Guião e crachá da CCAÇ 2637 (Teixeira Pinto, 1969/71).
Coleção: Carlos Coutinho (com a devida vénia...)
1. Ontem, no 49º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, em Algés, fiquei, na mesa, ao lado do camarada Fernando Almeida Serrano. Foi a segnda vez que ele veio a esta tertúlia, onde não conhecia ninguém. Fui eu que o puxei para a minha mesa. E tivémos uma longa, agradável, franca e proveitosa conversa.
Fiquei a saber que era professor primário, natural de Penamacor, conterrâneo, amigo, colega e camarada do Libério Lopes (ex-2º srgt mil, CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65). Falámos também da sua terra, e do seu ilustre conterrâneo, o médico cristão novo António Nunes Ribeiro Sanches (Penamacor, 1699 - Paris, 1783), cujas obras (as principais, em edição moderna da Universidade da Beira Interior, em formato pdf), lhe fiquei de mandar uma cópia em próxima oportunidade. (É um dos grandes pioneiros da saúde pública, e o nosso maior médico do séc. XVIII, especialista em "males de amores", e figura que eu muito admiro; é o único português que tem uma entrada na famosa enciclopédia de Diderot e D'Alambert, Paris, 1751-1772, justamente sobre "venerologia": "Maladie vénérienne inflamatoire chronique", ou seja, "doença venérea inflamatória crónica").
O Fernando reside desde 1972 em Carnaxide, Oeiras onde deu aulas juntamente com a esposa. Foi furriel mil enfermeiro da "açoriana" CCAÇ 2637 (Teixeira Pinto, 1969/71), de que, como é frequente, com as unidades moblizadas pelo BII 18, Ponta Delgada (e também BII 17 e BII 19), não temos nenhum representante na Tabanca Grande... A emigraçao, nomeadamente transatlântica, levou para longe muitos dos nossos camaradas açorianos e madeirenses.
Identificação: CCaç 2637
Unidade Mob: BII 18 - Ponta Delgada
Crndt: Cap Inf José Cândido de Oliveira Bessa Meneses
Divisa: "As armas não deixarão enquanto a vida não os deixar"
Partida: Embarque em 220ut69; desembarque em 280ut69 | Regresso: Embarque em OçSet71
Em 300ut69, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCaç 2845 e substituir a CCaç 2368 no reforço àquele batalhão e depois ao BCaç 2905, como subunidade de intervenção e reserva do sector, a partir de 17Dez69, tendo realizado diversas acções nas regiões de Pechilal, Bajope e Belenguerez, entre outras.
Em 07Jan70, mantendo o comando em Teixeira Pinto, passou a orientar a sua actividade para a realização dos trabalhos dos reordenamentos de Bassarel, Bajope, Chulame, Blequisse e Batucar, este último até 150ut70, e para a promoção socioeconómica das respectivas populações.
Em 28Jun71, com a instalação da CCaç 3327 em Bassarel, transferiu a sua sede, temporariamente, para o reordenamento de Chulame, permanecendo efectivos da subunidade nos reordenamentos de Bajope e Blequisse.
Em 20Ago71, foi substituída nos reordenamentos por efectivos da CCaç 3327 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
Observações > Tem História da Unidade (Caixa n.º 86 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM)
Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 384.
O Fernando Almeida Serrano conhece o nosso blogue e manifestou vontade em juntar-se aos 864 membros da Tabanca Grande. Tem uma forte ligação aos seus "irmãos açorianos", se bem que muitos dos antigos militares da CCAÇ 2637, tenham seguido os caminhos da emigração. A sua casa é a casa deles, qaundo vêm ao Continente, e a casa deles, nos Açores, é a sua casa, quando ele lá vai.
Tem uma página na Net, que eu ainda não localizei, "Guiné-Recordações" (julgamos que se trata de uma página no Facebook, de um grupo privado, com 5 mil membros, criado há 2 anos). Tem também página pessoal no Facebook. É amigo (e cunhado) do nosso grã-tabanqueiro, ten cor art ref, José Francisco Robalo Borrego (qye foi fur art, Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau, e 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72). Aporesentei-o ao António Graça de Abreu, que esteve em Teixeira Pinto, no CAOP1, em 1972, ao tempo do coronel paraqueista Rafael Durão, mas não chegaram a estar juntos, o Fernando e o António, já que a CCAÇ 2673 terminou a sua comissão em agosto de 1971.
Publicamos, para já a ficha da unidade, referente a esta companhia, mobilizada pelo BII 18.
Ficha de Unidade > Companhia de Caçadores nº 2637
Identificação: CCaç 2637
Unidade Mob: BII 18 - Ponta Delgada
Crndt: Cap Inf José Cândido de Oliveira Bessa Meneses
Divisa: "As armas não deixarão enquanto a vida não os deixar"
Partida: Embarque em 220ut69; desembarque em 280ut69 | Regresso: Embarque em OçSet71
Síntese da Actividade Operacional
Em 300ut69, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCaç 2845 e substituir a CCaç 2368 no reforço àquele batalhão e depois ao BCaç 2905, como subunidade de intervenção e reserva do sector, a partir de 17Dez69, tendo realizado diversas acções nas regiões de Pechilal, Bajope e Belenguerez, entre outras.
Em 07Jan70, mantendo o comando em Teixeira Pinto, passou a orientar a sua actividade para a realização dos trabalhos dos reordenamentos de Bassarel, Bajope, Chulame, Blequisse e Batucar, este último até 150ut70, e para a promoção socioeconómica das respectivas populações.
Em 28Jun71, com a instalação da CCaç 3327 em Bassarel, transferiu a sua sede, temporariamente, para o reordenamento de Chulame, permanecendo efectivos da subunidade nos reordenamentos de Bajope e Blequisse.
Em 20Ago71, foi substituída nos reordenamentos por efectivos da CCaç 3327 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
Observações > Tem História da Unidade (Caixa n.º 86 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM)
Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 384.
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Nota do editor:
Último poste da série > 26 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P23034: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (3): CART 2411 (Mansoa, Porto Gole, Bissá, Enxalé, Bissau, 1968/70)
11 comentários:
Eh Moço!
Acabas por saber tanto ou mais do que eu sobre a minha companhia.
Acredita que foi bom ter-te conhecido.
Eu estava por ali perdido pois não conhecia ninguém.
Os princípios que regem a tua página são exactamente os que regem a minha- Guiné Recordações.
Total liberdade, total responsabilidade- É fácil entrar... é fácil sair.
Permanecer é apenas para alguns.
Um abraço
Fernando, ficamos à espera das tuas duas fotos da praxe, para a apresentação formal à Tabanca Grande, uma atual e outra do tempo da tropa... E duas linhas...Já sabemos quem és... E obrigado por nos teres aceite no teu grupo privado, "Guiné Recordações" onde já reconhecemos muitos grã-tabanqueiros... Até mais logo: temos o lugar nº 865, à sombra do nosso poilão, reservado para ti... Luís
Bom-dia, Luís.
Parece-me que ao médico Ribeiro Sanches lhe estão a ser atribuídos anos a mais.
Mesmo para um cientista, nascer no século XVIII e morrer no século vinte é exagerado.
Estou a brincar, mas convém corrigir.
Um abraço para todos e boas-vindas ao Serrano, que me deixou as instalações em Teixeira Pinto.
Ramiro Jesus
Ramiro, ainda bem que estás atento: já corrigi, o Sanches Ribeiro nasceu no final do séc- XVII, em 1699, e morreu aos 84 anos, em 1783, em Paris, sem nunca mais ter voltado à sua terra natal, Penamacor, nem sequer à sua pátria, que ele amou profundamente... mesmo que a pátria lhe tenha sido ingrata. LG
Como curiosidade, o médico e polimata Ribeiro Sanches, tem nome de rua na zona de Arroios-Lisboa, que eu palmilhei alguns anos, e foi médico privado da czarina Ana Ivanovna da Rússia.
Valdemar Queiroz
Não é vocábulo muito frequente entre nós... Ribeiro Sanches foi um verdadeiro homem das Luzes, um verdadeiro enciclopedista, que se interessou por diversas áreas de saber (da medicina à economia, da pedagogia e da filosofia à história...), em suma, um polímata (a palavra é esdrúxula, com acento tónico na antepenúltima sílaba).
polímata
polímata | adj. 2 g. n. 2 g.
po·lí·ma·ta
(grego polumatês, -ês)
adjectivo de dois géneros e nome de dois géneros
Que ou quem estudou e sabe muitas coisas ou muitas ciências (ex.: Santa Hildegarda era uma freira polímata; os polímatas são peritos em muitas áreas do conhecimento). = POLÍMATE, POLÍMATO
"polímata", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/pol%C3%ADmata [consultado em 24-09-2022].
Fantástico!
A confusão instalou-se na mesa onde, habitualmente, se junta "a secção de Linda-a-Velha".
Faltava um lugar para o Manuel Macias, que chegara atrasado.
O Fernando foi de uma enorme gentileza, e num gesto de camaradagem dispensou o seu lugar ao Manel.
"Não tem problema" - disse me ele - "Eu não conheço aqui ninguém e fico em qualquer lugar."
E eu aflito, de mesa em mesa, à procura de um lugar para sentar o Fernando.
Ao andar neste frenesim "perdi" de vista o Fernando.
Quando dei por ele estava sentado no lugar certo.
Ao lado ao Luís Graça.
O resto está aqui publicado.
Como o Fernando mora em Carnaxide, logo meu vizinho, agora só falta eu convidá-lo para as habituais, e diárias, tertúlias da "secção de Linda-a-Velha"
armando pires
Armando Pires, não pode ser, o Manuel Macias chegou atrasado?
O Manuel Macias nunca chegou a horas a lado nenhum, talvez para ir à caça e não sei não se as perdizes já todas teriam voltado a poisar.
Duma vez, no encontro anual da nossa rapaziada fiz uma aposta, com o Canatário, de como o Macias chegava atrasado. Nã, o Manel aqui a Alpalhão vai chegar a horas, disse o Canatário que foi o organizador do encontro desse ano na sua terra..
E ganhei a aposta por ele ter chegado atrasado. Nã pago a aposta, por ter sido uma aposta desonesta tu já sabias que o Macias chega sempre atrasado, comentou o Canatário.
O Macias, eu e o Pinto fomos os três furriéis.mil. do 4º. Pelotão da CART.11 "Os Lacraus", de soldados fulas e em intervenção palmilhamos toda a zona leste da Guiné (Fev1969-Dez1970).
Manuel Macias, meu grande amigo.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Armando, então és tu o padrinho do Fernando Serrano... Estou à espera das fotos da praxe para o apresentar à Tabanca Grande...
Também já percebi que há "lugares cativos" na Tabanca da Linha... Em boa hora sentei o Fernando na minha mesa...LG
Luís, Luís, tu não me entales, camarada.
O que acontece é que "a secção de Linda-a-Velha" costuma vir toda no mesmo carro e aponta à mesa lá do fundo, onde o João Rosa, "um rapaz" do meu batalhão já espera por nós. O Macias perdeu a boleia e quando chegou não tinha lugar.
Foi aí que o Fernando entrou na conversa que já relatei.
Um abraço
armando pires
A propósito de eu ter escrito que Manuel Macias chegava sempre a atrasado, recebi hoje um telefonema do Macias.
-Então Queiroz andas pra aí dizer que eu chegava sempre atrasado?
-Oh Macias, um momento para eu compor os bofes, até achei piada passados 50 anos continuares a chegar atrasado. Na parada em Nova Lamego estava a coluna pronta para sair e tínhamos que estar sempre à tua espera e mesmo aconteceu nos nossos encontros por cá.
-Tá bem Queiroz, mas nunca faltei nem nas saídas para o mato nem nos nossos encontros anuais por cá.
-Lá isso é verdade, tens toda a razão, Macias, podias chegar atrasado mas nunca faltavas.
Esta conversa telefónica foi mais porreira que o que possa parecer na descrição, e fiquei todo contente do Macias ter feito o favor de me telefonar a saber como estava a minha saúde.
Não tenho andado nada bem com os meus problemas respiratórios, e não comprometi a um nosso encontro, mesmo aqui para os meus lados, com a vinda do Pais de Sousa, de Grijó, e mais alguns camaradas cá do sul, para uma almoçarada.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
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