Horas pacíficas
Miríficas ramagens caem pendentes
Das varandas solitárias.
Brotam das fontes os caudais inesgotáveis
Que saciam das gentes a sede insuportável.
É na hora ascéptica que ela ataca traiçoeira.
Ai de quem não a tem no seu bornal.
De nada valem os montões opíparos da riqueza
Se nos falta aquele milagre puro da natureza.
Luzem nos céus os raios da fertilidade.
Geram o calor indispensável à manutenção da vida.
Quem dera ao mundo que nunca acabe
Esta bênção de paz e fraternidade.
Berlim, 29 de Janeiro de 2017
11h24m
JLMG
************
Me embalo no sonho…
Me embalo no sonho de, um dia,
Encontrar o tema
E escrever aquele poema de oiro e madrepérolas
Que de amor embriague o mundo.
Para sempre, desapareça o infortúnio
E reine a paz na Terra.
Que a fraternidade seja o lema
E a bandeira seja a alegria de estar vivo.
Não mais caos,
Não mais guerra.
Que o chão se cubra de justiça.
Nunca mais a opressão dos fracos.
Para sempre seque o caudal infame
Da ignominiosa exploração.
E cada homem seja o rei de si
Em plena liberdade…
Ouvindo “concerto nº 1 para piano e orquestra” com Khatia Buniatishvili
Berlim, 26 de Janeiro de 2017
10h00m
Jlmg
************
Pedras adormecidas…
Mesmo tórridas ou enregeladas,
Ali jazem presas, encravadas,
Sobre o chão.
São tapete.
São toalha.
Fazem de veias.
São o caminho
Que encurta o espaço
E aperta o tempo
Entre as aldeias.
Vem a noite
E nasce o dia.
Ora acima,
Ora abaixo.
Passa o pobre
E passa o cura.
A todos serve,
Ninguém repara.
Brilha ao sol
E escorre à chuva.
Com valeta
Ou sem valeta.
A guerra à lama.
Ali dormem.
Sono eterno.
Rica mesa
E boa cama.
Berlim, 24 de Janeiro de 2017
17h37m
Jlmg
____________
Nota do editor
Último poste da série de 22 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16978: Blogpoesia (490): "A suavidade..."; "À minha frente..." e "Saída do nada...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
Sem comentários:
Enviar um comentário