Angola > Norte - Montes Mil e Vinte > 26 de junho de 1970 > Heli SA-330 Puma na recuperação do 3º Pel da 1ª CCP /BCP 21 (1970/72)... Nesta operação, "Não Esquecemos" morreu um soldado do meu pelotão, o António da Silva Ramos. O primeiro e o único.
Foto à direita: Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), 235 pp.
Jaime Silva (ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande, nº 643, desde 31/1/2014, tendo já cerca de 130 de referências, no nosso blogue; reside na Lourinhã, é professor de educação física, reformado, foi autraca em Fafe, com o pelouro de "Desporto e Cultura": residiu lá durante cerca de 4 décadas): Tem página pessoal do Facebook
Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci (6) > o primeiro e o único morto do meu pelotão, o sold pqdt António da Silva Ramos
por Jaime Silva
Foi na Operação "Não Esquecemos”, realizada no dia 25 de junho de 1970, na zona de ação entre os rios Onzo e Quifusse, nos Montes 1020, no Norte de Angola.
Nesse dia fatídico, o grupo de combate foi transportado num helicóptero SA 330. Entretanto e, simultaneamente com o nosso lançamento, dois avões de combate T6 da Força Aérea despejavam quatro bombas de napalm sobre a base guerrilheira.
Dá-se um confronto, com tiroteio, rebentamentos, o comum nestas circunstâncias. Pouco depois do início desse confronto, o soldado Ramos apanha um tiro certeiro nas carótidas que lhe ceifou, imediatamente, a vida.
Foi evacuado por um Alouette III. Passámos a noite no mato e, no dia seguinte, quando nos preparávamos para sair do local, na direção da zona de recuperação, sofremos, de novo, uma forte emboscada. Valeu-nos a intervenção do helicanhão que metralhou a zona, permitindo que o helicóptero SA 330 nos recuperasse em segurança.
Nesse dia fatídico, o grupo de combate foi transportado num helicóptero SA 330. Entretanto e, simultaneamente com o nosso lançamento, dois avões de combate T6 da Força Aérea despejavam quatro bombas de napalm sobre a base guerrilheira.
Dá-se um confronto, com tiroteio, rebentamentos, o comum nestas circunstâncias. Pouco depois do início desse confronto, o soldado Ramos apanha um tiro certeiro nas carótidas que lhe ceifou, imediatamente, a vida.
Foi evacuado por um Alouette III. Passámos a noite no mato e, no dia seguinte, quando nos preparávamos para sair do local, na direção da zona de recuperação, sofremos, de novo, uma forte emboscada. Valeu-nos a intervenção do helicanhão que metralhou a zona, permitindo que o helicóptero SA 330 nos recuperasse em segurança.
Fonte: Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pãg. 87
Morto em combate em Angola (Onzo, região de
Nambuangongo), em 25 de junho de 1970.
Nasceu a 3 de fevereiro de 1947, na freguesia de
Muro, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto.
Frequentou o Curso de Paraquedismo nº 46,
tem o Brevet nº 6140.
Encontra-se sepultado no cemitério da freguesia de
Modivas, concelho de Vila do Conde, distrito do Porto.
(Revisão / fixação de texto, edição de imagem, título: LG)
Nota do editor LG:
Último poste da série > 23 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27455: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (5): a mina A/P que ceifou a perna do soldado radiotelegrafista Santos, alentejano
Postes anteriores:
13 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27417: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (4): o meu batismo de fogo e a praxe ao alferes “maçarico”
6 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27390: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (3): estive sempre no "gastalho", em guerra comigo e contra o IN
31 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27369: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21,Angola, 1970/72) (2): perante a hipótese Comandos, decido pelos Paraquedistas
29 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27363: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21,Angola, 1970/72) (1): A minha (im)possibilidade de desertar



4 comentários:
Jaime, confirmas que o teu sold António da Silva Ramos era natural de Santo Tirso ? Na lista dos mortos na guerra do ultramar, respeitante a esse concelho minhoto, não consta o seu nome. A listagem que costumo consultar, por ser a mais completa, detalhada e rigorosa (e, na prática, a única disponível na Net), é a dos nossos camaradas do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar.
Também não consta na lista de Vila do Conde, concelho onde repousam os seus restos mortais, segundo a informação que colhi no página da Web Paraquedistas Portugueses > Angola BCP 21.
Os montes Mil e Vinte ficavam na área da minha companhia. Também eu lá fui, ou melhor, tentei ir. Depois de mil e um cuidados para não sermos detetados pelo inimigo durante a nossa aproximação ao objetivo (feita a pé), fomos recebidos a tiro. Caímos numa emboscada já perto da base. Ainda hoje estou para saber onde foi que eles descobriram a nossa aproximação. O que vale é que não sofremos baixas.
Foi publicada em livro uma descrição de uma outra tentativa de aproximação ao Mil e Vinte, não a partir do norte, como eu fiz, mas pelo sul. O livro está esgotado, mas o autor partilhou essa descrição no blogue da companhia que fez a operação, a CCav 2692 do BCav 2909. O livro chama-se "Capitães do Vento" e o seu autor é Pedro Cabrita, que esteve no Mucondo durante 3 ou 4 meses como alferes, a fazer um estágio para vir a ser capitão miliciano.
A sua ida falhada ao Mil e Vinte foi a primeira de todas as operações que Pedro Cabrita fez, e a descrição que ele nos deixa é impressionante pela quantidade de pormenores que contém. Quem quer que tenha andado pelo Mil e Vinte, pelo Canacassala, pelo Campo dos Majores ou por qualquer outro lugar da região dos Dembos, não poderá deixar de se reconhecer numa tal descrição. Eram assim mesmo as dificuldades que os militares encontravam durante as progressões. Façam o favor de ler a partir do parágrafo «A vida havia, no entanto, de continuar», no seguinte endereço:
https://ccav2692susaeles.blogspot.com/2020/04/parte-2-240-dia.html
Resta acrescentar que, nos Dembos, cada grupo de combate de atiradores tinha que fazer, nas condições descritas, uma operação de quatro dias, mais duas operações de três dias cada uma, e ainda uma ação de dois dias, em cada mês. E no fim das operações, não iam para a cidade; ficavam num quartel do mato, do qual não podiam sair, a não ser para fazerem colunas, escoltas, proteções, etc. Nem sair para caçar podiam, para não serem eles mesmos "caçados" pelo inimigo.
Porra, agora fiquei com um nó na garganta.
https://ultramar.terraweb.biz/Memoriais_concelhos_Trofa_Muro_AntoniodaSilvaRamos.htm
Fernando Ribeiro, como teria surgido o nome "montes 1020"? será um nome criado pelos militares apenas? esse nome não é do povo nem dos mapas. Alguma característica própria.
Essa região do café por excelência, perto de Nambuangongo poucos turras já tinha, e lutavam mais contra o MPLA do que contra nós.
No 25 de Abril eu estava longe dessa região mas comunico-me com velhos colegas que passaram os últimos anos de guerra nessa região.
A FNLA que hoje em eleições não passa de 2%, segundo dirigentes deles, no 25 de Abril havia 60 desses turras no norte que eles dominavam.
Andavam em grupinhos mínimos mas que seriam autênticos snipers.
O chefe turra nessa região intitulava-se Lima assassino, gabava-se no 25 de Abril que essa alcunha provinha de ele dar um tiro "no corno" a um subordinado que o desrespeitasse.
(A minha Fonte é de velho retornado da JAEA), com alguns anos nessa região.
O monte 1020 ele desconhece.
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