sábado, 15 de maio de 2021

Guiné 61/74 - P22202: Casos: a verdade sobre ...(23): a data do atentado no Café Ronda, Bissau... Nem tudo o que parece, é... (Abílio Magro, ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74)


Guiné > Bissau > Santa Luzia > QG / CTIG >"Cartão que nos foi distribuído para podermos circular no QG depois da bomba. Reparem nas datas de emissão e validade (parece que contavam comigo até ao fim da comissão)"..De facto,o cartão era válido de 27 de abril de 1974 a 27 de março de 1975... A bomba no QG/CTIG terá sido em 22 de fevereiro de 1974...

Foto (e legenda): © Abílio Magro (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de ontem, enviada às 16h20 pelo Abílio Magro (ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74) (*), que não era Alberto, mas Valente... Mesmo com o nome errado, entrava e saía todos os dias do QG/CTIG, em Santa Luzia, com o cartão acima reproduzido...

Caro Luís, tudo bem contigo? Espero que sim e que já tenhas tomado as 2 (vacinas).

Realmente esta confusão de datas (*) é mesmo muito estranha.(**)

Tentando criar alguma luz sobre o assunto, resolvi escrever um texto que envio em anexo e que poderá servir de alerta para a verdade documentada, embora eu saiba bem que é essa que conta "para o totobola", mas factos são factos.

Permite-me que te dê a sugestão de, através do blog, convocares todos os "homens grandes" que estavam naquela data no local do "crime" para usar da palavra sobre o assunto e, se eu estiver enganado, lá terei de me apresentar junto de ti descalço e com a corda ao pescoço.

Abraço, AM

2. Casos: a verdade sobre a data do atentado no Café Ronda, Bissau... Nem tudo o que parece, é... (Abílio Magro)

Notas sobre as Conclusões do Seminário “Guerra de África – Portugal Militar em África 1961- 1974 – Atividade Militar” realizado no IESM em 12 e 13 de Abril de 2012 Por Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso

 http://www.cd25a.uc.pt/media/pdf/ConclusoesdocoloquioIESM.pdf --- x --- 1974

 (excerto) 

Janeiro, 21 - Primeira acção do PAIGC na cidade de Bissau, com lançamento de engenhos explosivos contra autocarros da Força Aérea, seguidos, uma semana depois, de dois outros engenhos do mesmo tipo num café da mesma cidade frequentado por militares portugueses 

Fevereiro, 26 - Atentado num café de Bissau. Este atentado seguiu-se a outros ataques a autocarros da Força Aérea. Duas granadas de mão defensivas com disparador de atraso explodiram no recinto do café Ronda, em Bissau, causando cinco feridos graves e 44 feridos ligeiros entre os militares e um morto e 13 feridos entre os civis.


A confusão continua: “uma semana depois” não nos leva a fevereiro, certo? E se foi em janeiro, ainda aceito com alguma relutância porque nessa altura o meu irmão Álvaro ainda por lá andava, mas continuo a pensar, como o Kalu (**), que foi por volta do mês de setembro e digo isto apenas pelo facto de nesse atentado ter sido gravemente ferido o Fur Mil Romão, chegado à Guiné um dia ou dois antes e que ia substituir na CSJD o meu camarada Costa que tenho ideia de ter acabado a sua comissão uns meses antes de janeiro de 1974. 

Mas, claro, com todas estas confusões, já começo a duvidar. O certo, certo é que eu estava no cinema UDIB (julgo que o rebentamento se deu pouco depois das 21h00) e o meu irmão Álvaro estava lá por perto, mas em 26/02/1974 já não estava na Guiné. 

Não deixa de ser estranho também que, tendo o atentado sido executado, segundo está escrito, por volta das 22h30, uma mensagem seja enviada no início da tarde do dia seguinte pelo Comando Chefe à Defesa Nacional já com referência a resultados de averiguações. 

Os historiadores, antigamente, socorriam-se das ‘verdades’ dos historiadores que os precederam e essa era a ‘verdade documentada’, estivesse correcta ou não. O historiador inglês Jack Lindley acrescentou à investigação, nos finais do século XX, o princípio da separação entre a ‘verdade documentada” e a ‘verdade aceitável’. E quando a ‘verdade’ documentada contém erros grosseiros, sou levado a aceitar a verdade sustentada na minha memória e na dos que por lá andavam na altura. 

Os erros grosseiros em documentos militares eram mais que muitos e nem sempre havia tempo ou pachorra para os ‘catar’ todos. A mim entregaram-me um cartão para acesso ao QG (depois da bomba) onde constava Abílio Alberto Lamares Magro quando o correcto é Abílio Valente Lamares Magro, mas como o nome do meu pai era Acácio Alberto Lamares Magro,  o erro deu-se compreensivelmente, mas eu nunca troquei o cartão porque o erro não me impedia de entrar no QG. 

Depois também temos os jornalistas e historiadores contemporâneos, alguns com uma falta de profissionalismo exasperante e, depois, há quem se sustente nas ‘bacoradas’ por estes proferidas/publicadas. 

Aqui há tempos, a propósito da morte do Marcelino da Mata, ouvi na TV o ‘historiador’ Fernando Rosas a desancar furiosamente naquele militar português apelidando-o de tudo e mais alguma coisa, chegando ao ponto de afirmar que o Marcelino foi o fundador dos Comandos africanos, e o maior responsável pela invasão da Guiné-Conacry. “Um país estrangeiro!” vociferava ele ... enfim. 

Esse ‘historiador’ também andou pela Guiné-Bissau aqui há uns anos a gravar uns episódios sobre a guerra e o PAIGC e, quando falou sobre a bomba no QG (Santa Luzia), estava em frente ao QG/ CCFAG (Amura),  apontando para este como tendo sido alvo daquela bomba. 

Como podemos dar crédito a tudo o que se escreve e diz nos órgãos de comunicação social?! Terá a data de 26/02/1974 sido erradamente colocada naquele documento oficial? Será que ninguém deu pelo erro e toca a aceitá-la como boa durante anos e talvez séculos? 

O facto de o meu irmão Álvaro ter assistido de perto a este acontecimento e de já não estar na Guiné em 26/02/1974, levam-me a estranhar estas divergências de datas e a entrar em conjecturas na tentativa de perceber o assunto. Conjecturando: será que o “evento” se deu a 21 de janeiro de 1974 e houve atraso/esquecimento em o comunicar à Defesa Nacional e houve que inventar uma data? 

Resta-me aceitar a “verdade” documentada (a oficial), mas … Pela verdade oficial eu tive duas irmãs gémeas (oficialmente e registado, nasceram no mesmo dia), mas pela verdade aceitável (a real) elas tinham dois anos de diferença. 

Siga para bingo! 

Abílio Magro
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 27 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11164: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (6): Regresso a Bissau

(**) Vd. poste de 10 de maio de  2021 > Guiné 61/74 - P22191: Casos: a verdade sobre ...(22): A deflagração de um engenho explosivo no Café Ronda, em Bissau, em 26 de fevereiro de 1974 (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde)

17 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Abílio, daqui da Tabanca de Candoz aonde já não vinha desde as vindimas, em Setembro passado, aceito o teu desafio.
Que os homens grandes da Tabanca Grande que estavam em 1973/74 em Bissau se pronunciem sobre a data em questão.

Tudo por mor da verdade dos factos. No nosso blogue mais vale uma pequena história na mão do que duas grandes histórias a voar...

Um abraco valente para ti e os restantes manos Magro.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Abílio, esqueceste-te de assinar o cartão...

Anónimo disse...

Embora estivesse no TO durante todo o ano de 1973 e até maio de 74 e, como é óbvio,ter ouvido todas as conversas sobre as bombas em Bissau e tenha usado várias vezes os autocarros da FAP e ter pernoitado no QG algumas vezes, no Café Ronda uma apenas. Frequentei-o várias vezes. Sobre a data exacta não posso acrescentar nada. As minhas passagens por Bissau foram chegada à província e depois, sempre de saco aviado, passagens mais ou menos longas pelo Gabu, Cabuca, Bolama, Bambadinca, Xime, de novo Bolama e regresso a Bissau em Maio de 1974 para o regresso, sem retorno, a Portugal. Um facto posso confirmar nunca vi ou senti receio da utilização dos autocarros da FAP, na frequência dos cafés/ restaurantes ouvrecinto da piscina.
A malta do mato até achava piada às conversas dos piriquitos de Bissau pois a coisa estava quente ou muito quente, não pela temperatura ambiente, em várias pontos da província e Bissau era o lugar mais seguro da província.
Recordo que quando deixei o Xime fui a Bafatá apanhar o Dakota para ir para Bissau, como os Fiat já tinha vindo abaixo a viagem foi feita pelo Geba e sempre a baixa altitude.
Em maio de 74 quando deixei a província em Bissau não se sentia nada que nos preocupasse especialmente.
Bissau continuava a ser um lugar seguro e a presença no PAIGC não se fazia sentir.
Não esclareço nada quanto à data mas talvez ajude a compreender como um VCC com quase 26 meses de missão viu/sentiu os atentados de Bissau.

João Candeias, 72/74

Tabanca Grande Luís Graça disse...

VCC ... Velhinho Como o C...

Essa, já aqui várias vezes repetida, merece ir para o Pequeno Dicionário da Tabanca Grande. Obrigado, João. Que fique para a história (com letra pequena e letra grande), o teu testemunho de que em Maio de 1974 a malta andava descontraída em Bissau. Ab, Luís.

PS - João, ainda haveremos de nos conhecer, pessoalmente, um dia... Afinal fomos camaradas da CCaç 12...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já cá está o acrónimo "VCC", velhinho como o c...

VCC - Velhinho Como o C... Militar que ultrapassou o tempo legal da comissão de serviço no CTIG (21/22 meses)(calão)


12 DE MARÇO DE 2020
Guiné 61/74 - P20726: Pequeno dicionário da Tabanca Grande (11): edição, revista e aumentada, Letras R / S /T / U / V / Z

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/03/guine-6174-p20726-pequeno-dicionario-da.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Logo por azar, a coleção Ruella Ramos do "Diário de Lisboa", na Casa Comum / Fundação Mário Soares, está em branco em todo o mês de fevereiro de 1974...É uma lacuna grave...O "Diário de Lisboa" deu a notícia, em 23 de fevereiro, do ataque aos autocarros da FAP, atribuídas às Brigadas Revolucionárias...

Pode ser que alguém dos nossos leitore consiga arranjar uma cópia da notícaia dos nossos jornais sobre o atentado no Café Ronda que, em princípio, terá ocorrido em 26 de fevereiro de 1974...O Abílio Magro te outra versão... Mas precisamos de compulsar outras fontes e versões...

jpscandeias disse...

LUÍS.

Ambos temos o bichinho da 12.

Pelo que tenho lido das tuas actividades profissionais temos algumas coisas em comum. Em 1974, uns meses depois de férias voluntárias, fui trabalhar na empresa Tecnip Procofrance que foi o empreiteiro geral da na altura Petrosul, hoje Petrogal, como Supervisor Safety.
Com a conclusão da obra fui trabalhar na CNP (*companhia nacional petroquímica) na área da condução/operação, ao fim de 3 anos surge uma hipótese no departamento do equipamento térmico da EDP que aprovetei e estive uns largos anos como técnico de condições de trabalho e, nessa qualidade, fui a vários seminários que na época se realizavamm entre a EDP/Petrogal/CNP. Num desses seminários estava o Dr. Sousa Uva, como orador, da escola superior de saúde.
Quando da certificação dos técnicos pelo IDICT fui certificado enquanto envolvido na certificação da Central Termoeléctrica de Sines em Segurança o que foi algo pioneiro nesta área como bem sabes.
Não terminei a minha carreira nessa função mas foi onde permaneci mais tempo.

Acho que um dia nos iremos encontrar e com agrado.

Um abraço
João

* CNP, NESTE, REPESOL a mesna empresa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O mano Álvaro Magro, ex-1.º Cabo Aux Enf (CART 3493, Mansambo e HM 241, 1971/74), aqui citado, é um dos seis "Magros do capim", co-autor do livro "Seis Irmãos em África"...

É nosso grã-tabanqueiro n~º 712:

16 DE MARÇO DE 2016
Guiné 63/74 - P15864: Tabanca Grande (483): Álvaro Magro (ex-1.º Cabo Aux Enf da CART 3493, Mansambo e HM 241 de Bissau, 1971/74). Passa a ser o grã-tabanqueiro n.º 712, com direito a sentar à sombra do nosso poilão, ao lado dos seu manos Abílio Magro e Fernando Valente Magro


Recorde-se que chegou à Guiné em dezembro de 1971:

(i) é integrado na CART 3493 (Mansambo, 1971/72), como 1.º Cabo Aux Enf;

(ii) em março de 1972, consegue transferência para o HM 241, Bissau onde presta serviço na Secretaria até ao fim da Comissão;

(iii) passa à situação de disponibilidade em 26 de fevereiro de 1974...(no dia em que terá ocorrido o atentado no Café Ronda, diversas fontes)...
.
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2016/03/guine-6374-p15864-tabanca-grande-483.html

Tabanca Grande Luís Graça disse...

João, demos para os mesmos "peditórios", estou bem a ver!... O prof António Sousa Uva, que tu citas, é/foi meu colega da Escola Nacional de Saúde Pública, e figura de referência da saúde e segurança no trabalho... Eu próprio participei em alguns encontros da área da higiene e segurança no trabalho. É possível que nos tenhamos cruzado,

Haveremos ainda, por certo, de partilhar também memórias desse tempo em que, a partir da nossa integração na União Europeia,em 1986, todos fizemos um grande esforço por melhorar não só as condições de trabalho nas empresas como por modernizar a nossa administração do trabalho e acelerar a investigação, a formação e a educação nestas áreas...

Saudações, Luís Graça

Anónimo disse...

Por os pontos nos iii....

Confirmo que a data 26/2/74 está correcta.

Nenhum dos engenhos explosivos foi obra do PAIGC.

Recordo que o sr. carlos antunes quando entrevistado há uns anos, sobre o roubo de cartas militares nos serviços cartográficos do exército e que foram entregues aos movimentos de libertação, pudesse ter contribuído para a morte de soldados portugueses, deu como resposta que NÃO TIVESSEM IDO, o que diz bem do tipo de caracter.

Volto a lançar a questão;

QUEM INCENTIVOU OS ADOLESCENTES GUINEENSES PARA FAZEREM MANISFESTAÇÕES CONTRA OS CABO-VERDIANOS ENTRE JUNHO E JULHO DE 74 EM BISSAU.

Fico por aqui

AB
C.Martins

Valdemar Silva disse...

Cá temos uma questão interessante.
A autoria destes atentados é do PAIGC ou é de uma acção das BR?
Não sei se o nosso incansável pesquisador Jorge Araújo quer entrar numa pesquisa para decifrar a confusão, o mais não seja para haver uma opinião baseada em possível documentação existente.


Valdemar Queiroz

Joaquim Costa disse...

Também passei em transito por Bissau pouco tempo depois da bomba no Ronda. Todos os que vinha-mos do mato desvalorizamos e até nos divertíamos a ver os heróis do Ronda e da 5ª Repartição (com direito a 100% do tempo de serviço), todos “acagaçados”

Dado que todos já balançamos entre a PDI e VCC, ninguém se lembra da data exata do atentado!!!
Um abraço
Joaquim Costa

Abílio Magro disse...

Caro Luís:
Eu nunca assinei o cartão porque achei que, ao assiná-lo, estaria a confirmar o nome.
Ora eu sou Magro, mas também sou Valente, porra! (embora não pareça).

Abraço

Tabanca Grande Luís Graça disse...

C. Martins, salvo melhor opinião, e respeitando a tua, eu não daria tanta importância assim às acções das Brigadas Revolucionárias… (Enfim, acaba de morrer, vítima de Covid-19, um dos seus cofundadores e líder, o Carlos Antunes, companheiro da Isabel do Carmo, e tua colega médica).

Leia-se, em todo o caso, com atenção eeste excerto da tese de doutoramento em História, já aqui citada poe mim, a propósito do assalto aos serviços cartográficos do exército, em dezembro de 1972, pp. 289/290:

Fonte: Ana Sofia de Matos Ferreira - Luta Armada em Portugal (1970-1974): Tese de Doutoramento em História, Especialidade em História Contemporânea. Lisboa: Universidade NOVA d4e Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Maio de 2015, 331 pp. (Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História, realizada sob a orientação do Professor Doutor Fernando Rosa, com o apoio financeiro da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia.)

Disponível aqui em formato pdf:
https://run.unl.pt/bitstream/10362/16326/1/Tese%20Doutoramento%20Luta%20Armada%20em%20Portugal.pdf

"(…) 4.2.7. Assalto aos serviços cartográficos do exército

Em Dezembro de 1972, as Brigadas Revolucionárias realizam um assalto aos Serviços
Cartográficos do Exército e apoderaram-se de cartas militares de Angola, Guiné, Cabo Verde e Moçambique que seriam, posteriormente, entregues aos movimentos de libertação das colónias.
Eram mapas secretos, que registavam o posicionamento das tropas portuguesas no terreno e planos de ataque aos movimentos de libertação.

Os planos desta acção foram sofrendo várias alterações, pois parecia difícíl entrar nos
Serviços Cartográficos. Por fim, prevaleceu a ideia de fazer o assalto através do Laboratório de Engenharia Civil, por haver ligações entre as duas instituições e porque um dos elementos das BR, Maria Elisa da Costa, trabalhava aí. Maria Elisa confirmou a existência de mapas, mas não sabia como chegar a eles, nem tão pouco de que tipo de mapas se tratava. Porém, conhecia um funcionário dos Serviços Cartográficos que, na altura prestava serviço militar no Laboratório.

Reuniram com ele diversas vezes ao longo de várias semanas e compreenderam que a melhor forma de entrar nos Serviços Cartográficos seria de noite, de modo a retirar os mapas de madrugada. José Paulo Viana ficou encarregado de executar a acção, entrou disfarçado no edifício, escondeu-se, e às duas da manhã abriu a porta aos restantes elementos das Brigadas, que retiraram os mapas. Mais tarde, José Paulo Viana levou-os para Paris, de onde seguiram para Argel e foram aí entregues aos representantes do MPLA, PAIGC e FRELIMO na capital argelina (…) . Agostinho Neto, presidente do MPLA, chegou a enviar uma carta de agradecimento às Brigadas Revolucionárias pelo resgate das cartas militares de Angola (..)

No total foram retirados cerca de 200 mapas que, de acordo com os movimentos de
libertação, constituíram um instrumento importante para a intensificação da luta, pois permitiram planear de modo mais eficaz a movimentação das tropas africanas no terreno.
A acção expressava a solidariedade e entreajuda entre os movimentos de libertação e as BR, traço fundamental da sua orientação, no sentido de articular a luta nas colónias com a luta nointerior, já que defendiam que o fim da guerra colonial dependia do fim do regime.

A partir desta acção verificaram-se excepcionais medidas de segurança em todas as
instalações militares796, não impedindo, porém, que as BR viessem a realizar novas acções dentro da nstituição militar, como se verificou em 1973. (,,,)"

Anónimo disse...

1st things 1st...
A data de emissão do "Cartão de Identificação".

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ainda volantando à carga...Meu querido amigo e camarada C. Martins, pergunto:

(i)em 200 cartas ou mapas que teriam sido roubadas dos serviços cartográficos do exército pelas Brigadas Revolucionárias, em dezembro de 1972 (e posteriormente entergues ao OAIGC, MPKA e FRELIMO), quantas seraim as respeitantes à Guiné ? (Só as da Guiné eram mais de 70, no total)...

(ii) a nossa doutora (e seguraente o seu orientador) não sabia do que estava a falar quando escreveu esta enormidade: "Eram mapas secretos, que registavam o posicionamento das tropas portuguesas no terreno e planos de ataque aos movimentos de libertação." (!!!)

(iii) recorde-se que as cartas ou mapas da Guiné estão publicadas no nosso blogue, desde 2005, por cortesia do nosso camarada Humberto Reis: "Quando voltou à Guiné-Bissau, em 1996, em viagem de negócios (mas também em romagem de saudade), o Eng. Humberto Reis (ex-furriel miliciano da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) já tinha adquirido as 72 cartas da antiga província portuguesa, à escala de 1/50.000. "Em Dezembro de 94 já me custaram 450$00 cada uma". O mapa geral custou 600$00."

(iv) by tthe way, o Humberto gastou, em 2005, 33 contos pela aquisição das 73 cartas (, com a devida autorização da embaixada da República da Guiné-Bisau!), o que, a preços de hoje, equivaleria a cerca de... 200 euros (!);

(v) deixámos logo expressa, em 2005, a nossa homenagem aos nossos cartógrafos militares:
(...) "Fica também aqui a nossa homenagem aos valorosos cartógrafos militares portugueses. Esta (a de Bambadinca) e outras cartas da Guiné resultam do levantamento efectuado em 1955 pela missão geo-hidrográfica da Guiné – Comandante e oficiais do N.H. Mandovi. A fotografia aérea é da aviação naval (Março de 1953). Restituição dos Serviços Cartográficos do Exército. Fotolitografia e impressão: Arnaldo F. Silva. A edição é do da Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar, do antigo Ministério do Ultramar, s/d. Digitalização efectuada na Rank Xerox (2005)."

(vi) se fosse no princípio da luta armada, talvez as cartas ou mapas fossem uma boa akuda e tivessem alguma mais valia para o PAIGC... Mas em 1973...(, não sabemos quando chegaram às mais dos operacionais dos 3 movimentos nacionalistas);

(vii) tirando um ou outro artilheiro, cabo-verdiano ou cubano, quem eram os)comandantes da guerrilha que sabiam utlizar as nossas cartas ?... Tenho muitas dúvidas...

Xico Carrola disse...

Relativamente a rebentamento ocorrido no café Ronda, falei com o proprietário na altura...António Almeida SANTOS, amigo delonga data, residente em Fernão Ferro, Seixal.
Ele confirma a data do rebentamento ...26/02/1974 numa terça feira de Carnaval... sublinhou.
Para além do falecimento de um militar...confirmado....ocorreu outra morte que nunca foi mencionada....a de um vendedor de missangas velho conhecido do amigo SANTOS proprietário do café. A hora da explosão, disse-me ocorreu entre as 20,30 h e as 21 h pois recorda ser essa a hora do cafezinho antes da ida à IDIB para a sessão de cinema à noite. Mais me disse que antes de mudar o nome para Ronda o mesmo estabelecimento se denominava Pensão Avenida. Mais histórias tem para me contar logo que a pandemia o permita. Grande abraço para todos.