sábado, 14 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20147: Os nossos seres, saberes e lazeres (354): Casa da Cerca: a mais bela vista de Lisboa, na outra margem do Tejo (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Março de 2019:

Queridos amigos,
A Casa da Cerca é um centro de arte, é um espaço permanente de exposições, tem um primoroso jardim botânico e um desfrute de panorâmicas sem concorrência. Pela imagem, aqui se tenta mostrar o que a vista alcança, um gigantesco ecrã apontado para uma Lisboa esbranquiçada e pujante de património construído. Mas se o visitante quiser contrastar tem um Almada Velho para visitar, reconstruções não faltam, há um velho forte que agora serve de restaurante. E pode descer placidamente pelo lado de Cacilhas e entrar naquele mundo que se chamou a Lisnave, sempre a beijar o Tejo e Lisboa na linha de água, por todo o estuário, não há passeio nem contemplação de Lisboa como estes.

Um abraço do
Mário


Casa da Cerca: a mais bela vista de Lisboa, na outra margem do Tejo (2)

Beja Santos

Todo o espaço da Casa da Cerca serve para expor, incluindo o Salão Nobre, a Capela, os jardins. O viandante veio atraído por um evento especial relacionado com os 25 anos desta casa do desenho, o regresso de Amadeo Souza-Cardoso. Mas era inevitável bisbilhotar por outros sítios, foi à exposição dedicada a 140 anos de ilustração. Quem aqui vier pode deparar-se com mostras do acervo, e que acervo! Artistas de primeiríssimo plano como Alberto Carneiro, Graça Pereira Coutinho, João Vieira, Joaquim Rodrigo, Júlio Pomar, Júlio Resende, Paula Rego, Pedro Chorão, Sá Nogueira ou Sofia Areal podem ser vistos, fazem parte da cerca de três centenas de obras de arte, é este o significativo conjunto de desenhos, mas onde também se integram obras de pintura, escultura, fotografia e gravura. A Casa da Cerca é também o seu jardim botânico e queríamos agora fruir com o leitor a Lisboa que daqui se avista e passear pelo Chão das Artes.







O Jardim Botânico – o Chão das Artes – apareceu em junho de 2001 conjuntamente com uma exposição de estalo, a Natureza Mestra das Artes, de que resultou um catálogo importante e belo, uma das publicações ícone desta casa do desenho. Aqui se mostram plantas como material vivo, e o serviço educativo tem aqui o melhor barro para moldar, mostrando às gentes de todas as idades os componentes vegetais que são a matéria-prima com que se fabricam os materiais utilizados na prática artística.



Já houve um dragoeiro com cerca de duzentos anos, aqui faleceu. Em 2011, foi plantado um novo dragoeiro, evocando-se o anterior. O Chão das Artes possui uma coleção de mais de uma centena de espécies que vão sendo mantidas e valorizadas. Este espantoso jardim botânico tem estufa, tem o jardim dos pigmentos, o pomar das gomas, o jardim dos pintores, o jardim das fibras e a mata. É uma estrutura que permite albergar algumas plantas na estufa que não podem estar no exterior, mostrar plantas de onde se extraem pigmentos ou corantes que se utilizam para fazer tintas, ali estão as plantas que dão goma com caraterísticas semelhantes à goma-arábica, há as plantas cujas sementes são produtoras de óleos utilizados na pintura a óleo, e temos também a área destinada às plantas produtoras de fibras. A mata aqui significa a zona onde se encontram árvores e arbustos de grande porte de onde se extraem madeiras para fazer suportes das pinturas ou escultura e resinas para fazer vernizes.



Que dizer mais? Olhe, meta-se ao caminho, o viandante gosta de tomar o cacilheiro, percorrer o velho Ginjal, ao fundo toma um elevador e sobe para o Almada Velho. Aqui começa a aventura, vista fora de Lisboa para Lisboa como esta não há outra, e há a casa do desenho, uma sempre surpresa de arte contemporânea. Ninguém sai daqui defraudado, afianço eu.
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de setembro de 2019> Guiné 61/74 - P20128: Os nossos seres, saberes e lazeres (353): Casa da Cerca: a mais bela vista de Lisboa, na outra margem do Tejo (1) (Mário Beja Santos)

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