sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21370: (De) Caras (162): Maria Helena Spínola, esposa do gen Spínola, também pertencia ao MNF e chegou a fazer visitas ao mato, caso de Jolmete, em 11 de maio de 1969, juntamente com a Cecília Supico Pinto (Manuel Carvalho)



Foto nº 1 > O gen Spínola falando à tropa... Atrás de si, tem a sua esposa, Maria Helena, de saia branca, camuflado e botas da tropa; e à sua direita, a Cecília Supinco Pinto, de blusa amarela e saia-calça castanha.


Foto nº 2 > A senhora Supico Pinto a falar ao pessoal no refeitório... A  dona Helena Spinola está sentada à direita, e tem a seu lado outra senhora, de óculos escuros, que toma notas, e  que não sabemos identificar.


Foto nº 3 > A senhora Supico Pinto a falar ao pessoal no refeitório... Helena Spinola está de pé  à direita, visivelmente sorridente. 



Foto nº 4A >  Na messe. Da direita para a esquerda: sentada, uma senhora do MNF cujo nome não sabemos; a  seguir, de pé, o nosso cap Barbeitos a falar com a esposa do general Spínola; e depois, sentada, está a Cilinha Supico Pinto, como era conhecida e tratada naqueles tempos.



Foto nº 4B > Na messe... Maria Helena Spínola, vista de perfil, sentada, a falar com o comandante da CCAÇ 2366. 


Foto nº 4 > Na messe: à esquerda, de camuflado, parece ser  o major  Passos Ramos, que cerca de um ano mais tarde viria a ser cruelmente assassinado pelo PAIGC naquela zona.

Guiné > Região de Cacheu > Jolmete > CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) > 11 de maio de 1969 > Visita do gen Spínola e de uma delegação do Movimento Nacional Feminino, composta por 3 semhoras. incluindo a Cecília Supinco Pinto e a Maria Helena Spínola. No mesmo dia, a Cilinha visitou o Olossato.

Fotos (e legendas): © Manuel Carvalho  (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Escreveu o Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf,  CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) (*)

(...) Tenho cinco fotos com a Cecília Supico Pinto, não sei se são todas da mesma visita, porque duas tem indicação de meados de Maio de 1969 e as outras não tem data. 

Da comitiva fazem parte o Sr. General Spínola e o então cap Almeida Bruno que na altura o acompanhava sempre e numa foto na messe julgo que está, de camuflado o Maj Passos Ramos, que cerca de um ano mais tarde viria a ser cruelmente assassinado pelo PAIGC naquela zona.

Está também a esposa do Sr. General Spínola e uma Senhora do MNF que não sei identificar.

Para além desta visita a Jolmete penso que houve uma outra em fins de 68 ou princípio de 69 mas não tenho a certeza. Como sempre foram distribuídos uns maços de cigarros,  uns isqueiros e umas palavrinhas para atenuar a crise. (...)


2. Comentário do editor LG:

Esta mulher, a Cecília Supico Pinto, já a caminho dos 50, vestia-se com elegância, cuidava da sua figura, andava sempre bem penteada, sabia a importância que tinha, no mato, naquelas circunstâncias, um "toque de feminilidade"...

Reparem, que ela nunca aparece (ou pelo menos até agora, nas fotos que temos publicado) vestida de "camuflado"!... Provavelmente vestia camuflado quando se integrava numa "coluna auto" (deve ter feito algumas, pelo que  deduzo do livro com a sua biografia, da autoria de Sílvia Espírito Santos;  e inclusivamente terá tido treino de G3...).

A esposa do gen Spínola, que devia ser uma simpatia e era uma senhora muito elegante, é a primeira vez que aparece, em fotos publicadas no blogue, integrada numa comitiva do MNF.

Maria Helena Martin Monteiro de Barros Spínola (1913 - 2002), com ascendência alemã, filha de um general e casada com um general, devia estar ainda mais familiarizada com o meio castrense do que a Cilinha, Ambas não tinham filhos. (**)

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(**)  Último poste da série > 17 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21365: (De)Caras (128): Cecília Supico Pinto e o MNF: entrevista realizada em 16/7/2005, aos 84 anos, no Hospital de Santa Maria em Lisboa, onde se encontrava internada, pelo cor inf Manuel Amaro Bernardo, da revista "Combatente": " A guerra em Angola estava ganha. A Guiné era um problema. Em Moçambique, o problema era também complicado"...

6 comentários:

Anónimo disse...


No fundo todos nós éramos soldados ignorantes da política e dos interesses que moviam e faziam as guerras, ficávamos maravilhados com a a aparição nesses fins do mundo, de tabancas de gentes de outra cor, de quem gostávamos mas não conhecíamos bem , dessas mulheres brancas e delicadas que distribuíam sorrisos simpáticos e maços de tabaco. Eram bem vindas, pela brancura e pelos modos assemelhavam-se com as nossas mães, com as nossas irmãs e namoradas que estavam lá longe em Portugal. Estive em Buba e Mansabá mas no meu tempo nunca apareceu nenhuma dessas "senhoras" vindas do céu. Em Buba, num dia triste, em que houve um camarada morto e dezassete feridos, alguns com gravidade, desceram sete jovens mulheres, sem sorrisos, apavoradas. Foram nossas camaradas, merecem o nosso respeito e admiração.

Francisco Baptista

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Mesmo as nossas queridas enfermeiras paraquedistas...provocavam algum alvoroço nos nossos quartéis, sobretudo quando não vinham fazer nenhum evacuação ipsilon.A malta não via uma jovem mulher branca há meses, e elas eram em primeiro lugar mulheres, jovens e bonitas; depoisso eram enfermeiras e só depois militares...Camaradas era uma coisa distante.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Temos falado aqui do papel, mais "mediático!, do Movimento Nacional Feminino (que teria, no seu auge, cerca de 80 mil mulheres inscritas), no apoio psicossocial aos combatentes e suas famílias... Papel que numa fase inicial (, com o início da guerra em Angola), substituiu a instituição militar nesse apoio,,,, O Exército não tinha pessoal especializado para exercer essas tarefas... Parece que fomos todos apanhados com os "acontecimentos de 1961", quando havia sinais por todo o lado de que o "terrorismo", a "subversão", os "ventos da história", o "nacionalismo" dos povos africanos e asiáticos, o "anticolonialismo", etc,.também chegariam à nossa porta...

Mas temos ignorado a secção feminina da Cruz Vermelha Portuguesa, que apoiou sempre os feridos, os deficientes e os prisioneiros... Esta instituição teve menos visibilidade na comunicação social...E as suas missões eram mais discretas, se não mesmo "secretas" (no caso dos prisioneiros)...

A Cecília Supico Pinto ocupou a ribalat, ofuscou o papel, discreto mas valioso, de outras mulheres... Por analogia com o "eucalipto", poder-se-ia dizer que secou tudo à sua volta... E no entanto irá criticar, no fim da sua vida, a sua biógrafa por falar "excessivamente" da Cilinha....

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Mesmo estando a "gastar cera com ruins defuntos", venho recordar que o Movimento Nacional Feminino nunca teve nem no seu auge, nem no sei fim cerca de 80 mil mulheres inscritas.
Se assim fora a sua acção teria sido mais eficaz e visível.
No apoio psico-social aos combatentes e suas famílias os resultados foram pobres, como se sabe. Talvez numa fase inicial (no início da guerra em Angola), tenha substituído a instituição militar, mas pontualmente.
O Exército não tinha pessoal especializado para exercer essas tarefas (e nunca teve), mas o MNF também se "desgastou" depressa. Meios materiais também eram escassos e, sendo caros... era necessário embaratecer a guerra, como sabemos.
Fomos todos apanhados com os "acontecimentos de 1961", quando havia sinais por todo o lado de que o "terrorismo", a "subversão", os "ventos da história", o "nacionalismo" dos povos africanos e asiáticos, o "anticolonialismo", etc,.também chegariam à nossa porta...
É isto que é indesculpável, mas foi assim!

Nunca dei pela acção da secção feminina(?) (ou masculina(?) da Cruz Vermelha Portuguesa, mas admito que tenha apoiado os feridos, os deficientes e os prisioneiros... Como? Não sei. Admito que as suas missões fossem discretas, se não mesmo "secretas" (no caso dos prisioneiros)... Era interessante esclarecer esta questão e qual a atitude do Governo para com ela.

A Cecília Supico Pinto ocupou a ribalta, ofuscou o papel, discreto mas valioso, de outras mulheres(?)... Quais?
Pelos apoios de que dispunha e pela necessidade do Regime se mostrar apoiado pelas "mulheres portuguesas" foi sempre apresentada como exemplo a seguir, numa manobra de propaganda, pura e simples, que não teve qualquer resultado palpável.
Quem não a viu ou não sentiu a sua acção (a grande maioria), só se deixou enganar com a manobra se desistiu de observar.
Como, já disse, cumpriu o seu papel histórico e nada mais.

Um Ab.
António J. P. Costa

Manuel Bernardo - Oficial reformado disse...

Apenas um pequeno esclarecimento em relação ao facto de se afirmar que fomos "todos apanhados de surpresa" peloa acontecimentos de 1961, em Angola. Não foi assim, pois desde meados de 1960 já se instruía com as técnicas de contra-guerrilha, com oficiais que tinham ido à Argélia, em Lamego, no Centro de Instrução de Operações Especiais. E quando rebentou o terrorismo no N de Angola, a partir de 15 de Março, com aqueles violentos e atrozes massacres da UPA/FNLA, com apoio dos EUA (vítimas-cerca de 1.200 brancos e 6.000 negros), já se encontravam no território algumas companhias de caçadores especiais, muito antes do "Para Angola e em força" de Salazar.

Manuel Carvalho disse...

Caros camaradas
Um amigo da Tabanca de Matosinhos e do meu Batalhão que foi ferido e passou algum tempo no Hospital Militar em Bissau diz que a Dona Maria Helena Spínola que era a Presidente da Cruz Vermelha na Guiné e nessa qualidade ia muitas vezes ao Hospital visitar os doentes e levava revistas, tabaco, livros e ia perguntando pelos problemas de cada um e ele como tinha sido evacuado por ferimentos estava sem dinheiro, não demorou muitos dias a aparecer lá o 1º Sargento da Companhia e levar-lhe algum dinheiro. Todos sabemos que alguns prisioneiros foram libertados por ação da Cruz Vermelha e esta Senhora terá tido alguma influência nisso certamente. Estas duas Senhoras cada uma com o seu estilo tiveram na minha opinião uma atividade muito importante no sentido de minorar o sofrimento principalmente das nossas Praças que ganhavam miseravelmente mal e qualquer ajuda por pequena que fosse era sempre bem vinda daí a popularidade da Dona Cecília.

Um abraço

Manuel Carvalho