1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Janeiro de 2017:
Queridos amigos,
É uma oportunidade ímpar visitar a Guiné do princípio do século XX, as grandes transformações virão a partir de Sarmento Rodrigues. Repare-se as preocupações francesas, a sua presença na Guiné Portuguesa é enorme, tanto a partir do Senegal como da sua colónia da Guiné, vinham buscar matérias-primas, e eram grandes fornecedores, a par de alemães e até belgas.
Os historiadores elogiam esta prodigiosa e única coleção que João Loureiro fez em tempo recorde, assegurando um património cultural incontornável, fê-lo com enorme discrição, sem prebendas nem condecorações.
Um abraço do
Mário
Uma espantosíssima coleção de 10 mil postais ilustrados
Beja Santos
O Dr. João Loureiro goza de uma situação particularíssima no nosso país: dispõe, por iniciativa própria, do maior acervo de bilhetes-postais das antigas províncias ultramarinas. Em 2015, numa edição do Arquivo Histórico de Macau, ficou-se com uma ideia do valor histórico desta coleção iconográfica de postais fotográficos. O autor explica as suas motivações na introdução deste precioso álbum: “Se excluir algumas dezenas de postais ilustrados que adquiri em diversas viagens aos antigos territórios ultramarinos, e sobretudo nas minhas colocações profissionais em Malange e no Uíge nos primórdios dos anos 70 do século XX, posso considerar como ponto de partida de uma recolha sistemática o Verão de 1992, imediatamente após o regresso de uma visita a Macau. Apercebi-me – e rapidamente o confirmei com pessoas altamente credenciadas nestas matérias – que eram muito escassas as fontes iconográficas sobre os territórios de África e do Oriente marcados pelo presença humana e cultural portuguesa, designadamente em bibliotecas, arquivo históricos e instituições similares”. Pesquisou e apurou que as coleções de bilhetes-postais das antigas províncias africanas eram modestíssimas tanto no Arquivo Histórico Ultramarino como na Biblioteca Nacional de Lisboa. Mais adiante recorda-nos que o período de lançamento e expansão do bilhete-postal ilustrado – finais do século XIX a primeiros três ou quatro decénios do século XX – coincide precisamente com a fase da ocupação e colonização efetiva de África e de uma maior atenção e interesse dedicados pelos governos da monarquia liberal e das duas primeiras repúblicas às causas ultramarinas.
Distintas personalidades do mundo científico aplaudem o acervo organizado pelo Dr. João Loureiro. Francisco Bettencourt, do King’s College de Londres e então diretor do Centro Cultural da Fundação Gulbenkian em Paris, considera que se trata de “… uma coleção única cuja consulta João Loureiro tem tido a generosidade de facultar aos investigadores. Na nossa opinião é impossível trabalhar sobre as antigas colónias portuguesas dos séculos XIX e XX sem utilizar este acervo de imagens”. René Pélissier, um dos maiores especialistas sobre a história da África de expressão portuguesa, declarou esta coleção como “monumento único”. António Barreto escreveu: “… ao tornar pública e acessível a sua coleção, João Loureiro presta um serviço ao seu país e aos novos Estados africanos, assim como contribui para o conhecimento da sua história”.
Esta edição contempla pois uma síntese da sua preciosa coleção. Falando agora da Guiné, João Loureiro diz que os mais antigos postais fotográficos foram publicados por casas francesas em 1903, 1912 e 1915. Até os numerosos clichés da União Postal Universal, que se reportam a 1908, ano em que ainda decorriam as chamadas campanhas de pacificação, revelam nos indicativos impressos aquela proveniência. Um outro editor francês, cerca de 1920, emite uma notável série de 90 postais numerados que permite revisitar os primórdios de Bissau, Bolama, Farim e Bafatá, e ainda reter interessantes imagens da vida rural, das festividades religiosas e do folclore tradicional. A situação irá mudar substancialmente com as coleções organizadas para as Exposições Coloniais, ou no âmbito das celebrações do V Centenário da Descoberta da Guiné, vão aparecendo diversos editores locais com destaque para Foto Serra, Casa Mendes, Confeitaria Império, Galerias JM e a Foto Íris, todas sediadas em Bissau. Para além destas firmas comerciais, surgem nos inícios dos anos 60 edições da responsabilidade de entidades oficiais – a Agência-Geral do Ultramar e o Centro de Informação e Turismo da Guiné. Na sua recolha, João Loureiro faz uma síntese dos editores e o respetivo inventário, trabalho de extraordinária importância. Vejamos agora alguns desses bilhetes-postais que se constituem documentos históricos:
O Dr. João Loureiro teve a gentileza, em 2009, de me oferecer um álbum esgotadíssimo sobre postais da Guiné, insisto que merecia reedição, tenho o palpite que se esgotaria rapidamente. Foi publicado no blogue a respetiva recensão e que consta do poste seguinte: https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/12/guine-6374-p5390-postais-ilustrados-15.html
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Nota do editor
Último poste da série de 9 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10916: Postais ilustrados (19): O menino que fumava cigarros White Horse (Beja Santos)
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