Caros camaradas
No contexto dos 50 anos do 25 de Abril ponho à disposição de todos no Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa o documento "Capitães do Fim", na sua versão completa.
Para isso vão a http://hdl.handle.net/10284/5079
Um abraço e um obrigado do tamanho do mundo pelo magnifico trabalho que têm vindo a desenvolver.
Cumprimentos,
António Inácio Correia Nogueira
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Tese apresentada à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de Doutor em Ciências Sociais, especialidade em Sociologia
"Capitães do Fim" - Resumo
Nos anos terminais da Guerra do Ultramar, a Academia Militar deixou de cumprir, por falta de candidatos, a sua missão capital: formar as elites militares intermédias de combate. Os Capitães do Quadro Permanente soçobraram. Ficou-se em presença de um Exército quase miliciano, num clima de forte contestação à guerra e de fraca motivação para lhe dar continuidade.
No entanto, a defesa do Império, a todo o custo, era a política vigente, apesar do visível cansaço da Nação. Para ajudar a obviar este desiderato, e de forma surpreendente, foi determinada por despacho de 20 de Julho de 1970 do Ministro do Exército, Horácio José de Sá Viana Rebelo, a formação acelerada de Capitães milicianos na Escola Prática de Infantaria. Formaram-se à volta de cento e sessenta por ano.
Em cerca de catorze meses fazia-se de um estudante universitário, quase sempre, em estádio avançado de licenciatura ou já licenciado, um Capitão combatente para actuar nos teatros de guerra mais exigentes de Angola, da Guiné e de Moçambique. O modo de selecção destas novas elites pelejadoras, e a formação apressada a que foram sujeitas, deram ensejo a que alguns as apelidassem, desdenhosamente, de “Capitães de proveta” ou “de “aviário”. Aplica-se, neste contexto, em alternativa, a expressão Capitães do Fim.
Como foram seleccionados, formados e que desempenhos e protagonismos tiveram estes Capitães, nos teatros de Angola, da Guiné e de Moçambique, no comando de Companhias em quadrícula ou independentes de intervenção? A resposta tem enquadramento na sociologia e na história, ainda que de especificidade militar, em coerente continuum de procedimentos metodológicos qualitativos e quantitativos. Com recurso a autobiografias e a histórias de vida de guerra de muitos dos actores-Capitães ainda vivos, valorando-se dessa forma o tecido da participação-acção, entrecruzando os fios de vida das pessoas com aquilo que foi o seu terreno, o irrepetível e o individual, e contribuindo para a construção de conhecimento, procura trazer-se luz a um assunto que, no tempo, vai certamente, com reinterpretações, ter continuidade de investigação.
Sobre o autor:
- António Inácio Correia Nogueira é licenciado em Ciências Físico-Químicas e professor do Ensino Secundário
- Em 1971 foi para o CTIG para integrar a CCAÇ 16 como Alferes Miliciano
- Em 1972 seguiu, como Capitão Miliciano, para a Região Militar de Angola como Comandante da CCAV 3487 / BCAV 3871, de onde regressou em 1974.
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Notas do editor:
Vd. poste de 24 DE AGOSTO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21289: Notas de leitura (1299): “Capitães do Fim… Uma radiografia estatística”, por António Inácio Correia Nogueira; Chiado Editora, 2017 (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 22 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25200: O nosso livro de visitas (220): Leitora Marie, filha do nosso camarada Joaquim Pires Lopes da CCAÇ 312, Moçambique, 1962/64, procura documentos e fotos da unidade de seu pai
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Sobre o autor:
- António Inácio Correia Nogueira é licenciado em Ciências Físico-Químicas e professor do Ensino Secundário
- Em 1971 foi para o CTIG para integrar a CCAÇ 16 como Alferes Miliciano
- Em 1972 seguiu, como Capitão Miliciano, para a Região Militar de Angola como Comandante da CCAV 3487 / BCAV 3871, de onde regressou em 1974.
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Notas do editor:
Vd. poste de 24 DE AGOSTO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21289: Notas de leitura (1299): “Capitães do Fim… Uma radiografia estatística”, por António Inácio Correia Nogueira; Chiado Editora, 2017 (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 22 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25200: O nosso livro de visitas (220): Leitora Marie, filha do nosso camarada Joaquim Pires Lopes da CCAÇ 312, Moçambique, 1962/64, procura documentos e fotos da unidade de seu pai
3 comentários:
Obrigado, camarada e colega. Parabéns pelo trabalho. Já tinha dado há umas semanas atrás uma vista de olhos e ficado (se não erro) com um cópia, em formato digital.
Achei o trabalho muito útil e original, como contributo para o esclarecimento este período do fim das nossas guerras coloniais...
Fico sensibilizado por partilhares a tua tese de doutoramento com os nossos leitores. Resta-me convidar-te para fazeres parte da nossa Tabanca Grande, tendo tu para mais sido combatente no CTIG e também numa "africana", como eu.
Presumo que já estejas reformado como profssor e, portanto, dispondo de nalgum tempo livre para escrever alguns pequenos textos para o nosso blogue... que bem precisa de "gente nova", agora que chegou aos 20 anos!
Um alfabravo, Luís Graça
Nota biobliográgica adicional:
António Inácio Nogueira nasceu em Coimbra, em Março de 1943.
É licenciado em Ciências Físico-Químicas, mestre em Ciências da Educação e doutor em Sociologia.
Foi professor do Ensino Secundário e do Ensino Superior.
Foi formador de formadores de metodologias e práticas ligadas à Educação Permanente e à Educação de Adultos. Desenvolveu projetos incidentes em práticas pedagógicas não formais e informais de âmbito socioeducativo e cultural.
Cumpriu o Serviço Militar Obrigatório na Guiné e em Angola. Foi Comandante da Companhia de Cavalaria n.º 3487.
No campo editorial destaca-se a publicação de artigos em revistas e jornais de âmbito internacional, nacional e regional. É autor e coautor de diversos livros, nomeadamente: Primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos, 1980; Química Analítica, 1983; Formar Hoje Educar Amanhã, 1990; Formação Contínua de Professores. Um Estudo. Um Roteiro, 1990; Para Uma Educação Permanente à Roda da Vida, 1997; Cavaleiros do Maiombe, 2004; Santa Cruz: Um Café Com História, 2007; No Colo da Memória se Escreveu Amoreiras do Mondego, 2009.
https://www.wook.pt/autor/antonio-inacio-correia-nogueira/3677416
Já tenho dois livros do camarada António Inácio Correia Nogueira, a saber "Capitães do Fim... do Quarto Império" e "Capitães do Fim… Uma radiografia estatística", baseados na tese de doutoramento agora disponibilizada pelo autor. Embora haja algumas diferenças na forma, o conteúdo é essencialmente o mesmo.
Esta é uma tese cuja leitura recomendo vivamente, pois ninguém mais descreveu com tanta objetividade e rigor as condições em que os capitães milicianos dos últimos anos da guerra (chamados "Capitães do Fim" pelo autor) foram formados e tiveram que comandar as suas companhias, quantas vezes em situações extremas. Era tempo de alguém pôr o dedo na ferida e chamar a atenção para o que se passou de facto.
Os "Capitães do Fim" são por vezes apontados como sendo eles os principais responsáveis por tudo o que correu de mal na guerra, mas a realidade é exatamente a inversa. Não há palavras que cheguem para descrever os sacrifícios sem nome que foram exigidos a esses capitães e as responsabilidades que os seus ombros suportaram, apesar de terem tido uma preparação de merda e de eles próprios não estarem minimamente vocacionados para a vida militar. Eu fui alferes miliciano no norte de Angola, e não capitão, mas também comandei a minha companhia durante algum tempo e sei por experiência própria como era estar às ordens de comandantes cobardes, egoístas, insensíveis e prepotentes.
Ainda bem que apareceu finalmente alguém que faz justiça aos «Capitães do Fim», como António Inácio Correia Nogueira lhes chama. Esta tese de doutoramento é uma obra de referência.
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