1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz, membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou-nos a apresentação oficial nesta Tabanca Grande do nosso Camarada José Alberto Leal Pinto (foto do lado esquerdo), que foi 1º Cabo Escriturário na CCS do BCAV 8320, Bula e Cumeré, 1971/74.
Regresso à Metrópole do Batalhão de cavalaria 8320/72
Como responsável por alguma da indignação de alguns antigos ex-combatentes pertencentes a este Batalhão, já que fui eu que “libertei” algumas notas do último CEM/CTIG, que relatam parte das reivindicações do Batalhão 8230, em vésperas do regresso à Metrópole, resolvi conhecer pessoalmente e entrevistar, aquele que mais se tem manifestado no blogue de Luís Graça & Camaradas da Guiné em defesa da honra do referido Batalhão, o ex-combatente José Alberto Miranda Leal Pinto, ex-cabo escriturário, que esteve nas fileiras do Exército Português, entre o ano de 1971 e 1974, passando na metrópole pelos Regimentos R.I.8, R.A.L. 4, R.L.2 e R.C. 3. Na Guiné Portuguesa esteve em Bula e no Cumeré. José Alberto Leal Pinto, meu conterrâneo, nasceu em Barcelos (Arcozelo) em 28 de Fevereiro de 1950. Atualmente mora na cidade de Barcelos, e é reformado de afinador de máquinas, casado e com quatro filhos, dois deles gémeos.
Aquando da sua integração nas fileiras do Exército, numa altura em que eram necessários muitos soldados para podermos manter com sucesso os 3 teatros de operações, o 1º cabo José Pinto, já com um irmão a combater no TO de Angola, e único amparo de sua mãe, solicita então, o “Processo de Amparo”, que infelizmente lhe é indeferido. Não satisfeito com a decisão, solicita superiormente a “revisão da decisão”, e aguardou serenamente pelo desfecho, na Escola Militar de Eletromecânica (EMEL) em Passos de Arcos, onde se encontrava na altura. Entretanto e segundo me contou, um tio seu que conhecia o então CEM da Região Militar do Porto, escreveu-lhe uma “Carta”, dirigida ao na altura Chefe do Estado Maior da Região Militar do Porto (meu falecido pai), coronel de cavalaria e do CEM Henrique Gonçalves Vaz, para que intercedesse numa “eventual reapreciação do processo de amparo”, que por ironia do destino, viria a ser este o oficial do Estado Maior, como adiante veremos, que no TO da Guiné em Agosto de 1974, a negociar com o Batalhão 8320, do 1º cabo José Pinto, bem como coordenar, com o comandante do CTIG, a sua “Retirada” do Cumeré para regressarem finalmente à Metrópole. O nosso 1º cabo José Pinto, pensando que este oficial do CEM, e seu conterrâneo, já estaria no TO da Guiné (ainda não estava nessa altura…), decidiu “aceitar a decisão”, conformar-se com a mesma e seguir do campo militar de Stª Margarida com o seu Batalhão 8320, para o Comando Territorial da Guiné (CTIG), em 21 de Julho de 72, desembarcando na Guiné nesse mesmo dia, já que essa viagem foi de avião dos TAM.
O 1º cabo José Alberto Pinto, junto de um obus do seu aquartelamento em Bula em 1973.
O seu currículo no Exército, pautou-se por um comportamento exemplar ao ponto de ter recebido dois Públicos Louvores, como tal é merecedor de ser ouvido neste canal de comunicação, com todo o cuidado e atenção, já que o seu objetivo principal é “repor o Bom Nome do seu Batalhão”, já que considera ter havido “razões especiais”, para se perceber o comportamento naquele dia 22 de Agosto de 1974. Este ex-combatente, ainda na Metrópole frequentou a Escola de Recrutas e Instrução Completar, o que fez com êxito. Mais tarde virá a ser “Escolhido para a promoção a cabo” nos termos da circular nº1020/IPP 010.0/61 de 11/03/61. Como tal em 24 de Abril de 72 é promovido a 1º cabo nos termos do nº123 do RGIE. Fazendo parte da CCS (Companhia de Comando e Serviços) do Batalhão 8320, embarca em Lisboa, por via aérea, em 21 de Julho de 1972, com destino ao CTIG (Comando Territorial Independente da Guiné). Neste Teatro de Operações estará quase sempre sediado em Bula, onde durante mais de dois anos (2 anos e 35 dias), servirá o Exército Português, da melhor forma que soube, adotando sempre a máxima, “prefiro a disciplina à indisciplina”, ao ponto do seu Comandante, o Tenente-coronel Ferreira da Cunha (como comandante do Batalhão de cavalaria 8320), o ter Louvado neste TO (Teatro de Operações) duas vezes, a primeira em 11 de Abril de 74, pelo “… seu gesto, sentimentos e humanidade dignos de apreço…” (O.S. nº86 do Bat. Cav. 8320), e em 6 de Agosto de 1974 “…porque ao longo de quase 25 meses de Comissão no T.O. da Guiné, ir desempenhando as suas funções com muito zelo e aptidão. Escriturário da Secção de Reabastecimentos e Tesouraria, tem desempenhado idênticas funções junto do Exmo segundo comandante deste Batalhão. Na ausência do Furriel encarregado da secretaria anexa ao gabinete do Exmo 2º comandante, o primeiro cabo Pinto soube sempre manter, com eficiência notável os serviços de entrada de correspondência e arquivo da mesma, em acumulação com as tarefas que desempenhava. Espírito voluntarioso, sempre deu a sua total e desinteressada colaboração à organização das atividades desportivas e culturais havidas. …”(O.S. nº183 do Bat. Cav. 8320). Como condecoração, teve direito, como todos os ex-combatentes neste TO, à Medalha Comemorativa das Campanhas da Guiné, com a legenda “1972/74 (Ordem de Serviço nº138 do Batalhão de Cavalaria 8320).
O 1º cabo Pinto no Mato, preparado para mais uma missão.
José Alberto Pinto com miúdos de um Tabanca local, na zona de Bula (1973).
Após o Golpe Militar do 25 de Abril, e depois dos primeiros acordos com o PAIGC, iniciam-se por toda a Guiné, os primeiros contactos com o IN, e nesse sentido, o comandante militar de Bula, juntamente com o comandante de Có, reuniram em 16 de Junho de 74, com o Comando (comissário) Político de Biambe (PAIGC). Estes contactos continuam, e em 13 de Julho o Comandante de Bula reúne com o comando do “8 El PAIGC”. Segundo os “Relatórios” por mim consultados, excetuando os casos de Buruntuma e Jemberem, a retracção do dispositivo das Nossas Forças Militares decorreram normalmente, tendo as FARP (PAIGC) recebido o Aquartelamento de Bula, das nossas forças, em 8 de Setembro de 1974. O nosso 1º cabo José Pinto, segue então com o seu Batalhão de Cavalaria 8320/72, para o Centro de Instrução militar do Cumeré, local onde ficarão sediados, até o dia 25 de Agosto desse ano, dia em que embarca para regressar à Metrópole, com o seu Batalhão. Durante estes dois anos, mas corretamente, durante 26 meses, muitas histórias este ex-combatente terá para contar, e que brevemente o fará aqui neste nosso blogue. Passando agora à abordagem do “episódio em causa”, e segundo o nosso protagonista, “…o referido Batalhão [, BCAV 8320/72,] do qual eu fazia parte, não se pode dizer que era indisciplinado, pois não o era... Mas com 26 meses e companhias com apenas 13 e 14 meses a virem embora e nós a ficarmos por lá não se sabia a fazer o quê... foi essa a razão da indignação, não revolta. …”. Estas são algumas das suas explicações para justificar a “caminhada/revindicação” durante a noite de 22 de Agosto para 23 de Agosto. Em virtude do referido, a maioria dos militares do Batalhão de cavalaria 8320/72, indignados por não chegar a sua vez de regressar à Metrópole, vendo-se ultrapassados por outros contingentes com menos tempo no TO da Guiné, insurgem-se contra tal, e resolvem (a grande maioria do batalhão), dar conhecimento ao seu comandante, o Sr. Tenente-coronel de cavalaria, Ferreira da Cunha, um oficial que segundo o José Pinto, colhia respeito e admiração, das suas “reivindicações”. Na noite de 23 de Agosto, a esmagadora maioria dos militares do Batalhão pediu a presença do seu comandante e expôs-lhe a sua decisão, de “marcharem sobre Bissau” e exigirem que os Comandos do CTIG, os embarquem, de preferência de avião, para regressarem finalmente à Metrópole. Esse encontro não teria sido muito pacífico, mas não houve lugar a muitas explicações e discussões, pois a decisão já estava tomada! Eram momentos difíceis, em que a “liberdade conquistada” pelo golpe militar do 25 de Abril, bem como “a força dada a todos os militares, pelos comissários políticos do novo regime” a instalar-se no nosso país, os jovens oficiais do MFA, legitimavam que “reivindicações no seio das Forças Armadas Portuguesas” se afirmassem de uma forma “nunca dantes permitida”, sem que na altura fosse considerado “um verdadeiro ato de indisciplina”, no sentido de violar o RDM da instituição militar (Regulamento Disciplinar Militar).
Imagem retirada do Google, onde se pode perceber a localização de Safim e o referido cruzamento para Bula, relativamente à distancia de Bissau, zona apontada por alguns ex-combatentes do Batalhão 8320/72, como aquela onde o Batalhão 8320/72 teria sido “barrado
É claro que esta é uma opinião pessoal, mas que não descarta, que esta decisão de “um grande grupo de militares”, poderia eventualmente, perigar a segurança e integridade de muitos outros camaradas, já que estávamos em plena implementação do “Dispositivo de Retracção das nossas Forças”, com o IN por perto e a “cercar” e tomar conta da maioria dos aquartelamentos das nossas forças, como tal, alguns comandantes do PAIGC, não só eram “exigentes”, como revelavam agressividade e ameaças, impondo unilateralmente condicionalismos na circulação das nossas forças. Nesse sentido, o PAIGC poderia “aproveitar” a nossa retirada “apressada e sem cuidados de segurança” e tentar infligir uma ofensiva neste ou noutro local, o que felizmente não aconteceu com eventuais consequências graves para as nossas forças, que mantiveram sempre uma “testa de ferro”, seguindo princípios gerais táctico-militares de implementação de uma Retirada de um grande dispositivo militar, e foi no cumprimento estrito da aplicação desse princípio, retirar “de fora para dentro”, ou da frente de combate para a retaguarda, as forças que estavam no terreno em contacto com o IN, que assim se realizou na generalidade a nossa retirada, para que tudo corresse de feição e com segurança para as NF. Mas este “princípio táctico-militar”, da nossa “Retirada Final”, possibilitou que Companhias ou Batalhões mais antigos no TO da Guiné fossem ultrapassados, por outros menos antigos e mais “maçaricos”, mas tudo em prole de uma “Retirada Segura” e ordenada da nossa parte, esta é a minha análise destes incidentes, bem como parte da explicação para que alguns contingentes fossem “ultrapassados” relativamente à sua antiguidade. No entanto não quero de forma alguma, com estas minhas palavras criticar quem quer que seja, apenas relatar com o máximo de rigor este cruciais momentos, que foram sem dúvida momentos difíceis para todos os nossos compatriotas que se encontravam naquele que foi sem sombra de dúvida o PIOR TEATRO DE OPERAÇÕES, dos três Teatros que tínhamos na altura.
Cruzamento em Safim, onde na noite do dia 22 de Agosto de 1974, o então Chefe do Estado Maior do QG unificado para o Comando Chefe e CTIG, coronel Gonçalves Vaz, interrompeu a marcha sobre Bissau e tentou “negociar” no sentido de evitar que o Batalhão 8320/72 chegasse a Bissau sem autorização superior e sem o seu comandante.
Chefe do Estado Maior do QG unificado para o Comando Chefe e CTIG, coronel Gonçalves Vaz.
Como já disse aqui no blogue, o editor Luís Graça, “… a cadeia hierárquica começou a fragilizar-se, a metrópole estava em polvorosa, ninguém queria ser o último a fechar a porta...”, e então é neste contexto que no final da 3ª refeição do dia 22 de Agosto de 1974, o Batalhão 8320, no Cumeré, pede a presença do seu comandante, o tenente-coronel Ferreira da Cunha, e lhe comunicam a decisão de “marchar sobre Bissau”, já que sentiam “… indignação, pelo facto de haver tropa muito mais nova do que nós e que vinham nos TAM, nos aviões militares, e nós por lá estávamos...! ...”. A esta tomada de posição por parte da grande maioria, o Comandante do Batalhão retorquiu sem rodeios: “… só por cima do meu cadáver!...”, e segundo o ex-1º cabo José Pinto, o Batalhão deixou mesmo o seu comandante ali a falar sozinho, e encetou a viagem para Bissau, mas desarmados e sem bagagens de qualquer espécie, conforme me relatou o ex-combatente Pinto, e se pode perceber pelas suas palavras “… nós é que fomos, pois ele não nos queria deixar sair, mas nós desobedecemos e deu-se até um episódio que podia resultar em tragédia, pois nós caminhávamos em fila indiana, uns de cada lado da estrada, e uma Mercedes do tipo das dimensões de uma Berliet, virou-se (numa curva antes de Safim) e por sorte, não apanhou ninguém, e fomos nós que a colocamos novamente na estrada a pulso….”. Será fácil perceber por este episódio, que o número de militares teria de ser mesmo muito grande… para poderem “endireitar” uma viatura pesada como a do relato. Entretanto pelo início da noite desse mesmo dia, comunicam do Cumeré para Bissau, à pessoa do então Chefe do Estado-Maior do QG unificado, o coronel de cavalaria e do CEM, Henrique Gonçalves Vaz (meu falecido pai), no sentido de o informarem do que se estava a passar. O coronel Henrique Gonçalves Vaz, para que fique registado, agiu de acordo com as suas funções na altura, (CEM do comando unificado), pois não competia aos “comissários políticos” do MFA, os jovens capitães a que devemos, sem dúvida, o Regime Democrático em que hoje vivemos, implementar com o “Máximo de segurança”, a nossa retirada, já que por despacho do Brigadeiro Fabião, era ele o responsável, entre muitas outras competências (ler Nota1), elaborar o “Plano de Entrega dos Aquartelamentos”, como tal tomou imediatamente providências, e deu ordens para que o Batalhão fosse interditado na localidade de Safim, para ter tempo de lá chegar e “convencer” os militares a regressarem ao Cumeré. Segundo me confirmou pessoalmente, o ex-1º cabo José Pinto, nessa zona, mais propriamente no cruzamento para Bula em Safim, surge um companhia armada e barra a progressão do Batalhão de cavalaria, ao ponto dos militares de Safim, preocupados com a integridade física do Batalhão “desarmado”, prometeram aliarem-se ao mesmo, se a “força armada” lhe fizesse mal… Pelo que me contou o José Pinto, não houve confrontos e passado pouco tempo chega de Bissau, um oficial do Estado Maior, sem grande comitiva (apenas com um condutor auto… ), o seu conterrâneo, coronel Henrique Gonçalves Vaz, que não identificou na altura, pois não o conhecia pessoalmente, e só se lembra que era um oficial superior e do Estado Maior de Bissau! Eu depois de ler todas as notas pessoais do último CEM/CTIG, posso aqui adiantar que esse oficial do Estado Maior, era o então Chefe do Estado Maior do QG unificado para o Comando Chefe e CTIG, que esteve até às 3 horas da madrugada a tentar resolver este “incidente da retirada das nossas forças”, e foi nesse sentido que mal chegou a Safim, saltou para cima de um jipe, conforme me contou José Leal Pinto, e iniciou um diálogo com os militares do referido Batalhão 8320, prometendo a todos que se voltassem imediatamente para o Cumeré, comprometia-se a resolver o assunto do seu regresso à Metrópole, o mais breve possível, e que teriam um regresso, quando possível, de avião dos TAM, o que na altura imediata não seria possível, só de barco! Os elementos do Batalhão retorquiram que: “…já que estamos mais perto de Bissau, o melhor é continuar na sentido de Bissau, pois o Cumeré estava mais distante!...”, a este comentário e vontade, o coronel Henrique Vaz respondeu, “… se esse é o problema, eu mando vir já de Bissau viaturas em número suficiente para vos transportar até ao Cumeré…!”. E segundo me contou pessoalmente, o ex-combatente José Pinto, o CEM/CTIG mandou mesmo, durante essa mesma madrugada, que dos “Adidos de Bissau” viessem viaturas que transportassem todos os militares novamente para o Cumeré, o que aconteceu. Na manhã do dia seguinte, quando o coronel Henrique Gonçalves Vaz comunicou ao Brigadeiro comandante do CTIG, toda a situação, bem como o pôs ao corrente da sua actuação, informando-o de que teve de fazer algumas concessões, no sentido de evitar que grande número de militares chegassem a Bissau, com todas as consequências nefastas que daí poderiam advir! Pelo que pude constatar nas notas pessoais do então CEM/CTIG, o mesmo brigadeiro comandante não só não concordou, como censurou o chefe do Estado Maior pela iniciativa tida…, daí o brigadeiro comandante do CTIG (Galvão de Figueiredo), teve de ceder às reivindicações dos militares e no dia seguinte, autorizar mesmo que o Batalhão 8320/72 embarcasse finalmente, não de avião, mas de barco, no navio Uíge, o que aconteceu no início da madrugada do dia 25 de Agosto, ao contrário do que previa o coronel Henrique Gonçalves Vaz, nas “suas negociações”, naquela noite atribulada de Agosto do longínquo ano de 1974.
Encontro do Batalhão de cavalaria 8320/72 no ano de 1987, em Massamá/Queluz, que contou com a presença do seu antigo comandante, o Sr. Coronel de cavalaria Ferreira da Cunha, o segundo do meio, a contar da direita de fato e de cabelo todo branco.
Como nota final deste relato que em minha opinião, se impunha relatar, poderemos presumir (apenas como reflexão, nada mais…), que se os militares deste Batalhão, tivessem conseguido “controlar um pouco” as suas exigências, teriam talvez regressado mesmo nos aviões dos TAM, aliás como muitos outros militares regressaram, tudo em voos “planeados atempadamente” pelo comando militar do CTIG, durante esta “Retirada Final”, onde o último Chefe do Estado Maior do QG unificado para o Comando Chefe e CTIG, o coronel do CEM, Henrique Gonçalves Vaz, teve muitas e “complexas” responsabilidades. Para que não fique dúvida nenhuma sobre a posição do então CEM, no sentido de “Honrar a palavra tida com o Batalhão 8320/72”, termino este artigo com duas das muitas notas pessoais do coronel Henrique Vaz, já aqui publicadas, a saber:
Bissau, 22 de Agosto de 1974
"... História do Batalhão de Cavalaria nº 8320 do Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, que se pôs a andar do CUMERÉ, depois da 3ª refeição, em direcção a Bissau, a pé, sob chuva inclemente. Minha actuação ..."
Bissau, 23 de Agosto de 1974:
"Como na noite anterior me deitei muito após as 2h, talvez 3 da manhã, levantei-me um pouco depois das 7.30H. A minha "actuação" foi criticada pelo Brigadeiro Comandante nestes termos: "quem o mandou lá? Fazer concessões em meu nome?!" Lá lhe expliquei os motivos do meu procedimento. Em vez de me felicitar, eis o que deu! Durante o dia, as "resistências" do Batalhão indisciplinado vieram ao de cima ... (reticências do próprio) e não teve remédio (o Comandante Militar) senão [...] ceder!, fazendo embarcar o pessoal amanhã à tarde! Eu não desisti e chamei sempre à atenção para a gravidade da situação. ...".
Coronel Henrique Gonçalves Vaz (Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Tropas portuguesas em viagem no Paquete Uíge (Foto retirada de:
O 1º cabo José Pinto, finalmente no navio Uíje
Resta-me agradecer aqui publicamente, ao nosso camarigo e ex-combatente, José Alberto Leal Pinto, a frontalidade das suas posições, o nobre sentido de defender a honra do seu Batalhão, bem como a sua amabilidade em se encontrar comigo, o interesse em me conhecer e contar é claro a sua versão, em quem confio plenamente. Dedico este meu artigo a todos os militares protagonistas destes últimos meses difíceis neste TO da Guiné, especialmente ao meu falecido pai e a todos aqueles que direta ou indiretamente estiveram envolvidos neste episódio, um dos muitos que existiram, durante a Retirada das NF, do TO da antiga Província Ultramarina da Guiné Portuguesa.
Nota (1): Sobre os “Planos de Evacuação da Guiné” (Abril/Outubro de 1974)
“… Noutro documento, sem data, que surge aparentemente anexo a este “Plano de Evacuação” são listadas um total de 77 unidades. O extenso documento inclui várias páginas com uma grelha onde estão listadas, da esquerda para a direita o nome da unidade, o trajecto (localidade onde está, percurso e destino, Bissau), e outros pormenores, como data de saída da localidade, chegada a Bissau, aquartelamento, partida para Lisboa, etc. etc. Este segundo documento tem, no final, o nome do Comandante Militar, Brigadeiro Galvão de Figueiredo, mas não está assinado por este. Está, sim, autenticado pelo Chefe de Estado-Maior, Henrique Manuel Gonçalves Vaz, Coronel do CEM. … “
Paulo Reis (Jornalista) in:
Fotografia do encontro do José Alberto Pinto com Luís Vaz.
Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)
Fotos © José Alberto Pinto (2012). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:
Em meu nome, dos demais editores e Camaradas da Tabanca Grande apresento as boas-vindas a esta cada vez maior tertúlia virtual ao José Alberto Pinto, convidando-o a sentar-se à vontade debaixo deste frondoso e fresco poilão.
Contamos contigo para refrescar as nossas memórias (boas e más) da Guiné. Um Alfa Bravo para ti e outro com agradecimento por este trabalho ao Luís Vaz.
Vd. último poste desta série em: