1. Dois curtos comentários (*), que selecionámos como a "frase do dia" (**)... São da autoria do António Martins de Matos, ten gen pilav ref (ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74) e autor do livro de memórias "Voando sobre um Ninho de Strelas" (1ª edição, Lisboa: BooksFactory, 2018, 375.pp.; 2ª edicão, Lisboa, Sítio do Livro, 2020, 456 pp.); tem 114 referências no nosso blogue.
Quando o General Bettencourt Rodrigues chegou à Guiné (21Set73), já a FAP tinha destruído as bases de apoio do PAIGC no estrangeiro, Cumbamori no norte, Kambera e Kandiafara no sul. Faltava Koundara no leste, a alguns quilómetros de Buruntuma.
Uma primeira decisão, o novo Comandante-Chefe não nos autorizava idas ao estrangeiro, preferiu fazer uma nova revisão da matéria dada, lá pelos lados do Cantanhez. No início de 1974 foi o que se viu, ataques no leste a Copá, Bajocunda, Canquelifá, nem precisavam de entrar no nosso território.
Quanto à Directiva para o Apoio Aéreo, não tinha nada de novo, não era mais que a repetição das decisões da Reunião de Comandos de 15Mai73, então presidida pelo General Spínola.
12 de julho de 2022 às 11:38
Em aditamento ao meu comentário anterior, Bettencourt Rodrigues vinha da enorme Angola. Como Comandante Chefe da Guiné andou sempre atrás dos problemas, sem conseguir perceber a situação daquele território. Em 26Abril74 acabou preso pelo seu próprio staff, uma das muitas tristezas, para não dizer vergonhas, do 25Abril.
12 de julho de 2022 às 14:27
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 12 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23424: O consulado do general Bettencourt Rodrigues (2): A Directiva para o apoio aéreo, de 30Nov73, sem número.
(*) Vd. poste de 12 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23424: O consulado do general Bettencourt Rodrigues (2): A Directiva para o apoio aéreo, de 30Nov73, sem número.
4 comentários:
António de Spínola e Bethencourt Rodrigues - dois generais no seu labirinto
O tenente-coronel António de Spínola era administrador da Siderurgia Nacional (e accionista?), interrompeu o seu mandato e ofereceu-se voluntário para o norte de Angola, distinguiu-se como operacional e teve problemas com a hierarquia. Regressou à Siderurgia, voltou ao serviço (GNR) para a promoção, ascendeu a brigadeiro e Salazar nomeou-o Com-chefe da Guiné, em rendição do general Arnaldo Schultz.
O general Bethencourt Rodrigues distinguiu-se como estratega e "ganhador" da guerra no leste de Angola, na sua dimensão geográfica era superior a várias guinés, ganhou a consideração de melhor general português, Marcelo Caetano nomeou-o Com-chefe da Guiné, em rendição general Spínola.
Ambos foram "periquitos" (inexperientes) na Guiné (Luís Graça disse), ambos levaram para esse teatro de guerra a síndrome da dimensão geográfica e as metodologias da luta angolana. Spínola desfez o legado de Schultz e Bethencort dispunha-se a desfazer o legado de Spínola.
Spínola desguarneceu a fronteira sul, eliminou as posições de Gadembel e Ponte Balana, o PAIGC deixou de ter à perna a tropa de soberania em permanência, a sua manobra de forças e de reabastecimentos muito mais líquidas, também desguarneceu a fronteira leste (Beli e Madina de Boé, a retirada da tropa de soberania desta causou o maior número de baixas (o desatre da jangada do Che Che), Amílcar Cabral reverteu essa desactivação ara cenário "da sua tomada de posse como a primeira região libertada" e a famosa revista Paris-Match veiculou-a ao mundo.
Os pilav´s tinham "sossegado" as bases no estrangeiro de Cobum-mori, Kambere e Kandiafara, Bethencourt proibiu as suas visitas os pilav´s de visitar as bases do inimigo no estrangeiro, na de Koundara eles apenas tinham largado umas "bilhas" (expressão do AMM), Cobum-mori era a base de retaguarda dos ataques a Guidaje, Binta, etc, Koundara era a base de retaguarda dos ataques a Pirada, Bajocunda e Canquelifá, esse serviço não acabado sobrou para estas tabancas e suas guarnições, não foi a tempo para desfazer o legado de Spínola, os seus comandados destituíram-no no D25mais um ou "golpe de Bissau" - no melhor pano cai a nódoa!
Amílcar Cabral tinha planeado a "Operação Maiuma", em 1968, em desespero de causa, o seu Movimento estava encostado às cordas, o que abona o desempenho do general Arnaldo Schultz, tão mal tratado pelos cronistas, os seus herdeiros executaram-na no primeiro trimestre de 1973 tempo póstumo, com o código "Amílcar Cabral/Abel Djassi", para eles, a "Crise dos Três G´s", para nós.
O PAIGC proclamou a independência no consulado do general Spínola, mês e meio após a primeira reunião conspiradora do Movimento dos Capitães, ele estava de férias no Buçaço, foi demitido em 2O de Agosto, o seu mês de licença contou p ara o mandato.
O general Bethencourt chegou e foi lá deixar "um das Caldas", uma figura fálica cerâmica, com dedicatória a Nino Vieira, seu proclamador.
Esta "operação" não rezará na história da Guiné-Bissau...
"O PAIGC proclamou a independência no consulado do general Spínola, mês e meio após a primeira reunião conspiradora do Movimento dos Capitães, ele estava de férias no Buçaço, foi demitido em 2O de Agosto, o seu mês de licença contou p ara o mandato."
Luís Lomba, esta é mais uma a juntar a umas "à alex jones" com a habitual epígrafe 'estava tudo combinado'.
Saúde da boa e cuidado com o calor solar
Valdemar Queiroz
Quando o PAIGC proclamou a independência, já há um mês que o General Bettencourt Rodrigues era Comandante-Chefe da Guiné.
AMM
Valdemar: "à alex jones"? O que é que um "afectado" da Guerra da Guiné tem em comum com as tranpolinices mediáticas dele? "Tudo relacionado" seria expressão mais feliz...
António Martins Matos: A Wikipédia diz que o general Bethencourt foi nomeado em 21 de Setembro.
O coronel Sales Golias, capitão influente no "Golpe de Bissau", disse que ele chegou à Guiné no dia 21 de Setembro (C. D. 25 de Abril) - pela norma, só terá entrado ao serviço no dia 22.
Amílcar Cabral anunciou a decisão da proclamação da independência no fim do fim do ano de 1972, o dia 19 de Setembro de 1973 a data prevista, efeméride da fundação do PAI, maternidade do PAIGC, seria a data prevista, a tabanca de Cassacá (ilha do Como), o local escolhido (o seu I Congresso foi em Cassacá/Quitafine, no continente).
A FAP afundou-lhe a lancha da ligação à GConacri, carregada de gente e de tralha para o evento (a Carmen Pereira disse que foi com napalm..., a inverdade é arma da guerra dos políticos ), os para-quedistas e a tropa andavam no terreno, o Boé solução de contingência - e tudo preparado na noite de 24 de Setembro!...
Reconhecidamente eficiente, o PAIGC foi portentoso - até os convidados e diplomatas estrangeiros alinharam naquela noitada!
Conclusão simplista: a FAP é responsável pela proclamação da independência da GBissau ... acontecer no consulado do general Bethencourt e não no do general Spínola.
Abraço.
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