sábado, 11 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17960: O poemário de Mário Vitorino Gaspar: Ler poesia faz bem ao cérebro e a minha proposta de leitura para hoje é... (2): "O Morteiro", paródia do poema "Lágrima", de Guerra Junqueiro (1888), da autor desconhecido, possivelmente alferes do CEP, que esteva na Flandres em 1917


"O Morteiro" é uma paródia ao poema  'A Lágrima', de Guerra Junqueiro, incluído no 'Relatório de combate de 9 a 12 de Abril de 1918 - Lembranças', caderno manuscrito por Raul Pereira de Araújo, alferes de artilharia, transmontano,  sobrevivente da Batalha de La Lys. 

O autor do poema é desconhecido, mas foi seguramente escrito por um alferes.

Como escreveu Guilhermina Mota, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbram (2006, p. 92): " Muitos dos poemas de guerra são de autores desconhecidos (...). É provavelmente o caso de "O morteiro". Não restará dúvida, porém, pelo que se depreende da leitura, que foi escrito por um alferes. Pelo que, se os versos não pertencem ao nosso relator [,o alferes de artilharia Raul Pereira d'Araújo], com eles devia sentir forte identificação. Neles, não é a qualidade literária que mais importa, mas sim a manifestação do sentir. Através de uma critica verrinosa, o autor deixa entrever uma grande desilusão com as patentes superiores, insinuando a sua inépcia, a sua tibieza, o seu diletantismo, destacando no "velho solar antigo" a sua origem de classe."

Raul Pereira de Araújo [, foto à esquerda, acima, reproduzido da Ilustração Portugueza. II série, n.° 596 (23 de Julho de 1917), p. 651, cit por Guilhermina Mota, 2006]:

(i) nasceu em Trás-os-Montes, na vila de Mesão Frio, em 15 de Janeiro de 1892;

(ii) ali fez a instrução primári,  rumando depois à cidade do Porto,  onde completaria,  no Liceu Rodrigues de Freitas o "Curso Complementar de Sciencias,com inglez", em 1912;

(iii) assentou praça em 15 de Janeiro de 1913, tendo feito a recruta no Regimento de Infantaria 23, em Coimbra, em cuja Universidade se encontrava a estudar;

(iv) concorreu à Escola de Guerra, no ano lectivo de 1914-1915, tendo terminado o curso em 1916;

(v) foi depois promovido a aspirante a oficial, e colocado no Regimento de Artilharia 7, em Viseu, tendo passado antes pela Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas, a fazer o curso de tiro.

(vi) promovido a alferes de artilharia, em 28 de maio de 1917, parte no mês seguinte parte para França para integrar o Corpo Expedicionário Português, tendo sido colocado na 3ª  Bateria do 2.° Grupo de Baterias de Artilharia.

(vii) viive os meses seguintes nas trincheiras da Flandres e encontrava-se na frente em 9 de abril de 1918, quando se deu a Batalha de La Lys;

(viii) foi um dos sobreviventes da batalha de La Lyz, traumática para o exército português e para o país, ao ponto de ter chegado  a ser descrita na época como o "Novo Alcácer-Quibir"...

Fonte: MOTA, Guilhermina -  Batalha de La Lys: um relato pessoal. "Revista Portuguesa de História" t. XXXVIII (2006) pp.77-107


1."O morteiro", paródia à "Lágrima" de Guerra Junqueiro
(Mota, 2006, pp. 104-107)


Noite de frio intenso, uma trincha escavada,
Lúgubre, sepulcral, agoirenta... e mais nada,
Trincheira onde a morte apanha vis pancadas
Em banquetes de sangue arrancado em ciladas
Na trincha oposta, onde o boche reina e impera
Em rasgos e expansões de forte besta-fera.
Um oficial audaz, olho do batalhão,
Descobriu, dum morteiro grosso, a posição,
Maquinismo feroz que se cumpre o dever,
Ao perto e ao longe tudo faz estremecer.

Eis que passa um general com seu estado-maior,
Tenentes, capitães e creio que um major
E, ao saber que existia ali a posição,
Caiu sobre os joelhos e disse: - Perdão!
Consente-me que passe; sabes que é preciso
Dar exemplo ao soldado, fingir o sorriso,
Para que ele veja em mim virtude, um nobre exemplo
De guerreiro d' outrora. Mas eu te contemplo
Com o maior respeito; nunca te fiz mal.
É certo que por vezes do Quartel-General,
Em notas irritantes cheias de iniquidade,
Ordeno muito tino, muita actividade,
Mas nada mais; já vês portanto que o meu crime
É bem banal e encerra apenas, ele exprime
A pretensão sabuja de mostrar tesura
Que não tenho, confesso. Mas a morte é dura
E eu não quero morrer; por isso tem paciência,
Esparge sobre mim um pouco de clemência
Que a minha cobardia, com respeito e agrado,
Te dirá sempre: mil vezes muito obrigado.

E o morteiro feroz com seu enorme bojo...
Sorriu... tremeu de raiva... e cuspiu com nojo.

Passa depois o chefe de certa brigada,
Muito pressuroso e proa alevantada,
E, ao conhecer a história do grosso morteiro,
Deixou de ser um chefe... para ser sendeiro
Titubeou, vacilou, perturbou-se e caiu.
Depois de um silêncio enorme quando sentiu
Reanimar-se, disse assim: - Morteiro amigo!
Eu tenho, em Portugal, velho solar antigo
Cheio de raridades ao mais alto preço!
Pois bem, deixa-me passar, eis o que te peço,
Dez minutos somente de tréguas na guerra
E prometo-te levar-te para a minha terra.
Para no meu solar servires de ornamento
Em rico salão nobre e cheio de espavento
E, se um dia morrer, hei-de deixar escrito
Que tu foste a mais nobre arma deste conflito,
E assim atestarás depois à eternidade
Como nós espalhamos a...Fraternidade!


E o morteiro feroz com o seu norme bojo
Sorriu... tremeu de raiva... e cuspiu com nojo.



Aproximou-se então um cachapim tonante,
Com ar superior, nojento, revoltante.
Imensas ordenanças quais tristes jumentos,
Carregam com mil mapas e regulamentos
Mas, ao saber ali da triste aparição,
Ficou desnorteado e gaguejou então:
- Com a minha inteligência eu posso num momento
O kaiser derrubar e o próprio firmamento!
Com um papel e um lápis, arte, génio e manha,
Eu faço derruir num ápice a Alemanha!
Olhando bem para mim, assim de frente a frente
Vê-se logo que eu tenho um cérebro potente!
E, para corroborar tudo isto, afinal,
Olhai-me bem e vede as palmas e o braçal.
Pois palmas e braçal tudo isto eu dou, morteiro!
Se prometeres deixar-me o meu corpinho inteiro
E eu dou-te mais ainda planos de extermínio
Para espalhares a dor, a dor e o teu domínio
E se não estás contente ainda, paciência,
Só posso dar-te mais e minha inteligência
E assim poderás tu encher a tua pança
À custa de mil bifes e da própria França.

E o morteiro feroz, com seu enorme bojo
Sorriu... tremeu de raiva... e cuspiu de nojo.


De súbito um alferes, que tudo tinha visto,
Assoma na trincheira como um imprevisto,
Vem nervoso, colérico, d'olhos em brasa,
O seu olhar crepita, fere, mata, abrasa.
E, meditando assim em tanta vilania
Que por ali passava em todo aquele dia,
Estremece, febril; e, como um furacão,
Dirige-se para a linha todo em convulsão
E, quando chega ali, subindo ao parapeito,
Assim fala ao morteiro descobrindo o peito:
- Que pena a minha Pátria, terra de brasões,
Agasalhar em si canalhas e poltrões!
Nunca julguei em terra de heróis e guerreiros
Pudesse haver assim tamanhos embusteiros!
Nunca, jamais, em tempo algum sequer um dia
Pensei de Portugal em tanta covardia,
Nunca julguei que em campo de heróis e façanhas
Pudessem aparecer sabujices tamanhas!
Que nunca ninguém saiba os crimes deste dia,
Que eu não quero viver em tanta porcaria,
Por isso, ó morteiro, te peço bem do fundo,
Dispara um tiro só, leva-me do mundo.

E o morteiro bojudo, o morteiro audaz
Expediu um pesado... e matou o rapaz.

[Revisão e fixação de texto: LG]


2. Poema original, "A Lágrima", de Guerra Junqueiro, datado de 1888 [, texto recuperado aqui]



Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada, 
Sêca, deserta e nua, à beira d'uma estrada. 

Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha, 
Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha. 

Sôbre uma folha hostil duma figueira brava, 
Mendiga que se nutre a pedregulho e lava, 

A aurora desprendeu, compassiva e divina, 
Uma lágrima etérea, enorme e cristalina. 

Lágrima tão ideal, tão límpida, que ao vê-la, 
De perto era um diamante e de longe uma estrêla. 

Passa um rei com o seu cortejo de espavento, 
Elmos, lanças, clarins, trinta pendões ao vento. 

- "No meu diadema, disse o rei, quedando a olhar, 
Há safiras sem conta e brilhantes sem par, 

"Há rubins orientais, sangrentos e doirados, 
Como beijos d'amor, a arder, cristalizados. 

"Há pérolas que são gotas de mágua imensa, 
Que a lua chora e verte, e o mar gela e condensa. 

"Pois, brilhantes, rubins e pérolas de Ofir, 
Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir 

"Nesta c'roa orgulhosa, olímpica, suprema, 
Vendo o Globo a teus pés do alto do teu diadema!" 

E a lágrima deleste, ingénua e luminosa, 
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa. 

Couraçado de ferro, épico e deslumbrante, 
Passa no seu ginete um cavaleiro andante. 

E o cavaleiro diz à lágrima irisada: 
"Vem brilhar, por Jesus, na cruz da minha espada! 

"Far-te hei relampejar, de vitória em vitória, 
Na Terra Santa, à luz da Fé, ao sol da Glória! 

"E à volta há-de guardar-te a minha noiva, ó astro, 
Em seu colo auroreal de rosa e de alabastro. 

"E assim alumiarás com teu vivo esplendor 
Mil combates de heróis e mil sonhos d'amor!" 

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa, 
Ouviu, sorriu, tremeu e quedou silenciosa. 

Montado numa mula escura, de caminho, 
Passa um velho judeu, avarento e mesquinho. 

Mulas de carga atrás levavam-lhe o tesoiro: 
Grandes arcas de cedro, abarrotadas d'oiro. 

E o velhinho andrajoso e magro como um junco, 
O crânio calvo, o olhar febril, o bico adunco, 

Vendo a estrêla, exclamou: "Oh Deus, que maravilha! 
Como ela resplandece, e tremeluz, e brilha! 

"Com meu oiro em montão podiam-se comprar 
Os impérios dos reis e os navios do mar, 

"E por esse diamante esplêndido trocara 
Todo o meu oiro imenso a minha mão avara!" 

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa, 
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa. 

Debaixo da figueira, então, um cardo agreste, 
Já ressequido, disse à lágrima celeste: 

"A terra onde o lilaz e a balsamina medra 
Para mim teve sempre um coração de pedra. 

"Se a queixar-me, ergo ao céu os braços por acaso, 
O céu manda-me em paga o fogo em que me abraso. 

"Nunca junto de mim, ulcerado de espinhos, 
Ouvi trinar, gorgear a música dos ninhos. 

"Nunca junto de mim ranchos de namoradas 
Debandaram, cantando, em noites estreladas... 

"Voa a ave no azul e passa longe o amor, 
Porque ai! Nunca dei sombra e nunca tive flor!... 

"Ó lágrima de Deus, ó astro, ó gota d'água, 
Cai na desolação desta infinita mágoa!" 

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa, 
Tremeu, tremeu, tremeu... e caíu silenciosa!... 

E algum tempo depois o triste cardo exangue, 
Reverdecendo, dava uma flor côr de sangue, 

Dum roxo macerado, e dorido, e desfeito, 
Como as chagas que tem Nosso Senhor no peito... 

E ao cálix virginal da pobre flor vermelha 
Ia buscar, zumbindo, o mel doirado a abelha!...

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

cachapim
ca.cha.pimkɐʃɐˈpĩ
nome masculino
ORNITOLOGIA (Parus major) ave da família dos Parídeos, frequente em Portugal, tem cerca de 15 centímetros de comprimento e apresenta bico curto e cónico, cabeça escura com faces brancas, dorso esverdeado e partes inferiores amarelas com uma faixa central preta, sendo também conhecida por chapim2, chapim-real, mejengra, semeia-o-linho, etc.

Fonte: cachapim in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-11-11 22:20:00]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/cachapim

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Com a devida vénia...[Eliminámos as notas de rodapé]

Excerto de MOTA, Guilhermina - Batalha de La Lys: um relato pessoal. "Revista Portuguesa de História" t. XXXVIII (2006) pp.77-107



A par do palmípede estava o cachapim(...). Olhado com inveja e desprezo pelos
homens que amargavam na frente, era o indivíduo a exercer cargo burocrático
ou equivalente, e que conseguia evitar o risco das frentes de batalha.

"Cavou-se um abismo entre nós e a rectaguarda. [...] Ainda se perdoa um pouco aqueles que vêm de quando em quando, de botas engraxadas e nas horas calmas da manhã [...] Mas os outros, os que não vêm nunca, os que só conhecemos pela assinatura que põem em papéis escritos á maquina, para esses não há na nossa alma de exilados, de sacrificados, desdém que baste". (...)

Na escala dos ódios da "malta das trincheiras", os cachapins vinham em primeiro lugar, seguidos do serviço postal e da censura, dos palmípedes, dos morteiros, da brigada e só no fim vinha o "Fritz, o boche que está ali defronte, a patinhar na lama como nós".(...)

O porte orgulhoso do alferes de "O morteiro", que prefere morrer a testemunhar actos iníquos e cobardes, não fere por demasia. A ideia dos alferes, quais condestáveis, verdadeiros paladinos de coragem, com entranhado sentido de missão, em cujo espírito ecoava a história de seus maiores, é um tópos desta literatura de guerra. Talvez não sem razão. Como oficial subalterno, o alferes estava mais próximo do soldado raso e mais exposto com ele ao perigo e à morte. Não era por acaso que a Linha A, a primeira linha de defesa e onde se davam os combates mais encarniçados, era vulgarmente conhecida, entre as forças portuguesas, como a Linha dos Alferes. (...)

Os oficiais de mais baixa patente comungavam da dureza das trincheiras com as praças, e por isso estas lhes reconheciam uma autoridade que se firmava na partilha quotidiana da luta e não na simples observância da hierarquia tradicional (...). Como diz o poema "Alferes":

"Nesta guerra de rude batalhar,
Ser alfer's, entre nós, é ser Alguém!
No mais alto da escala militar,
São generais da Terra de Ninguém!..." (...)

https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/12750/1/Guilhermina%20Mota%2038.pdf

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Para mim só a estrutura geral do poema foi respeitada.
O poema de Guerra Junqueiro foi escrito noutro contexto e noutro tempo.
Há (vaga) semelhança entre I GM e a guerra colonial.
O sofrimento imposto ao nosso povo na I GM foi inaudito e, curiosamente foi maior em África (Norte de Moçambique e Sul de Angola) onde o número de baixas (descobriu-se recentemente) foi superior ao de França.
Os gases só foram usados na Europa, mas as condições de combate foram miseráveis.
A única semelhança que vejo entre as duas guerras reside no papel dos alferes, próximo dos soldados e partilhando com eles as situações de combate e de privação.
O mais impressionante é o caso dos "guerristas" que rapidamente mudaram de opinião quando se aperceberam da dureza da guerra, o mais importante seria se se tivessem interrogado acerca do que iam fazer a favor e contra quem...
Claro que esta é a pergunta crucial que se faz só depois já não haver remédio...
Os defeitos e as qualidades dos homens brilham mais nas situações difíceis, como é o caso da guerra, e todas elas têm características comuns.
É sempre difícil determinar quem são os QG - que Querem a Guerra - os MG, - os que mandam na guerra é às vezes pouco e os FG cuja sigla é evidente.
Ah! Já me esquecia: A Sorte Protege os Gajos com Ólhinhos, e hei-de me safar desta, com jeito, cunhas, ou outra técnica similar...
Ao que estão no "Front" só resta fazer poemas, mais ou menos contestatários, e esperar que não seja nada...

Um Ab
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Não sou especialista em Guerra Junqueiro: nasceu em 1950, em Freixo de Espada à Cinta, o nosso "cu de Judas" (,s endo portanto conterrâneo do almirante Sarmento Rodrigueses), e morreu em 1923, em Lisboa, sem chegar a completar 73 anos...

Foi o poeta mais popular e mais influente do seu tempo, em Portugal... Hoje esquecido, como muitos outros que foram poetas "panfletários", porta_vozes de causas e movimentos sociais... Usou a poesia como "arma" no combate contra a monarquie e a decadência da Pátria... Releia-se os poemas Finis Patriae, Canção do Ódio e Pátria...

http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xix/guerra-junqueiro.html#.WgiZkWi0PIU

Veja-se também o artigo da Infopédia sobre o Finis Patriae [, em latim, o Fim da Pátria]:

(...) Finis Patriae:

Obra poética de Guerra Junqueiro dedicada "à mocidade das escolas" e publicada no ano do Ultimato da Inglaterra a Portugal. Em procissão dramática, num cenário negro, desfilam várias personagens, tipos sociais e/ou símbolos, proferindo um extenso requisitório que visa provar o fim da pátria. Sucessivamente falam: "choupanas de camponeses", "pocilgas de operários", "casebres de pescadores", "hospitais", "escolas em ruínas", "cadeias", "condenados", "fortalezas desmanteladas", "monumentos arrasados" e "estátuas de heróis". A conclusão do doloroso inquérito resume-se no verso: "Que é da nação? - Morreu na história." Contudo, o último poema, "À mocidade das escolas", retomando circularmente a dedicatória, é um incitamento a que a juventude dê a vida pelo ressurgimento da pátria.

O livro inclui ainda os poemas "O caçador Simão" e "À Inglaterra": enquanto o primeiro censura de forma alegórica o alheamento do monarca português perante a ofensa inglesa, o segundo insulta abertamente a nação inglesa."


Finis Patriae in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-11-12 19:10:42]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$finis-patriae

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Finis Patriaé (1890) merece ser lido, relido, divulgado... Em grande parte está aqui disponível:



http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/very-old/junqueiro/work/finis_patriae.html

Antº Rosinha disse...

A I Grande Guerra no Sul de Angola, foi mesmo uma enorme guerra, conheci os percursos e os lugares onde as tropas do General Roçadas, passaram as passas bem passadas.
Mais tarde Pereira D'Eça voltou à carga e a Alemanha depois de levar muita porrada na Europa e noutros pontos de África lá arreou.

Não sei onde António J.P.Costa foi encontrar elementos sobre as baixas em Moçambique e Angola, mas tinha curiosidade em saber.

Pois aquilo era tão mau quer geograficamente, quer no clima, quer nas distâncias, quer no isolamento, que na Guiné só teria semelhança em lugares como Madina do Boé, Buruntuma , Ponte Caium, e pouco mais.

Em 1914/18, os alemães fizeram com os Cuanhamas o que que nós fizemos com os Comandos africanos, flechas etc. deram armas aos cuanhamas melhores que as nossas, (tempo das Lienfield, Cropachet, não sou muito especialista, mas ouvia falar aquém era daquele tempo)e africanizaram a guerra, o que nós fizemos 50 anos depois.

Os alemães tinham projectos bem definidos para ligar a Namíbia de hoje (Sudoeste Alemão)extremamente desértico a todo o sul de Angola, aproveitarem a água de 3 grandes rios...e o que viria a seguir(!).

Como foi possível a Europa (os grandes) fazerem a I e a II Grandes Guerras, ao ponto de hoje a Europa já está tão desacreditada, que internacionalmente já pouco "piam"...que pariu!

Foi mau para o mundo inteiro, mas pior para a Europa e que se refletiu na vizinha África.

Ainda hoje a Europa está mandando cruzados para combater sarracenos na República Centro Africana.