A apresentar mensagens correspondentes à consulta Rio Colufe ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta Rio Colufe ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens

sábado, 7 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23238: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (23): Bafatá... e as nossas "geografias emocionais"


Fot0 nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 > 7h42... Nascer do sol, tapado pelo que resta do monumento, sito no antigo Parque da cidade, ao Oliveira Muzanty (governador geral, 1907/09), defronte à Casa Gouveia, dois símbolos do "colonialismo português"... A estátua  foi apeada (e provavelmente destruída)...


Foto nº 2 >  Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41> Os célebres pombais de Bafatá... Hoje ainda existem alguns. Este está onde hoje é o tribunal.


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022 7h41>  O que resta (a fachada...) do antigo mercado quando Bafatá era a doce princesa do Geba... Um belo exemplar da arquitetura colonial revivalista, que um dia destes cai de vez...


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h41 > Rua para a 
Ponte Nova, diz o autor da foto. Na esquina, uma típica casa colonial, de sobrado. O Cherno Baldé diz-nos que era a antiga casa Ultramarina em Bafatá,  que controlava e abastecia toda a rede da zona Leste (Bafatá/Gabú). Pertencia ao BNU e era rival da Gouveia.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h33 > A sé catedral... Um exemplar de arquitetura colonial religiosa (de mau gosto, acrescento eu, tal como  a de Bissau, que me perdoem os cristãos da Guiné -Bissau) (LG)


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h32 > O antigo edifício principal da administração do concelho de Bafatá, hoje direcção regional de educação de Bafatá... Fica na rua principal que vai dar ao rio Geba.


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h36 > A avenida principal... Ao fundo, o rio Geba... Do lado direiro, a casa de sobrado das "manas libanesas" (que têm um mano, que foi nosso camarada, hoje coronel paraquedista reformado, e empresário na Guiné-Bissau, 
o Chauki Danif. Era alferes no nosso tempo, e tem aqui, no blogue, alguns amigos). A matriarca do clã era a Dona Rosa, cpmo bem dos recorda o Humberto Reis, amigo da família.  (LG).


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31 > Outra vista da artéria principal da antiga cidadezinha colonial... Há 6 anos o Patrício ainda apanhou algum alcatrão...


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34 >  Na avenida principal, do lado esquerdo de quem desce, antigas instalacões da administração colonial, incluindo a residência do administrador da concelho (o mais célebre nos anos 60 foi o Guerra Ribeiro). Depois da independência, passou a ser chamado "palácio do Governador"... Na ponta direita, a estação dos correios (não sabemos se continua a funcionar como tal)...


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h34> Antiga residência do administrador do concelho e, por detrás, a torre que seria da polícia administrativa (cipaios).


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 28 de abril de 2022, 7h31> Mais uma vista da avenida principal...  Alguns dos nossos camaradas fizeram aqui as suas provas de perícia... no exame de condução auto.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 27 de abril de 2022, 9h49  > Outra rua (... esta é para o arquiteto e autor do melhor roteiro de Bafatá, o nosso camarada Fernando Gouveia, identificar... TPC de fim de semana).

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, "retornado", a viver na Guiné-Bissau desde 1884,  fundador,  sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 120 referências no blogue; autor da série "Bom dia desde Bissau"; nosso colaborador permanente para as questões do ambiente, economia e geografia da Guiné-Bissau" (*)

Data - quinta, 28/04/2022, 09:04

Assunto - Bom desde Bafatá

Bom dia, desde Bafatá.

Luís, esta semana tenho passado uns dias em Bafatá.

Vou enviar umas fotos de hoje e desta semana, que terás que as organizar, vão directamente do meu telemóvel.

Na parte velha de Bafatá,  as casas coloniais são agora organismos públicos.

Muitos por aqui andaram há 50 anos de camuflado. (**)

Mantenhas. Patrício Ribeiro


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Patrício. Dizes bem, por aqui muitos andaram há 50 anos  de camuflado... E outros à civil... Ir a Bafatá, no meu tempo (1969/71), sobretudo ao fim de semana (quando o havia...) dava direito a ir à paisana... Ia-se às "meninas (do Bataclã)" e também matar a malvada em restaurantes como a Transmontana... E, no regresso, beber uma última cerveja no café do Teófilo, o "desterrado"... As manas libanesas também tinham um restaurante e café mas nunca lá fui.

Bafatá faz parte das "geografias emocionais" de boa parte de nós... Todos os camaradas que estiveram no Leste da Guiné passavam obrigatoriamente por Bafatá (elevada a cidade no tempo)... Era uma verdadeira placa giratória... Tal como Bambadinca e o Xime. Em Bafatá,  havia o "charme discreto" da civilização... Havia boas lojas, restaurantes, cinema e  até piscina. O resto da Guiné era "mato", ou seja, guerra. 

Desculpa, se meti alguma "argolada"... Achei que as tuas belas fotos, madrugadoras, mereciam uma legenda mais completa... Mas, para falar de Bafatá, "a princesa do Geba",  temos gente muito mais conceituada do que eu,  porque lá viveu durante a comissão  como é o caso do Fernando Gouveia, do António Azevedo Rodrigues  ou do Manuel Mata, por exemplo. Oxalá eles nos leiam e comentem este fim de semana, antes de eu ir à faca. Para a próxima semana, faço férias do blogue, mas conto com o Carlos Vinhal (e todos os demais coeditores, colaboradores e leitores) para continuarmos a ir "blogando & rindo", enquanto houver picada, pica e pernas para andar...

Da tua parte,  continua a mandar "lembranças" dessa terra, "verde-rubra" (sem conotações saudosistas, paternalistas ou neocolonialistas).  Boa saúde, bom trabalho, E que Deus, Alá e os bons irãs te protejam, a ti e aos nossos amigo da Guiné-Bissau.
___________


(**) Sobre Bafatá, temos mais de 380 referências... Vd. aqui, por exemplo:

8 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20829: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (11): Viagem a Mansoa e a Bafatá, onde estamos a levar a água potável aos hospitais... Este ano, muita gente vai morrer, não da COVID-19, mas de fome: o caju ninguém o vem cá comprar...

9 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira
12 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12284: Memória dos lugares (252): Bafatá ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71) (Manuel Mata)

22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

7 de maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8236: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (10): Bafatá, 15/12/2009: "África é um cego em cima de um diamante" (Ali dixit)

(...) Anónimo disse...

Uma geração de jovens que, ao terem a sorte de sobreviver, mesmo sem ferimentos, ficou traumatizada de tal forma que só passados 40 anos consegue falar abertamente do tempo que lá passou. Hoje, já consigo ter saudades do Cinema, da Piscina, do restaurante do Teófilo, do Restaurante a Transmontana, dos comércios das Libanesas, do cheiro a terra, do cacimbo que caía de noite, da pista de Aviação, das noites que passava nas Tabancas, da Javi (miúda atrevida), da Mariana solteira e da Mariana mãe, saudade dos companheiros que já morreram (Sampaio, saudade dos companheiros que ainda não encontrei, Ernesto, etc.), foram 25 meses em Bafatá (de junho de 1968 a julho de 1970).Um muito obrigado ao jovem médico, por me trazer Bafatá ao meu consciente.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19664: Memória dos lugares (391): a velha ponte do rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca, e os seus ninhos de andorinha (Jorge Araújo)


Foto 1 > Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Estrada Bambadinca- Xime > A Ponte Nova (1.ª linha), depois a Ponte Velha e o Rio Udunduma. À direita estava instalada uma secção (+)  (12 elementos) da minha CART 3494 (, sediada no Xime, entre 1972 e 1973), naquele que se chamava, à época, "Destacamento da Ponte do Rio Udunduma".


Foto 2 >  Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Estrada Bambadinca- Xime > Ponte velha do Rio Udunduma > Julho de 1973 > Imagem de como ficou a ponte na sequência da explosão levada a cabo pelos guerrilheiros do PAIGC em 28Mai1969, obtida a nível do solo.



Fotos 3 e 4  > Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Estrada Bambadinca- Xime > Interior da Ponte velha do Rio Udunduma - 1973. Imagens de um dos lados onde se encontravam os ninhos de andorinhas construídos no tecto da ponte.


Foto 5 > Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Estrada Bambadinca- Xime > Ponte Velha do Rio Udunduma > 1973. A seta indica o local onde se observam os ninhos das fotos anteriores.

Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue desde março de 2018




O DESTACAMENTO DA PONTE DO RIO UDUNDUMA
(ENTRE O XIME E BAMBADINCA): OS NINHOS DE ANDORINHAS 


1. INTRODUÇÃO

Com o objectivo de informar os mais distraídos ou satisfazer a curiosidade de quantos passaram na estrada Xime-Bambadinca, nos dois sentidos, e foram milhares, uns em trânsito para o Leste do território, outros com destino a Bissau, quiçá de regresso à Metrópole por terem terminado a comissão, venho pelo presente dar conta ao Fórum da existência de centenas de ninhos construídos sob a Ponte velha do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba. (Ia desaguar, ma margem esquerda, frente a Mato Catão, entre Samba Silate e Nhabijões.(

Para além desta partilha colectiva, ela é também a resposta ao pedido formulado pelo camarada Valdemar Queiroz, na sequência do seu comentário ao P19662.(*)

Assim, no âmbito das "Memórias de um Lacrau - P12736" (**) - acrescento:

Para que não se perca nenhum detalhe da nossa história colectiva, enquanto comunidade de ex-combatentes no CTIGuiné, independentemente da época, local ou missão, e partindo da descrição feita pelo camarada Valdemar Queiroz, a propósito da sua viagem entre Bissau e Contuboel [e da sua CArt 2479 - 1969] recupero a seguinte passagem: "… atravessamos a bolanha passando, ao longe, por Amedalai, tabanca em autodefesa, cercada por arame farpado e, depois, atravessamos por uma ponte cheia de ninhos de andorinhas, chegando a Bambadinca".

– Que ponte era essa?

Como uma forte possibilidade/probabilidade, apresento acima  uma sequência de cinco fotos recolhidas quatro anos depois de aí ter passado o camarada Valdemar, de modo a poder compará-las com a memória visual que tem desse dia… e dos locais por onde foi passando até Contuboel, ainda que estejam a uma distância de cinquenta anos.

Vd. fotos acima, nºs 1, 2, 3, 4 e 5.

Obrigado.
Um abraço.
Jorge Araújo.
09Abr2019.
_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira

terça-feira, 9 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19662: Memória dos lugares (390): As três pontes de Bafatá, sobre os rios Geba e Colufe (ou Campossa): contributos de Fernando Gouveia, Humberto Reis, Manuel Mata, Luís Graça, Ricardo Lemos e Virgílio Teixeira


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1968/70 > Estrada (não alcatroada) Bafatá-Geba  > Bonita foto aérea, tirada de avioneta (talvez DO-27, a avaliar pela sombra da aeronave projetada na margem esquerda da Ponte Nova (ao tempo, ponte Salazar), no rio Geba Estreito. Na margem direita, vê-se a guarda  à ponte [, assinalada com uma seta], cujos elementos costumavam apanhar camarão que depois vendiam aos outros militares da vila (mais tarde cidade) de Bafatá. Esta ponte em betão deve ser fo início da década de 1960.

Foto (e legenda): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.] (*)


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1969/70 >  Vista aérea da Ponte Salazar sobre o Rio Geba, na estrada entre Bafatá e Geba e Bafatá. A Ponte ficava a oeste da vila (, mais tarde cidade, em 1970),

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 1996 > Ponte sobre o rio Geba na estrada Bafatá-Geba. O Humberto Reis voltou lá, vinte e sete anos depois.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Vista aérea > Em primeiro plano, o rio Geba, à esquerda, e a piscina de Bafatá (que tinha o nome do administrador Guerra Ribeiro e foi inaugurada em 1962, tendo sido construído - segundo a informação que temos - por militares de uma unidade aqui estacionada ainda antes do início da guerra).

Ainda do lado esquerdo, o cais fluvial, uma zona ajardinada, a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)... Ao centro, a rua principal da cidade. Ao fundo, ao alto da avenida principal, já não se chega a ver o troço da estrada que conduzia à saída para Nova Lamego (, que ficava  a nordeste de Bafatá); havia um a outra, alcatroada, para Bambadinca,  mas também com acesso à estrada (não alcatroada) de Galomaro-Dulombi, povoações do regulado do Cosse, que ficava a sul. À entrada de Bafatá, havia uma rotunda. ao alto. Para quem entrava, o café do Teófilo, o "desterrado", era à esquerda..

Do lado direito pode observar-se a traseira do mercado. Do lado esquerdo, no início da rua, um belo edifício, de arquitetura tipicamente colonial, pertencente à famosa Casa Gouveia, que representava os interesses da CUF, e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa. Por aqui passaram milhares e milhares de homens ao longo da guerra,. que aqui faziam as suas compras, iam aos restaurantes e se divertiam... comas meninas do Bataclã.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.] (*ª)


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > O Fernando Gouveia, de pé, na piscina municipal, situada na foz do rio Colufe (à esquerda) que ia desaguar no rio Geba (em frente).

Foto (e legenda): ©  Fernando Gouveia (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Vista aérea > Bafatá, o porto fluvial e o Rio Geba, vistos de oeste; ao fundo, a ponte do Rio Colufe, assinalada a amarelo, à esquerda  da piscina municipal.  Era uma ponte em betão, devia ser de 1920. Quase um século depois, em 2010, já não existia, segundo o depoimento do Fernando Gouveia que voltou a Bafatá nesse ano. Ou como se pode comprovar pelo mapa do Google.

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Estrada Dulombi - Galamoro, a caminho de Bafatá


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Ponte (em madeira, com estacaria em troncos de cibe) sobre o rio Colufe (ou rio Campossa), vista por quem vinha de Dulombi e Galomaro, ou de Bambadinca, ou seja, do sul / sudoeste, com Bafatá em frente (cerca de 2 quilómetros). Vê-se que falta uma secção do corrimão da ponte, do lado esquerdo, sinal de que o sítio era propício a acidentes...

Foto, com a devida vénia, de Ricardo Lemos.


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1971 > Restaurante Transmontana, na esquina da Rua Capitão Sousa Lage (, um dos militares portugueses que se destacaram nas "campanhas de pacificação" de finais do séc- XIX) . A "Transmontana" (, pensão e restaurante,) era famosa pelo seu "bife com batatas fritas e ovo a cavalo"... Vinte pesos!... Foto do Ricardo Lemos, com a devida vénia.


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1971 > Sporting Club de Bafatá > Um clube muito popular na região. Foto do Ricardo Lemos, com a devida vénia.


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1971 > A Rotunda, donde partiam duas estradas: à direita para Galomaro-Dulombi e Bambadinca; e à esquerda, para o Gabu. A foto, com a devida vénia, é  do Ricardo Lemos ("Ferrugem") com o seu amigo "Estraga"... E era aqui ficava o café do Teófilo, onde a malta de Bambadinca bebia o último copo, antes de regressar á base...

Fotos (e legendas): © Ricardo Lemos (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] [Com a devia vénia ao autor e ao editor...]

Escreve  Ricardo Lemos, ex-fur mil mec, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (que vive em Matosinhos, e a quem já convidámos em tempos para integrar a Tabanca Grande),  no blogue CCAÇ 2700 - Dulombi, 1970/72), criado e mantido desde 2007 pelo nosso grã-tabanqueiro, da primeira hora, Fernando Barata.

(...) "Está na hora de seguir viagem até Bafatá. A distância a percorrer andará à volta dos 40 km. Os Unimogs da coluna militarizada e também outros veículos oriundos de Galomaro, percorrerão os caminhos em terra batida até chegarmos ao cruzamento da estrada Bambadinca / Nova Lamego. A partir daqui seguiremos até Bafatá em estrada alcatroada" (...)


(...) "Era uma zona ampla, muito bonita, cuja estrada em terra batida era rodeada de muitas árvores, entre elas, as frondosas mangueiras, cujos frutos em cada árvore, eram aos milhares. A mangueira é uma árvore da família das anacardiáceas e que produz a manga, uma drupa carnosa e saborosa. Existem 35 espécies diferentes. Só que estas que se vêem nas imagens, não eram de cultivo, mas sim, selvagens. E nestas árvores, aproveitando-se da sombra refrescante, as aves exerciam o seu direito territorial, ocupando os ramos, aos milhares. Era uma delícia ouvir as melodias das linguagens das diversificadas aves que nelas coabitavam. As rolas eram surpreendentemente abundantes. Já se adivinha a chegada à periferia de Bafatá. Agora, em estrada alcatroada, a conhecida ponte com estrutura em troncos de palmeira, sobre o rio Colufe, nos surge pela frente." (...)

(...) Ao longe, Bafatá, cidade cosmopolita, situada no centro da Guiné, era a terra mais distante de todas as fronteiras, o que a protegia das garras da guerrilha. Por tal motivo, as pessoas e bens podiam circular com alguma segurança e um certo à vontade. Situa-se na confluência dos rios Geba e Colufe." (...) 


1. Mensagem do Fernando Gouveia [, ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011, e mais recentemente  do livro de memórias "A  Guerra Vista de Bafatá: 1968- 1970". ediçãpo de autor, 2018; arquiteto, reside no Porto; tem 160 referências no nosso blogue: foto atual à direita]

Camaradas:

Como estive em Bafatá de 1968 a1970 posso dizer com toda a certeza que nessa altura havia a ponte Nova (Salazar) [, sobre o rio Geba], e uma ponte sobre o rio Colufe, que desaguava no Geba, mesmo em frente à piscina. (***)

Essa ponte era de um tabuleiro simples com uns pilares e em betão. Quando estive lá em 2010 já tinha caído toda.

Mando uma foto tirada na piscina, onde se vê o rio Geba [, em frente,] e à esquerda a foz do rio Colufe.

No blogue há muitas fotos aéreas em que se vê bem a ponte do rio Colufe, nessa época.

Abraços

Fernando Gouveia


2. Comentário do editor Luís Graça:

Quando falamos de pontes, em Bafatá, nos finais dos 60, início dos anos 70, estamos a falar de três:

(i) um sobre o rio Geba (Estreito), a oeste da vila (e depois cidade) de Bafatá, na estrada (não alcatroada) Bafatá -Geba;

(ii) uma sobre o rio Colufe ou Campossa), afluente do rio Geba: uma em betão, dos anos 20, que irá ruir no início do séc. XXI, e ficava na confluência do rio Colufe e do rio Geba, junto à piscina municipal; era apenas pedonal;

(iii)  e uma terceira, também sobre o rio Colufe (ou Campossa), a montante, em madeira, assente em estacaria de cibe (palmeira). devia ser dos anos 30/40/50 ficava na estrada Bafatá . Banbadinca,  já nas proximidade de Bafatá, a cerca de 2/3 km; mais à frente, a escassos quilómetros, apanhava-se a estrada (, em terra batida,) para Galomaro . Duas Fontes Dulombi.

Esta última ponte, em madeira, já não existe, é hoje em betão, como se pode ver pelo  mapa do Google. E a cidade de Bafatá está irreconhecível, com uma enorme expansão no sentido norte / nordeste.  Tinha, em 2010, cerca de 35 mil habitantes.


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá Ponte sobre o rio Colufe (ou Campossa), "com a sua célebre estrutura em troncos de palmeira". Em janeiro de 1970, a ponte era guardada por uma força do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) a quem pertencia o nosso camarada Manuel Mata.

Foto (e legenda): © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Bafatá > Bafatá Ponte sobre o rio Colufe (ou Campossa) > Novembro de 1967 > Virgílio Teixeira, alf mil SAM, da CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lameho e São Domingos, 1967 / 1969), mais a sua escolta, a caminho de Bambadinca, vindos do Gabu.

Fotos (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] (****)
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12491: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (11): Fotos nºs 13 (estrada para Geba e Bafatá), 14 (Ponte Nova) e 15 (tabanca da Ponte Nova)

(**) Vd. poste de 22 de março de  2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)

(***) Último poste da série > 28 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19629: Memória dos lugares (389): Ponte do Rio Colufe (que desagua no Rio Geba, em Bafatá), onde houve um acidente com um Unimog 411, em 6/1/1971, em que morreram, afogados, 3 militares, 1 do GAC 7 e 2 da madeirense CCAÇ 2680 (Cabuca e Nova Lamego, 1970/71) (Mário Migueis e José Martins)

(****) Vd. poste de 28 de janeiro de  2019 > Guiné 61/74 - P19448: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXI: As colunas para o sudoeste do setor: Bafatá, Fá Mandinga e Bambadinca, eram mais de 200 km, ida e volta

quinta-feira, 28 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19629: Memória dos lugares (389): Ponte do Rio Colufe (que desagua no Rio Geba, em Bafatá), onde houve um acidente com um Unimog 411, em 6/1/1971, em que morreram, afogados, 3 militares, 1 do GAC 7 e 2 da madeirense CCAÇ 2680 (Cabuca e Nova Lamego, 1970/71) (Mário Migueis e José Martins)



Guiné > Zona de Região de Bafatá  > Bafatá > Vista aérea >  Bafatá,  o porto fluvial e o Rio Geba, vistos de oeste; ao fundo, a ponte do Rio Colufe, assinalada a amarelo. Esta ponte era em betão (?), mas havia outra, mais a montante, em madeira, em troncos de palmeira... Ou eu estou confundido ? Já se passaram 50 anos...

O Fernando Gouveia e o Manuel Mata (que lá viveram quase dois anos) podem esclarecer este ponto... Ou o próprio Humberto Reis que andou por lá, pelo ar, a tirar a fotografias da bela e doce Bafatá do nosso tempo... Ou ainda a malta de Galomaro / Dulombi... Na carta de 1955 só parece haver uma ponte a atravessar o rio Colufe, a sul de Bafatá... Quem me ajuda ? (LG).

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > Cmd Agr 2957 (Bafatá, 1968/70) > Regina Gouveia, esposa do ex-alf mil ex-Alf Mil Rec e Inf, ambos membros da nossa Tabanca Grande: "O  transbordar dos rios na época das chuvas. Na ponte do rio Colufe com a água a chegar aos meus pés." [Não há dúvida, pela foto, que a estrutura é em betão. LG]
Foto (e legenda): © Fernando Gouveia  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Carta de Bafatá (1955) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa do Rio Colufe que vai desaguar ao Rio Geba, em Bafatá.

[...] "A característica geral da área do Batalhão [BART 2917, Bambadinca, 1970/72, Setor L1] é a planície, onde correm muitos rios cavados num planalto de40 metros de altitude. A rede hidrográfica encontra-se orientada para os Rios Colufe, Geba e Corubal, verificando-se, na época das chuvas e nos baixos cursos destes dois últimos, o nivelamento das águas dos rios e das bolanhas, durante a preia-mar. Na época seca, com excepção dos Rios Geba, Corubal, Colufe,  Gambiel  e Udunduma, todos os restantes são transponíveis a vau. Na época das chuvas, todos os rios do sector são praticamente intransponíveis a vau." [...]

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
Brsaão da CCAª 2680


1. Recuperam-se 3 comentários ao poste P7853 (*)

(i) Mário Migueis [da Silva] 

[ex-fur mil rec info, CCS / Q.G. (Bissau). Colocação: Com-Chefe / Rep-Info (Amura-Bissau) Função: Serviço de Informações Militares (SIM) Unidades em que esteve em diligência: Bart 2917 / Bambadinca (Novembro 70 a Janeiro 71, incl.); CCaç 2701 e CCaç 3890 / Saltinho (Março 71 71 / Outubro 72); bancário reformado, vive em Esposende]

Quando passei por Bambadinca (Nov 70 / Mar71) [, ao tempo do BART 2917, 1970/72],  houve um acidente grave numa das pontes situadas na área de influência do Batalhão instalado em Bambadinca: um "burrinho" desgovernado caiu no rio, tendo morrido vários soldados afogados. Só me lembro de um furriel conhecido por "Fafe" , que também esteve no local, tentando, infrutíferamente, salvar alguns dos sinistrados. 

Não sei se este tema já foi alguma vez abordado no blogue, mas, de qualquer forma, agradeço que, quem souber, me responda a esta simples pergunta: como é que se chamava essa ponte?...


(ii) José Martins

 [ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70); nosso colaborador permanente, com mais de 350 referências no nosso blogue; vive em Odivelas]

Tentei encontrar, no periodo indicado pelo Mário Miguéis, mas apenas encontrei um acidente de viação seguido de afogamento, no Rio Colufe, vindo a falecer três militares, sendo um do GAC 7 e dois da CCaç 2680.

Terá sido este?

26 de fevereiro de 2011 às 21:40


(iii) Mário Migueis:

José Marcelino Martins:

Os meus agradecimentos pela atenção que me dispensaste, embora nem o Rio Colufe, nem as unidades indicadas (GAC 7 e CCAÇ 2680) me digam nada. Não faço ideia do local onde estavam instaladas.

Vou tentar encontrar alguns elementos entre os meus canhenhos, tais como alguma cópia de cartas topográficas que possa ter ainda em meu poder. Mas, acho estranho que ninguém ligado a Bambadinca se recorde do caso.

Um grande abraço,

Mário Migueis

27 de fevereiro de 2011 às 01:00


2. Comentário do editor Luís Graça:

Mário e José, só ao fim de oito anos (!), é que dei conta  dos vossos comentários, ao reler ontem   o poste P7852 (*), em que se falava da ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, que atravessava a estrada Bambadinca-Xime.

Desgraçadamente só temos uma referência à CCAÇ 2680...Sabemos que:

(i) era uma companhia madeirense, moblizada pelo BII 19, Funchal;

(ii) esteve em Cabuca e Nova Lamego (1970/71);

(iii) era comandada pelo cap mil art Emílio Jerónimo Pimenta Guerra;

(iv) embarcou em 2 de fevereiro de 1970 e regressou a 27 de dezembro de 1971:

(v)  a CCAÇ 280 foi rendida em Cabuca  pela CCAV 3404 (1971/73) e esta pela  2ª CART / BART 6523 (1973/74).

Quanto ao GAC 7, temos pelo menos cinco referências... Sabemos que, por volta de 1970/72, ao tempo do nosso saudoso Vasco Pires (, cmdt do 23º Pel Art, em Gadamael), o GAC7 (GA7) tinha "trinta e dois pelotões espalhados pelo TO da Guiné, apoiando tropas debaixo de fogo IN, atingindo importantes alvos, quer por ordem superior, quer como fogo de contra-bateria, por vezes apoiando outros aquartelamentos, até tiro direto, para impedir supostas invasões do quartel"...

Tenho ideia, sim, desse acidente, referido pelo Mário Miguéis, o qual deve ter sido já no final da minha comissão (que acabava em março de 1971)... Já não me lembro dos pormenores: o Miguéis diz que foi com um "burrinho" (Unimog 411), que caiu ao rio e provocou a morte, por afogamento, de três militares, um do GAC 7 e dois da CCaç 2680. 

Deveria tratar-se de um Pel Art, desembarcado no Xime, em LDG, e que seguia em coluna auto até Nova Lamego ou Cabuca, via Bambadinca e Bafatá, com escolta da CCAÇ 2680 / Comando de Agrupamento 2958.

Nem a data nem o sítio certo, no Rio Colufe, são indicados pelo José Martins... Lembro-me da pomnte, em betão,  sobre o Rio Colufe, afluente do Rio, em Bafatá..., no Rio Colufe [ou Rio Campossa], afluente do Rio Geba. Mas havia outra, nas proximidades, feita em troncos de palmeira. Era utilizada por quem vinha do sul /sudoeste (Setor L5, Galomaro).

Tudo indica, pelas pesquisas na Net, que se trate do acidente, ocorrido em 6/1/1971, de que resultaram a morte por afogamento dos seguintes militares:

1º cabo Arlindo Baptista Loureiro, GAC 7;

Sold Silvano Rodrigues Figueira, CCAÇ 2680 / Cmd Agr 2957; natural do Curral das Freiras, Câmara de Lobos 

1º cabo Armando Martins Simões Melo, CCAÇ 2680 / Cmd Agr 2957.

Havia uma ponte em betão e outra em madeira (que devo ter atrevessado, mas já não me lembro muito bem). Em qual delas se terá dado o acidente ? (**).


Guiné > Zona de Região de Bafatá  > Bafatá  Ponte sobre o rio Colufe, "com a sua célebre estrutura em troncos de palmeira". Em janeiro de 1970, a ponte era guardada por uma força do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) a quem pertencia o nosso camarada Manuel Mata.

Foto (e legenda): © Manuel Mata  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]]


Guiné > Zona de Região de Bafatá  > Bafatá >  Ponte (em madeira) sobre o rio Colufe, vista por quem vinha de Dulombi e Galomaro, com Bafatá em frente.  Vê-se que falta uma secção do corrimão da ponte, do lado esquerdo, sinal de que o sítio era propício a acidentes...

Foto: Cortesia do Ricardo Lemos, ex-fur mil mec, CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), que vive em Matosinhos, e a quem já convidámos em tempos para integrar a Tabanca Grande.  Foi publicada no blogue CCAÇ 2700 - Dulombi, 1970/72), criado e mantido desde 2007 pelo nosso grã-tabanqueiro, da primeira hora, Fernando Barata.

Foto (e legenda): © Ricardo Lemos   (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]]
______________

Notas do editor:

(*) 24 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7852: A minha CCAÇ 12 (12): Dezembro de 1969, tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo (Luís Graça / Humberto Reis)

(**) Último poste da série > 21 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19606: Memória dos lugares (388): Ponta Varela, na margem esquerda do Rio Geba, subsetor do Xime... Mas está por fazer a história das "pontas" (pequenas explorações agrícolas, junto a cursos de água: Ponta do Inglês, Ponta Luís Dias, Ponta João da Silva, no Rio Corubal; Ponta Brandão, em Bambadinca; Ponta Geraldo Landim, no Rio Dingal / Mansoa; Ponta Salvador Barreto, no rio Cacheu, etc.)

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Guime 63/74 - P16246: (De)Caras (43): Domingos Ramos, o "incendiário do leste": (i) João Cá, de seu nome de guerra; (ii) antigo 1º cabo miliciano das NT; (iii) amigo e camarada do Mário Dias (, do 1º CSM, Bissau, 1959): (iv) reconhecido em Bafatá, no bairro da Nema, por volta de maio de 1963, por Alcídio Marinho e Mamadu Baldé; (v) volta a encontrar o amigo e antigo camarada "tuga" nas matas do Corubal, em 1965: e (vi) "tem a felicidade de morrer em combate", em Madina do Boé, em 10/11/1966, ao lado do 'internacionalista' cubano Ulises Estrada...


Guiné > 1964 > PAIGC > Cassacá > I Congresso.do PAIGC, Quinta, 13 de fevereiro de 1964 - Segunda, 17 de fevereiro de 1964, Da esquerda para a direita,  Abdulai Barry, Arafam Mané, Amílcar Cabral, Domingos Ramos e Lai Sek durante o I Congresso.do PAIGC, em Cassacá",

Fonte: Portal Casa Comum / Fundação Mário Soares, Consult em 28 de junho de 2016. Disponível em http://www.casacomum.org/cc/visualizador?pasta=05224.000.056  (Reprodução parcial, com a devdia vénia)


1. Dois comentários ao poste P16226 (*): 




(i) Alcídio [José Gonçalves] Marinho [, foto à esquerda, da sua página no Facebook, ex-fur mil inf, CCAÇ 412 (Bafatá, 1963/65); vive no Porto; é membro da nossa Tabanaca Gradne desde 23/9/2011]


Conheci de relance o Domingos Ramos (**) em Bafatá. Assim, a CCaç 412 chegou a Bafatá a 9 de abril de 1963.. Já havia passado cerca de três semanas e um fim de tarde resolvi ir conhecer o bairro da Nema, que ficava a Leste da cidade,pois os outros bairros já os conhecia bem (Rocha e Ponte Nova).

Estava destacado na Companhia um cabo Mamadu Baldé (fula-forro) e pedi-lhe para me acompanhar, tendo ele correspondido ao meu pedido. Seguimos pela Rua, passamos a casa da D.Rosa [,. a libanesa,] , em frente das instalações  do Batalhão 238 e entramos na Nema.

Ao virarmos para uma rua transversal vimos um indivíduo alto,  que passou por nós, o cabo estremeceu e disse "Domingos Ramos!". Então fixei outra vez o individuo e vi distintamente que era exactamente igual à fotografia, existente na secretaria da Companhia.

Viramos para trás e corremos para apanhá-lo, mas ele já havia desaparecido.

Entretanto, já tinha tirado a pistola Walter que levava presa no cós traseiro das calças por baixo da camisa e esta fora das calças.

Depois viemos a correr à companhia, demos o alarme e foram deslocados diversos pelotões para cercar a Nema e outros para patrulhar a cidade.

Na altura foram capturados uns tipos suspeitos que acabaram por confirmar que o Domingos Ramos havia estado dois dias em Bafatá-Também se veio a saber que ele escapou,  atravessando o rio Colufe para oN regulado de Badora, em direcção ao sul.



(ii) Manuel Luís Lomba [ex-fur mil, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66; autor do livro "Guerra da Guiné: a batalha de Cufar Nalu". Faria, Barcelos, Terras de Faria, Lda: 2012, 314 pp.]


Os militares adquirem uma especial sensibilidade face à injustiça. Tive essa experiência própria.

Invoco o então capitão Vasco Lourenço, de boa idade e recomenda-se, a quem as injustiças do general Bethencourt Rodrigues, então ministro do Exército, em 1969, referidas à sua mobilização para a Guiné, do general Spínola, no seu escrutínio da responsabilidade da morte do régulo de Cuntima, terão sido a causa remota da sua transformação no motor com turbo do MFA/25 de Abril/25 de Novembro.

O herói nacional bissau-guineense Domingos Ramos, o Kant de seu nome de guerra [, ou melhor, João Cá], foi aliciado por Amílcar Cabral para o PAIGC, através do seu irmão Luís [Cabral], de quem era colega quando era balconista da Casa Gouveia, tendo sido preterido como funcionário das Finanças, após estágio na respectiva Repartição, talvez por efeito da aludida "porrada" sofrida no CIM [de Bolama].

À data em que o Alcídio o viu junto ao quartel [, ou melhor, no bairro da Nema, em Bafatá], era o comandante da Frente Leste, que havia rendido o comandante Pascoal Costa  [ou melhor,  Vitorino Costa, 1937-1962] - despromovido, transferido por fracassar e que morrerá no contexto do cerco e assalto à tabanca de S. João (Fulacunda), executado pela CCaç 153  [em julho de 1962]-, sendo suposto a fazer o reconhecimento  [do quartel de Bafatá] para o atacar, como a cidade natal do Amílcar e a segunda cidade da Guiné´, objectivo que, a par de Bissau, será deferido no tempo.

Quanto aos seus rendimentos (*)- haverá no mundo algum militar profissional que não perceba ordenado ou soldo?  Pela regra do Exército Português, 80 contos corresponderia ao rendimento anual e, como se tratava de "progressistas", talvez incluísse os subsídios de férias e de Natal...


2. Domingos Ramos, o "incendiário do leste", que teve a "felicidade de morrer em combate", ou seja, como "herói":


Como aqui temos dito, Domingos Ramos é um dos nomes míticos da fase inicial da guerrilha do PAIGC que teve a "felicidade de morrer" como herói,  no campo de batalha, muito antes de chegar ao poder, portanto em "estado de graça". Sobre ele não pesam as suspeitas, as sombras e as acusações de traição, nepotismo e corrupção que mancham a memória de muitos outros "filhos" de Amílcal Cabral como Osvaldo Vieira ou 'Nino' Veira...O próprio Amílcar Cabnral, o "pai da Pátria", não chegou a conhecer a autora da liberdade... E a maior parte dos seus camaradas de luta já morreram. A última foi a Carmen Pereira, desaparecida aos 79 anos, em 4 do corrente.

Domingos Ramos era filho de um quadro local da administração colonial portuguesa, com o estatuto de assimilado, expressão "politicamemnte correta"  usada na época pelas autoridades portuguesas, para distinguir os guineenses "civilizados" e "não-civilizados".

Fez, juntamente com o nosso camarada Mário Dias, o 1º curso de sargentos milicianos (CSM), em 1959, em Bissau. Infelizmentye, este curso iria ser um autêntico viveiro de quadros político-militares para o o PAIGC. Não sabemos em que data precisa o Domingos Ramos aderiu a (ou foi aliciado para) a "causa nacionalista". Mas terá sido no ano de 1960...

Sabemos que a 8 de maio de 1959  inicia a recruta, juntamente com Mário Dias, no quartel da Bateria de Artilharia de Campanha em Bissau, Santa Luzia, defronte ao que viria a ser mais tarde o Quartel Genera (QG). O português e o guineense ficam paar sempre amigos, embora depois siagm caminhos diferentes: a guerra vai polos em campos opostos...

Em 10 de agosto foi o juramento de bandeira. Quatro dias depois, a 14, inicia-se o   1º Curso de Sargentos Milicianos (CSM) que houve na Guiné, e para a frequência do qual se exigia já, como escolaridade,  pelo menos o 2º ano do liceu, na época chamado 1º ciclo liceal.

Em 29 de novembro  de 1959 tanto o Domingos Ramos como  Mário Dias são promovidos a primeiros cabos milicianos.  Ao que sugere o Mário Dias, o Domingos Ramos ter-se-á alistado nas fileiras do PAIGC, um ano depois, em novembro de 1960, depois de ter sido vítima de uma grave injustiça (***) enquanto 1º cabo miliciano, no CIM de Bolama, por parte de um oficial português cuja identidade está por descobrir (*), 



Guiné > Bissau > 1959 > 1ºs cabos milicianos Mário Dias (à direita, na segunda fila, de pé), Domingos Ramos (à esquerda, na priemria fila) e outros...

"De cócoras, a partir da esquerda: Domingos Ramos; um outro cujo nome não me lembro mas que também foi para a guerrilha; e depois o Laurentino Pedro Gomes. De pé: não me recordo o nome mas também foi para a guerrilha; Garcia, filho do administrador Garcia, muito conhecido e estimado em Bissau; mais um de cujo nome não me recordo; eu [, Mário Dias]; e mais outro futuro guerrilheiro."

Foto (e legenda): © Mário Dias (2006). Todos os direitos reservados



Logo em janeiro de 1961, ele é enviado por Amílcar Cabral para a Academia Militar de Nanquim, na China,  frequentando o primeiro curso de comandantes do PAIGC, juntamente com João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes [ou Francisco Tê], Constantino Teixeira, Pedro Ramos ( irmão de Domingos), Manuel Saturnino,  Rui Djassi, Osvaldo Vieira, Vitorino Costa (, irmão mais velho de Manuel Saturnino) e Hilário Gomes,  (Manuel Saturnino Costa, nascido em 1942, é o único deste grupo que ainda está vivo).

Em 1962, Domingos Ramos organiza, na região de Xitole (que abarcava Bambadinca e Bafatá), as primeiras ações de sabotagem e aliciamento da população [, vd. documento abaixo, do Arquivo Amílcar Cabral]. 

Em 1964, participa no I Congresso do PAIGC, em Cassacá. na região de Quitafine.

O Domingos haveria de encontrar-se com o seu amigo e ex-camarada de armas, do 1º CSM, o furriel mil comando Mário Dias, pela última vez, em 1965... Em circunstâncias insólitas, em pleno mato,... É uma das histórias mais fantásticas que já lemos sobre a guerra e a grandeza humana que pode haver mesmo numa situação de guerra (****)....

Foi na região do Xitole, na zona entre Amedalai e os rápidos de Cussilinta, perto da estrada Xitole-Aldeia Formosa-Mampatá... Vale a pena reler o segredo que o Mário guardou durante toda uma vida e revelou, em primeira mão, em 2006,. aos seus amigos e camaradas da Tabanca c Gradne, Foi um dos momentos altos da história do nosso blogue. (*****).

Um ano depois, morreu prematuramente em combate, a 10 de novembro de 1966, em Madina do Boé, ao lado do "internacionalista" cubano Ulises Estrada, tendo-se tornado num dos heróis da luta de libertação nacional.

Os seus restos mortais  repousam agora no panteão nacional da Guiné-Bissau,m na antiga Fortaleza da Amura,
__________________


Portal: Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 04609.056.033 [Clicar aqui para aceder ao original]
Título: Comunicado - Zona 7, 8 e 11

Assunto: Transcrição de um comunicado em código, assinada por João Cá (Domingos Ramos), sobre as operações de sabotagem nas áreas de Xitole / Bambadinca, bem como sobre a acção militar portuguesa na mesma zona. O comunicado solicita o envio de "camaradas" e de armamento e refere-se à situação das zonas 7, 8 e 11 como um inferno.

Data: s.d.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência 1962 (interna).
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Citação:
(s.d.), "Comunicado - Zona 7, 8 e 11", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40543 (2016-6-28)







[ Este documento manuscrito deve ser de junho de 1962, uma vez que nele se faz referência a um dos nossos T-6 (T6-G #1677) que se despenhou, no rio Corubal, em 29 de maio de 1962,  na região de Mina / Fiofioli,  roubando a vida a dois camaradas nossos da FAP. o fur mil pil Manuel Soares de Matos, natural de Arrifana, Santa Maria da Feira,  e o ten pilav  José Cabaço Neves, Embora tenham sido comsideradas  mortes "em combate", o T 6 deve ter-se despenhado, não por ter sido atingido por fogo IN,  mas em resultado de uma manobra, aquando do reconhecimento de  uma piroga suspeita, no  rio, perto da tabanca de Mina, na maregm direita do rio Corubal. Na época poucos militantes do PAIGC teriam armas, a não ser gentílicas, e  quando muito pistolas para defesa pessoal. A pistola P38 aqui citada seria uma Walther, roubada ao exército português... Segundo o nosso especialista em, armamento, o Luís Dias, "a pistola usada pelas forças de guerrilha do PAIGC era, principalmente, a Tokarev TT-33"]




Domingos Ramos, "herói nacional": ilustração do Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970 (Upsala, Suécia). Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-Alf Mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72). 

Lição nº 23: Um grande patriota... [Destaque para a frase: "Ele gostava muito dos seus soldados e não gostava de maltratar os prisioneiros".]




Portal: Casa Comum

Instituição:
Fundação Mário Soares

Pasta: 05360.000.084 [Clicar aqui para ampliar a imagem]

Título: Grupo de quadros do PAIGC recebidos por Mao Tse-Tung na República Popular da China

Assunto: Grupo de quadros do PAIGC recebidos por Mao Tse-Tung na República Popular da China, para iniciarem treino militar na Academia Militar de Nanquim: João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes, Constantino Teixeira, Pedro Ramos, Manuel Saturnino, Domingos Ramos, Rui Djassi, Osvaldo Vieira, Vitorino Costa e Hilário Gomes.

Data: 1961

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Arquivo Amílcar Cabral > 11. Fotografias > 3.PAIGC > Exterior

Citação: (1961), "Grupo de quadros do PAIGC recebidos por Mao Tse-Tung na República Popular da China", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43247 (2016-6-27)

________________

Notas do editor:


Comentário de um leitor (guineense):

(...) Chamo me Adilson Adolfo Mendes Ramos... tanto pesquisei sobre histórias da minha família, e este blog é certamente o que mais me ajudou. Obrigado por o ter criado... Grande abraço

6 de agosto de 2013 às 15:40  (...)