Vila do Bispo > Sagres > Martinhal > 25 de abril de 2020 > O Tony e a Isabel Levezinho comemorando uma data que lhes era muito querida, na companhia do neto Diogo, filho da Rita (, por ser menor, não o incluimos na fotografia).
Foto: © Tony Levezinho (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Na véspera de Natal, às 14h25, liguei para o meu amigo e camarada Tony Levezinho, com um estranho pressentimento... Queria tanto desejar que ele e a sua querida Isabel pudessem ainda passar juntos o mais que provável último Natal das suas vidas em comum, numa história de amor de mais de meio século...
Do outro lado da linha, ele respondeu-me com a voz calma e amável que sempre que lhe conheci: "Estava justamente a escrever-te para vos comunicar que nossa querida Isabel deixou de sofrer, acaba de fechar os olhos esta manhã"...
A nossa primeira reação, humaníssima, é uma mistura de sentimentos contraditórios, que vai da incredubilidade à raiva face ao triunfo da morte...Ficamos sem jeito, do outro lado da "linha", face à amarga e tristíssima notícia da morte (mesmo que "anunciada") de alguém do nosso círcuço de amizades...
Mas a verdade, brutal, é que a nossa querida Isabel Levezinho sucumbia, ao fim de uns meses, no combate desigual contra a doença que a atingira... Debalde foram mobilizados todos recursos de que o nosso sistema de saúde possui. Face ao inevitável, a Isabel, num gesto enorme de dignidade e lucidez, optou por recusar a medicina paliativa e morrer em casa, ao lado do seu companheiro de uma vida. Não lhe faltaram, nestas últimas semanos, cuidados domiciliários, médicos e de enfermagem que ajudaram a humanizar os últimos monentos da sua vida. Morreu em casa ao lado daqueles que ela amava rpofundamente.
A Isabel era esposa do meu "mano" Tony Levezinho, mãe da Rita e do Nuno, avó do Diogo.
Tinha ainda há poucos meses, neste ano da desgraça de 2020, acabado de celebrar as suas bodas de ouro de casada. Contou-nos, a mim e à Alice, (quando a fomos visitar, já doente, na casa no Tagus Park, em Oeiras, em 28 de setembro passado) que se tinha sentido tão feliz pela "escapadinha" que a levara, a ela e ao marido, a Viseu, à magnífica Pousada de Viseu, uma prendinha dos seus filhos Rita e Nuno.
Lembro-me de ela ter casado, ainda muito novinha, aos 18 anos (feitos em 30/7/1970), com o Tony quando ele veio de férias à "metrópole", no verão de 1970. Era então uma jovem (e promissora) ginasta do Académico da Amadora.
Soube, e isso recordá-lo ainda há pouco tempo, que ela queria ir para a Guiné com o amor da sua vida. Felizmente que não chegou a poder concretizar essa generosa (mas romântica e nada aconselhável) intenção: a segunda metade do ano de 1970 foi também muito dura para os homens da CCAÇ 12.
Somos, de longa data, eu, a Alice, a Joana e o João, amigos da família e durante anos vizinhos da Amadora. O Tony e a Isabel deram-nos o prazer da sua companhia e a prova da sua amizade em vários momentos das nossas vidas, Tenho pena de não ter aqui, à mão, nenhuma foto da sua participação na festa dos meus 70 anos, em 2017, organizada, de surpresa, pela Alice, no Hotel do Vimeiro, em 2017. Foi o único casal, dos meus camaradas da Guiné, que a Alice convidou, por sua iniciativa própria. Também não tenho nenhuma da sua participação num ou noutro dos convívios da malta de Bambadinca (1968/71).
2. A notícia da sua morte deixa-nos devastados. Escrevi ao Tony, há poucas horas, o seguinte:
"Tony, meu mano. O luto é um processo duro e difícil que todos temos de fazer quando perdemos alguém que nos é muito querido. Acabar de perder a tua companheira de uma vida, mãe dos teus filhos Rita e Nuno, avó do teu neto Diogo.
"Nestas ocasiões, tudo o que os amigos pode,m dizer e fazer é pouco para preencher o vazio que estás a sentir. Mas vais superar esta perda como superaste outras na vida. És um homem forte e racional. Como teu amogo do peito, e amigo da família, gostaria de poder estar aí contigo, eu e a Alice, neste momento fifícil por que estás a passar. Tens o nosso 'ombro amigo'. Sei que já estavas, com tempo, a preprar-te para o pior. Infelizmente não poderei estar aí contigo este fim de semana a derradeira homenagem à nossa querida e doce Isabel. Falei com o Humberto e sei que a cremação é no próximo domingo. Como já sabes, aqui no Norte, a barra também está pesada e estamos a dar o apoio possível a um familiar que também está doente (...).
"Sei que a Isabel era uma mulher discreta e avessas às luzes da ribalta, mas o mínimo que eu lhe posso fazer, como teu camarada, amigo e mano, é editar-lhe este poste de homenagem póstuma e propor a sua entrada na nossa Tabanca Grande, ficando a sua memória inscrita no lugar nº 834, à sombra do nosso poilão (*)... Já estão lá, há tempos, outras companheiras de camaradas nossos como a Teresa Reis (1947-2011). do Humberto Reis, de resto outra boa amiga da Isabel.
"A Isabel era uma pessoa discreta, serena, doce e afável cujo sorriso, bondade e amizade vamos guardar, nas nossas memórias, para o resto das nossas vidas. Mas agora é preciso reconfortar (e ser solidário na dor com) os vivos. Tony, Rita, Nuno, Diogo...mesmo à distância, estamos aí convosco no pior Natal das vossas vidas!".. Vê se descansas um pouco, Tony. Um chicoração fraterno, meu, da Alice, da Joana e do João, para ti, a Rita, o Nuno e o Diogo."
PS1 - Citando um dos meus poetas preferidos, Ruy Belo, que ainda teve tempo e lucidez para se despedir da "terra da alegria", "é triste ir pela vida como quem / regressa e entrar humildemente por engano / pela morte dentro".
PS2 - O Tony tem página no Facebook e mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue. Foi fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Ele e a Isabel estavam reformados da Petrogal. E possuíam, em Vila do Bispo, Sagres, Martinhal, uma casa adorável onde recebiam os amigos, sempre de coração aberto.
PS1 - Citando um dos meus poetas preferidos, Ruy Belo, que ainda teve tempo e lucidez para se despedir da "terra da alegria", "é triste ir pela vida como quem / regressa e entrar humildemente por engano / pela morte dentro".
PS2 - O Tony tem página no Facebook e mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue. Foi fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Ele e a Isabel estavam reformados da Petrogal. E possuíam, em Vila do Bispo, Sagres, Martinhal, uma casa adorável onde recebiam os amigos, sempre de coração aberto.
Vila do Bispo > Sagres > Martinhal > Julho de 2014 > Da esquerda para a direita, o Humberto Reis, o José Manuel Rosado Piça, a Isabel Leveziuho, a Leonor, a esposa do Piça, e a Joana, na altura companheira do Humberto. (**)
Foto: © Tony Levezinho (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 12 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21639: In Memoriam (377): Victor Alves (1949-2016), natural de Santarém, ex-bancário, ex-fur mil SAM (vagomestre), CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1971/73)
6 comentários:
Nesta hora triste deixo aqui um abraço solidário ao Levezinho , familiares e amigos chegados pelo momento que estão a viver, vão ter que encontrar forças, ainda que digam que o tempo se encarrega de atenuar , mas é muito dificil.
A ti companheiro , só te posso mesmo deixar um abraço forte.
César Dias
Levezinho, os meus sentidos pêsames.
Valdemar Queiroz
Um abraço muito forte,
Mário Migueis
As nossas excelsas companheiras, um dia também partem para a nebulosa celestial. Onde nos aguardam, nesse tempo, em breve, na esfusiante chegada final, de braços abertos e coração cansado. Num beijo no debruar das nuvens.
Abraço,
António Graça de Abreu
eduardo francisco
sexta, 25/12, 23:19
Nesta hora de dor e de memórias quero transmitir ao António Levezinho e filhos o meu pesar e mandar-lhes um abraço de solidariedade.
Eduardo Estrela.
A imagem que temos da nossa querida Isabel é a do seu (e)terno sorriso, do seu olhar doce e o do seu rosto luminoso. Daí termos retirado as fotos mais recentes, da fase da sua doença, diagnosticada por volta de julho deste ano.
Com tempo, a sua filha Rita, que tem sido inexcedível no seu amor filial, vai-nos mandar uma foto bonita da Isabel para a podermos recordar com a (e)terna saudade e a dignidade que ela merece. LG
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