sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24904: S(C)em Comentários (20): Já devo alguns 10 anos à terra, graças ao SNS (António Rosinha)


Lisboa > República Portuguesa > SNS (Serviço Nacional de Saúde) > IPO (Instituto Português de Oncologia) de Lisboa > 28 de Novembro de 2023 > Fotograma de vídeo, sobre obra inédita do artista português Bordalo II oferecida ao IPO, e inaugurada no passado dia 28 de novembro.

"O artista plástico é conhecido pela utilização do espaço público como palco para as suas intervenções de cor e de escala e, no IPO Lisboa, o pintainho foi o animal escolhido como símbolo de renovação e futuro."



1. Comentários ao poste P24893 (*):

(i) Antº Rosinha:

Estes rapazes [reunidos à volta do gen Norton de Matos e da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro] deram o fora para se verem livres do Salazar.

Se o Botas fosse na cantiga desta gente, tínhamos sido 10 milhões de retornados naquela data que nos trouxe a melhor coisa do mundo, o SNS.

28 de novembro de 2023 às 20:32 


(ii) Tabanca Grande Luís Graça:

Rosinha, para fazeres o elogio do SNS - Serviço Nacional de Saúde, é porque precisaste dele, mais recentemente... como eu já precisei (e continuo a precisar)...

Está tudo bem contigo? Que os bons irãs te protejam e que o SNS continue a cuidar bem de ti e de mim e de todos nós...

28 de novembro de 2023 às 23:26 

(iii) Antº Rosinha:

Luís,

Por mim tudo normal com a saúde, as enxaquecas normais (várias) para a idade.

Mas, como conheci a mortalidade infantil na metrópole, e a assistência médica familiar era zero, nesta metrópole, e cheguei a África e vi uma assistência veterinária no sul de Angola, na Namíbia dos boeres, tal, que fiquei com inveja dos bois dos cuanhamas.

A mim com 19 anos, novo com toda a irresponsabilidade do mundo, mandaram-me trabalhar para aquela fronteira, um cu-de-judas, e como primeiros socorros, levava apenas uma injeção anti-ofídica, caducada há 4 anos, com a recomendação de a devolver da mesma maneira no fim do serviço.

Ora quando um dia cavei para o Brasil e vim passados 5 anos, fiquei sem inveja das vacas dos cuanhamas.

Para mim era o que o país precisava, saúde... mais nada, já devo alguns 10 anos à terra, graças ao SNS. (**)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 28 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24893: Notas de leitura (1638): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte I: a voz dos colonialistas republicanos nostálgicos e exilados

(**) Último poste da série > 26 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24889: S(C)em comentários (19): O silêncio da CECA (Comissão de Estudo para as Campanhas de África) sobre a trágica Op Abencerragem Candente: Xime, 26 de novembro de 1970, 6 mortos e 9 feridos graves

5 comentários:

Valdemar Silva disse...

Antº. Rosinha, julgo não se tratar de ironia.
Eu dou um grande elogio ao SNS.
Sem o SNS eu já teria ido pro céu, por estado na guerra da Guiné e ter sido sempre um bom rapaz.

A propósito do SNS, numa das vezes que tive de ir para o Hospital Amadora-Sintra assisti a uma situação quase dramática.
Nas urgências, depois de ser logo atendido à minha DPOC, durante a noite fui fazendo vários exames. Deveriam ser 02 da manhã, levaram-me a uma sala de espera pra fazer um exame e só lá estava uma homem à espera de ser chamado. Quando ficamos sozinhos o homem começou a chorar.
Então está chorar, qual é o seu problema, perguntei. Estou chorando de admiração, depois de ser bem atendido estou aqui sozinho e nenhum cara me assaltou, disse ele com sotaque bem brasileiro.
Depois explicou-me que nos hospitais públicos do Brasil, com grades por todo o lado, também é preciso cuidado com os doentes que bem podem ser bandidos e nos assaltam dentro do hospital.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há dias no IPO de Lisboa meti conversa com um grupo de senhoras que me pareciam cabo-verdianas... Uma delas estava a tomar café e a comer uma sandes de queijo, serviço gratuito (e solidário) da Liga dos Amigos do IPO Duas eram raparigas novas. .. A mais velha era tia... Nenhuma falava português, só crioulo cerrado... A mais nova estava cá há 3 meses, a ser tratada no IPO. A tia tinha acabado de chegar para uma consulta...

Em resumo, a nossa ligação a Cabo Verde (e à Guiné-Bissau) continua por esta e outras vias. ESta, a mais nobre, a da solidariedade na dor, no sofrimento, na doença. .. Há doentes que morreriam na sua terra se não fossem homedialisados em Portugal... Tudo isto é pago pelos portugueses, através dos seus impostos...Nos hospitais privados teriam um "custo proibitivo"... Não há almoços grátis dizem os "econometristas"... Pensem nisto, camaradas...

.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nós, que nascemos de parto com dor, em casa, sem assistência médica, sem saneamento básico, e que sobrevivemos à pesada mortalidade infantil, herança dos nossos pais, avós, bisavós, etc., e que beneficiámos do primeiro plano nacional de vacinação (obrigatória) (!), às vezes parece que temos memória curta e somos ingratos...O embrião do SNS já vem do marcelismo... Muita gente não sabe isso. E sem o SNS (que não é apenas uma "conquista de Abril") este país hoje não seria o mesmo... Estou inteiramente de acordo com o "colon" do Rosinha... que,tendo crescido em África, sabe encontrar "pérolas" no seu caminho onde os outros só veem calhaus...

Anónimo disse...

AVISO À NAVEGAÇÃO

Sem alarmismos mas o SNS como era ,deixou de ser,porque está em fase agónica,tudo por causa de restrições económicas.
O actual ministro da "doença" parece o antigo ministro da propaganda do Iraque.
Digo-vos eu, que até entendo qualquer coisa do assunto.
Parece que há para aí um candidato a "premier"que se ele ganhar vai ser o paraíso na terra e arredores.Não se iludam.
Fçam o favor de não ficarem doentes.
AB
C.Martins

Victor Costa disse...


Parabéns Rosinha.
A tua resistência é um exemplo a seguir.
Ouvir lamentos de ex-combatentes sobre o seu estado de saúde é uma coisa que devemos respeitar, mas nem tudo é fruto da guerra, devemos olhar também para as asneiras que fizemos.
Da Guiné trouxe malária, mas daí para cá fui fazendo algumas asneiras evitáveis. A malária só acabou em 2002, depois o motor começou a falhar e bati na real, o dito foi reparado em Janeiro de 2019, agora tem um anel Carpentier Phsysio de 34 mm e anda preso com dois pares de cordas Gore-Tex.
A reparação correu bem e a caixa foi fechada com fios de aço nº 5 mas ao fim de oito dias o motor voltou a parar para fazer um reset. Comecei a ficar preocupado e decidi fazer um requerimento ao S. Pedro a pedir mais cinquenta anos de vida porque não aceito parar.
Acho que exagerei na dose porque não obtive resposta, devia ter feito como tu Rosinha e pedir apenas um dia de cada vez.
Um abraço,
Victor Costa Ex. Fur.Mil. At. Inf.