segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23693: Voltamos a recuperar as antigas cartas da província portuguesa da Guiné, um dos recursos mais preciosos do nosso blogue - Parte III: Do Gabu a Pirada


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento de Mansambo, construído de raiz pela CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69).  Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

"Quanto à foto de Mansambo, a vista aérea – que é espectacular e que pessoalmente agradeço - gostava de saber de que ano é, se o Humberto tiver esses dados. A zona está totalmente nua, só com uma grande árvore ao fundo que se encontra à entrada do aquartelamento, pois vê-se a bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole (esquerda-direita. Falta ali uma árvore, a tal de referência para o IN, e que os nossos soldados chamavam a árvore dos 17 passarinhos, tal era a quantidade deles, que se situava na parte mais afastada da entrada. A mancha branca de maior dimensão seria o heliporto. Faltam os obuses, um de cada lado à esquerda e à direita. Ao lado dessa árvore ficava o depósito, que era uma palhota, de géneros e munições, que ardeu a 20 de Janeiro de 1969 (nesse dia chegaram os 2 Obuses 105 mm). Era véspera do aniversário da CART 2339. Ao fundo vê-se uma mancha à esquerda do trilho de entrada que era a tabanca dos picadores. À direita no triângulo de trilhos, ficava a nossa horta. A fonte ficava à direita da foto onde se vêem 3 trilhos, na mancha mais negra em baixo. Se confrontares com um mapa da zona vê-se aí uma linha de água" ( Carlos Marques dos Santos)

Foto (e legenda): Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

1. Estamos a recuperar os "links" ou as "URL" das cartas (ou mapas) da Guiné, dos Serviços Cartográficos do Exército, que estavam alojadas desde finais de 2005 na antiga página pessoal do editor Luís Graça, cujo servidor era o da Escola Nacional de Saúde Pública / Universidade NOVA de Lisboa (ENSP / NOVA). Mais concretamente estavam alojadas numa pasta institulada "Luís Graça e Camaradas > Subsídios para a História da Guerra Colonial"...

As cartas (ou mapas) da Guiné e os demais recursos dessa página estavam acessíveis a partir do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.  Com o fim da página, em 2022, passam doravante a poderem ser consultadas, de novo, "on line", no nosso blogue, mas a partir do Arquivo.pt.(https://arquivo.pt):

O Arquivo.pt (criado e mantida pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia)  permite  "a preservação da informação publicada na Web portuguesa para que o conhecimento nela contido esteja acessível às nossas gerações futuras"... e continue a estar disponível para todos (incluindo os investigadores das mais diversas áreas disciplinares, da linguística à história, da sociologia à literatura, da geografia à etnografia, da ecologia à economia...

É o caso da página pessoal do nosso editor, "Saúde e Trabalho - Luís Graça", e o blogue que ele fundou e tem ajudado a manter desde 2004, "Luís Graça & Camaradas da Guiné". Para saber mais, ver aqui: Arquivo.pt.


2. Continuamos, entretanto, a repor as nossas preciosas cartas (ou mapas) da Guiné (Escala 1/50 mil), por ordem alfabética, agora alojados no Arquivo.pt. É só carregar no link.

No final desta série continuarão a estar disponíveis na coluna estática do blogue, do lado esquerdo. Por enquanto esses links continuam quebrados, bem como todos os topónimos que até agora (ou até há alguns meses) usavam os links antigos, quando estavam alojados na página da ENSP/NOVA. Aqui vão os novos links, das cartas (de G a P):


Cartas na escala de 1/50 mil - Parte III  (G / P) 


Gabu (Nova Lamego) (1957)

Gadamael / Cacoca (1954) (Carta de Cacoca que inclui Cacoca, Sangonhã, Gadamael Porto, parte do Quitafine e do Cantanhez, rio Cacine e fronteira sudeste com a Guiné-Conacri)

Galomaro / Duas Fontes (Bangacia) (1959) (Carta de Duas Fiontes que inclui Galomaro...)

Geba / Bambadinca (1955) (Carta de Bambadinca) (inclui rio Geba Estreito, Nhabijões, Finete, Missirá, Fá Mandinga, Geba...)

Guidaje (1953) (Inclui Guidaje, e não "Guidage", e a fronteira com o Senegal)

Guileje (1956)  (inclui Guileje, Mejo, Gandembel, Balana, e fronteira com a Guiné-Conacri)

Jumbembem (1954) (Inclui Jumbembem e fronteira com o Senegal)

Jábia (1959)  (inclui  rio Corubal)

Madina do Boé (1958) (inclui Madina do Boé, rio Corubal e fronteira com a Guiné Conacri)

Mansabá / Farim (1954)
(Carta de Farim)

Mansambo / Xime (1955) (Carta do Xime) 

Mansoa (1954) (inclui Mansoa, rio Mansoa, Bissorã, Encheia, Morés...)

Nova Lamego (Gabu) (1957) (Carta de Nova Lamego, hoje Gabu)


Pelundo (1953) (Inclui Pelundo, Jolemete, rio Mansoa, rio Cacheu...)

Piche (1957) (inclui Piche, ponte Caium, rio Caium...)

Pirada (1957) (incui Pirada, Bajocunda, fronteira com o Senegal...)

Província da Guiné (1961) (Escala 1/ 200 mil)

(Continua)
___________

Nota do editor:

Vd. postes anteriores da série: 

4 comentários:

Valdemar Silva disse...

Continuo a frisar o abandono da população e o consequente desaparecimento de centenas de tabancas com o evoluir da guerra.
A fotografia de Mansambo, a grande fotografia de Humberto Reis, é testemunha do evoluir da guerra. Um aquartelamento feito de raiz numa zona deserta ou toda capinada em redor, com meia dúzia de moranças dos milícias picadores, sem população.
Na Carta da Província da Guiné 1961, a estrada a leste, começando Buruntuma-Piche-Nova Lamego-Bafatá-Bambadinca-Xitole e toda essa extensa área que forma um triângulo, com fronteira com Guiné-Conacri, está cheia de centenas de tabancas.
Em 1970 essa mesma área de Buruntuma até Xitole apenas tinha DUAS tabancas Cabuca e Canjadude, não conheci bem a zona de Bafatá e não sei se havia alguma tabanca em auto defesa.
Assim ia acontecendo por toda a Guiné, a população a abandonar as tabancas e a recolher a localidades principais com tropa bem armada. Era essa a estratégia do PAIGC.
Em 1974 a guerra estava complicada com a nossa FA a ser atacada com os strelas e Bissau a preparar-se para um possível ataque com misseis.
25 de Abril de 1974 não perdemos a guerra, mas quem a ganhou foi o PAIGC com a independência que foi para isso que lutaram.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A desertificação e a litorização do país já não é de hoje. Estas cartas, que foram elaboradas em tempo de "paz", ao longo dos anos 50, são eloquentes: havia centenas e centenas de tabancas, por todo o território. E muitas como dezenas e dezenas de moranças...

A guerra de 1961/74 foi um terramoto demográfico e geográfico!... Hoje os jovens não querem viver mais sob os poilões centenários dos seus seus antepassados. E tudo isto é agravado pelo impacto negativo do ciclo vicioso da pobreza e das alterações climáticas.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, nunca andaste por estes sítios, na bacia hidrográfica do Corubal. A CCAÇ 12 fez muitas colunas logísticas por esta estrada, Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho. 60 km. Às vezesuas demoravam 2 dias. No tempo das chuvas era um inferno. O subsetor de Mansambo, correspondendo em grande parte ao regulado do Corubal, não tinha praticamente população, a nâo dois destacamentos de milícias, Moricanhe (mais tarde retirado) e Taibatá e duas tabancas, em autodefesa e com reforço de 1 secção da tropa de Mansambo (CART 2339, 1968/69), dos nossos saudosos camaradas Torcato Mendonça e Carlos Marques Santos...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ainda me lembro bem as tabancas, estiveram a ferro e fogo em 1969: Afiá e Candamã... "O criminoso volta sempre ao local do crime"...