o rio e possibilidade de apoio de vária ordem.
Quanto à reunião de 15 de maio de 1973 só peca por tardia e eu não vejo como é que se poderia alterar de modo tão drástico e em tão curto espaço de tempo a FAP que operava na Guiné. A substituição das metralhadoras por canhões era elementar. Nunca supus que cada avião fosse tão mal armado, neste campo.

Sabemos que desde o começo se queria "embaratecer a guerra". Assim chegou-se, de facto a um pacto de silêncio em que a alta hierarquia das FA e "os políticos". Creio que aqueles não queriam levantar ondas junto daquelas. Já me referi ao facto de a nossa artilharia ser ceguinha e surda, respondendo a olhómetro às iniciativas do In. Já nesse tempo existiam radares contra-morteiro e referenciação pelo som e luz, só que...

E outro exemplo é o radar ANTPS-1D da BA 12, que repousava tranquilamente a 12 metros de altura. Já se perfilava então a possibilidade de sermos atacados com os tais MIG e nas condições que o António resume. Para lhes fazer frente nada melhor que três unidades AA da II GM. Pode não ser eficaz, mas é histórico.

Isto se não acontecer um ataque aéreo com qualquer teco-teco ou com um Antonov a largar bombas à mão, pela porta do fundo, sobre um pequeno quartel da periferia. Não se riam porque isto foi feito na Guiné... pelas NT. Nunca entendi aquela da contracção do dispositivo nem vejo quais as vantagens. Será que se esperava que se pudesse vir a expandi-lo? Boa táctica esta do encolher para, mais tarde, esticar...

Kandianfara era já nossa conhecida, em 1968, assim como o Porto de Camassó (no Quitafine), mas não era atacável por estar fora do TN [, território nacional]! Outra coisa que não entendo, mas aceito.

Já noutro lugar escrevi que não houve guerra e que Portugal nunca declarou guerra a nenhuma potência estrangeira e, por isso,  o Senegal e a República Guiné eram países contra os quais só "para gastos de casa" havia acusações. 

O emprego de tropa especial [, BCP 12,] naquele sector, "só depois da casa roubada", causa-me apreensão. Será que o comando empenhou todas as suas reservas e não tinha nenhuma para acorrer a uma nova situação? Ou estabeleceu prioridades e só actuou no Sul de pois de ter resolvido (?) o problema do Norte.

De qualquer modo parece que ficou provado que uma boa antecipação ou, no mínimo, uma resposta pronta, poderia ter resolvido os problemas no Sul, no Norte e no Leste. Assim, foi sempre que atamancada uma solução, com as consequências que se conhecem. 

Tenho cada vez mais a certeza de que andaram a gozar comigo - ou connosco - durante 13 anos (11, no caso da Guiné).  Mas felizmente houve o 25 de Abril, senão teríamos outra Índia. Pior e não é difícil ver porquê. Na Índia éramos prisioneiros de um exército regular de matriz britânica. Na Guiné éramos os colonialistas, salazaristas, imperialistas e lacaios de qualquer coisa que não me ocorre, o que era um problema, já que o nosso governo era relapso a aceitar os seus falhanços e adorava heróis mortos.

Um Ab e desculpem qualquer coisinha. (**)
António J. P. Costa
___________

22 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Eu fiz o serviço militar obrigatório, como o meu pai, e os meus avoengos... Paguei o inmpostp de sangue para ter direito a uma Pátria... Depois do regresso a casa, vindo da guerra da Guiné, meia dúzia de anos depois, talvez por volta de 1977, lembro-me de ter escrito um poema que rezava assim:


I’m sorry!..

Não tenho boas recordações
das guerras do império.
Só sei que não consegui defendê-lo
até à última gota do meu sangue,
como era dever do meu ministério ...

Em que repartição da Pátria
é que eu poderia apresentar
as minhas desculpas, esfarrapadas ?
Ou até apresentar-me de baraço ao pescoço,
qual Egas Moniz dos anos 70 do século vinte ?

Peço desculpa se houve aqui um erro de casting,
ou se alguém me trocou os papéis,
ou se o império e as suas guerras
nunca existiram.

Luís Graça, v7 4jun2016

Unknown disse...

Muitas vezes,por desconhecermos os antecedentes históricos, ou por visão ideológica (sempre distorcida),ignoramos o processo,vemos a "foto", com prejuízo do "filme".No caso da "queda" de Guileje, ignorando a política "retracionista" do Comando Chefe na fronteira sul(para não ir mais longe) como está ensaiado acima,e no 25 de Abril,não considerarmos a política colonial/ultramarina do então dito Estado Novo,teremos sempre uma visão curta dos processos, só para citar dois assuntos recentes em pauta.
Como,aliás, diria o Conselheiro Acácio...
Quanto ao ir à guerra, para viver no nosso País, subscrevo, só que, por ironoa do destino (?),nunca "usei" desse direito...
Forte abraço.
VP

Unknown disse...

Onde se lê :ironoa
Deve ler-se :ironia

JD disse...

Caro António José Pereira da Costa,
Isto está tudo ligado, não é?
Li o comentário ao P.16152 que me diriges, e confesso que sorri. É verdade, gosto de brincadeira, do nonsense, da provocação... e do estilo que lhe imprimes e suscita o desafio.
Acho curiosos os teus considerandos sobre a dualidade eventual da derrota ou da vitória das NT sobre o IN.
Apoio a ideia estapafúrdia do inquérito, não nos termos hilariantes ali expressos, mas sobre questões práticas da convivência dos portugueses em África, e proponho algumas abordagens simples: dirigidas aos africanos abandonados; aos portugueses que foram obrigados a largar tudo e a fugir; aos técnicos de todas as actividades que sabiam da aproximação do caos; aos portugueses de qualquer cor mais experientes e lúcidos que se sentiram impotentes para chamar a atenção do MFA para as terríveis consequências do golpe; aos portugueses metropolitanos que abalaram com armas e bagagens do que resultou o aumento da penúria colectiva; e aos governadores do BP que sentiram necessidade de abrir mão das reservas para conterem a turba exaltada e reivindicativa até à chegada do FMI. Que curiosas respostas poderíamos vir a conhecer.
Sobre a autodeterminação das colónias já aqui deixei o meu ponto de vista, que o governo de Salazar deveria, não só ter tomado diferentes decisões relativas ao potencial dos estudantes ultramarinos; como após a decisão de defender os territórios e as gentes, devis ter proposto contactos com os movimentos sob a égide da ONU e, se viesse a ser o caso, a recorrer aos 30 anos previstos no artº 73º. da Carta, nas condições ali previstas, tendo em vista que é legitíma a aspiração à independência, quando haja dirigentes aptos a conduzir os povos, no caso específico em regime multi-racial. E no final logo se veria quais os destinos que os povos escolheriam, ao contrário do que defendes na tua argumentação justificativa para a entrega a boçais dos destinos das novas nações.
O que mais me toca nos teus argumentos, é o sentido de demissão perante a imaginada invasão vitoriosa do PAIGC. Não posso compreender como se concretizaria tal situação, tendo em conta a desproporção dos efectivos, a especulação sobre carros de combate imbatíveis (eram 4?); e dos Migues que ainda não havia e, provavelmente, os estados vizinhos não permitiriam.
Não me tomem por mentecapto, dependente de terceiros e sujeito a análises de coacção psicológica para aceitação dos fins quase esperados que evidenciaram resultados terríveis e ruinosos. Nem consigo nimaginar-me num desses cenários catastróficos.
Abraços fraternos
JD

Unknown disse...

Com o perdão do anglicismo,há o "whishful tinking" futuro dos otimistas,e o retroativo dos inconformados com a História...
Forte abraço.
VP

Unknown disse...

Onde se lê :whishful tinking
Deve ler-se :wishful thinking.
VP

JD disse...

Caro Vasco Pires,
Está quase adequado o teu anglicismo, na medida em que não há retroactivos históricos, mas há a obrigação de avaliarmos os nossos actos, tanto na génese, como nas consequências. A História virá a seguir fazer o seu julgamento. Para já, aponto as incoerências e os resultados advindos só com recurso ao meu periscópio, que esse reúne informações diversas para formular um conceito.
Sou aventureiro (ou fui), mas nunca dei um passo maior do que a perna, quero dizer, que sempre tive a preocupação de avaliar a capacidade para empreender alguma coisa. Nada disso encontro nos preâmbulos e percursos revolucionários, nem lhes fiquei grato pelos regimes cínicos a que abriram as portas. Andaram sempre com o passo trocado, e por isso tenho legitimidade para ser inconformista, para não aceitar como boa a situação que se me afigura má, e reajo às mistificações, de cada vez pelo meu periscópio.
Com um abraço
JD

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada
Os meus considerandos sobre a dualidade eventual da derrota ou da vitória das NT sobre o IN são lógicos e racionais.
Um inquérito sobre questões práticas da "convivência dos portugueses em África" é tardio e os resultados vão ficando cada vez mais à vista: à luz do entendimento actual, o "passado comum" envergonha-nos a nós e revolta-os a eles. Tenho pena dos africanos abandonados, mas não há nada que se possa fazer por quem aposta no cavalo errado da História... Tem sido sempre assim e é um fenómeno complexo que os sociólogos nem sequer abordam. É que dá trabalho e não dá brilho às teses...
Aos portugueses que foram obrigados a largar tudo e a fugir costumo perguntar de que é que estavam à espera. Após 13 anos de "guerra", sempre em pioria, e com os exemplos que pululavam por toda a África, nomeadamente no Congo ex-Belga. Pergunto como é que os residentes em Angola que tinham 20 anos em 1961 pensavam em 1971 que tudo iria acabar? Os técnicos de todas as actividades que sabiam da aproximação do caos e os portugueses de qualquer cor mais lúcidos não foram, pura e simplesmente ouvidos ou foram tratados omo mensageiros da triste notícia, isto é, devidamente decapitados. Não vejo que fosse possível evitar as consequência "terríveis consequências do golpe". Não creio que os militares os milicianos ou profissionais se prontificassem a evitar que portugueses metropolitanos que abalassem com armas e bagagens. Estes rapidamente se aperceberam de que a situação se tinha modificado e que a parede a que se amparavam acabara de ruir. Não vejo o papel dos governadores do BP (que sentiram necessidade de abrir mão das reservas para conterem a turba exaltada e reivindicativa até à chegada do FMI) nem a sua relação com a situação que vivemos e África.
Aproveito para lembrar que as modificações sociais são feitas por estudo da situação, legislação aconselhada e sua implementação.
As revoltas/revoluções surgem são feitas, como é possível, dentro das complexas regras da dialéctica. Não há revoluções ou grande modificações sociais feitas por decreto e a História não se rebobina, estuda-se e aceita-se.
Volto a recordar que, para mim, a Guiné terminou no dia da independência ela própria concedida/obtida como foi possível.
Um Ab.
António J. P. Costa

Sobre a autodeterminação das colónias já aqui deixei o meu ponto de vista, que o governo de Salazar deveria, não só ter tomado diferentes decisões relativas ao potencial dos estudantes ultramarinos; como após a decisão de defender os territórios e as gentes, devis ter proposto contactos com os movimentos sob a égide da ONU e, se viesse a ser o caso, a recorrer aos 30 anos previstos no artº 73º. da Carta, nas condições ali previstas, tendo em vista que é legitíma a aspiração à independência, quando haja dirigentes aptos a conduzir os povos, no caso específico em regime multi-racial. E no final logo se veria quais os destinos que os povos escolheriam, ao contrário do que defendes na tua argumentação justificativa para a entrega a boçais dos destinos das novas nações.
O que mais me toca nos teus argumentos, é o sentido de demissão perante a imaginada invasão vitoriosa do PAIGC. Não posso compreender como se concretizaria tal situação, tendo em conta a desproporção dos efectivos, a especulação sobre carros de combate imbatíveis (eram 4?); e dos Migues que ainda não havia e, provavelmente, os estados vizinhos não permitiriam.
Não me tomem por mentecapto, dependente de terceiros e sujeito a análises de coacção psicológica para aceitação dos fins quase esperados que evidenciaram resultados terríveis e ruinosos. Nem consigo nimaginar-me num desses cenários catastróficos

Unknown disse...

Bom dia Camarada JD,
Cordiais saudações.
Muito obrigado por seu comentário.
Forte abraço.
VP

António J. P. Costa disse...

Cá estou outra vez
O problema da autodeterminação/independência das colónias está dissecado. O que o governo de Salazar deveria feito todos sabemos. Mas o que a mim de desespera foi o que governo do Marcelo não fez a seguir. Os estudantes ultramarinos acabariam e acabaram como todos os outros dirigentes africanos. Defender os territórios e as gentes, de quem ou de quê? Quantas vezes foram propostos e recusados os tais contactos com os movimentos sob a égide da ONU? A barreira dos 30 anos previstos no artº 73º. da Carta rapidamente deixou de ter valor e as independências surgiram como cogumelos. Dirigentes aptos a conduzir os povos? Hé pá! Isso é que é mais complicado! E ainda por cima em regime multi-racial. Dirigentes há os que há e que os povos permitem que se afirmem. Mais nada. E é com estes que "isto" funciona.
E no final logo se veria quais os destinos que os povos escolheriam, ao contrário do que defendes na tua argumentação justificativa para a entrega a boçais dos destinos das novas nações. Estas três linhas contêm uma piada finíssima. Oh Camarada, mas alguém aceitava esta solução? Nenhum dos grupos envolvidos.
Não há sentido de demissão nenhum, perante a imaginada invasão vitoriosa do PAIGC. É fácil compreender como se concretizaria tal situação como sucedeu, por duas vezes no Viet-Nam, mesmo tendo em conta a desproporção dos efectivos. É claro que os efectivos são importantes. Para os calcular, já sabemos o que fazer: ou contar botas e dividir por dois ou capacetes e dividir por um (solução mais fácil). Mas há muitas outras condicionantes, uma das quais era a situação política e social na Metrópole.
Ainda com o TC Almeida e Brito vivo falámos sobre os tais MIG, que não havia. Ele era mais pessimista que eu, pois esperava um ataque com MIG-17. Eu pensava que um avião da guerra da Coreia, recolhido num depósito de excedentes da mãe-Rússia com duas bombas debaixo do braço e pilotado por um militar defensor do internacionalismo proletário seria capaz de nos criar uma situação delicada. Uma solução verdadeiramente africana.
Não quero tomar-te por mentecapto, dependente de terceiros e sujeito a análises de coacção psicológica para aceitação dos fins quase esperados que evidenciaram resultados terríveis e ruinosos.
Se não consigues imaginar-me num desses cenários catastróficos, faz um esforço e olha que não é difícil a quem "lá esteve.
Um Ab.
António Costa

Antº Rosinha disse...

"Pergunto como é que os residentes em Angola que tinham 20 anos em 1961 pensavam em 1971 que tudo iria acabar?"

Eu na primeira pessoa, 22 anos em Março de 1961, residente (colon) pensava que se tivesse dinheiro para as passagens, e não o gastasse na má vida, vinha embora.

Mas mesmo que tivesse, o Salazar tirou qualquer valor ao ANGOLAR, e muita gente ficou 13 anos...a ver o que dava.

Mas em 1971, os angolanos brancos nados e criados, mestiços e milhares de sobas, "gritavam-me" aos ouvidos a mim, e a centenas de colegas de barraca às costas pelo interior de Angola, para não os abandonar-mos nas mãos de quem lá vinha.

A mim, mas também a governadores gerais e de distrito, como Soares Carneiro, Rebocho Vaz, Pinheiro da Silva em Angola, Baltazar Rebelo de Souza em Moçambique, e Spínola na Guiné por exemplo sem falar numa recepção a Marcelo Caetano em Luanda 1970 (?)que esta deixou toda a gente (colon)surpreendida da dimensão e da espontaneidade.

Camaradas, sem Kapa, os angolanos e os comandos que estiveram ao nosso lado não podem ser tratados como burros, eles sabiam muito bem qual era a luta em África.

Hoje li uma entrevista na revista do Expresso da nossa Ministra da Justiça, talvez ajude a quem leia compreender um pouco do que pretendo explicar.

Para terminar, fala-se às vezes na ONU, mas de boas intenções está o inferno cheio.

O Salazar não era de tretas!

Cumprimentos





António J. P. Costa disse...

Pois é Camarada

Eu na primeira pessoa, 22 anos em Março de 1961, residente (colon) pensava que se tivesse dinheiro para as passagens, e não o gastasse na má vida, vinha embora.

Afinal havia bruxas.

Nestas coisas da vida de todos os dias e em situação de crise, convém não facilitar e ir preparando a pista de alternativa. Ficar 13 anos...a ver o que dava é tempo de mais.

Com angolares em baixa ou em alta...

Mas em 1971, os angolanos brancos nados e criados, mestiços e milhares de sobas, "gritavam-me" aos ouvidos a mim, e a centenas de colegas de barraca às costas pelo interior de Angola, para não os abandonarmos nas mãos de quem lá vinha.

Afinal vinha lá alguém.

E vislumbrava-se uma solução para a situação? Qual? Era só combater? Era negociar? Se sim, que resultados se esperavam?
Se outros exemplos não houvesse, atenção ao sucedido nas Rodésias (Norte e Sul) que e iam tornando "independentes". Ou mesmo, mais modernamente na África do Sul. Quando a memória do Modiba desaparecer e não falta muito - os povos de África têm memória curta - a RAS será mais um país com os problemas do costume.

Mas isto já são contas de outro rosário.

Um Ab.
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

"Ficar 13 anos...a ver o que dava é tempo de mais".

Camarada A.J.P. Costa, tempo de mais, não para mim, que foram tempos de uma vida fabulosa, senti-me um privilegiado pelo que trabalhei e desfrutei e pelo que me foi dado presenciar em Angola, em paz e imensa harmonia.

Evidentemente que com tantos militares que sofreram a bom sofrer, também conheci militares que ficaram com muita pena, que o 25 de Abril chegasse "tão cedo".

Mas aqui entramos num campo demasiado melindroso cuja história só deve ser feita passados mais alguns anos.

Ai se este blogue da Guiné, tivesse um equivalente sobre Angola!

Mas camaradas, também tenho imenso orgulho em ter sido retornado, que para mim foi outro grande privilégio.

Eu sou daqueles que digo orgulhosamente que tivemos o talento e a coragem de fazer com sacrifício nestes treze anos em África, tudo o que tínhamos a fazer, e o que estava ao nosso alcance e a mais não éramos obrigados.

Tudo o que de negativo havia e há na África "independente", que seja atribuído à Europa e à ONU.

Pois tudo tem tendências a transformar-se pior do que está, e está a sobrar também para a Europa.

Cumprimentos




António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Nunca estive em Angola. Por isso a minha apreciação se centra na Guiné, em especial e no conjunto do processo guerra/desolonização, em geral.
Já disse num texto antigo neste blog que, no início da "guerra" éramos bombeiros que chegavam demasiado tarde a incêndio que tinha todas as condições para arder. Ouvi dizer que a vida em Angola e talvez em Moçambique corria bem. Para uns que não para outros, sendo certo que as revoltas/revoluções não se improvisam e só surgem quando há motivos e condições para tal.
Tenho dúvidas que tudo corresse no melhor dos mundos. Talvez em função das classes sociais ou pertença a grupos sócio-económicos diferenciados, mas sei que aqui - no mesmo país - não eram tempos de uma vida fabulosa, em paz e imensa harmonia.
Tenho duvidas de que os que passaram da Metrópole à Guiné se tenham alguma vez sentido uns privilegiados pelo que trabalharam e desfrutaram.
Parece-me pobre o argumento de que com tantos militares que sofreram a bom sofrer, outros houve que ficaram com muita pena, que o 25 de Abril chegasse "tão cedo". As mobilizações dos profissionais sucediam-se numa certa lotaria de colocações que poderia correr bem ou mal.
Considero abusivo que as coisas sejam postas desta forma tão redutora, tendo em conta que foram mobilizados - para as diversas colocações e "províncias ultramarinas" - cerca de 900 mil homens.
A história, passados 40 anos, está feita e só resta compreendê-la e aceitá-la com coragem e sem ideias pré-concebidas.

Creio camarada que és um homem ideal para iniciares um blogue sobre Angola.

E tal como eu tenho dúvidas em relação a Angola terás de aceitar que tens algo a aprender a aceitar com esta malta de guinéus à força.

Tenho dificuldade em entender o teu imenso orgulho em teres sido retornado, que para ti foi outro grande privilégio.
Não acho que haja motivos para dizer orgulhosamente que tivemos o talento e a coragem de fazer com sacrifício nestes treze anos em África, tudo o que tínhamos a fazer, e o que estava ao nosso alcance e a mais não éramos obrigados. Antes pelo contrário.
E é por isso que tendo chegado atrasado ao incêndio, entendo que trabalhei para o boneco e gozaram comigo em 38 meses da minha vida e da maneira mais imbecil.

Quanto ao sucedido depois da independência direi que, se forem felizes, óptimo; se não forem, o problema é deles, porque "eu já tenho muita sarna para me coçar".
Cada povo que faça por resolver os seus problemas e quem não tem competência não se estabelece.

Um Ab.
António J. P. Costa

JD disse...

Caro António José,
Estão a ser inconciliáveis os nossos pontos de vista sobre o fim da Guerra de África.
Antes do mais, porém, quero referir que um comentário do dia 4/Junh, pelas 12H25 foi da minha autoria, e ficou a dever-se ao facto de o computador ter empancaco, preguei algumas dedadas, e acabou publicado sem a sigla identificativa. Peço desculpa.
Lembro agora, que este teu post 16164 resulta da promoção de comentários teus ao post do António Martins de Matos, no qual se demonstrava porque as NT não eliminavam o IN, e, talvez involuntariamente, até lhe davam alento. Esses comentários pareciam ir na mesma linha de que a guerra não estava perdida, e era inadmissível aceitar essa tese.
Sobre a passagem do poder nos territórios ultramarinos, já referiste que não havia como não o fazer senão aos movimentos, dada a fraqueza de forças civis organizadas. Noto alguma fragilidade no argumento, só compreensível pelo envolvimento de capitães promotores do golpe em conformidade com a rebeldia dos que aderiam às teorias do comunismo internacional, sem cuidarem de avaliar competências e os resultados prévios, pelo menos tão amargos quanto os da iniciativa imperialista. Mas essa razão não foi considerada para comunidades pacíficas como Timor, S. Tomé e Cabo Verde, onde as populações deram provas de portuguesismo e de terem vontade de permanecer sob a bandeira das quinas (Timos e C. Verde), onde o MFA se armou em vendedor de soluções. Tenho para mim que a guerra durou tempo demais, e que as transformações sociais por que passava a metrópole (em termos de desenvolvimento sócio-económico e de aumento da satisfação dos prazeres pelos novos costumes) fizeram acelerar a ansiedade dos capitães para viverem a vida. Mas não tiveram em conta, porque eram imberbes e não sistematizaram a conjuntura, que a metrópole sem África, e esta sem aquela, ainda não estavam preparadas para atingirem vidas autónomas. Desde então vivemos sem saber com que merecimento para quanto usufruímos. O cansaço da guerra terá obliterado a visão conjuntural, e impeliu à entrega dos poderes aos dirigentes boçais, os tais que "há os que há e os povos permitem", apesar da permissão ter sido imposição nos casos em apreço, tudo bem condimentado com os criadores de factos políticos, estribados em consultorias dos blocos da guerra-fria. De facto, nenhum dos grupos envolvidos aceitava soluções democráticas, e o MFA também não foi animado pelo espírito democrático, do que resultou a rebaldaria abrlista.
(continua)

JD disse...

(continuação)
Referes ainda, que não havia sentido de demissão, ao contrário do argumento antecedente. Se isso fosse verdade, não se compreende como os capitães se demitiam de acompanhar as tropas, mesmo que raramente para lhes dar estímulo e verificarem as competências, nas missões de guerra: patrulhamentos e operações, realidades que aqui têm sido divulgadas, e que na minha Companhia foram absolutas, pois tive dois capitães do QP, caguinchas, e o último dado aos negócios de gasolina e outros géneros. Também já aqui contei como um dia fui acordado para receber um brigadeiro na falta dos profissionais que fugiram a esconder-se (em 1971). Rematas com a observação de que "é fácil compreender como se concretizaria a situação - o final da guerra - como sucedeu no Viet-Nam". Ora, ao contrário, a minha perspectiva é diferente, e acho que em vez da entrega pura e simples daqueles territórios (gula dos blocos da guerra-fria) com total desprezo pelas populações e instituições, no que constitui ainda uma afronta vergonhosa e criminosa, os capitães deviam antes elaborar um plano reivindicativo para a condução da guerra no sentido de permitir a evolução social e económica das populações, o único garante da maturidade das nações que visam a auto-determinação. Parece até, que a equivalência do curso da Academia Militar (desconheço as matérias ali ministradas) a ensino superior desprezava estas minudências do ponto de vista do MFA.
Estou de acordo que a queda de um avião carregado de bombas pilotado por um fanático das ideias emancipalistas, causaria alguns estragos, seria objecto de noticiário em tudo que seja sítio, mas não provocaria a derrota das NT. Continuo a afirmar, eu que participei em combates e fui considerado "exemplo a seguir", que nunca tive pesadelos de morte, muito menos de me atirarem ao rio, ou obrigarem-me a fugir pelo oceano, e ainda acho que isso só ocorre aos que estão tolhidos de medo. Neste perspectiva, lamento, mas foram os militares profissionais que se manifestaram, já que a generalidade dos milicianos revelava generosas disposições para aguentarem as inúmeras dificuldades a que eram sujeitos. Na generalidade, permite-me concluir, comparar na quadricula a vida de um capitão à de um soldado, é o mesmo que comparar o olho do cú com a feira de Beja.
Sou propenso a concordar que a situação política e militar na metrópole era condicionante do desenvolvimento da guerra em Africa, mas por desconhecer os teus parâmetros para tal conclusão, não posso manifestar a minha opinião.
«Se é verdade que a Guerra Colonial demorou alguns anos a tornar-se tema ficcional, já hoje há obras bastantes, particularmente testemunhos pessoais mais ou menos ficcionados, que permitem uma visão global sobre a vida no teatro de operações. O mesmo não pode dizer-se quanto a estudos académicos sobre o interior da instituição que fez a guerra, as Forças Armadas», da contra-capa da tese de Manuel Rebocho, "Elites Militares e a Guerra de África", Roma Editora, 2009.
Um abraço
JD

António J. P. Costa disse...

Caro JD

Estão a ser inconciliáveis os nossos pontos de vista sobre o fim da Guerra de África.
Por isso fico-me por aqui.
No entanto, quero recordar que a visão deste blog assenta nas opiniões de um grupo de combatentes da Guiné, na sua maioria não profissionais e de várias graduações e postos.
Assim sendo proponho que cries um blog sobre Angola "JD e Camaradas" onde as situações tácticas, a estratégia, a conduta da guerra de parte a parte, as actuações dos governantes locais e nacionais, o comporatamento dos diferentes grupos populacionais, enfim tudo o que, como vimos, dominas com mestria, sejam analisados.
Era interessante e eu prometo frequentar!
A nossa conversa resultou de uma apreciação da situação táctica que é difícil de fazer por alguém que não andou por "uma Guiné Melhor". Por isso...
Além disso, os factos e fenómenos sociais inserem-se num contexto que, às vezes, só compreendemos "a posteriori" e, mesmo assim, é necessário abordá-los com abertura e sem preconceitos nem "ideias consolidadas", certos de que podem surgir factos que nos levem a pensar como sempre pensámos, mas ao contrário...
Como já recordei e é bem sabido as revoltas e revoluções surgem, quando há condições para tal e desmentem sempre os manuais. Cada caso é um caso, o que, desde logo, inviabilizava a possibilidade de um fenómeno idêntico em Cabo Verde ou S. Tomé. Aproveito, contudo, para recordar a Revolta de Batepá - um conflito laboral idêntico ao de Pidjiguiti, que deu origem ao PAIGC - que ocorreu em S. Tomé, mais ou menos pela mesma altura e se saldou por uma repressão ferocíssima por parte das forças policiais e população terratenente, o que vem provar que nem tudo corria no melhor dos mundos.
No que respeita a Cabo Verde têm vindo a lume notícias de grandes desastres sociais, que era impossível combater pelas armas e que se iam resolvendo por si, sem ajuda ou apoio das autoridades de Lisboa. Mas uma coisa era certa: os cabo-verdeanos até cantavam (e cantam bem), mas isso não quer dizer que vivessem felizes...
Que remédio tinham uns e outros senão continuarem a viver em paz à sombra da bandeira verde-rubra? Mesmo que isso não fosse uma boa solução.

Um Ab.
António J. P. Costa

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Volto à antena apenas para chamar a vossa atenção para a diferença (para menos) entre o dispositivo do BArt 1896 e BCaç 2834 (1968) e o do COp 5 (1973).
As opções tácticas de qualquer comando têm como base conceitos e ideias e visam objectivos definidos, mas comportam sempre riscos aos quais há que estar atento. O inimigo tem os seus métodos e está pronto para explorar (magistralmente, sempre) as nossas vulnerabilidades.

Um Ab. e Bom Domingo
António J. P. Costa

JD disse...

Caro António José,
Agradeço a sugestão oara criação de um blogue sobre Angola, mas onde prestei o serviço militar foi no chão Fula, para leste de um meridiano que unisse Pirada à ilha de Séli no Corubal, pois fiz intervenção em Piche até a Companhia entrar em quadricula na pujante localidade de Buruntuma. Lá, fui muito feliz.
Nestes meus comentários, quando convoco situações relativas as outras colónias/provincias ultramarinas, quero apenas referir que Portugal estava organizado numa reunião de diferentes contextos, alguns deles complementares entre si, nomeadamente dos pontos de vista económico e financeiro. Os contextos, em geral, fazem a diferença, mas no caso português daquela época eram complementares, como comprovam grandes projectos e investimentos de que destaco o de Sines.
Para além de Angola ainda conheci uma boa parte de Moçambique, mas depois da independência, o que só deu para lastimar face à apresentação encardida e abandonada das regiões, visão comum aos restantes territórios entretanto independentes, onde não chega o rendimento para os bens essenciais, quanto mais para aquisição de tintas e outras "mordomias" como a manutenção de vias de comunicação ou equipamentos hospitalares.
Quero acentuar, que na Guiné, como em Angola, do ponto de vista do meu periscópio vivia-se uma harmonia social, apesar de entre si aquelas colónias serem incomparáveis ao nível de recursos e de actividades económicas. No entanto, penso que estavam no bom caminho para robustecerem as novas gerações com vista às auto-determinações respectivas.
Ainda hoje existe o preconceito de criticar o 25 de Abril, acontecimento que propiciou o desmoronamento da organização - qualquer que fosse o nível dela, não só na metrópole como no ultramar. Mas eu vi antes e depois, pelo que afianço pelas diferenças. Nunca fui nem sou "reaça", mas ao nível da consciência que aceita desafios ao pensamento sobre a análise de tantos e tão variados factos, procuro o entendimento das razões que me estruturam o pensamento, ao invés de ficar comodamente à espera de notícias que me formatem as ideias. E, como sabes, a complexidade das coisas não permite a aceitação de justificações simples.
Com um abraço
JD

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Folgo que tenhas conseguido ser feliz na Guiné. Eu (e estou muito acompanhado nesta matéria), nem por isso.
E aqueles a quem se refere o post 16171, devem ter tido cá umas alegrias... e ainda por cima tratado oficialmente como vimos descrito.
Não vejo o que tem o porto de Sines a ver com a situação da Guiné, mas se assim falas, tu lá sabes.
Quanto à "complementaridade" também não consigo ver onde se articule com a matéria em apreço, mas aceito.
Volto a repetir que as independências geraram países novos, cujo destino só me interessa, como o de qualquer outro no mundo. Ou seja se vivem bem, porreiro, pá! (como dizia o outro) se vivem mal, azar técnico. Não sou culpado de nada e até aceito, sem preocupaduras nem justificadelas, que perdi a "guerra".
Devo ter as lentes do meu periscópio embaciadas, pois não me recordo de que, na Guiné, se vivesse uma harmonia social. Se assim fosse, que é que estávamos ali a fazer e em tão grande número?
Se se estava no bom caminho para robustecerem as novas gerações, com vista às auto-determinações, que é que estávamos lá a fazer a matar e a sermos mortos? O objectivo, se calhar não devia ser esse. E a auto-determinação só naquela altura porquê? Nunca vi que a ideia fosse essa. O lema de um dos batalhões a que pertenci era: "Na Guerra preparando a Paz". Quer dizer: primeiro andamos à chapada e depois temos um gozo enorme fazer as pazes. E depois é que vai ser bom e vamos todos ser felizes para sempre, como nos contas de fadas.
Não critiquei o 25 de Abril, (acontecimento que propiciou o desmoronamento da organização - qualquer que fosse o nível dela, não só na metrópole como no ultramar) nem vejo porque o havia de fazer.
Fico feliz porque ao nível da consciência aceites desafios ao pensamento sobre a análise de tantos e tão variados factos e procures o entendimento das razões que te estruturam o pensamento, ao invés de ficar comodamente à espera de notícias que te formatem as ideias.
É sinal de inteligência e abertura. Parabéns!
Claro que a complexidade das coisas não permite a aceitação de justificações simples, mas a recusa de nos pormos em causa na nossa maneira de pensar é má conselheira.

Um Ab.
António J. P. Costa

JD disse...

Caro António José,
Não fico indiferente à desgraça alheia, portanto, não devemos confundir os contextos.
A referência a Sines tema ver com a inter-dependência que havia na economia portuguesa
entre a metrópole e as colónias. Esse investimento foi já no âmbito da "zona do escudo", e depois de Abril a metrópole ficou amputada daqueles mercados,tanto de importação, mas principalmente de exportação.
Já agora adianto um entendimento ainda não provado, de que Portugal apenas subsiste por situar-se na Europa,onde são temidos os perigos de contágio. No entanto, teremos que pagar tudo.
Sobre os bons e nos maus conselheiros, é relativo, depende do nível de satisfação de cada um.
Finalmente, acho que este exercício de ténis pode considerar-se empatado, já que defendemos ciosamente os pontos alcançados ou desperdiçados.
Um abraço
JD

António J. P. Costa disse...

Caro Camarada

Expus o que sei e, infelizmente, sei do que falo.
Ao expor as minhas ideias e posições não pretendo vitórias, nem conversões.
Volto a repetir que, para mim, o assunto ficou encerrado com as independências.
Falo no blog de um período bem definido da minha vida e acerca de um fenómeno sociológico que acompanhei, por ser profissional e estar à esquina errada da História, num momento errado.

Um Ab.
António J. P. Costa