© ADÃO CRUZ
REFLEXÃO
adão cruz
Todos nós temos os nossos desertos, pequenos ou grandes, e todos nós temos os nossos labirintos, pequenos ou grandes, simples ou complexos.
Os caminhos e os percursos entre os nossos desertos e os nossos labirintos, mais rectos ou mais sinuosos, são, ao fim e ao cabo, os caminhos da nossa vida. E esses caminhos são feitos predominantemente de silêncio.
A grande força da nossa vida reside no silêncio. O silêncio das nossas meditações, das nossas reflexões, das nossas decisões, dos nossos segredos e intimidades, dos nossos medos e coragens, dos nossos sonhos e entusiasmos, das nossas alegrias, das nossas mágoas e frustrações.
O silêncio é a primeira voz que um homem ouve quando está dentro de si.
O silêncio é o respirar do nosso íntimo, a dialéctica da nossa personalidade, o único espaço onde a mentira não cabe.
O silêncio é o relógio oculto e secreto das nossas horas.
A mágica sensatez do silêncio é o fio-de-prumo do nosso equilíbrio.
São imensas as verdades que podemos conhecer, só por ficarmos estendidos na cama a pensar calmamente. Porque as verdades estão em nós e só o silêncio nos permite desvendá-las.
Nós somos a nossa própria teia e só o silêncio nos deixa ver e separar os emaranhados fios que a tecem.
Tantas vezes o silêncio tem vontade de fugir e necessidade de gritar! De gritar as verdades que descobre. Mas como o silêncio não tem palavra de se ouvir, vai enformando os mais variados actos da nossa vida, os gestos e as artes da vida que só nele vive.
Assim nascem, assim se criam e se desdobram todas as nossas inúmeras expressões vivenciais e que mais não são do que as vozes ampliadas dos nossos próprios silêncios.
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Nota do editor
Último poste da série de 19 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23627: (In)citações (220): Homenageando os bravos do Batalhão de Comandos da Guiné (Raul Folques, em 15/4/2010, na sessão de lançamento do livro do Amadu Djaló, "Comando, Guineense, Português")
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