Foto 1 – Zona Leste > Região de Nova Lamego > 12 de Setembro de 1969 [há 53 anos] > Evacuação de feridos provocados pelo rebentamento de uma mina anticarro ocorrida entre Canjadude e Nova Lamego. Foto do álbum de José Corceiro, 1.º Cabo Trms, CCAÇ 5, Canjadude (1969/71) – P6117, com a devida vénia.
O nosso coeditor Jorge [Alves] Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, ainda no ativo. Tem mais de 290 referências no nosso blogue.
MEMÓRIAS CRUZADAS NAS “MATAS” DA GUINÉ (1963-1974):
RELEMBRANDO OS QUE, POR
MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA
GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»
OS CONTEXTOS DOS
“FACTOS E FEITOS” EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO
CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM “CRUZ DE GUERRA”, DA ESPECIALIDADE “ENFERMAGEM”
1. - INTRODUÇÃO
Depois de um interregno, superior ao que era desejável, retomamos a partilha no Fórum dos resultados obtidos na investigação acima titulada. Procura-se valorizar, através das diferentes narrativas, o importante papel desempenhado pelos nossos camaradas da “saúde militar” (e igualmente no apoio a civis e população local) – médicos e enfermeiros/as – na nobre missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate, quer noutras ocasiões de menor risco de vida, mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais.
Considerando a dimensão global da presente investigação, esta teve de ser dividida em partes, onde procuramos descrever cada um dos contextos da “missão”, analisando “factos e feitos” (os encontrados na literatura) dos seus actores directos “especialistas de enfermagem”, que viram ser-lhes atribuída uma condecoração com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe. Para esse efeito, a principal fonte de recolha de informação foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974).
De acordo com a coleta de dados da pesquisa, os “casos do estudo” totalizaram vinte e quatro militares condecorados, no CTIG (1963/1974), com a «Cruz de Guerra» pertencentes aos «Serviços de Saúde Militar», três dos quais a «Título Póstumo», distinção justificada por “actos em combate”, conforme consta no quadro nominal elaborado por ordem cronológica e divulgado no primeiro fragmento – P21404.
Nesta oitava parte analisaremos mais dois “casos”, o primeiro registado no final do ano de 1966 e o segundo no início de 1967, onde se recuperam mais algumas memórias dos seus respectivos contextos.
No gráfico abaixo, já publicado anteriormente, está representada a população do estudo agrupada pela variável “posto” (n-24).
Gráfico 1 – Representação gráfica da população do estudo agrupada na variável “posto”.
3.
- OS CONTEXTOS DOS “FEITOS” EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS
COM “CRUZ DE GUERRA”, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE “ENFERMAGEM” -
(n=24)
3.15 - MÁRIO DE JESUS MANATA, FURRIEL MILICIANO DO SERVIÇO DE SAÚDE, DA CCAV 1482, CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE
◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração
▬ O.S. n.º 06, de 09 Fevereiro de 1967, do QG/CTIG:
“Agraciado com a Cruz de Guerra de 4.ª Classe, nos termos do artigo 12.º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 28 de Março de 1967: O Furriel Miliciano enfermeiro, Mário de Jesus Manata, da Companhia de Cavalaria 1482 [CCAV 1482] – Batalhão de Caçadores 1888, Regimento de Cavalaria 7.”
● Transcrição do louvor que originou a condecoração:
“Louvo o Furriel Miliciano enfermeiro, Mário de Jesus Manata, da CCAV 1482, por ao longo do tempo de permanência nesta Província ter participado em elevado número de operações e em todas elas ter demonstrado calma e serenidade no exercício das suas funções específicas e também porque tendo sido ferido em diversas partes do corpo, durante a «Operação Holofote” [14/16Dez66], se manteve animado, aplicando em si mesmo os primeiros socorros necessários e dispensando qualquer ajuda no seu deslocamento até ao local da evacuação, evidenciando em todos os momentos uma dignidade de acção digna de salientar.” (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV; p 268).
◙► CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
Para contextualização da actividade operacional definida para a «Operação Holofote», a informação obtida na fonte Oficial (CECA) é muito reduzida. Apenas é referido que esta Operação decorreu durante três dias, de 14 a 16 de Dezembro de 1966, nela tendo participado as seguintes forças: CCaç 1546, CCaç 1551, CCav 1482 e PCaç 53.
O objectivo traçado para a missão era realizar um golpe-de-mão ao acampamento de Darsalame Baio, situado na margem esquerda do rio Buruntoni.
3.15.1
- SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 1482
= BAMBADINCA - SONACO - QUIRAFO - PONTA DO INGLÊS - XIME - INGORÉ - SEDENGAL
Sete dias após a sua chegada [27Out65], a CCAV 1482 foi colocada em Bambadinca, a fim de substituir a CCAÇ 556 [10Nov63-28Out65, do Cap Inf José Abílio Lomba Martins (1.º); do Cap Inf Carlos Alberto Gonçalves (2.º) e do Ten Inf Fernando Gonçalves Foitinho (3.º)], assumindo a função de intervenção e reserva do BCAÇ 697 [21Jul64-27Abr66, do TCor Inf Mário Serra Dias da Costa Campos], tendo actuado em diversas operações realizadas nas regiões de Darsalame Baio, Ponta Varela e Poindom e efectuado patrulhamentos, batidas e escoltas na sua zona de acção. De 17Nov65 a 17Jan66, cedeu um Gr Comb ao BCAV 757 [23Abr65-20Jan67, do TCor Cav Carlos de Moura Cardoso], para guarnecer o destacamento de Sonaco.
Em 06 e 08Abr66, com a marcha de dois Grs Comb, respectivamente para Quirafo (onde se manteve até finais de Dezembro seguinte) e Ponta do Inglês, iniciou a rotação com a CCAV 678 [18Jul64-27Abr66, do Cap Cav Juvenal Aníbal Semedo de Albuquerque (1.º); do Cap Cav Inácio José Correia da Silva Tavares (2.º) e do Cap Art José Vítor Manuel da Silva Correia (3.º)] e seguidamente assumiu, em 14Abr66, a responsabilidade do subsector do Xime, com aqueles destacamentos referidos, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697 e depois do BCAÇ 1888 [26Abr66-17Jan68, do TCor Inf Adriano Carlos de Aguiar].
Em 11Jan67, foi rendida no subsector do Xime pela CCAÇ 1550 [26Abr66-17Jan68, do Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo], tendo sido colocada em Ingoré, a fim de render a CCAV 788 [28Abr65-08Fev67, do Cap Cav Alberto Mourão da Costa Ferreira]. Em 15Jan67, assumiu a responsabilidade do subsector de Ingoré, com um Gr Comb destacado em Sedengal, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894 [30Jul66-09Mai68, do TCor Inf Fausto Laginha dos Ramos]. Em 13Jul67, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1590 [12Ago66-09Mai68, do Cap Inf Aires Jorge da Costa Gomes], tendo seguido em 18Jul67 para Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso, o qual ocorreu a 27Jul67, a bordo do N/M «UÍGE» (CECA; 7.º Vol.; p 500).
3.16
- AMÉRICO MOREIRA DA SILVA, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO, DA CART 1525,
CONDECORADO COM A CRUZ DE GUERRA DE 4.ª CLASSE
◙ Fundamentos relevantes
para a atribuição da Condecoração
▬ O.S. n.º 15, de 30 de
Março de 1967, do QG/CTIG:
● Transcrição do louvor que originou a condecoração:
“Louvado o 1.º Cabo auxiliar de enfermeiro, n.º 5614265, Américo Moreira da Silva, da CART 1525, por ter desenvolvido ao longo de 14 meses de comissão uma actividade extraordinariamente proveitosa e cheia da melhor boa vontade, quer no exercício das suas funções internas, quer ainda na actividade operacional levada a efeito pela Companhia.
Elemento dotado de invulgares qualidades de trabalho, notório espírito de sacrifício e desejo permanente de agradar, jamais regateou qualquer esforço, mesmo quando a Companhia possuía um enfermeiro a menos, obrigando-o por isso a desdobrar-se e a fornecer um esforço suplementar. Possuidor de extrema correcção e simpatia pessoal tem-se imposto não só a camaradas, como também a superiores, como um militar merecedor de estima geral.
No exercício das funções, durante a actividade operacional, tem-se revelado também, em todas as acções em que tem participado, como um militar de grande destreza, coragem e valentia.
Na «Operação Baluarte», efectuada à “Base de Rua”, em que as NT tiveram, entre feridos graves e ligeiros, 14 indisponíveis, o 1.º Cabo Silva, ainda debaixo de fogo IN e não olhando ao perigo, acorreu a todos os locais onde a sua presença era solicitada, numa demonstração de entrega total à sua missão, não se poupando a esforços para que a sua presença e os seus cuidados estivessem sempre ao dispor dos mais necessitados. Conseguiu desta feita, e alardeando grande serenidade, desprezo pelo perigo, coragem e sangue frio, que a sua acção fosse estimular não só os feridos, como também o restante pessoal, contribuindo deste modo para elevar o moral das NT.
Pelas suas qualidades pessoais, de reconhecido valor e qualidades de trabalho que são uma realidade e, ainda, pela sua calma, coragem, espírito de abnegação e desprezo pelo perigo, largamente demonstrados em acções de contacto com o IN, merece o 1.º Cabo Silva ser apontado a todos os seus camaradas como exemplo de dedicação e entrega total ao serviço.” (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV; p 317).
◙►
CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
Para a elaboração deste ponto, não foi possível incluir a narrativa da fonte Oficial (CECA) por nada constar à cerca desta actividade operacional desenvolvida pela CART 1525. No entanto, recorremos, uma vez mais, ao livro da Unidade – CART 1525 - “HISTORIAL” – da qual retirámos os factos relacionados com o desenrolar da «Operação Baluarte», efectuada em 01 de Fevereiro de 1967, 4.ª feira, na Região de Cambajo / Madane (Óio).
O principal objectivo da «Operação Baluarte» visava concretizar um golpe de mão à “Base Rua”, situada entre a bolanha de Cambajo e Madane.
Foram escaladas para esta missão as seguintes forças: 1.º Gr Comb da CART 1515; Gr Comandos “Os Falcões”, 1 Pel Milícia 157 e 1 Pel Pol Adm., com apoio aéreo.
▬ DESENROLAR DA ACÇÃO:
● Saíram as NT do quartel pelas 22h30 seguindo a estrada de Mansoa e flectindo depois na direcção de Quenhaque > Mansabandim > Dando, onde chegaram pelas 23h30. Cambada a bolanha do Cambajo, entrou-se na zona do objectivo. O guia não sentia qualquer dificuldade na condução das NT, e assim, pelas 05h30, encontravam-se as mesmas muito próximas da base quando, de N, se ouviu forte tiroteio à distância o que, certamente, veio alertar o IN.
Uma vez detectadas, as NT abriram fogo com todas as armas mas o IN reagiu com PM, MP e LGFog. A pouco-e-pouco, porém, as NT continuaram o avanço a despeito da forte reacção do IN que se fazia sentir e apesar de uma das granadas de LGFog do IN ter rebentado no meio do nosso pessoal e ocasionando logo alguns feridos. Assim, cerca de meia hora depois de se ter iniciado o contacto, chegaram finalmente as NT às casas de mato, depois do IN as ter debandado.
Ainda quando as NT se encontravam no interior da base, o IN fez lançar mais uma granada de LGFog, a qual veia a rebentar sobre o nosso pessoal, ocasionando mais feridos. Em face disto e uma vez que as instalações tinham já sido destruídas, retirou-se da zona e resolveu-se, devido à demora do PVC, evacuar os feridos pelos nossos próprios meios até ao ponto de recolha pelas viaturas.
Atendendo à grande quantidade dos mesmos e à enorme extensão a percorrer, foi digno de nota o espírito de entreajuda de todo o pessoal no transporte dos camaradas feridos. Durante o movimento de regresso, foram ainda queimadas mais quatro tabancas a W do objectivo, não se tornando o IN a revelar. As forças foram recolhidas pelas 08h30 na estrada de Mansabá, chegando a Bissorã cerca das 09h00.
Foram capturados alguns carregadores de PM, munições diversas e granadas de mão. As NT sofreram catorze feridos, sendo evacuados nove elementos (Op. cit,; pp 57/58).
3.16.1
- SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE ARTILHARIA 1525
= MANSOA - BISSORÃ - PONTE MAQUÉ
3.16.2 - SÍNTESE DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 1525
Dez dias após a sua chegada a Bissau, a CART 1525 seguiu para Mansoa, a fim de efectuar um curto período de adaptação operacional e substituir a CART 644 [10Mar64-09Fev66; do Cap Art Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques (-†2004) (1.º), Cap Art Nuno José Varela Rubim (2.º) na função de reserva e intervenção do sector do BCAÇ 1857 [06Ago65-03Mai67; do TCor Inf José Manuel Ferreira de Lemos].
► Fontes consultadas:
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2014)
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição; Lisboa (2002).
Ø Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
01Set2022
________
Nota do editor:
15 comentários:
Bem-vindo Jorge Araújo com estas Memórias Cruzadas, enaltecendo o teu trabalho para feitura deste poste.
Na legenda da primeira fotografia aparece um imprecisão: a CCAÇ5, em Canjadude, não pertencia à zona do Boé. A zona do Boé situa-se para além do rio Corubal, Canjadude ainda ficava distante e do lado de cá do rio.
Julgo que a confusão é a zona do Boé (Madina, Che Che e Beli) fazerem parte do comando do Batalhão de Nova Lamego, assim como a CCAÇ5 de Canjadude.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Obrigado. Já corrigido. Canjadude pertecia à Zona Leste, Região de Lamego. A outra região era a de Bafatá. Madina do Boé pertencia ao leste, Nova Lamego. LG
O comentário que se segue, do nosso editor Luís Graça, foi parar ao poste errado.
Diz assim:
Jorge, já aqui chamei a atençáo par o facto de 80% da tua amostra serem "praças" (e sobretudo 1ºs cabos auxiliares de enfermagem)... No meu tempo (1969/71), nem os alferes milicianos médicos nem os furriéis milicianos enfermeiros saíam para o mato. Tinha, missões, não menos nobres, dando apoio sanitário às populações, em geral nas sedes dos batalhões ou das subunidades... No meu tempo, pelo menos, os grandes heróis, dos serviços de saúde, forem os nossos 1ºs cabos aux enf... E temos aqui vários na Tabanca Grande. LG
15 de outubro de 2022 às 15:27
Carlos Vinhal
Coeditor
Obrigado, Carlos... Mas devo acrescentar que terá havido exceções, e o fur mil enf Mário Manata, da CCAV 1482 (1965/67), será uma delas: Como diz o louvor, "ao longo do tempo de permanência nesta Província" participou "em elevado número de operações" (sic) e em todas elas memosntrou calma e serenidade no exercício das suas funções específicas, tendo inclusive sido ferido em combate (Op Holofote, 14/16Dez66)...
É sempre arriscado fazer generalizações... Mas há uma altura, sobretudo com Spínola, em que os furriéis (para não falar dos alf mil m+edicos) ficam no quartel, com outras missões atribuídas... Os médicos eram um recurso muito escasso, e poucos tinham grande experiência clínica... Mo mato, bastava um 1º cabo aux enf paar "prestar os primeiros socorros" a um ferido em combate, e esperar que o heli, com a enfermeira paraquedista, chegasse no prazo de meia hora... E mais outra meia hora até ao HM 241, e salvava-se, em muitos casos, mais uma vida... Grandes heróis, os nossos e as nossas enfermeiros/as...
Luís, não podemos esquecer também os nossos Soldados Maqueiros, que a 2732 não tinha, também eles grandes sacrificados nas saídas constantes para o mato e serviço à Enfermaria.
Na minha Companhia, como os Cabos Aux Enfermeiros não chegavam para tanta actividade operacional e serviço no quartel de apoio à população, deu-se formação de primeiros socorros, muito básica, a alguns atiradores que se voluntariaram a levar para o mato a bolsa de enfermeiro quando em saídas, à partida, menos problemáticas.
Carlos Vinhal
Tanto quanto me parece, pelo menos nas Companhias Independentes, o Furriel Enfermeiro só saía quando o Comandante participava nas operações. O médico raramente sairia, já que em caso de operações mais complicadas, ficava de prevenção no quartel.
Numa operação comandada pelo Cap Mil Jorge Picado (uma "peregrinação" a Fátima), onde eu também estive, não me lembro de ver o nosso Fur Enf Marques. Sei que participou noutras em que eu não tive o prazer de participar.
Carlos Vinhal
Não me lembro de soldados maqueiros, pelo menos na minha CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, só havia, além do fur mil enf, três 1ºs cabos auz enf...Passdos uns escassos meses, estávam reduzidos a um!... Logo início, houve foi recambiado para a metrópole com hepatite, putros foi para os reordenamemtos, ficouo desgraçado do Fernando Andrade de Sousa para alinhar no mato...
Incrível (e aindahoje me indigno), em grandes operações, a nível de batalhão (2 companhias + 1 ou 2 pel caç nat) podíamos levar apenas dois 1º cabos aux enf... A haver porrada, e meia dúzia de feridos graves, os pobres dos 1ºs cabos aux enf não chegavam para as encomendas...
Quantos camaradas nossos não terão morrido por falta de socorros imediatos no mato!... Nunca se falei disso aqui no blogue, quanto me lembre... O assunto é delicado...
Queridos amigos e camaradas!
Permitam-me que faça aqui uma pequena e singela homenagem ao saudoso companheiro Ilídio Vaz, mais conhecido pelo Zé Vaz, que era o Fur. Mil. Enf. da CCaç 14 desde a constituição da Companhia em Maio de 1969, até ao fim da nossa comissão em Março de 1971.
Alinhava em todas. Picagens, escoltas às colunas, seguranças e patrulhamentos, saídas para o mato por períodos de 48 hoperacoras de seis em seis dias, bem como operações com outro grau de perigosidade.
Estabeleceu com o seu pessoal da enfermagem uma escala e operava sempre que chegava a sua vez.
Era um grande homem e o seu passamento deixou-nos mais sós.
Abraço fraterno para todos
Eduardo Estrela
Caro Eduardo Estrela, é sempre doloroso perdermos um amigo por quem nutrimos especial estima. O vosso Furriel Enfermeiro foi sem dúvida um exemplo de trabalho e dedicação.
Caro Luís, temos no blogue um Soldado Maqueiro, o nosso poeta Albino Silva de Esposende.
Carlos Vinhal
Obrigado, Carlos, por mo recordares. Um grande alfabravo para o nosso poeta Bino!... LG
As Companhias operacionais tinham direito a um furriel enfermeiro e três cabos auxiliares de enfermeiro, ou seja, um enfermeiro por cada G.C., creio eu, se o furriel se dispusesse a assumir a responsabilidade. Acontece que os furriéis se escondiam atrás do serviço de enfermaria ou outros serviços de secretaria e afins por ordem do Capitão ou sargento e não saíam para o mato. O meu, já falecido, nunca saiu para o mato, minto, saiu duas vezes, quando eu me recusei a sair todos os dias, sem descanso, dado que um camarada estava de férias e o outro aguardava em Bissau transporte de regresso. Numa terceira vez o furriel foi pedir um enfermeiro para sair pela minha companhia ao furriel da C.caç 2382, gerando um mal-estar entre os cabos enfermeiros das duas Companhias. O serviço de saúde à Companhia e à população, era garantido pelos três cabos enfermeiros. Em Buba havia um médico e dois, por vezes três furriéis enfermeiros, mas quem assistia o médico nas consultas éramos nós, os cabos. Eu fiz esse serviço durante grande parte do tempo que lá estive. Furriéis nem vê-los, infelizmente.
Gostava de saber o que acontecia nas outras Companhias que andaram pela Guiné.
Abraços
Zé Teixeira
Eu sou práticamente do início da guerra e confirmo o que a pratica era o que o Carlos Vinhal diz o furriel enfermeiro não saía para o mato, os primeiros socorros no mato ficavam ao cuidado dos 1º cabos enfermeiros ou soldados maqueiros.
O motivo de terem morrido mais cabos enfermeiros do que soldados maqueiros deve ter sido porque nas companhias ditas independentes não havia soldados maqueiros mas sim 1º cabos enfermeiros.
A nossa CART11 "Os Lacraus" tinha três 1º. Cabos Enfermeiros e um Fur.mil. dos Serv. de Saúde.
Nesta nossa CART11, de soldados fulas, "vivíamos" sozinhos num Quartel (quer em Nova Lamego ou Paúnca) mas não tínhamos Médico, era o Fur. mil. Edmond que nos tratava da saúde.
Nas Operações saía sempre um Enfermeiro, não me lembro bem mas julgo que o Edmond saiu uma vez connosco numa Operação a nível de dois Pelotões comandada pelo Capitão.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
Que aqui fique registado o meu apreço ao Furriel enfermeiro da minha companhia (vitor Caetano), o homem que tratava da nossa saúde física e mental, saindo para o mato, sem queixumes, sempre que saía toda a companhia, ou mesmo em bi-grupo de combate, para dar descanso aos nossos destemidos cabos enfermeiros (nunca tivemos maqueiros), Joaquim Portilho e Grilo.
O nosso querido furriel enfermeiro no dia mais negro da companhia teve a coragem, o sangue frio e a competência na estabilização de um nosso alferes com ferimentos graves na garganta, em plena emboscada onde tivemos um morto e vários feridos ligeiros.
Estes homens nunca se esconderam fazendo questão de mostrar que estavam, de facto, ao serviço dos camaradas da companhia.
O meu bem haja a todos os furriéis e cabos enfermeiros
Joaquim Costa
Furriel de armas pesadas da C.Cav 8351 (Os Tigres do Cumbijã)
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