1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Novembro de 2022:
Queridos amigos,
Era a completa euforia de regressar a Oxford, palmilhar as artérias que se tornaram inesquecíveis. Quando ia a caminho do Museu Ashmolean, não resisti a entrar na loja HMV (His Master's Voice), guardo um bom punhado de cds com gravações fenomenais, remasterizações, a 5 libras cada. Entrei em estado de choque, agora é bonecada e roupa, a música é uma mera adição aos negócios. Já tivera a má experiência na Waterstone, outrora uma livraria icónica, agora tem espaço reduzido, os principais andares estão destinados a comes e bebes, dói que se farta. Houve a tentação de ir até aos jardins, depois da grande acumulação de imagens que aquele belo museu Ashmolean oferece. Mas a tentação de regressar a sítios tão prezados venceu, daí a visita à igreja de S. Miguel e depois a grande surpresa da catedral do Christ Church, despedi-me com um bom passeio pelos jardins. Segue-se amanhã uma pequena viagem até ao Wakefield, a razão de ser desta vinda a Inglaterra é abraçar alguém que tem pouca vida pela frente, segue-se uma curta estadia em Faringdon, dela vos quero fazer um relato.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (84):
Em Oxford, em dia de exéquias reais
Mário Beja Santos
Feita a visita ao Museu Ashmolean, há um apelo irresistível para entrar na igreja de S. Miguel Arcanjo, templo religioso que é a igreja da cidade de Oxford, criação milenária, a sua torre é um dos mais antigos edifícios de Oxford, aqui se alberga o tesouro da igreja, valiosas alfaias religiosas. Conheceu alterações no século XVIII, tem um belo púlpito que data do século XV, os vitrais são uma preciosidade, alguns deles datam do século XIII, o seu interior possui uma enorme harmonia como se pode ver nas imagens seguintes, felizmente havia claridade que permitiu registar as cores genuínas da pedra da torre, o património mais antigo de Oxford.
Numa dessas buliçosas ruas de Oxford dei com esta bela casa Tudor, obviamente bem intervencionada, a cidade universitária vem da Idade Média, ainda há espécimes arquitetónicos do período Tudor, aliás membros da casa real desta dinastia apoiaram a fundação de colégios.
Carfax é considerado o centro da cidade de Oxford, faz a junção de importantes ruas, caso de St. Aldate’s. Sempre que passo por aqui, lembro-me de uma memorável história do detetive amador Sherlock Holmes, criado por Sir Arthur Conan Doyle, que inventou uma Lady Frances Carfax.
É dia das solenes exéquias em honra da Rainha Isabel II. Passa-se à porta da Catedral de Chirst Church, os porteiros perguntam se se vem homenagear a inesquecível rainha, diz-se prontamente que sim, só se pode visitar a catedral, a famosa coleção de arte hoje está encerrada, nada de fotografias, pode-se permanecer uns minutos a ouvir o ensaio geral do Requiem de Mozart, que será escutado esta noite. Com muita discrição e alguma manha por ali se deambulou, olhou-se à volta a ver se havia vigilância, tomaram-se algumas imagens, sentado, enquanto subiam os acordes com plena intensidade dramática do Requiem de Mozart apanhei uma nesga daquela fabulosa abóbada em palmeira de leque que me lembrou a King’s Chapel, de Cambridge, foi um regalo para os olhos e para os ouvidos. O Christ Church College é gigantesco, conforme se pode ver nas imagens seguintes.
Um dos aspetos mais cativantes desta vida universitária passa pelo anúncio dos eventos culturais, que são imensos, sobretudo no período escolar. São quilómetros de cartazes a publicitar conferências, recitais, espetáculos teatrais, exposições. Em Cambridge é a mesma coisa.
Ia a caminho do belo edifício do Sheldonion Theatre, uma belíssima rotunda, uma obra-prima de Sir Christopher Wren, em estilo barroco contido, não resisti a fotografar dois edifícios bem demarcados, o que mais me tentou foi a ilusão ótica da sua aproximação.
A ponte dos suspiros é uma construção icónica desta cidade universitária, une dois edifícios, tem as suas semelhanças com a celebérrima ponte veneziana, é um regalo para os olhos. É hora de partir, amanhã vou para o norte, viagem breve para me despedir de alguém que muito amo e que tem pouca vida pela frente. E depois regresso a Faringdon e espero dar-vos mais notícias.
(continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23934: Os nossos seres, saberes e lazeres (548): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (83): Uma visita ao Ashmolean, o Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de Oxford (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
saudades sem conto ou sem conta ?
já não ter narrativas para as saudades ou o número de vezes que sentiu saudades.
Valdemar Queiroz
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