Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > s/d > Largada de frescos e correio, de paraquedas... Foto do álbum de Herlânder Simões, ex-fur mil da companhia de "Os Duros de Nova Sintra", de rendição individual, tendo estado no TO da Guiné, em Nova Sintra e depois Guileje, entre maio de 1972 e janeiro e 1974.
Foto ( e legenda): © Herlânder Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Quínara > Mapa de São João (1955) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bolama, São João, Nova Sintra, Serra Leoa, Lala, Rio de Lala (afluemte do Rio Grande de Buba)
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)
1. Mais uma pequena história do Carlos Barros, um de "Os Mais de Nova Sintra", 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), os últimos a ocupar o aquartelamento de Nova Sintra antes da sua transferência para o PAIGC em 17/7/1974:
Cervejas evaporadas…
por Carlos Barros
É o mês de reabastecimento em Nova Sintra e a coluna auto e os militares que prestavam segurança, iam a caminho de Lala, local de atracagem das LDG e LDM no rio de Lala, afluente do rio Grande Buba.
Chegado ao local, esperavamos pela chegada das lanchas e, enquanto aguardavamos, uma criança africana que tinha sido transportada numa Berliet de Nova Sintra, pega num fio de electricidade, com um chumbo improvisado, um “joelho” de canalização enferrujado, um anzol com isco e lançou ao rio.
Passados cinco minutos sente-se um grande puxão e o miúdo alou a “pesqueira” e pescou um grande peixe-serra que foi puxado para a margem e, com uma afiada faca do mato, foi morto e esquartejado , servindo mais tarde, de alimento para a tabanca.
Um dos graduados do 3º grupo de combate levou uma granada ofensiva e lançou-a para um cardume de peixes que nadavam à superfície e, após da explosão, só se viam peixes “à tona” e só foi recolhê-los para uma caixa que serviram de jantar, na Messe para os graduados, e quase todos comeram, menos o sargento Rasteiro, para nós, “persona non grata”…
Foi o regresso das viaturas e militares ao destacamento , sendo conferido todas as bebidas e materiais transportados e, como era habitual, faltavam cervejas …
(*) Vd. poste de 10 de maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1747: Tabanca Grande (8): Herlânder Simões, ex-Fur Mil, um dos Duros de Nova Sintra (1972/74)
Chegado ao local, esperavamos pela chegada das lanchas e, enquanto aguardavamos, uma criança africana que tinha sido transportada numa Berliet de Nova Sintra, pega num fio de electricidade, com um chumbo improvisado, um “joelho” de canalização enferrujado, um anzol com isco e lançou ao rio.
Passados cinco minutos sente-se um grande puxão e o miúdo alou a “pesqueira” e pescou um grande peixe-serra que foi puxado para a margem e, com uma afiada faca do mato, foi morto e esquartejado , servindo mais tarde, de alimento para a tabanca.
Um dos graduados do 3º grupo de combate levou uma granada ofensiva e lançou-a para um cardume de peixes que nadavam à superfície e, após da explosão, só se viam peixes “à tona” e só foi recolhê-los para uma caixa que serviram de jantar, na Messe para os graduados, e quase todos comeram, menos o sargento Rasteiro, para nós, “persona non grata”…
Foi o regresso das viaturas e militares ao destacamento , sendo conferido todas as bebidas e materiais transportados e, como era habitual, faltavam cervejas …
Como desapareciam, todos nós sabíamos e o Rasteiro ficava “fulo” pela “evaporação” das cervejas que eram transportadas em caixas de cartão e em contacto com a água, no transporta para as viaturas, o cartão desfazia-se e as cervejas caiam para o rio mas podem acreditar que não ficavam lá…
As viaturas “ marchavam” de regresso a passo de caracol para dar tempo aos soldados beberem as suas cervejas para arrelia do Rasteiro…
Naturalmente que nós, graduados, sabíamos da marosca e eramos cúmplices. A tropa manda(va) desenrascar…
Carlos Barros, Nova Sintra 1974 (**)
As viaturas “ marchavam” de regresso a passo de caracol para dar tempo aos soldados beberem as suas cervejas para arrelia do Rasteiro…
Naturalmente que nós, graduados, sabíamos da marosca e eramos cúmplices. A tropa manda(va) desenrascar…
Carlos Barros, Nova Sintra 1974 (**)
[Carlos Barros, ex-fur mil. 2ª CART / BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), membro da Tabanca Grande nº 815; vive em Esposende; é professor reformado]
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 10 de maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1747: Tabanca Grande (8): Herlânder Simões, ex-Fur Mil, um dos Duros de Nova Sintra (1972/74)
(**) Último poste da série > 12 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21349: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (5): A visita da Cilinha ao destacamento de Nova Sintra, em 1973...
6 comentários:
Carlos, depois alguém tinha que fazer um... auto de ruina, para justificar as caixas de cerveja caídas ao rio... ou destruídas por mina A/C u um ataque ao auartelamento ou destacamento...
Segundo li numa trabalho de investigação ma área da logística, na Academia militar, havia:
(i) O auto de incapacidade, (...) executado quando o artigo fica inapto para o serviço e atinge o tempo de duração, abatendo-se por velhice, uso ou degradação;
(ii) o auto de ruína prematura (...) elaborado quando, por qualquer acidente ou outro motivo, o material se encontra inutilizado e é economicamente não reparável, não tendo ainda atingido o prazo de duração estabelecido;
(iii) o auto de aniquilamento (...): apenas é aplicado após a realização de um dos autos anteriores, incumbindo a destruição do material na U/E/O, quando autorizado pela DMT;
(iv) o auto de extravio (...), executado caso se verifique o desaparecimento de algum artigo distribuído.
ACADEMIA MILITAR
O Conceito da Logística Inversa para a Gestão de Resíduos
numa U/E/O do Exército Português – O Caso da Academia
Militar
Aspirante a Oficial Aluno de Administração Militar Ana Maria Dias
Pereira Calado
Orientador: Tenente-Coronel de Infantaria (Mestre) Rui Miguel Costa Peixoto
Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada
Lisboa, julho de 2014
Siglas:
U/E/O - Unidade/Estabelecimento/Órgão
DMT - Direção de Material e Transportes
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/8302/1/AdMil%20214%20Ana%20Calado.pdf
Falta-nos mais histórias destas... E a experiência de quem fazia autos de ruína. No final das comissões era um pandemónio, faltavam colchões e outras tralhas... Felizes as companhias que tinham bons e sérios quartel euros e ssrgentos dedicados e competentes. Tinha sempre uma relação com os sargentos QP.
Quem era companhia, "Os duroseus de Nova Sintra" ? Devem ter sido rendidos por "Os Mais de Nova Sintra"... O Herlander Simões deve ser meia dúzia de meses mais velho que o Carlos Barros.
Parece haver um lapso na história, lapso esse que nós corrigimos...Nova Sintra não podia ser abastecida pelo rio Geba, mas pelo rio Lala, afluente do rio Grande de Buda...
A questão é saber até onde iam as LDM.
Veja o mapa de São João e a posição relativa de Nova Sintra, a nordeste, em pleno regulado de Quínara (Guínala)... O rio mais próximo era o Lala... Veja-se a infografia publicada, e para mais informação a carta de São João.
https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial66_mapa_SJoao.html
Algumas companhias que passaram por ova Sintra:
(i) CCAV 2483, "Cavaleiros de Nova Sintra", estve em Nova Sintra e Tite. Comandantes: Cap Cav Joaquim Manuel Correia Bernardes; Cap Mil Art João José Pires de Almeida Loureiro; Cap Mil Art Ricardo José Prego Gamado; pertencia ao BCAV 2867: mobilizado pelo RC 3, partiu para a Guiné em 23/2/1969 e regressou a 23/12/1970: esteve em Tite; comandante: ten cor Cav José Luís Trinité Rosa.
(ii) CCAV 2484 / BCAV 2867 (Os Dragões de Jabadá, 1969/70);
(iii) CART 2711 / BART 2924 esteve todo o tempo em Nova Sintra (de 23/9/1970 a 16/9/1972); foi comandada pelo Cap Art Vasco Prego Rosado Durão;
(iv) CCAV 2765 (1970/72);
(iv) 2ª C/BART 6520/72, que esteve em Nova Sintra e Bissau, entre 23/6/72 e 21/8/74), é a companhia do Carlos Barros...
Mais um camarada que esteve em Nova Sintra!... Naad menos do que o senhor PIFAS!
24 DE MARÇO DE 2014
Guiné 63/74 - P12894: Tabanca Grande (430): Silvério Dias, 1º srgt art ref, o senhor PIFAS, e "poeta todos os dias!...Nove anos de permanência em terras guineenses, incluindo uma comissão na CART 1802 (Nova Sintra, 1967/69)... É agora o grã-tabanqueiro nº 651
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