Fonte: Cortesia de: República de Angola > Consulado Geral em Paris
Fernando de Sousa Ribeiro |
Explicou ele que, no serviço militar prestado nas fileiras das Forças Armadas Portuguesas, foram postos em contacto angolanos das mais diversas etnias e origens geográficas, o que os levou a descobrir que o que os unia era mais do que o que os separava.
Em Angola não havia "pelotões nativos", "comandos africanos" ou "companhias indígenas", cujos membros pertenceriam, na sua maioria ou mesmo na sua totalidade, à etnia A ou à etnia B. Havia apenas militares regulares, que eram jovens como nós, cumpriam o serviço militar obrigatório como nós e no fim passavam à "peluda" como nós.
Assim como nas companhias e pelotões metropolitanos eram indiferenciadamente incorporados minhotos, alentejanos e transmontanos, também nas companhias e pelotões angolanos eram incorporados, sem distinção, ovimbundos, bacongos e quiocos.
Nos últimos anos da guerra, esta mistura foi levada ainda mais longe, com a incorporação de militares angolanos em unidades e subunidades metropolitanas, que saíam de cá incompletas. Foi o que se passou com o meu batalhão, que teve alfacinhas, tripeiros e beirões misturados com luandenses, malanjinos e beguelenses. Tudo misturado.
Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alferes miliciano da C.Caç. 3535, B.Caç. 3880
9 de março de 2023 às 18:27
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 8 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24128: S(C)em Comentários (6): Penso que Salazar sabia que não era com homens e armas que ganhávamos aquela guerra (António Rosinha)
(*) Vd. poste de 8 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24128: S(C)em Comentários (6): Penso que Salazar sabia que não era com homens e armas que ganhávamos aquela guerra (António Rosinha)
2 comentários:
Temos de reconhecer que, de um lado (PAIGC) e do outro (NT, nomeadamente sob o comando de Spinola, 1968/73), parece ter havido um lamentável aproveitamento das velhas rivalidades (para não dizer ódios) étnicas ou tribais na "nossa" Guiné: fulas contra mandingas e balantas, muçulmanos contra animistas, "guinéus" contra cabo-verdianos... Spínola apostou no fator etnico na formação da sua "nova força africana": as CCaç 11 e 12 eram "fulas", a CCaç 13 era sobretudo balanta, a CCaç 14 mista, com malta mandinga, a CCaç 15 manjaca, se não erro... E por aí fora...
Amílcar Cabral sempresa ignorou ou escamoteou a conflitualidade latente, históricá, entre a Guiné e Cabo-Verde, o que foi fatal para o seu megalómano projeto político da "grande" Guiné - Cabo Verde.
AO que julgo saber tanto a FNLA como a UNITA tinha uma base "tribal" ou étnica, se calhar não tão evidente no MPLA.
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