terça-feira, 20 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21467: (De)Caras (165): Cecília Supico Pinto, em Cufar, em fevereiro de 1966 (Mário Fitas, ex-fur mil op esp, CCAÇ 763, 1965/67)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Delegação do MNF, de visita a Cufar. Sabemos que nessa delegação estva integrada a 
Cecília Supico Pinto, presidente do MNF, acompanhada da Presidente da delegação de Bissau daquele movimento.A elas se juntaram também a esposa do cap Costa Campos.Mas temos sérias dúvidas sobre se alguma destas semhoras era a Cecília Supico Pinto,

Foto (e legenda): © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar]: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Ao lado da Cecília Supico Pinto,  diz o Mário Fitas, à sua direita, a esposa do comandante de "Os Lassas", o cap Costa Campos, Maria da Glória (França)... A outra senhora à esquerda devia ser  a Renata da Cunha e Costa, da comissõa central do MNF, que acompanhou a presidente na 1ª visita à Guiné. (**)

Por ocasião do 9º Encontro da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/67), realizado em 2007, em Almeirim, por ocasião dos 40 anos do regresso de "Os Lassas", o Mário Fitas homenageou  também a  "sra. professora, enfermeira e companheira de guerra Maria da Glória (Dª. França)", agradecendo-lhe a "doação total à CCAÇ 763", razão porque, no seu entendimento, ela devia "ser considerada como parte integrante desta Companhia".


Foto nº 3 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) >  Mário, esta senhora não podia ser a Cecília Supico Pinto, aos 44 anos, com um "look" surpreendentemente jovem (1).

 

Foto nº 4 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) >  Esta senhora não podia ser a Cecília Supico Pinto, aos 44 anos, com um "look" surpreendentemente jovem (2).

  

Foto nº 5 > Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Esta senhora não podia ser a 
Cecília Supico Pinto, aos 44 anos, com um "look" surpreendentemente jovem (3).

Fotos (e legendas): © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar]: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em fevereiro de 1966, a então presidente do Movimento Nacional Feminino (MNF)  visitou a Guiné, pela primeira vez, acompanhada de Renata da Cunha e Costa. (**) 

Não sabemos, com detalhe, o percurso da visita... Mas sabemos que esteve na Região de Tombali, em Cufar e, seguramente, em Catió...Mas também, na Região do Cacheu, em Binta, pro exemplo...

Fomos agora recuperar várias  fotos do Mário Vicente Fitas Ralhete, o nosso querido amigo e camarada Mário Fitas, cofundador e  "homem grande" da Magnífica Tabanca da Linha, escritor, artesão, artista, além de nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, alentejano de Vila Fernando, concelho de Elvas, reformado da TAP, pai de duas filhas e avô, que vive no Estoril.   

O Mário Fitas foi fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. Nome de guerra: "Mamadu"...É  autor de:

(i)  "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (inédito, 2ª versão, 201o, 99 pp.);

(ii)  "Pami N Dondo, a guerrilheira", ed. de autor, Estoril, 2005, 112 pp.


2. Contexto das fotos acima reproduzidas (, fotogramas de um DVD, proveniente muito provavelmente de um filme em 8 mm, a cores, feito na altura da visita, em fevereiro de 1966):

Foto nº 1:

(...) Como reconhecimento do seu trabalho, os Lassas recebem dias depois a visita da Sra. Presidente do Movimento Nacional Feminino, Dª. Cecília Supico Pinto, acompanhada da Presidente da delegação de Bissau daquele movimento. 

Deixaram uma máquina de projectar filmes de 8 mm, uma viola e mais uns pacotes de cigarros. (...)

No Hospital Militar [, onde entretanto é internado para uma cirururgia à hérnia], ao princípio da tarde Mamadu acordou. (...)

Na tarde seguinte, apareceram umas senhoras simpáticas do MNF, a quem Mamadu informou gostar bastante de ler, e pe­diu se lhe arranjavam “A Besta Humana”, do Émile Zola. Muitas desculpas mas não conheciam a obra, no entanto iam tratar do assunto. Até hoje não teria sido lido, se o próprio não o tivesse comprado. (...)

Neste tempo todo, desleixou um pouco a correspondên­cia. Fragilizado, como pedinte, apenas mandou um bate-e
stradas (aerograma) à Tânia, muito simples e cauteloso, a solicitar se queria ser sua madrinha de guerra. Era uma forma hábil de contornar e chegar lá. Sem problemas, podia morrer mouro porque ao SPM. 2628 nada chegou, vindo de Terras do Lado do Norte. Madrinha não haveria.  (...)

Fotos nºs 2, 3, 4 e 5 (***)

[enviadas por ocasião da notícia da morte da ex-presidente do MNF, extinto em 22 de juklho de 1974, por despacho do Ministro da Defesa Nacional] 

(...) Sem qualquer preconceito político, revelo aqui a minha admiração por uma mulher que soube conviver com os jovens soldados nos tempos da guerra (hoje velhos Combatentes).

Julgando ser de interesse para o Blogue e para a história do conflito na Guiné, anexo algumas fotos da D. Cecília Supico Pinto (com a esposa do Cap Costa Campos, comandante da CCAÇ 763) em Cufar, terra dos Lassas.

Em duas das fotos podemos vê-la acompanhada de D. Maria da Glória (França). (...)

3. Na altura da morte de Cecília Supico Pinto, em 25 de maio de 2011, a escassos dias de completar os 90 anos, o nosso blogue prestou-lhe uma homenagem, espontânea, a que lhe era afinal devida (****). 

Publicaram-se na altura mais de duas dezenas de  mensagens. Destacam-se a de dois camarada  que a conheceram em vida, o Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real), e o JERO (Alcobaça), e cujas mães pertenceram ao MNF.

(i) Joaquim Mexia Alves:

(...) Caros camarigos:

Morreu uma grande Senhora!

Conheci-a pessoalmente por diversas vezes, visto que a minha mãe foi dirigente do MNF em Leiria.

A mim não me interessam neste momento quaisquer ilações politicas ou outras, mas tão só olhar a mulher que dedicou a maior parte da sua vida aos soldados de Portugal e sobretudo das suas famílias.

Quem assim se dá em prol dos outros merece sempre a nossa bondade e o nosso elogio.

Que Deus a tenha no Seu descanso.

Um abraço camarigo para todos e também para ela, que à sua maneira era nossa camariga.


(ii) JERO  [José Eduardo Oliveira]:

(...) Já lá vão uns bons 30 anos mas recorda-me como se fosse hoje. Trabalhava então na Fábrica de Porcelanas SPAL, em Alcobaça, e vindo do Sector Fabril avistei na entrada da Sala do Mostruário uma figura que, à distância, me pareceu ser familiar e que perguntava qualquer coisa à telefonista. 

Aproximei-me e percebi que a senhora em causa, de uma certa idade, pretendia comprar um serviço de chá (ou café). A telefonista Susana com a simpatia que lhe era habitual informava que a Fábrica não atendia público. Teria que se dirigir a uma loja para o efeito que pretendia.

Parei e reconheci a senhora. Era a Cilinha Supico Pinto. Disse-lhe que era o responsável comercial da Empresa e que no seu caso iríamos abrir uma excepção. «Porque a Senhora visitou em tempos a minha Companhia no norte da Guiné. Em Binta. A Companhia 675 do Capitão Tomé Pinto, que pertencia do Batalhão 490, do Tenente Coronel Fernando Cavaleiro...  Eu fui um dos seus rapazes combatentes. E a minha Mãe, Maria Fernanda Oliveira, tinha pertencido em Alcobaça ao MNF em meados da década de 60.»

Não mais esquecerei o seu sorriso e o seu abraço. Estou a escrever de lágrimas nos olhos.
Devo a essa Grande Senhora este momento de ternura e de saudade.

Bem hajam os Homens Grandes do nosso blogue por terem prestado à Dª.Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto esta merecida e sentida homenagem. Aceitem um abraço de gratidão do JERO. (...)

(***) Vd. poste de 3 de junho de  2011 > Guiné 63/74 - P8371: In Memoriam (82): Fotos de Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, antiga Presidente do Movimento Nacional Feminino (Mário Fitas)

(****) Vd. poste de 31 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8350: In Memoriam (81): Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto, Presidente do Movimento Nacional Feminino (30 de Maio de 1921 - 25 de Maio de 2011) (Teresa Almeida / José Martins)

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É importante haver, no nosso blogue, contraditório, análise crítica, alguém que faça o papel de "cardeal diabo", que interrogue o(s) autor(es), que ponha questões difíceis, etc.

Embora correndo o risco de ficarmos com o "canal único entupido", ce tanto falar nos últimos postes da "ceciliasupicopintismo", há ainda questões para esclarecer... Algumas, são mera curiosidade: afinal, a Cilinha chegou a pôr algumas vez os pés em Madina do Boé ?

Outras questões interessam-mos mais:

(i) quanto custavam estas viagens ?

(ii) a delegação do MNF (senhoras e staff de apoio ?= ficavam aonde ? (TIrando Bissau, não havia no mato instalações hoteleiras comdignas);

(iii) as deslocações eram essencialmente "by air" (DO 27, helicópterio), mas também por coluna (em 1973 e 1974);

(iv) quem definia o itinerário;

(v) quemto tempo em média demorava a visita, a cada aquartelamento / destacamento ( mesmo com duas horas, não hvaia hp+otese de fazer mais do que duas visitas, por dua, uma de manhã e outra de tarde);

(vi) as visitas era ou não uma "estopada" para os militares (e respetivos comandantes) que tinham de manter cordões de segurança, apoiar as colunas, etc., agravando desse modo o esfiorço operacional:

(vii) quantod dias ficava a delegação doMNF na GUiné: 15 dias a um mês ? (Em 1974, parece ter sido um mês, ela veuio nos finais de fevereiro / princípio de março e disse que regressou já em abril);

(viii) quem, de Bissau, acompanhava as visitas ?...

Etc., etc.

Valdemar Silva disse...

Vendo estas fotografias de 1965/67 e as de 1966 do P21464 nem parecem ser da mesma Cilinha.
Julgo que o dinheirinho gasto com estas deslocações do MNF seriam, provavelmente, dotações orçamentais do Ministério da Defesa e doações de entidades particulares de tabaco, isqueiros e artigos desportivos, etc.
Mas, seria interessante haver um cálculo possível do custo destas deslocações.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, não sei se o dinheiro abundava no MNF...Havia doações, de empresas e particulares, a nível local, regional e nacional... O Salazar, dizem, era um "unhas de fome"...

Ao fim de alguns anos, depois de ter sido criado, em 1961, o MNF lá consegue assegurar um subsídio do Ministério da Defesa Nacional, em 1966 ou 1967, na ordem dos 10 mil contos anuais...O equivalente, a preços de hoje, a mais de 3,5 milhões de euros...

No livro da Sílvia Espírito Santo, fala-se do financiamento do MNF... que de resto tinha uma série de encargos fixos com pessoal de apoio... Viagens ao Ultramar, alojamento, etc, não sei quem pagava... A TAP ? A tropa ? O MNF ?...

Antes do 25 de Abril parece que a Cecília mandou fazer uma auditoria às contas e estavs "tudo nos conformes"... Não me parece que ela tenha "enriquecido" com a "patriótica causa"... E isso abona em favor do seu carácter...

Mas sabemos que era uma "africanista", desde os anos 40 (, casou.se em 1945) e que o marido, Lu+is Supico Pintio, foi adminitrador e accionista de várias empresas "coloniais" (creio que em Angola e Moçambique)...Era adorava Angola.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pode ser que alguém esteja interessado em explorar ou analisar este material de arquivo... Veja.se o tipo de cartas com pedidos ao Movimento Nacional Feminino... São quse mil caixas---

https://arqhist.exercito.pt/details?id=145077


Cartas do Movimento Nacional Feminino.


Datas descritivas
1961 - 1968

Dimensão e suporte
6 processos (cx. 952).

Produtor
Ministério da Guerra/Exército. Repartição do Gabinete

Âmbito e conteúdo
Cx. 952:

1 - Pedidos relacionados com processos de amparo, subvenções de família, casamentos, devolução de verbas de pensão, transferências, passagem à disponibilidade, baixas e altas hospitalares, elogio ao MNF, informações, 1964.

2 - Pedidos relacionados com processos de casamento, isenção taxa militar, amparo de pais, reformas, pensões de invalidez, transferências, adiamentos de incorporação, subvenção de família, subsídios por doença, informações várias, 1965.

3 - Pedidos relacionados com processos de informações, subsídios, amparos de pais, transferências, colocações, pensões reforma, pedido colaboradores para o MNF, subvenções de família, 1966

4 - Pedidos relacionados com processos de desmobilização, pensões de invalidez, transferências, informações, cedência de caixas de cartuchos para armas ligeiras, subvenções de família, férias, regresso ao serviço, 1967.

5 - Pedidos de distribuição de lembranças pelo MNF; subvenções para famílias de militares com poucos recursos; processos de doença; transferências, de hospitais; nomeações para Ultramar; pensões por invalidez; colocação de militares desmobilizados; nomeação de uma praça para MNF em Aveiro, 1968.

6 - Modelo de aerograma; Edição exclusiva do Movimento Nacional Feminino, 1961, Junho, 23.

Termos de indexação / palavras-chave
1964; Cartas; 1968; Famílias; Impostos; Movimento Nacional Feminino; Ministério da Guerra. Repartição do Gabinete; Ministério do Exército. Repartição do Gabinete

Assunto
Índice de Assuntos > Cronológica > 1964
Índice de Assuntos > Cronológica > 1968
Índice de Assuntos > Outros > Cartas
Índice de Assuntos > Outros > Famílias
Índice de Assuntos > Outros > Impostos
Índice de Assuntos > Orgânica > Ministério da Guerra. Repartição do Gabinete
Índice de Assuntos > Orgânica > Ministério do Exército. Repartição do Gabinete
Índice de Assuntos > Outros > Movimento Nacional Feminino
Sistema de organização
Série ordenada cronologicamente.

João Carlos Abreu dos Santos disse...

Desambiguação:
Em nenhuma das fotografias expostas nesse p21467, se encontra representada a pessoa Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto.
Garantidamente, não era a Cilinha.