As três primeiras páginas do processo do cap cav Luís Rei Vilar (1941-1970). Cortesia de Morais da Silva, cor art ref.
1. Mensagem, com data de 1 de dezembro de 2019, 19h31, enviada pelo cor art ref Morais da Silva, membro da nossa Tabanca Grande [, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972]:
Assunto - Envio de documentos
Viva.
Junto cópia do Processo de Averiguações elaborado quando da morte do Capitão Villar. Acrescento a Participação, Certidão de Óbito e Despacho.
Da leitura dos documentos resulta não surgirem dúvidas sobre as circunstâncias da morte.
Abraço, Morais Silva
Cor artilheiro-infante cmdt comp em Gadamael
P.S. Estes documentos não têm classificação de segurança
2. Comentário do editor, LG:
Obrigado, Morais da Silva. Já dei conhecimento, em primeira mão, à família, na pessoa do Miguel e do Duarte, irmãos mais novos do nosso camarada Luís Rei Vilar, ex-comandante da CCAV 2538 (Susana, 1969/71), morto em combate em 18/2/1970. No entanto, essa documentação já era do seu conhecimento.
Para esclarecimento das circunstâncias da morte deste oficial de cavalaria,no TO da Guiné, vamos publicar, sob a forma de dossiê, os documentos que nos enviou: "Processo de Averiguações elaborado quando da morte do Capitão Villar", incluindo "Participação, Certidão de Óbito e Despacho" (10 páginas em formato digital).
A certidão de óbito, passado pelo HM 241, Bissau, com data de 21 de fevereiro de 1970, diz o seguinte, em síntese:
(i) a morte ocorreu às 19h00 do dia 18 de fevereiro de 1970;
(ii) a causa da morte foi "traumatismo torácico / tamponamento cardíaco";
(iii) entrou já cadáver no hospital;
(iv) o médico que verificou o óbito foi o alf mil médico João Manuel Mota Horta e Vale;
(v) o corpo foi autopsiado, e encerrado em caixão de chumbo para seguir depois para a metrópole.
No despacho, de 5 de junho de 1970, do comandante militar, constante do processo por ferimentos em combate, organizado pelo Serviço de Justiça e Disciplina do CTIG, esta morte é considerada em combate: "este militar foi mortalmente ferido num combate com o IN na zona de Susana durante a Operação Selva Viva" ( e não Operação Cassum, como temos visto escrito em postes anteriores).
Na participação do óbito, são arroladas duas testemunhas, os fur mil op esp, José Vigia Batalha Polaco (, natural da Nazaré,) e José Manuel Teixeira (,natural de Fafe). No essencial, é referido que, às 14h30 d0 dia 18 de fevereiro de 1970, na sequência de uma operação na zona de acção ode Susana, de dois dias, "quando se aguardava a evacuação de um ferido (guia nativo), as NT foram atacadas por um grupo inimigo. Do ataque resultou a morte do capitão de cavalaria nº 31672562, Luis Filipe Rei Villar, atingido por um projéctil inimigo que lhe perfurou o tronco na região da zona torácica esquerda e da omoplata direita". É omitido nome da operação.
O ferido foi evacuado para Susana de helicóptero e, às, 18h30, para o HM 241 (Bissau), quatro horas depois, "já cadáver".
Neste processo não consta cópia do relatório da autópsia, se é que existe, Já que o cor art ref Morais da Silva teve, entretanto, a gentileza de me enviar esta documentação, vamos continuar a publicá-la, para conhecimento dos nossos leitores, e nomeadamente dos camaradas que conheceram o Luís Rei Vilar. O nosso intuito é apenas o de partilhar informação e conhecimento sobre os acontecimentos ocorridos no TO da Guiné, durante a guerra colonial, não querendo de modo algum alimentar polémicas sobre um assunto, para mais tão delicado, como é, sempre, a morte violenta de alguém das nossas relações, familiar, amigo ou camarada. Neste caso, do bravo comandante da CCAV 2538, morto em combate aos 29 anos (*), e que eu não conheci pessoalmente, mas era do meu tempo, e era irmão de um amigo meu, o Duarte Vilar (**).
(Continua)
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Obrigado, Morais da Silva. Já dei conhecimento, em primeira mão, à família, na pessoa do Miguel e do Duarte, irmãos mais novos do nosso camarada Luís Rei Vilar, ex-comandante da CCAV 2538 (Susana, 1969/71), morto em combate em 18/2/1970. No entanto, essa documentação já era do seu conhecimento.
Para esclarecimento das circunstâncias da morte deste oficial de cavalaria,no TO da Guiné, vamos publicar, sob a forma de dossiê, os documentos que nos enviou: "Processo de Averiguações elaborado quando da morte do Capitão Villar", incluindo "Participação, Certidão de Óbito e Despacho" (10 páginas em formato digital).
A certidão de óbito, passado pelo HM 241, Bissau, com data de 21 de fevereiro de 1970, diz o seguinte, em síntese:
(i) a morte ocorreu às 19h00 do dia 18 de fevereiro de 1970;
(ii) a causa da morte foi "traumatismo torácico / tamponamento cardíaco";
(iii) entrou já cadáver no hospital;
(iv) o médico que verificou o óbito foi o alf mil médico João Manuel Mota Horta e Vale;
(v) o corpo foi autopsiado, e encerrado em caixão de chumbo para seguir depois para a metrópole.
No despacho, de 5 de junho de 1970, do comandante militar, constante do processo por ferimentos em combate, organizado pelo Serviço de Justiça e Disciplina do CTIG, esta morte é considerada em combate: "este militar foi mortalmente ferido num combate com o IN na zona de Susana durante a Operação Selva Viva" ( e não Operação Cassum, como temos visto escrito em postes anteriores).
Na participação do óbito, são arroladas duas testemunhas, os fur mil op esp, José Vigia Batalha Polaco (, natural da Nazaré,) e José Manuel Teixeira (,natural de Fafe). No essencial, é referido que, às 14h30 d0 dia 18 de fevereiro de 1970, na sequência de uma operação na zona de acção ode Susana, de dois dias, "quando se aguardava a evacuação de um ferido (guia nativo), as NT foram atacadas por um grupo inimigo. Do ataque resultou a morte do capitão de cavalaria nº 31672562, Luis Filipe Rei Villar, atingido por um projéctil inimigo que lhe perfurou o tronco na região da zona torácica esquerda e da omoplata direita". É omitido nome da operação.
O ferido foi evacuado para Susana de helicóptero e, às, 18h30, para o HM 241 (Bissau), quatro horas depois, "já cadáver".
Neste processo não consta cópia do relatório da autópsia, se é que existe, Já que o cor art ref Morais da Silva teve, entretanto, a gentileza de me enviar esta documentação, vamos continuar a publicá-la, para conhecimento dos nossos leitores, e nomeadamente dos camaradas que conheceram o Luís Rei Vilar. O nosso intuito é apenas o de partilhar informação e conhecimento sobre os acontecimentos ocorridos no TO da Guiné, durante a guerra colonial, não querendo de modo algum alimentar polémicas sobre um assunto, para mais tão delicado, como é, sempre, a morte violenta de alguém das nossas relações, familiar, amigo ou camarada. Neste caso, do bravo comandante da CCAV 2538, morto em combate aos 29 anos (*), e que eu não conheci pessoalmente, mas era do meu tempo, e era irmão de um amigo meu, o Duarte Vilar (**).
(Continua)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 1 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20402: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXXI: Luís Filipe Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, região de Cacheu, Guiné, 1970)
(**) Vd. poste de 14 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6592: In Memoriam (44): A última foto do Cap Cav Luis Rei Vilar e o agradecimento da família ao blogue (Duarte Vilar)
(*) Vd. poste de 1 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20402: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXXI: Luís Filipe Rei Vilar (Cascais, 1941 - Susana, região de Cacheu, Guiné, 1970)
(**) Vd. poste de 14 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6592: In Memoriam (44): A última foto do Cap Cav Luis Rei Vilar e o agradecimento da família ao blogue (Duarte Vilar)
2 comentários:
António: Estou-lhe muito grato pelo envio da documentação. Parti do princípio que, estando já desclassificada, podia ser partilhada pelos nossos leitores.
Como sabe, não me move nenhum intuito de polémica. Em 2007, a família (os irmãos) pediu-nos ajuda, inconformados com a versão oficial...Limitei-me a pô-los em contacto com outros camaradas... Agradeceram-nos, em 2010, a ajuda do blogue. Mas cedo eu percebi que este é um assunto delicado e doloroso...
Um alfabravo, Luís Graça
Caro Luis, há uma confusão com os CAOPs, os Majores, com o comando do Sr. Coronel Alcino (Alcínio) criaram o CAOP ( Comando Agrupamento OPeraciona) e depois da morte deles é que foi criado o CAOP1 e seguintes. O Ant Graça Abreu fez parte do CAOP1, já com outros Oficiais. É só para esclarecer que o Sr. Major Osorio não pertenceu ao CAOP1, mas ao CAOP.
Manuel Resende
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