IN MEMORIAM
René Pélissier (1935-2024)
1. Com a devida vénia, reproduzimos o texto publicado no dia 3 de Abril de 2024 na página do Centro de História da Universidade de Lisboa, enviado ao Blog pelo nosso amigo e camarada, Mário Beja Santos:
Faleceu o historiador francês René Pélissier, estudioso do terceiro império português. René Pélissier (Nanterre, 1935) obteve, em 1975, o Doctorat d’État ès lettres pela Universidade da Sorbonne, com a tese intitulada Résistances et révoltes en Angola 1845-1961, investigação pela qual foi distinguido, em 1978, com o Prix Kastner-Boursault da Academia Francesa. A sua carreira de investigador esteve ligada ao Centre national de la recherche scientifique (CNRS), onde chegou a Directeur de recherche.
René Pélissier foi autor de uma vasta obra sobre as colónias portuguesas, em que se destacam as monografias Les guerres grises. Résistances et révoltes en Angola (1845-1941), 1978, La colonie du Minotaure. Nationalismes et révoltes en Angola (1926-1961), 1979, Naissance du Mozambique. Résistances et révoltes anticoloniales (1854-1918), 1984, Timor en guerre. Le crocodile et les Portugais (1847-1913), 1996, Naissance de Ia Guinée. Portugais et Africains en Sénégambie (1841-1936), 1996, e Les campagnes coloniales du Portugal (1844-1941), 2004. A sua obra foi editada em Portugal e alguns dos seus livros conheceram várias edições. Abordando, principalmente, os aspectos militares das conquistas portuguesas e das resistências locais durante o terceiro império, a sua obra constituiu uma novidade no período em que foi publicada e mantem-se actual. Dedicou-se, igualmente, à divulgação da bibliografia sobre o império português e os países de língua oficial portuguesa, tendo elaborado inúmeras recensões críticas e ensaios bibliográficos.
Ao longo do seu percurso como historiador reuniu uma extensa biblioteca com mais de 12.000 volumes, a maior parte deles sobre o antigo império português, a qual doou à Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A 3 de Março de 2022, foi-lhe atribuído o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa, sob proposta da Faculdade de Letras, como reconhecimento de mérito académico, científico e profissional no estudo e na divulgação da história de Portugal. A cerimónia de entrega do diploma e das insígnias decorreu em Paris, na Embaixada de Portugal em França.
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Notas do editor:
(1) - René Pélissier tem 39 referências no nosso Blog. Mereceu por parte do nosso camarada Mário Beja Santos várias referências e recensões aos seus livros. Talvez o Mário possa elaborar, para publicação, um trabalho sobre este brilhante historiador que dedicou alguns dos seus livros à África lusófuna, originando por vezes algumas discordâncias com os antigos combatentes portugueses.
(2) - À sua família deixamos o nosso pesar pela perda do seu ente querido.
(3) - Último post da série de 10 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25259: In Memoriam (501): António Lobato, maj pil av, ref (Melgaço, 1938 - Lisboa, 2024), autor de "Liberdade e Evasão: o Mais Longo Cativeiro": Falta uma dimensão ao homem que não conheceu a prisão, escreveu ele, citando o filósofo Emmanuel Mounier. A sua vida foi também ela uma luta contra o esquecimento e a ingratidão. Repousa, finalmente, em paz, em Rio de Mouro
2 comentários:
Título de caixa alta do "Públco":
René Pélissier (1935-2024), historiador da colonização, corrector de mitos e vulgatas
https://www.publico.pt/2024/04/14/culturaipsilon/noticia/rene-pelissier-19352024-historiador-colonizacao-corrector-mitos-vulgatas-2086718
René Pélissier (1935-2024), historiador da colonização, corrector de mitos e vulgatas
Ergueu uma obra historiográfica fundamental sobre o colonialismo português; alérgico às versões higienizadas da “epopeia” colonial, era também muito crítico das vulgatas anticolonialistas.
https://www.publico.pt/2024/04/14/culturaipsilon/noticia/rene-pelissier-19352024-historiador-colonizacao-corrector-mitos-vulgatas-2086718
Olá Camaradas
Raramente estou em desacordo com este homem e, mesmo assim, é sempre em pormenores.
Não conhecendo quase nada de Angola e Moçambique, o que sei da Guiné diz-me que ele tem sempre razão. Leiam os livros deles. Aprenderemos com a clareza das suas exposições. É de assinalar, um estrangeiro estudar um fenómeno sócio-político português com tanta clareza.
Um Ab.
António J. P. Costa
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