domingo, 24 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19524: Blogpoesia (609): "Parecemos diferentes", "Tardes de Lisboa" e "Renovar...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Parecemos diferentes

Parecemos diferentes mas somos iguais.
Os mesmos medos.
Os mesmos anseios.
O amor pela vida.
Receio da morte.

Nos custa sofrer.
Nos alegra a saúde.
Damos tudo por ela.
Não gostamos de perder.
Vingança à derrota.

Esperança na sorte.
Navegamos na fé.
Olhamos o alto.
Fugimos do chão.

Por mais voltas que dermos,
Buscamos um rumo,
No sul ou no norte.

Se fingem diferentes,
Despindo ou vestindo.
Mostrando, escondendo.
No fundo, iguais.

Café Setemomentos em Mafra, 22 de Fevereiro de 2019
9h24m
Jlmg

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Tardes de Lisboa

Fervilhando de gente, nas praças e nas ruas.
Calmas passeatas, vendo as vitrinas e armazéns.
Esplanadas coloridas, onde servem os cafés e se lêem os jornais.
Alamedas sombreadas com arvoredo secular.
Corridas desenfreadas de táxis para o aeroporto.
Autocarros e eléctricos pendulares que visitam Lisboa inteira.
Doces banhos de maresia nas bordas do rio Tejo.
Que encanto ir de comboio até Cascais sempre à beira rio.
Tantos miradouros que nos dão o céu na terra.
E, lá no alto, de atalaia, o Castelo altaneiro,
afugentando de Lisboa as feras e os piratas.

Ouvindo Carlos Paredes

Bar Castelão em Mafra, 23 de Fevereiro de 2019
9h5m
Jlmg

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Renovar…

A oliveira será das plantas mais duradoiras e permanentes,
À face da terra.
Muito serenas.
Pouco balançam suas ramadas discretas.
Uma cor cinzenta.
Para não dar nas vistas.
Até seus frutos,
Têm tamanho e tons,
Tão sóbrios
Mas refulgentes.
A elegância de formas
Não é seu timbre.
São tímidas.
Por vezes demais.
Se torcem e reviram todas,
Para não prenderem os olhos
De quem as vê.
Estão muito enganadas.
O seu silêncio de cinza
É tonitroante.
Ouve-se e vê-se ao longe.
Impuseram-se ao mundo,
De todas as camadas.
Das mais humildes
Às mais supostas altas.
Não há casebre, por esses montados,
Não há palacete ou santuário de culto,
Profano ou não,
Que não as cultue.
É nos jardins. É nos relvados.
Extensos ou mais exíguos.
É nas varandas opíparas
E nos terraços celestiais.
Até esses Havais…sofistas...
Ó que pobreza!
Que o deserto escolhe.
Mas quem delas recolhe
O saborosíssimo néctar
Tão bem calibrado e raro
Que ela encerrra e dá…
Se rende e prende a elas
se avassala a elas,
Suas rainhas ou mestras abelhas.

Ouvindo Albinoni…e mais

Segunda-feira a abrir-se envergonhada
Mafra, 13 de Outubro de 2014
8h55m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de

17 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19500: Blogpoesia (608): "Árvore do amor...", "Chuvas de Lisboa" e "O final da tarde...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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