sábado, 9 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22614: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (17): as meninas do rio Gambiel, no regulado do Cuor, à pesca...


Foto nº 1A


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 5A

Guiné-Bissau > Leste > Região de Bafatá > Setor de Bambadinca > Regulado do Cuor > Rio Gambiel > Junho de 2021

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. M
ensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com 107 referências no blogue):


Data - 05/10/2021, 22:39 (há 3 dias)


Assunto - Fotos de Finete, Bambadinca, pesca

Luís,

Conforme teu pedido (, "Patrício, quando passares lá pelos meus lados - Contuboel, Bafatá, Bambadinca, Fá Mandinga, Xime, Xitole, Saltinho, Rio Corubal - bate umas chapas"), mando-te fotos do Leste.

Tu e o Beja Santos, poderão encontrar nestas fotos as bisnetas … (dos vossos camaradas de armas) à pesca no rio Gambiel, nos finais de julho de 2021. (Fotos nºs 1 e 2).

Junto à ponte de betão que atravessa o rio (Foto nº 3), no meio da bolanha onde se cultiva o arroz no tempo da chuva, entre Finete e Bantajã, perto de Bambadinca, onde as bajudas e mulheres, se juntaram às dezenas para fechar o rio, com as sua redes artesanais, para pescarem na maré baixa. (Fotos nºs 4 e 5).

Esta pesca, é muito comum nos diversos rios da Guiné, com água até ao peito e com o balde à cabeça.

O rio, um pouco mais a nascente, é alimentado por lagoas de água doce, onde há mais de 30 anos eu comprava peixes para a alimentação dos meus colegas de trabalho.

Neste rio e lagoas, eu também “pescava” patos bravos para as minhas refeições, quando durante 3 anos, tive uma casa na tabanca de Gambiel, para os meus trabalhos nos diversos projetos da empresa pública de madeira SOCOTRAN, financiados pela Cooperação Sueca.

Esta ponte  (sobre o rio Gambiel, afluente do Rio Geba Estreito)
 foi construída depois da Independência (Foto nº 3).

Em 1998, era uma das muitas fronteiras; entre os militares da Junta militar do Ansumane Mané do lado norte, e os militares da Guiné-Conacri, que apoiavam o presidente 'Nino' Vieira que estavam do lado sul, tinham carros blindados na encosta de Bantajã debaixo das árvores.

Quando por lá passei de viatura a caminho de Dacar, levando alguns amigos comigo, para apanhar avião para Lisboa, não fomos autorizados a sair de Bissau. Tivemos que fugir… apanhámos muitos sustos, passamos por 20 controlos militares e policiais, até Dacar. Nesta altura, o aeroporto de Bissau, esteve fechado durante muitos meses.

Tabanca onde anteriormente a Soares da Costa e a Somec, Empresas Portuguesas de Construção Civil, tinham as suas pedreiras, para as extrações da pedra duralite, semelhante ao granito, utilizada nas maiores construções de obras publicas, pós-independência. (Vamos ver os comentários que o nosso amigo António Rosinha tem, sobre o assunto !!!???)

Nota: Ver o que o nosso amigo Beja Santo escreveu nos seus livros sobre esta zona, e continua a escrever …

Abraço, Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guine Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com


Guiné >Leste >  Região de Bafatá > Carta de Bambadinca (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bambadinca, Nhabijõs, Mato Cão, Finete, Mero, Santa Helena, Bantajá,Ponta Brandão, Fá Mandinga, Canturé,  Missirá, Aldeia do Cuor, rio Geba e tio Gambiel... Lugares "míticos" que alguns de nós conhecemos...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22589: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (16): Mais algumas fotos dos meus passeios: Bolama, junho de 2021

8 comentários:

Valdemar Silva disse...

Patrício Ribeiro, como os tempos mudam.
As meninas prontas para pescar no rio Gambiel de belos vestidos, chinelos e até telemóvel.
Afinal já passaram 50 anos, meio século do nosso tempo das bajudas seminuas, descalças e uns "civilizados" a tirar fotografias. Não fora a guerra, milhares de nós nunca teria visto África.
Se passares por Gabu tira umas fotos ao Quartel de Baixo, melhor dizendo ao edifício do Governo Regional do Gabu, onde a minha CART11 "Os Lacraus" estava sediada e dá uma olhadela por mim.

Abraço, saúde e bons passeios pela Guiné independente em tempo de paz.
Valdemar Queiroz

alma disse...

Conheci muito bem o Rio Gambiel. Costumava lá ir pescar à granada...J.Cabral

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, vê aqui:

4 DE AGOSTO DE 2006
Guiné 63/74 - P1023: Postais Ilustrados (1): Pescadora, de etnia papel (Beja Santos)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2006/08/guin-6374-p1023-postais-ilustrados-1.html

... mas há mais, agora não encontro!

...Os tempos mudam, felizmente. As nossas avós (e mães...) também usavam "tchador" (véu preto a cobrir o rosto, na igreja, nas procissões, etc.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Cambei algumas vezes este rio... Pelo menos, uma vez no decurso da Op Tigre Missirá, em finais de março de 1970...O rio Gambiel já era "terra de ninguèm"...

Estes domínios,o regulado do Cuor, eram do Beja Santos e depois do Jorge Cabral, quando em Missirá... A Finete ia com frequência, a Bantajã, que ficava entre Finete e Fá Mandinga não me lembro de ter ido... Mas fui a Santa Helena. a Mero...

Obrigado, Patrício...Estou aqui na Lourinhã, a almoçar uma caldeirada de peixe, com o meu filho, médico e músico, que tu conheceste em Bissau, em dezembro de 2009... E que se lembra bem de ti...Tu eras então o pai, não só teu filho, mas das muitas centenas de "tugas", rapazes e raparigas, que passavam por Bissau... Pai, guia, protetor, irã... Ainda hoje se lemramd e ti...E, como podes imaginar o mundo é pequeno... Desse tempo, lembras-te da Cecícilia Meireles (que foi minha aluna de saúde pública), da Sílvia,do Mamadu... Estes dois vieram para Portugal, têm um filho em comum... E o João (violino) toca agora com o Mamadu e outros músicos (guineenses,cabo-verdianos, brasileiros...). Estão a preparar um disco. A lusofonia múltiplas vozes...Acho que devias gostar de saber disto... Da Cecília não tenho tido notícias, a Sílvia é professora do ensino secundário, o Mamadu trabalha no duro, o João está no IPO (Oncologia), na pisco-oncologia e, nas "horas vagas", com um projeto bonito de humanização do hospital através da música...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Lapso meu, Patrício: é Catarina, e não Cecília, Meireles... De Vila Verde,um grande mulher, minhota. Não confundir com a poetisa brasileira. LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ver aqui foto do "grupo"... em Bissau, dezembro de 2009:


8 DE JULHO DE 2010
Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (89): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009: Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2010/07/guine-6374-p6695-memoria-dos-lugares-82.html

Antº Rosinha disse...

As dolerites de Finete interromperam 500 anos de tradição de gravilha vermelha de laterite para construção.

Patricio, mas será que as pedreiras de Finete ainda têm pedra para britar?

E ainda se encontra laterite para produzir gravilha?

As primeiras britadeiras a britar pedra na Guiné não foram para lá em 1550com os descobridores, nem em 1974 com Luis Cabral, mas sim com Nino Vieira, e quem as pôs a trabalhar foi um tal mecânico da Soares da Costa que o Patricio conheceu muito bem.

Foi uma odisseia!

Mário Beja Santos disse...

Meu estimado Patrício Ribeiro, desculpe, antes de mais, a demora em agradecer-lhe tão emotivas imagens. Este Cuor, junto a Bambadinca, em rigor, não é o que conheci durante a guerra da Guiné. No entanto, já era exatamente assim quando lá estive pela última vez, em 2010, a juntar elementos para o final do meu romance da viagem do Tangomau. Naquele tempo (1968 até 1970, e creio que muito depois) perto do cais de Bambadinca uma canoa prestava serviço de cambança à bolanha de Finete, hoje completamente fechada, naquele tempo uma viatura atravessava uma faixa de terra entre Finete até à berma do Geba, às vezes parecia um exercício digno de um dos filmes da Missão Impossível. Finete subiu, naquele tempo assentava num baixio, havia uma encosta pedregosa que ligava à estrada em direção a Canturé, o panorama era lindíssimo, um arvoredo simétrico, e havia mesmo alguma visualização do Geba estreito. Os palmares de Gambiel eram espetaculares, no tempo da guerra a guerrilha dinamitou a ponte em madeira que no passado dava acesso até Bafatá. E havia as ruínas da Aldeia do Cuor, tudo em pedra, a recordar um empreendimento falhado, a Sociedade Agrícola do Gambiel, onde colaborou o professor Armando Cortesão. Impressionou-me muito a bolanha de Finete, tal como fotografou. Eu estive lá no mês de novembro de 2010 e recordo os nenúfares de um branco puríssimo, são fotografias que estão no blogue dessa viagem em que, penso eu, me fui despedir de quem comigo combateu e reconciliar-me com aqueles que contra mim combateram e eu contra eles. Agradeço-lhe do coração este regresso ao passado e a esta terra amantíssima. Um abraço do Mário