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Último poste da série de 24 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17279: (D)o outro lado do combate (Jorge Araújo) (7): a última carta de Amílcar Cabral, enviada em 19/1/1973, a Pedro Pires, com diretivas para o reforço da luta na região de Quitafine
4 comentários:
Quando Amílcar Cabral pede 100 toneladas de arroz par o seu pessoal instalado na Guiné-Conacri, incluindo os combatentes junto à fronteira, mesmo que o arroz seja "pago pelo Partido" (, o mesmo é dizer, pelos amigos suecos...), isso coloca-o numa posição de subalternidade e dependência em relação ao Sékou Touré... O papel e a personalidade deste homem ainda estão em grande parte por esclarecer. O brilho intelectual e o prestígio do Amílcar Cabral, dentro e fora de África, deviam-no ofuscar...Amílcar Cabral era de outro planeta...
O maior erro de Amílcar terá sido, a meu ver, nunca ter percebido a "pedrinha do sapato" do PAIGC que era a liderança dos cabo-verdianos que estavam a anos-luz dos guineenses... Veja-se como os guineenes aplaudem o miserável golpe de Estado de 'Nino' Vieira contra Luís Cabral..., ditando o fim do mito da unidade Guiné-Cabo Verde... 'Nino' que eu conheci em 2008 não era uma "estadista", não era um "líder", era apenas um "senhor da guerra", como milhares de "cabos de guerra" que emergiram no caos do pós-colonialismo...
Amílcar e a maioria dos fundadores do PAIGC, MPLA e FRELIMO, foram aqueles portugueses que tomaram uma atitude semelhante àquela de D. Pedro e José Bonifácio e outros brasileiros uns "anitos" antes do outro lado do Atlântico.
E aguentaram indivisíveis, aquelas fronteiras.
Era para tudo desaparecer, ou se esfrangalhar, ninguém no mundo acreditava que aquelas "coisas" fossem mais que uns quaisquer mapas-côr-de-rosa.
Foram eles que evitaram que aquilo tudo desaparecesse.
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Em 1974 e em 1822 não existia nenhum Salazar para produzir outros estudantes do Império além desses que existiam.
Foi tudo muito mau, mas a Europa foi a principal culpada, agora está ela própria a ficar cheia de "sanzalas" por todos os lados.
Antes de atingir o "tirocínio" de seis meses operacionais, num ano de intervenção às ordens do Comando-chefe, por todo o Norte e Sul da Guiné, eu e muitos quadros do nosso batalhão "não profissionais" e mais desinibidos deduzíamos que aquela guerra, tal como era conduzida, não era para terminar rapidamente.
Considerando apenas a guerra pura, este documento constitui uma mostra de quão "imperfeita" foi a condução da guerra que penamos pela Guiné - quanto à sua duração e quanto ao seu desfecho, no curto e médio prazo, para o povo bissau-guineense.
A proposta da parceria táctico-estratégica de Amílcar Cabral a Sekou Touré, que o José Araújo esclarece no mapa com uma faixa verde, vem corroborar esse juízo, nesse ano de 1965, nove anos antes do seu desfecho. Além de a confessar, AC pretende colmatar a sua fragilidade, com a impermeabilização militar da fronteira que, mais que a motivação dessa guerra, terá constituído a mais flagrante e continuada fragilidade da liderança portuguesa...
Abr.
Manuel Luís Lomba
Se como hoje... tivessem prendido o Comandante Manecas dos Santos, antes de 74, quando ele envia os misseis para os Fiats, certamente a guerra certamente durava mais uns anos ...
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